Capítulo Único



Counting Stars

Ouça a música – Counting Stars (Sugarcult)


Eu não aguento mais isso.


Toda vez que olho para as estrelas, sinto como se ela estivesse comigo aqui novamente, como se nada tivesse acontecido.


Como se a guerra fosse um passado muito distante. Tão distante que… Eu quero ela aqui. Eu desejo ela junto ao meu corpo, para eu protegê-la de tudo e de todos. Queria poder embalá-la nos meus braços, falar ao seu ouvido que ela estava bem. Não consigo imaginar como eu pude deixar que ela fosse embora.


Agora, eu olho para as estrelas, perguntando-me como ela me deixou. Ela não poderia ter feito isso comigo. A minha Hermione não mais existia. Ela deixou para mim só o silêncio, com o qual eu fui obrigado a conviver de novo. Deixou uma casca sem sentimentos, sem calor, sem esperanças.


Tem vezes em que eu me lembro dela, de como ela era antes daquele feitiço fatal transformá-la permanentemente. Lembro-me de como ela me fazia sorrir, embora eu fosse muito relutante em deixar isso acontecer. De como ela entrou em minha vida sem eu dar permissão, de como ela assaltou todos os pensamentos que ocupavam minha cabeça.


Mas o que mais machuca em mim é a marca que ela queimou em minha alma. Porque o meu negócio com ela não era só amor. Era mais um sentimento de vida, como se ela fosse a minha vida, a minha realidade, a minha alma, o meu fôlego. E me machuca ainda mais saber que ela nunca saberá disso, que eu nunca poderei fazer com que ela entenda o que é, o que significa tudo isso que eu sinto pela minha Hermione.


Minha Hermione. Ela odiava quando eu a chamava assim. Mas sempre me perdoava depois que eu dizia que eu era o Severo dela. Direitos iguais… Mas eu não falava mais do que a verdade. Ela era minha assim como eu era dela. Assim como eu sou dela. E vou ser por toda a eternidade. Quando ela me deixou, eu senti o meu mundo esvair-se dos meus dedos, das minha mãos trêmulas. Senti meu fôlego deixar meus pulmões mas nada chegava perto do que eu sentia por dentro no meu coração.


Os furos enormes que estvam sendo abertos a faca, a fogo. Todo o amor que eu tinha lá dentro por ela, de repente, começou a se transformar em uma coisa de sete cabeças, uma coisa que doía, machucava, me trucidava por dentro. O grito que não saiu da minha garganta, abafado pela dor, penetrou por todos os meus poros aumentando a dor. Eu simplesmente não aguentava. Eu podia morrer naquele momento. Ainda não acredito como eu sobrevivia todos os dias.


Olhando as estrelas no céu noturno agora, eu me lembro do nosso tempo juntos. De como nós nos dávamos bem e de como nós nos entregamos aos nossos desejos de um modo incompreensivo por seus amigos. Só nós entendíamos o que se passava naquele quarto, quando ficamos juntos pela primeira vez, há seis meses atrás. Bom, na realidade, nem nós entendíamos. Afinal, como um sonserino podia se apaixonar perdidamente por uma grifinória vinte anos mais nova que ele, mais infantil e com esperanças pela frente? Eu também me questionei sobre isso no início.


Mas depois que ela apareceu nos meus aposentos no castelo, nas masmorras, vestindo aquela camisola de seda verde escura, que cobria cada centímetro dela, todas as minhas dúvidas evaporaram. Eu queria ela, ela me queria. Foi só nisso que eu pensei enquanto ela se dava totalmente para mim. Eu, um velho que não a merecia, tirei a pureza dela, a inocência dela, a única que restara na menina que eu um dia conheci. Todo o resto da sua infância, dos seus momentos de menina, foram perdidos na guerra, arrancados dela a força.


Porém, mesmo ela sabendo tudo o que eu fizera contra outras pessoas, ela ainda se entregara para mim, sem pedir nada em troca, só aceitação. Eu posso dizer com toda a certeza do mundo que naquele momento não existia o ex-comensal e sua ex-aluna. Eram somente duas pessoas que se amavam e que queriam concretizar esse sentimento. Foi isso que acontecera. Nós nos entregamos um ao outro, sem máscaras ou disfarces.


Mas agora, eu estou aqui, sem ela. Lembrei-me de quando eu me despedi dela, momentos antes da grande e final batalha. Disse para a minha pequena que eu não queria mais vê-la. Que eu não a amava. Eu pude ver nos seus olhos quanta dor eu estava afligindo naquele pequeno coração. Deixei quase claro que eu tinha me aproveitado dela, só para algumas transas para aliviar o estresse da guerra. Ela chorou e eu me amaldiçoei por causa disso. Eu nunca queria vê-la triste. Mas eu precisava.


Eu iria morrer nessa batalha. Voldemort descobriria que eu era um espião e me mataria. Eu tinha plena certeza disso. E eu não podia deixá-la triste, chorando no meu túmulo, chorando por um homem que traira o mundo bruxo, que tinha a existência amaldiçoada. Não, ela merecia mais do que isso.


Por isso, eu a magooei. Nunca quis fazer isso, mas nessas horas a razão falou muito mais alto do que o meu coração. Manti ele congelado por tantos anos antes da chegada de Hermione, que nessa hora, foi mais fácil congela-lo de novo e vestir a minha máscara de frieza extrema, aquela que eu só usava com o idiota do Longbotton nas aulas.


Contudo, tudo o que eu esperava foi em vão. Eu consegui uma coisa, porém. Que ela, a menina que tocara o meu coração como nenhuma outra jamais conseguiu, me odiasse. E também quase consegui que ela não participasse da batalha. Quase.


A minha surpresa de vê-la em campo não foi comparável com a surpresa do Voldemort ao saber que eu era espião. Ele quis me matar. Bem que quis. Mas, como sempre, a Sabe-Tudo Insuportável Grifinória me protegeu. Mentalmente, eu gritei com ela, falei para ela deixar de ser besta e me deixar morrer, para ela se proteger e me esquecer. Mas fisicamente, eu não pude deixar de me surpreender. Eu a havia magoado e mesmo assim, a menina burra ainda me defendia?


Só aquele momento pude ver qual era o problema. Ela se apaixonara por mim e não havia mais volta para um sentimento como aquele. Ela se sentia do mesmo jeito que eu me sentia. E isso era um problema. Aquilo não deveria acontecer. Deveria ter sido mais realista naquela discussão de mais cedo, eu pensava.


Foi só ai que eu vi o que realmente estava acontecendo. Voldemort reparara nela me defendendo. Potter ainda não havia chegado com os aurores do Ministério e só estávamos em quatro naquele campo. E com ela me protegendo.


Voldemort sacou a varinha e mandou um Crucio nela. Na minha querida. Eu ainda estava preso e não podia fazer nada, ainda mais sem a minha varinha. Não podia fazer nada. Só observar a sanidade dela deixando o seu corpo frágil e guerreiro. Os comensais estavam rindo da cena e eu chorava. Pela primeira vez na minha vida toda, chorei. Minha alma estava ardendo. Eu finalmente estava no inferno ao qual eu pertencia.


Hermione cutucou as minhas costas com suas mãos pequenas e me virei para ela, extraindo aqueles pensamentos da minha mente. Seu rosto continuava o mesmo. Mas seu semblante não era mais aquele que um dia eu amei. Ela não falava mais, nem meu nome ela conseguia pronunciar. Não escrevia, não lia. Só comia e vivia como uma boneca. Boneca de porcelana, devo acrescentar, já que todas as noites ela tinha pesadelos. Ela não me escutava mais, não havia nada que eu dissesse que poderia chegar ao seu cérebro prejudicado. Ela não conseguia me entender.


As únicas palavras que ela escutava de mim eram aquelas que apareciam em seus pesadelos, desde a nossa última briga. Eu podia vê-las em seus olhos assutados todas as vezes em que ela acordava de madrugada. “ Me esqueça, você não é para mim, garota.” Palavras que também me assombravam, me atormentavam.


Não adiantava quantas vezes eu tentava remediara isso dizendo palavras vazias sobre o meu dia-a-dia, ou até mesmo contando sobre os meus sentimentos. Ela nunca poderia ouvir o “Eu te amo” que eu falava para ela se acalmar.


Ela não existia mais. Era só uma casca cobrindo aquilo que um dia eu amei. E que continuarei amando, até o final de tudo.


Eu ainda veria minha Hermione um dia.


 


 


Hey, I wanna crawl out of my skin
(Ei, eu queria rastejar para fora de minha pele)

Apologize for all my sins
(Peço desculpas para todos meus pecados)
All the things I should have said to you
(Todas as coisas que eu deveria ter dito a você)
Hey, I can't make it go away
(Ei, eu não cosigo deixar isto ir embora)
Over and over in my brain again
(Repetidamente em meu cérebro novamente)
All the things I should have said to you
(Todas as coisas que eu deveria ter dito a você)


Counting stars wishing I was okay
(Contando estrelas desejando que eu estivesse bem)
Crashing down was my biggest mistake
(Cair foi meu maior engano)
I never ever meant to hurt you
(Eu nunca pretendi machucá-la)
I only did what I had to
(Eu só fiz o que tinha que ser feito)
Counting stars again
(Contando estrelas novamente)


Hey, I'll take this day by day by day
(Ei, eu levarei isso dia a dia durante o dia)
Under the covers I'm okay I guess

(Debaixo das cobertas eu estou bem, eu acho)
Life's too short and I feel small
(
A vida é muito curta e eu me sinto pequeno)



Counting stars wishing I was okay
(Contando Estrelas desejando que eu estivesse bem)

Crashing down was my biggest mistake
(Cair foi meu maior engano)
I never ever meant to hurt you
(
Eu nunca pretendi machucá-la)
I only did what I had to
(Eu só fiz o que tinha que ser feito)
Counting stars again
(Contando estrelas novamente)



Counting stars again
(Contando Estrelas novamente)
Counting stars again
(Contando Estrelas novamente)
Counting stars again
(Contando Estrelas novamente)
Counting stars again
(Contando Estrelas novamente)

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