Relação estritamente profissio




  1. 5.     Relação estritamente profissional...


 


“Pratica cada um dos teus actos como se fosse o último da tua vida”


 


Marco Aurélio


 


Como prometido pelo Fred, na quarta, estavam todos no campo de Quiddich à espera de fazerem os testes. Com eles estavam muitos alunos mais velhos que ao verem o Albus e a Sarah deram um sorriso descrente, fazendo o Albus se enervar. Mas qualquer tipo de comentário foi evitado com a chegada da Victoire acompanhada do Fred que, como o seu pai tinha dito a eles, parecia um treinador pelas várias folhas que trazia na mão.


- Boa tarde. – Começou a Victoire. – Nós hoje vamos fazer os testes para ver como vai ser constituída a equipa. – Ela fez uma pausa observando todos e parou os seus olhos castanhos no seu ajudante, o Fred. – Bem podemos começar pelos batedores.


Os que estavam para fazer o teste avançaram e foram para o pé dela. Logo, eles compreenderam porque é que ela tinha escolhido, primeiro, aquela posição ao ver o Fred dar-lhe os papéis com um sorriso e agarrar a sua vassoura para fazer também os testes. Ela queria despachar o teste dele para ele poder ajudá-la no resto da selecção.


Como o Fred tinha dito anteriormente só dois jogadores foram suficientemente bons. Ele e um aluno do terceiro ano que parecia um armário, o Justin Swan. Para a idade que ele tinha era muito alto, com os seus 1 metro e sessenta e era corpulento, tendo uma aparência intimadora. Mas a sua aparência era completamento o contrário da sua personalidade, sempre sorridente e com uma simpatia sem igual, fazendo amizades facilmente.


- Muito bem, agora vamos fazer os testes dos artilheiros. – Disse a Victoire depois de confidenciar algo com o Fred que já tinha nas mãos aquela quantidade absurda de papéis.


Muitos mais alunos do que os que fizeram os testes para batedor agarraram na vassoura para fazer os testes, fazendo o Fred falar:


- Bem, ah, podem começar por, – ele olhou para os papéis outra vez – hum, - disse olhando para todos desconfiado e fixando-se na Sarah que tinha sido arrastada pelo James para a posição dela, mal-humorada, e sem nenhum desejo de estar ali – voarem, para ver quanto tempo aguentam. – Disse, agora definitivamente olhando para a Sarah.


Ela ainda ficou mais mal-humorada ao ouvir isso e quando o James estava para outra vez a obrigar a pegar na vassoura ela resmungou:


- Está descansado. Ele vai ver quem é que é a menina que nem sabe andar numa vassoura. Ai vai, vai! – Disse com o orgulho ferido e sem pronunciar nada pegar na vassoura que voou para a sua mão, só esperando o sinal.


- Vão! – Gritou a Victoire dando sinal para eles partirem.


O Fred agradeceu mentalmente ter feito este exercício. Dos cerca de trinta alunos só dez é que se mantiveram em cima da vassoura passada meia hora, porque a maioria dos alunos eram os inexperientes do segundo ano. Analisou a Sarah que voava, ainda mal-humorada, sendo seguida de perto pelo James que parecia esperar ela dizer que desistia para a arrastar outra vez para o seu lugar.


Analisando mais uma vez os papéis em mãos decidiu dificultar um pouco mais as coisas, dizendo para a Victoire o que ela devia de fazer a seguir. Ele ouviu-a apitar e dizer claramente para os alunos que desciam:


- Muito bem. Vocês passaram no primeiro teste, agora, eu vou dificultar um pouco as coisas. – Disse com um sorriso que fez com que os quatro rapazes dos 10 alunos que passaram deslumbrar-se. – O Fred e o Justin vão tentar-vos parar com as bludges. – Disse fazendo um aceno com a cabeça para os dois que já tinham as vassouras em postos para a tarefa. – Têm meia hora a partir de AGORA!


Os dois batedores voaram e começaram logo com a sua tarefa fazendo com os artilheiros começassem a ir cada um para um canto. Os artilheiros tinham uma clara vantagem pois eram mais e podia deslocar-se livremente, mas mesmo assim quatro jogadores foram atingidos com a confusão que ocorreu.


- Muito bem! – Disse ela acenando para pararem. – Agora eu vou subir e quero que tentem marcar pontos. Tenham a consciência que esta não é a minha posição, – disse com um sorriso envergonhado – por isso têm mais que a obrigação de marcarem.


Ela subiu e o Fred voltou à sua posição analisando cada um dos sobreviventes. O James, sem surpresa, tinha chegado ali, mas para seu espanto a Sarah também. Ele tinha, logo ao princípio, tentado acertá-la, pois pensou que ela fosse a mais fraca, mas espantou-se totalmente, quando ela agilmente desviava-se das bludges que ele e o companheiro mandavam. Eles tinham combinado em atacar cada jogador por cinco minutos e ela, mesmo sendo a primeira, com movimentos ágeis na sua Nimbus de último modelo, desviava-se de todos aparentemente sem esforço. Para seu maior espanto, passados os cinco minutos mudando de alvo, ele podia jurar vê-la sorrir cínica para ele, parecendo ter adivinhado que ela a julgava mais fraca de todos.


Agora, ele estava a observar um rapaz do sexto ano lançar a Quaffle e, para seu total espanto, a Victoire defender pois ele lançou para os aros centrais. Ela abanou a cabeça negativamente e apontou algumas coisas na prancheta que tinha mão. Este estava descartado. No final só três jogadores é que tinham marcado os cinco pontos à Victoire, o que o espantou pela negativa, pois ela não era muito boa naquela posição. Tinham ficado o James, a Sarah e outra rapariga do sexto ano. Ele só precisava de dois, pois a Victoire, a capitã, jogava nessa posição, tendo que ele agora conferir com a Victoire quem ia ser a melhor escolha.


Quando a Victoire desceu dirigiu-se a ele e viu as notas que ele tinha tirado na prancheta. Ficou pensativa por segundos até se dirigir a ele:


- Quem achas que fica?


Ele suspirou. Tinha sérias dúvidas.


- O James claramente jogou bem e eu conheço-o. Ele foi treinado pela mãe, a Gina como tu sabes, por isso acho que podemos confiar nele. Agora em relação às duas raparigas... Ambas são boas.


Ela parou e analisou-as. A rapariga do sexto ano estava nervosamente sentada num banquinho à espera que ela falasse, enquanto que a Sarah estava, ainda, maldisposta e rabugenta de braços cruzados ao lado do John que dizia qualquer coisa que parecia ser depreciativa, pois ela virou-lhe a cara ao ouvir o que ele disse e o James que estava ao lado dela, como um bom cão de guarda só riu e concordou com o John.


- Não sei, também. Ambas são boas, mas deu-me a impressão que a Franklin não deu o seu melhor.


O Fred olhou confuso para onde ela olhava e viu a Sarah dar as costas ao John e ao James e dirigir-se para o banco ao lado do da rapariga do sexto ano, sendo seguida pelos dois.


- Não sei. Mas porque é que dizes isso?


- Porquê? – Riu-se ela. – Porque os dois primeiros lançamentos foram excepcionais e no terceiro ela olhou directamente para onde ia lançar e com muito menos velocidade. Parecia que queria que eu o apanhasse de propósito.


- Hum, por acaso. Mas quem achas que é melhor? No teste de agilidade acho que ela foi uma das melhores apesar de parecer só fazer isso para me provocar. Mas se ela está a fazer isso contrariada...


- Nós podemos arranjar um incentivo! – Exclamou a Victoire com os olhos a brilharem na direcção do Albus.


- O que estás a pensar?


- Se ela vir o Al a ser escolhido e com uma boa provocação ela pode ser motivada. Acho que vou arriscar!


- Mas a outra...


- A outra quase foi apanhada por uma bludge do Justin. Já fiz a minha escolha! – E voltou a dirigir-se outra vez para os alunos. – Agora vamos fazer os testes para goleiro. Os artilheiros escolhidos são o James Potter e a Sarah Franklin!


Ouve diversas reacções ao ouvirem aquilo. A rapariga do sexto só assentiu e dirigiu-se para o pé dos amigos que resmungaram alto alguma coisa parecida com “ Claro! Os amiguinhos dela são os escolhidos.” Os alunos do primeiro e segundo ano bateram palmas e os outros olharam sem pronunciar nem sim, nem não. Mas definitivamente a melhor reacção foi do John que abraçou o James para felicitá-lo e falou, demasiado alto, para a Sarah, num tom de repreensão e ao mesmo tempo feliz:


- AH! FICASTE! Eu não vou fazer os testes, apesar não te teres esforçado. BEM-FEITO!


Ela só cruzou os braços e resmungou:


- Tu só me metes em sarilhos. Eu nem queria estar cá em primeiro lugar. ELE- disse apontando para o James que estava a ser felicitado pelos amigos – é que me arrastou, literalmente, até aqui, porque TU PEDISTE!


- Ah, não sejas resmunguenta. Passaste, devias de estar feliz.


- Claro. Se não tivesse vindo obrigada. – Resmungou com todo o seu mal humor.


- Sarah e James. – Chamou a Victoire. – Preparem-se para lançar.


O primeiro aluno que ia fazer os testes já estava nos ares à espera que eles subissem. O James já estava para subir quando viu que a Sarah parecia não ter ouvido. Com toda a calma do mundo foi até ela que ainda estava sentada e puxou-a pelas vestes até à Victoire que só olhou para ela.


- Humpf... Está bem. Ganharam. – Disse subindo na vassoura e apanhando a Quaffle e com uma velocidade descomunal chegar ao meio campo, pondo toda a sua raiva na quaffle e lançando-a de lá mesmo.


O goleiro só viu a quaffle passar pelo aro esquerdo sem qualquer tipo de reacção.


- Então Fred. Ainda com dúvidas? – Perguntou a Victoire divertida.


- Se conseguires domar o humor dela, nenhuma. – Disse ele, também divertido.


O teste para os goleiros demorou um pouco mais que o habitual porque não havia nenhum espectacularmente bom, mas havia dois razoavelmente bons. Acabaram por decidir pelo do quinto ano, o Jerry Piece. Ele era moreno, não muito alto e ligeiramente musculado. Não era muito de falar e ao ver que era o escolhido somente sorriu ao ver a felicitação dos seus amigos que estavam ali para apoiá-lo.


- Muito bem! – Anunciou a Victoire. – Vamos aos testes para apanhador. Preparem-se. AGORA! – Disse libertando a snitch reluzente.


Os jogadores já estavam preparados e viram-na subir para o céu. Foram todos a trás estando o Albus e um aluno do sétimo ano à frente devido às suas Firebolts. A snitch mudou a sua trajectória deslocando-se para a esquerda, dando uma ligeira vantagem ao aluno do sétimo ano. O Albus bufou e inclinou-se mais na vassoura para ganhar velocidade. Se havia coisa que tinha aprendido com o seu pai era a nunca desistir. Viu ganhar uma ligeira vantagem na velocidade por ser mais leve que o outro e assim conseguir ficar lado a lado. A snich parou e voltou a descer, fazendo-o bufar impaciente. Tinha que apanhar aquela coisa ou não se chama-se ALBUS SEVERUS POTTER. Inclinou-se completamente na vassoura para descer com velocidade e sorriu ao ver que estava na frente. Esticou o braço e apanhou a snitch. Ficou tão feliz que nem reparou que devia de frear. Só reparou quando ao olhar para o chão viu-o demasiado perto, fazendo-o levantar a vassoura numa tentativa inútil de não embater no chão. Bateu, fazendo levantar poeira, mas tanto ele como a vassoura sairam ilesos.


- Bem, - disse a Victoire bem-disposta – definitivamente podemos contar com que o nosso apanhador vá com tudo para apanhar a snicth. Parabéns. – Felicitou.


Mais à noite, a Victoire pendurava na sala de convívio a lista com a equipa, havendo muitas más reacções ao ver uma equipa tão nova e começando a haver boatos que a equipa era constituida só pelos amigos da capitã.


- Não liguem ao que eles dizem, – disse o Fred que se sentou na poltrona ao lado da Susan – vocês mereceram.


- Eles são é uns invejosos. Isso sim! – Exclamou o James irritado.


- O truque é não ligar. Parabéns John, tinhas razão em relação à Sarah.


- Eu disse que ela era boa. Eu não iria mentir só porque ela é minha irmã. – Disse lançando um olhar mal-humorado na direcção da Sarah que ainda estava amuada.


- Humpf... Tu é que devias de estar a jogar, não eu. – Voltou a resmungar.


- Não lhe ligues Fred. – Disse o John dando de ombros. – Isso passa-lhe. E não te preocupes, se ela está dentro ela vai dar o seu melhor.


- Que remédio tenho eu. Não vou fazer má figura só porque tu és mau, John!


- Vais ver Fred. Com esta equipa, vocês vão ganhar.


- Eu não tenho dúvidas. – Disse confiante.


E ele tinha razão. A cada treino a equipa melhorava. Os artilheiros melhoraram no jogo em conjunto, o goleiro a defender e o apanhador já não era tão suicida, como de inicio.


Passados um mês e meio de treino eles caminhavam para o primeiro jogo da época, “ Gryffindor- Hupplefful” e eles queriam mostrar que não ia ser pela inexperiência que iriam perder. A Victoire andava nervosa de um lado para o outro à espera que os restantes jogadores chegassem enquanto o Fred olhava para ela, pensando mentalmente se a táctica que ela tinha planeado tinha algum erro. Viram a porta ser aberta e por ela entraram o James que como de custume trazia uma emburrada Sarah e atrás vinha o Albus. Passados pouco minutos chegaram os restantes elementos. Ela olhou para todos e suspirou tentando dispersar o nervosismo.


- Bem pessoal, vamos ter o nosso primeiro jogo. Eu não sou muito boa com discursos, mas o principal é vocês fazerem o que sabem melhor e se jogarem como nos treinos o jogo é nosso. Vá! Vamos lá, ganhar o nosso primeiro jogo e provar-mos que somos uma boa equipa.


Eles entraram em campo ao serem chamados e a equipa adversária já estava em campo. Wood apitou e o jogo começou.


- Eeeeeeee começa a partida. Bola para a Weasley que passa para o Potter que desvia de uma bludge, passa para a Franklin que remata e MARCA! 10 a 0. Um bom inicio de jogo. E os Hupplefful contra-ataquam e o Piece defende.


O jogo continuou por uma hora. Ao contrário que os Hupplefful inicialmente pensaram, apesar da inexperiência eles tinham bons jogadores, o que fazia com que os Gryffindor estivessem a ganhar por 100-60. Os apanhadores ainda continuavam a voar pelo campo à espera que a pequena bola dourada aparecesse. Mais dez minutos se passaram e os Hupplefful tinham marcado mais 40 pontos, contra 10 dos Gryffindor, fazendo-os estar a perder por uns misers 10 pontos. O goleiro estava a demonstrar o seu ponto fraco, ele facilmente perdia a concentração, coisa que aconteceu quando sofreu um golo por um quaffle que passou por baixo dele. O Albus tinha que apanhar a snitch brevemente ou os Hupplefful iriam ficar à frente no marcador. Como se Merlim tivesse ouvido os seus suplicios a snitch apareceu a poucos metros dele, perto da cabeça do goleiro da sua equipa. Usando toda a velocidade da sua vassoura ele dirigiu-se para lá. Ele tinha que apanhar a snitch.


- E parece que o Potter viu a snitch. Ele vai a toda a velocidade e...


A sua vida era uma porcaria! Porque é que o comentador teve que dizer aquilo? Os batedores adversários começaram a lançar-lhe bludges o que o fez moderar a velocidade e perder uma boa parte do avanço que tinha. Viu pelo ombro o  outro apanhador a dirigir-se para ele, mas sorriu quando uma bludge lançada pelo Fred fez o outro apanhador mudar de trajectória. Agora, era só ele e aquela pequenina bola dourada. Lembrou-se da lição do seu pai. Agelidade e velocidade. Mover-se aleatoriamente para desviar das bludges e ao mesmo tempo por toda a velocidade com um único objectico: apanhar a snitch.


Desviou-se para a direita por reflexo quando viu uma bludge vir em sua direcção. Como por milagre a pequena bola também se desviou fazendo com que com um movimento àgil ele apanhasse a snitch. Tinham ganho o jogo!


- E o Potter apanha a snitch! Os Gryffindor ganham por 260-100.


Uma hora mais tarde, estavam todos a festejar na sala de convivio.


- Ganhámos! – Festejava o Fred que tinha na mão uma cerveja ameitegada. – Gánhamos... – Repetia eufórico. – GÁNHAMOS! – Gritava pulando abraçado ao Albus e ao James.


- Estás a ver, eu tinha razão. – Disse o John chegando com a Sarah que logo foi cumprimentada por todos que a viram. Nem pareciam os mesmos que até aquele momento desdenhavam da equipa por terem alunos tão novos.


- Sarah! – Gritou o Albus igualmente feliz. – Gánhamos. Provamos que somos os melhores.


A Sarah olhou para ele sem qualquer tipo de bom humor.


- E quem disse que eu duvidava disso Potter? – Disse dirigindo-se à mesa das bebidas e tirando uma garrafa de cerveija ameitegada.


Ele olhou confuso para ela. Porque é que ela estava tão mal-disposta?


- Não lhe ligues, Albus. Ela tem crises de humor. – Explicou o John.


- Crises de humor?


- Sim. – Disse dando de ombros. – Mas ela é uma boa pessoa.


- Eu sei... Só que ela está diferente.


O John sorriu compreensivo.


- Ela deve de estar irritada por terem dúvido das suas capacidades e tu pagas as culpas. Não leves a mal.


- Não. – Disse dando um golo na bebida observando a Sarah que se tinha sentado no sofá que logo depois foi ocupado pela Rose e a Susan. – Ela sabe que nós realmente se importamos com ela?


O John sorriu outra vez.


- Acho que sim. – Disse alheio, completando mais para si do que para o rapaz à sua frente. – E é isso que a preocupa.


 


*****


 


Ele caminhava com cautela devido à neve escorregadia que estava por baixo. O Inverno tinha demorado a aparecer mas parecia que agora queria recuperar todo o tempo perdido com a intensidade.


Depois do jogo “Gryffindor-Hupplefful” o tempo piorou começando a haver constantemente um vento forte que os impossibilitava de andar livremente pelos jardins.


A meio do mês de Novembro houve uma grande descida de temperatura e a partir dai juntamente com o vento foi sempre a piorar. A neve juntamente com o vento fazia com que os alunos andassem sempre cobertos por grandes quantidades de roupa e qualquer tempo livre fosse passado com os amigos à frente da acochegante lareira. Se antes com o vento os alunos andavam pouco ao ar livre, agora só saiam do castelo o tempo necessário para irem para as aulas. Ainda havia uns alunos corajosos que de tempo em tempo tentavam iniciar uma luta com bolas de neve, mas rapidamente desistiam vencidos pelo vento furioso que ameaçava qualquer um.


Eles saiam da aula de Herbologia e andavam ansiosos para poder chegar à segurança do castelo. O vento furioso batia na sua cara com uma intensidade tal que lágrimas formavam-se nos seus olhos. Quando finalmente chegou ao castelo parou para poder respirar livremente e destapou a cara com o cachecol que a cobria. Limpou as lágrimas que ainda estavam nos seus olhos e encaminhou-se para a Torre. Atrás de si os seus amigos faziam o mesmo e já conversavam.


- Para a semana é as férias de Natal. Vocês vão para casa não é? – Perguntou a Susan.


- Sim. – Respondeu distraido o Scorpios. – Porquê? Não vais também?


- Vou. Só estava com curiosidade. – Respondeu-lhe ela fazendo uma careta.


A Rose e ele riram daquela caracteristica peculiar dela, a curiosidade. Olhou para o lado e viu a Sarah destapar a cara e continuar com a mesma cara séria. Ela estanhamente desde a visita a Hogsmeade andava mais séria e se ele perguntasse qualquer coisa a haver com isso ganharia uma resposta mal-humorada dela.


- Sarah! – Chamou-a.


Ela sobressaltou-se e olhou para ele com a testa franzida.


- Desculpa. Estava distraida. O que é que perguntavas?


- Nada. Só vi que não estás bem. Passa-se alguma coisa?


Ela desviou o olhar e voltou a responder com o seu, agora, habitual mau humor.


- Óptima Potter!


Ele suspirou. Nunca tinha percebido porque é que ela tinha mudado tanto. Da relação de quase amizade que tinham antes da visita passaram a isto.


- Podes dizer Sarah. Eu prometo que não digo nada.


Ela deu um sorriso cinico mas mesmo assim respondeu-lhe.


- Se te interressa tanto, estava a pensar que amanhã temos treino com este tempo. Eu odeio o frio!


Ouvio-se uma voz sarcástica atrás dela que lhe disse:


- Pensavas que era uma coisa boa e agora vê-se. Tudo tem que ter os seus contras Sarah.


Ela fuzilou com os olhos o recem-chegado e o Albus tinha certeza de que se o olhar matasse o seu irmão estava neste momento morto.


- Se não te lembras Potter eu só entrei na equipa por tua causa. Tu arrastaste-me até lá. – Resmungou.


- E ainda bem. – Disse com um sorriso orgulhoso. – Não me desiludiste, jogas muito bem. Agora, - disse voltando a puxá-la – vais parar de resmungar e ser uma boa menina.


- Rrrrr – rosnou ela, irritadissima - não me queres mandar sentar? Estás a tratar-me como a um cão.


Ele largou-a e pareceu ponderar.


- Éeeeeeeee. Eu só preciso mesmo é de te arrastar para os jogos. Por isso, não precisas de reboque para a sala comum. – Disse e começou a caminhar de volta para a Torre.


- Rrrrrrrrr... – Voltou a rosnar a Sarah ao ver a descontracção dele. – Eu juro que um dia o vou matar!


- Não jures coisas que não vais fazer. – Disse o John e ao ver que ela iria responder continuou:- Não és tu a friorenta? Para de resmungar e vai para a sala comum que é quente.


Ela ainda lhe lançou um olhar ameaçador mas acabou por fazer o que ele disse.


- O que é que se passa com ela? – Perguntou-lhe a Rose.


O John riu.


- Ela odeia ser mandada coisa que o James está a fazer ao arrastá-la todos os santíssimos treinos de Quiddich.


- Mas...


Ele suspirou.


- Eu sei Rose. – Disse voltando a caminhar ao ver que a Sarah já ia no meio do corredor. – Ela por vezes é assim. Se se importarem com isso desistam dela.


- Desistir?- Perguntou o Scorpios surpreendido que ia ao lado da Rose.


- Sim. Eu sei do esforço que vocês estão a fazê-la para tentar intregá-la no vosso grupo. Sinceramente, ela não é assim nem nada parecido, mas ultimamente ela tem estado com um mau humor contagiante por isso se quiserem desistir dela, desistam.


- E deixá-la andar com o Risson? – Intrometeu-se o Albus. – Nunca!


O John agora riu abertamente. Aquela rivalidade que o Albus tinha com o Risson era espectacular. Mas num ponto ele estava correcto. Era melhor a companhia deles do que a do Risson, que só não estava mais com a Sarah porque o Albus estava normalmente sempre perto dela.


- Nisso concordo contigo. – Disse ainda rindo.


- Mas porque é que ela mudou tanto? – Perguntou o Scorpius.


Ele involuntariamente mudou a sua expressão. Ele sabia o motivo mas não lhes poderia dizer. Ele uma vez tinha lhe perguntado o porquê de ela agir assim e ela só respondeu que a antiga relação que tinha com eles era só professional. Ela precisava de interagir com eles para a visista a Hogsmeade e tinha sido isso que fez. Agora já que não era necessário não precisava de ser mais tão simpática.


Apesar do discurso que ela tinha feito cheio de argumentos ele sabia que ela mentia. Ela era um boa mentirosa, boa demais e podia enganar todos, mas havia uma excepção. ELE. Ele tinha-a visto crescer, viu-a na única altura da sua vida onde ela foi verdadeiramente feliz e, por isso, sabia perfeitamente quando ela estava a mentir e nesse caso era quase isso. Quase porque ele viu uma ponta de verdade, mas na maioria ela estava a mentir. Só faltava descobrir o porquê.


- Uma boa pergunta. – Suspirou. O que iria dizer se nem ele sabia a verdade? – Mas não te sei responder. Só sei que ela não é normalmente assim. Quem sabe – um sorriso brincalhão formou-se no seu rosto ao dizer – não é pelo frio. Coisa mais friorenta garanto-te que não vais conhecer em toda a tua vida.


O Scorpios riu levemente, mas ele percebeu que ele não tinha ficado satisfeito com a resposta.


Caminharam o resto do caminho em silêncio só voltando a falar quando eles se sentaram nos sofás em volta da lareira onde a Sarah já estava a aquecer-se a resmungar qualquer coisa para o James que só ria dela.


- Hey, James. – Chamou o Albus estranhamente alegre. – Temos que agradecer aos pais terem-nos oferecido estas Firebolts. – Sorriu ele. – A minha ajudou-me muto a apanhar a snitch.


- A Firebolt não é a melhor vassoura Potter. – Resmungou a Sarah ainda em frente à lareira a aquecer-se. – Apesar de esse modelo ter saido à pouco tempo a Nimbus é melhor.


- O QUÊ? – Indignou-se o Albus. – É claro que a Firebolt é melhor.


- Não, não é. – Insistiu ela.


- Se eu apanhei a snith que deu a vitória, foi graças à Firebolt.


- Disso, meu caro irmão, - intrometeu-se o James – não tenho dúvida. Porque se apanhaste a snitch com certeza não foi pela habilididade. – Disse com o seu melhor sorriso para ele.


- Estás a insinuar que eu não sou bom? – Disse entredentes.


- Eeeeeeeeu? A insinuar? Assim até me ofendes. Eu estava a AFIRMAR com todas as letras.


O Albus só bufou sabendo que qualquer tentativa de resposta iria ser ignorada pelo irmão, prefirindo responder a Rose que o estava a convidar para um jogo de xadrez. Ele aceitou, embora soubesse de antemão que iria perder.


- Ah, ... – começou cautelosamente a Susan. – Sabem me explicar porque é que o meu telemóvel não funciona em Hogwarts?


- Os do tio George funcionam. – Comentou o Albus. – É pena é ser necessário autorização dos pais para nos darem. – Resmungou.


A Sarah suspirou com aquele comentário.


- É simples Susan, - disse cansada – qualquer tipo de electrodoméstico com origem Muggle que precise de electrecidade não funcione. Os da WW funcionam porque têm feitiços e são uma adaptação. Por exemplo, se  isso funcionasse, acho que comprava aqueles cobertores eléctricos. Assim tenho que fazer um feitiço. – Disse dando de ombros.


- O que são cobertores elecnicos? –Perguntou o Scorpios.


- Electricos. – Corrigiu ela. - São cobertores que, ham, devido à electrecidade são mais quentinhos. – Disse esfregando os braços e suspirando.


O John olhou desconfiado para ela e inquiriu:


- Como é que sabias que eles existiam?


Ela abriu e voltou a fechar a boca, só dizendo por fim:


- Li algures. –disse vaga.


“Mais uma mentira”


- Xeque-mate! – festegou a Rose. – Mais um?


- Não! – Exclamou o Albus saltando da cadeira como se tivesse apanhado um choque. – O Scorpios joga. – Disse o empurrando.


Por segundos ninguém falou, só sendo quebrado o silêncio pelo comentário do James.


- Sabes Al, acho que podes pedir um bom presente ao pai.


- Porquê? Nem tirei grandes notas como elas. – Disse apontando com a cabeça para a Susan, Sarah e Rose que jogava animada com o Scorpios.


- Nem uma detenção. Simplesmente magnífico. – Troçou.


- Sabes como é... Eu tenho talento ao contrário de uma outra pessoa da minha família. – Respondeu ele no mesmo tom do James.


- Hey! – Indignou-se o James. – Tudo o que tu sabes fui eu que te ensinei!


- O aprendiz que ultrapassa o mestre! – Exclamou simplesmente o Albus com o seu melhor sorriso.


 


 

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