CAPITULO II



Recusava-se a ficar a tarde toda enfurnada em um salão de beleza, deixando que um bando de cabeleireiros loucos tentasse todos os tipos de penteados possíveis para melhor se adequar ao seu rosto. Bufou, procurando a chave na bolsa com o maior cuidado possível, para não estragar a unha que havia acabado de fazer ela mesma.


Ainda não entendia como pessoas normais poderiam perder tanto tempo tentando apresentar-se mais “belas”, quando depois tudo o que precisavam para voltar ao normal era água e sabonete. Sorriu, ao lembrar-se de como havia acabado de fugir de Pansy e Lilian, que tentavam carregá-la até o salão de beleza. Isso não significa que não era vaidosa, muito pelo contrário: só havia um jeito diferente que tratar de seu corpo e cabelo. Havia aprendido com sua tia, que há anos possuía um centro de estética, como era fácil nós mesmas tomarmos certos cuidados com nossa pele e cabelo.


Jogou a bolsa no sofá e correu para o quarto, para aprontar-se o mais rápido que podia. Sabia que estava atrasada, o que também não era novidade. Prendeu os cabelos em um coque, para facilitar a se maquiar, tirou a roupa e colocou um roupão por cima do corpo, e carregou seu espelho para cima da cama. Limpou o rosto e passou creme nele. E foi nessa que ficou mais de meia hora se maquiando. Base, pó, rímel, lápis de olho, blush, sombra, batom, aquilo tudo era tão cansativo! Mas sorriu, ao constatar o quanto bonito havia ficado sua maquilagem. Destacou seus olhos claros com rimel preto, alongando seus cílios, suas sobrancelhas feitas com uma sombra dourada com um iluminador por cima, seus lábios grossos com gloss.


Praguejou, ao ouvir a porta da sala sendo aberta. – Urhg. – Era ele chegando. Correu para dentro do banheiro com o vestido e fechou a porta com força, contendo o riso de euforia. Não sabia o porquê, mas queria estar tão bonita naquela noite como nunca estivera em tantas outras. Estava animada, excitada e ansiosa para ver sua reação quando a visse.


Tirou o roupão e começou a colocar o vestido, com cuidado. – Estou vendo que já está pronta carinho. – Constatou, ao ver toda bagunça em cima da cama. – Mas esqueceu de uma coisa... – Riu. Hermione vasculhou os olhos pelo banheiro, a procura de algo que poderia estar faltando. – Sua sandália ainda está aqui fora!


- Droga.


- Quando você vai aprender? – Falou, sentando no futton ao canto do quarto.


- Você esta adiantado! – Gritou, tentando fechar o zíper nas costas.


- Você é que esta atrasada Mione. E saia daí logo, para eu fechar esse vestido.


- Faz isso de propósito, não é? – Disse indignada. – Nunca me deixa arrumar por completo, para depois me ver.


- Quando você aprender a ser mais pontual, poderá ser assim. Vamos... – Pediu, já de pé.


Saiu bufando do banheiro, com a cabeça baixa. Parou de costas para ele, esperando-o. Sentiu-o chegar mais perto e com cuidado colocar as mãos em sua cintura, para depois começar a fechar o zíper em suas costas. Rodeou-a e a sentou na cadeira. – Vamos, não fique assim. – Pediu olhando-a com carinho.


- Isso é ridículo. – Disse, mordendo o lábio e segurando a lagrima que teimava cair.


- Tenho que concordar que é. – Riu, divertindo-se com o rosto cheio de aflição da morena.


- Seu grosso. – Falou.


- Queria me fazer uma surpresa? – Indagou, pegando as sandálias dela.


- Por que pergunta, quando já sabe a resposta?! – Disse brava.


- Não há motivos para ficar assim... – Murmurou, calçando-a com cuidado e fechando a sandália em seu pé.


- Você praticamente está me vestindo Harry.


- Preferiria que eu estivesse lhe despindo? – Provocou, vendo-a ficar corada. Terminou de calçar a outra sandália e levantou-a, para ficar de pé em frente ao espelho. – Esta perfeita, carinho. – Afirmou, tirando o prendedor dos seus cabelos. Esperou com cautela a crise dela passar. Sorrindo internamente, ficou parado com as mãos no bolso da calça, enquanto via arrumar os cabelos naturalmente jogando-os para o lado.


Passou a mão pelo vestido e viu o quanto havia caído perfeitamente em seu corpo, acentuando suas curvas e destacando seu colo. Constatou o corte que ele tinha, ia até o joelho e fazia uma calda maior atrás.


- Você está muito bonito. – Disse por fim, olhando-o.


- Obrigado. E de terno por cima. – Riu.


- Sim. Um homenzinho. – Falou divertida.


- Um homão cairia melhor, não acha. – Falou, aproximando-se.


- Você ficaria muito, muito convencido.


- Não penso em trazê-la de volta hoje.


- Não?


- Agüentar esse jantar hoje, será um martírio para mim! Terei que beber demais para agüentar toda aquela chatice. – Declarou, pegando o casaco dela.


- Ok! Então vamos. – Disse, saindo do quarto.


- Está melhor? – Perguntou curioso.


- Não, estava pior.


- Quero dizer, prometo que da próxima vez ligarei antes de entrar no seu apartamento! Assim poderia cair de costas ao ver o quanto ficou linda.


- Esta piorando a situação Harry Potter. Quer dizer que não estou realmente linda, por não tê-lo feito cair de costas?


- Eu sabia que você estava de TPM. Só nesses dias para você ficar tão insegura. – Afirmou, abrindo a porta da sala.


- Não estou insegura! Quer parar? – Falou, saindo na sua frente.


- Claro que está! É realmente nesses dias que você tem crises de choro e não importa o quanto lhe diga que esta linda, você ainda acha que não é o bastante.  – Segurou a porta do elevador, vendo que outras pessoas vinham na direção deles.


- Obrigado. – Agradeceu uma jovem toda sorridente e audaciosa para ele. Rodeou os braços em volta da cintura da morena, trazendo seu corpo para de encontro o peito dele. Descansou o queixo no ombro dela, esperando o elevador chegar ao térreo.


- Está deliciosamente linda, carinho. – Sussurro em seu ouvido, segurando-a com mais força e ignorando os olhares de desaprovação das pessoas que estavam ao redor.                                             


 


                  


____________________

 


 


- Nós temos que pelo menos ficar um pouco lá Draco. – Pediu Pansy.


- Quão pouco? – Indagou, beijando o pescoço da namorada.


- Não tão pouco, meu amor. – Disse ofegante.


- Não irão sentir nossa falta... Aposto!


- Você esta amassando meu vestido Draco. – Brigou, desvencilhando-se dos braços do loiro.


- Pode tirar então. – Disse, com um olhar sedento.


- Mais tarde, agora apresse o passo e vamos.


- Mas Pansy...


- Mas nada Draco Malfoy! Vou ao banheiro retocar minha maquiagem... E quando voltar quero ver você prontinho! – Ameaçou, subindo as escadas.


- Ou? – Provocou, sem perder a pose.


- Ou tenho certeza que você não vai gostar nenhum pouco da segunda opção.


- Merda. – Esbravejou, seguindo a direção contraria da morena.


 


                                              


____________________

 


 


- Eu pensei que fossem só algumas pessoas nesse jantar. – Disse Hermione, olhando para fora do carro e vendo a quantidade de carros parados em frente à mansão.


- Eu também. – Sussurrou entre os dentes, apertando a mão no volante.


- Calma. – Pediu a morena, segurando a outra mão do homem, que estava livre. – Por favor, Harry.


Enquanto aguardava o portão abrir, passou impacientemente a mão no rosto, tentando não olhar a sua volta. Acelerou, adentrando vagarosamente o pátio da mansão e foi em direção a garagem ao fundo da casa. Fechou os olhos, apertando as pálpebras com a mão, tentando manter a calma que ainda lhe restava. Parou o carro e ficou imóvel.


– O que é isso tudo Harry? – Indagou Pansy, aparecendo na janela do carro.


- Eu queria saber. – Rangeu ainda imóvel.


- Eu tenho certeza que mamãe não sabia disso Harry, ela não mentiria para gente! – Explicou aflita, tendo Draco ao seu lado.


- Espero que não. – Falou saindo do carro, deixando a todos confusos. – Peça para chamá-lo, e quero minha mãe aqui também. – Ordenou para o segurança, que passava ao lado deles.


- Mas...


- Agora. – Gritou, rodeando o carro e parando ao lado da porta, onde estava Hermione. Respirou fundo, colocando as mãos no carro e olhando-a de um jeito que ela não soube entender, mas que lhe causava receio e medo com o que poderia acontecer.


- Harry...


- Fique quietinha aqui! Vamos embora tão rápido quanto chegamos. – Pediu baixo, segurando suas mãos.


- Quero descer.


- Hermione.


- Vamos não me deixe aqui dentro. – Implorou novamente, insegura.


Harry deu-se por vencido e abriu a porta, ajudando-a a descer. – Meu filho, você chegou. – Constatou Lilian, descendo as escadas.


- Cheguei e estou de saída! Mas antes, quero dar uma palavrinha com seu marido... Cadê ele? – indagou, fechando a porta e segurando a mão da morena.


- Meu bem, vamos para dentro... Assim poderemos conversar melhor. – Disse sua mãe, aflita.


- Isso mesmo Harry. – Ouviu a voz que esperava. – Entre e conversaremos melhor.


- Tenho certeza de que você não vai querer isso James, a não ser que queira que isso seja presenciado pelos seus amigos. – Retrucou o moreno, na ofensiva.


- Qual é o seu problema meu filho?


- Qual é o seu problema isso sim? Que bagunça é essa aqui na minha casa, quem são essas pessoas? – Gritou irado.


- O nosso jantar. – Disse normalmente James.


- Isso passou dos limites James. – Falou Lilian, revoltada.


- Me parece mais um comício papai. – Pansy falou chorosa.


- Vocês estão exagerando... São apenas nossos amigos!


- Seus amigos James! Suas ambições, suas metas, não é nada nosso! Isso não tem nada haver com a gente, simplesmente com seu ego. – Acusou Harry, dando um passo para frente.


- Não me acuse Harry, estou fazendo isso para nosso bem. – Defendeu-se James.


- Babaquice. Você só pensa em si mesmo! Tanto é que não pensou duas vezes em esconder isso da sua própria mulher... Que tipo de confiança é essa?


- Ao menos façam o favor de me ajudarem nessa noite.


- Não pense que sou sua marionete, não tente me usar ou sairá perdendo. – Ameaçou sem conter os passos que o distanciavam do seu pai.


- Harry... – Chamou Hermione, ficando ao lado do moreno.


- Como eu não pensei nisso antes? – Raciocinou colocando as peças no lugar. – Você sabe muito bem que jamais aceitaria isso, então resolveu mentir dizendo que era apenas um jantar com poucas pessoas, e acima de tudo usou Hermione para me convencer a vir. Que jogo baixo em futuro Senador.


- Não me insulte, esta fazendo uma tempestade em um copo d’água Harry.


- Não insulte você minha inteligente! Mas tenho que lhe dar os parabéns papai. – Disse sarcasticamente, aplaudindo. – Você é um ótimo ator, tenho certeza que empregos não vão lhe faltar, caso não ganhe as eleições.


- Prometi que seria tudo diferente depois dessas eleições, meu filho.


- Promessas e mais promessas... Isso acaba aqui! Ou mostra realmente o que você quer da vida com ações, ou esquece que tem uma família.


- Me respeite, ou...


- Ou o que? Suas promessas falharam e agora você esta indo de ameaças? Isso não cola comigo James, sabe por quê? Essa armadura de gelo que tenho aqui. – Esbravejou, batendo no peito. – Isso você não perfura mais! Tudo que você faz ou fala, bate e volta.


- Parem vocês dois. – Pediu Lilian, em lágrimas. Harry apenas fitou o céu, contendo a torrente de acusações que poderiam sair de sua boca sem pausas. Respirou fundo e devolveu o abraço da garota, que apertava sua cintura.


- Você nunca precisou presenciar e ouvir isso tudo mamãe. – Fitou-a com um olhar de tristeza. – Ninguém nunca precisou ouvir isso. Leve Pansy daqui Draco, o show acabou.


- Mas...


- Vamos Pansy. – Chamou Draco, segurando-a pela cintura. – Vai ficar tudo bem.


- Entre também mamãe. – Pediu Harry, fitando o nada.


- E você? – Indagou, com o coração na boca.


- Eu estou com Hermione. – Disse, acariciando os cachos da morena. – Eu só preciso de alguns minutos para pegar algumas coisas no meu quarto. – Avisou à morena.


- Harry, meu filho...


- Não vou sair de casa mãe, não agora. Então fique tranqüila. – Afirmo,u encarando o seu pai. – Não demoro. – Disse por fim subindo as escadas e adentrando a mansão.


Todos naquele momento permaneceram calados e pelos minutos seguintes todos permaneceram do mesmo jeito. Ninguém tentava fitar o outro e nem produzir algum tipo de som. Hermione entrelaçou os dedos e fitou Pansy e Draco entrando no carro e saindo devagar. Só restavam naquele momento ela e os pais de Harry. Não conseguia olhar para eles, apenas abaixou o olhar para os pés e respirou fundo.


- Espero que você me entenda Hermione. – Falou por fim James.


- Por favor, senhor Potter, agora não. – Pediu num sussurro.


- Era para tudo ser diferente. – Confessou, ainda fitando o nada.


- Você machuca todos aqueles que o amam.


- Não sei mais se eles têm esse sentimento por mim ainda.


- Por mais que não sejam os mesmo de ontem, não destrua o que pode ainda restar. – Disse encarando-o com firmeza. – Já tem sido realmente difícil ter uma relação de camaradagem com Harry, se é que podemos usar essa palavra. Então não o afaste mais ainda, não estrague com tudo aquilo que nós temos feito por ele.


- Eu não entendo. – Falou, retribuindo o olhar.


- Claro que não entende senhor Potter, nunca procurou compreender como ele se sente. Harry é extremamente difícil... Não o pressione, ou então o verá fugir sem deixar rastros.


Lilian apenas fitava a determinação nas palavras que saiam da boca de Hermione, de como a emoção contida em cada pronuncia e como as lagrimas de tristeza teimavam em cair. – Dê espaço a ele, dê tempo e tenha paciência, como peço tanto que ele tenha. Não queira o ver ir embora como da ultima vez, nos deixando desesperados.


- Não quero nem me lembrar disso, só de pensar meu coração parte minha filha. – Afirmou Lilian, cabisbaixa.


- Não faça isso novamente, ou dou minha palavra que nunca mais intercederei em favor de você. – Declarou limpando o rosto, avistando Harry. – Não machuque Lilian, nem Pansy e mais ainda, não o machuque.


Harry jogou a mochila no carro e tirou o blazer, passando pelos ombros de Hermione. Acompanhou-a e segurou a porta, enquanto ela entrava.


- Amanha... – Começou James.


- Não haverá amanha para o que você esta pensando. – Retrucou, rodeando e tomando seu lugar ao volante.


Saiu cantando pneu, sem esperar por alguma resposta. Percorreu todo caminho com a máxima velocidade que podia alcançar, sendo impedido apenas pelos semáforos que teimavam em ficar vermelho. Puxou a mão delicada da morena e depositou um beijo nas costas de sua mão, para depois segura-la perto do peito.


- Você gostaria de estar em outro lugar agora? – Indagou receosa.


- Sim, e é para este lugar que estou indo agora carinho. – Afirmou convicto, acariciando sua mão.


                                               


______________________

 


 


- Mel, cheguei! – Avisou, fechando a porta da sala e desviando das sacolas que estavam no meio da sala. – Mas o que é isso tudo, meu amor?


- Peter! Que bom que você chegou meu bem... Estou arrumando algumas coisinhas. – Gritou atrás da mesa.


- Arrumando? Isso me parece mais bagunçando. – Riu divertido, ao ver a esposa espalhada no chão em volta de panos, talheres, pratarias e tantas outras coisas.


- Isso tudo é visão meu bem... Onde você vê bagunça, eu vejo preparativo. – Sorriu divertida. – Advinha quem me ligou hoje enquanto você estava no consultório? – Indagou, ansiosa.


- Nossa menina?


- Quase. Harry, e disse que vai trazê-la aqui! Não é ótimo?! – Gritou entusiasmada.  – Quer dizer, ele vai falar com ela ainda. É surpresa. Mas quando acabarem seus testes, eles vem ficar uma semana aqui.


- Que noticia maravilhosa Melissa! Faz um bom tempo que não vemos nossa filha, já estava começando a ficar com uma dor no peito de saudades. – Afirmou, agachando ao lado da mulher. – Mas então para que isso tudo?


- Preparando a casa meu bem... Iremos ter visitas! Temos que arrumar os quartos e tudo mais. – Declarou, separando algumas sacolas.


- Mas isso ainda vai demorar meu amor. – Riu, ao ver a ansiedade nos olhos de sua amada. – Temos muito tempo para preparar tudo.


- Quero tudo impecável, com toda certeza os pais dele também virão. Será que temos espaço suficiente? – Questionou confusa.


- Temos o espaço de sempre Mel, esta casa é enorme: têm tantos quartos quanto hóspedes, não se preocupe. Ficaremos a semana por conta de todos os preparativos, até pegarei alguns dias de folga quando eles chegarem.


- Isso é ótimo Peter. – Confirmou, jogando-se nos braços do marido.


- O que ele disse mais? – Perguntou curioso.


- Não muita coisa, você sabe como ele é meu amor, sempre tão formal... Mas até conversarmos bastante! Fico tão feliz em ouvir a voz dele quando fala da nossa menina Peter, sempre tão cheia de admiração, respeito e amor. – Falou sonhadora.


- Ainda com planos de fazerem os dois ficarem juntos Mel? – Questionou divertido.


- Claro, eles foram feitos um para o outro, só não perceberam ainda. E já tenho até um plano. – Declarou risonha.


- Meu Deus, me conte seu plano maligno?


- Daremos uma festa, como sempre fazemos quando a casa esta cheia, e ainda por cima convidaremos alguns de nossos amigos.


- E?


- E dentre esses convidados, tendo alguns mais jovens como...


- Deixe-me adivinhar: Jason?


- Acertou em cheio! – Gargalhou entusiasmada. – O admirador de sempre da nossa menina.


- Melissa Granger, não arrume confusões. – Advertiu.


- Jamais! Alguém tem que ajudar essas crianças. – Prometeu, cruzando os dedos em frente aos lábios.


- E você esta incluída nesse cargo?


- Incondicionalmente. Venha, levante-se e me ajude com isso, temos muito pela frente amor.


                                                  


______________________

 


 


Diversas almofadas e cobertores estavam espalhados em um enorme tapete estendido no chão, em frente a uma lareira que queimava em chamas vivas e fortes. Uma sala com uma mobília antiga toda madeirada com ar de campo, tomava conta do chalé próxima à floresta. Cortinas brancas dançavam com o fraco vento que entrava pelas janelas, brincando com o jogo da lareira.


Encostados em almofadas, eles apreciavam o saboroso fondue em meio ao chocolate. Uma garrafa de vinho encontrava-se ao lado do garoto, que praticamente deitava-se, sustentando apenas o corpo com o braço.


- Quanto tempo não fazemos isso... – Disse Hermione, enroscando os pés em baixo do cobertor. – Acho que já perdi as contas de quantos comi, esta realmente uma delicia Harry.


- Uhum! – Afirmou bebericando um gole.


Escorregou o corpo e deitou a cabeça no ombro do moreno, fazendo com que ele ajeitasse melhor e descansasse perto do rosto dela. Ele havia tirado o terno, ficando apenas com uma bermuda que havia trazido em meio à mochila, e ela com um vestido que havia esquecido na casa dele.  Era sempre assim: ficavam horas em silencio, apenas trocando uma ou duas palavras, e ela sempre aguardava com paciência o momento em que ele se sentiria melhor para conversar.


Fechou os olhos quando o sentiu brincar com seus cachos. Não conteve o riso interno, em pensar como era assim que ele demonstrava que estava perto de falar, que procurava as palavras certas para se desculpar.


- Outra vez não é?! – Disse por fim.


- Não me importo. – Sussurrou baixo, em meio a curva do seu pescoço.


- Eu me importo! Não me importo com muitas coisas na minha vida, mas realmente me importo quando isso te faz sofrer...


- Não mais do que fazer você sofrer... – Afirmou triste.


- Não me faz, não mais. Entenda isso Hermione: depois de tudo que já passei, seria um sadomasoquismo sofrer por essa situação ainda. – Declarou fitando-a.


- Mas isso não é certo. Não pode apenas fingir que isso não esta acontecendo?


- Não finjo! Sou realista em muitas coisas, e essa é uma das. Faz você sofrer muito mais do que a mim, e sabe que reparo em tudo a minha volta. E a principal foi você chorando quando estava voltando para fora. Tem tanto medo realmente que faça alguma loucura a mais na minha vida? – Perguntou sinceramente.


- Sinceramente? Sim! – Confessou com os olhos cheios de aflição. – E não é pra menos, você sabe muito bem.


- E isso a encoraja tanto a ameaçar meu pai? – Indagou sorrindo. – Minha menina me protegendo. – Falou beijando a ponto do nariz da garota. – Desculpe por hoje, não queria que tivesse presenciado tudo aquilo.


- Preferiria mil vezes estar ao seu lado do que longe.


- Eu sei. – Confirmou, sem tirar os olhos dela.


- Foi tudo tão errado... – Despejou em lagrimas.


- Não, não faça isso. Vamos Mione, sem lagrimas! Não aconteceu nada de tão grave assim, nada que eu já não tenha me acostumado. – Disse, segurando-a pelos braços e trazendo para um abraço.


- Não é para você se acostumar. – Gritou revoltada.


- Com o tempo a coisas podem melhorar não é?! É assim que você sempre diz. Então para que se afligir tanto, quando amanha pode ser diferente? – Tranqüilizou.


- Você esta copiando minha fala!


- Vai que cola e você fica mais calma?! – Sorriu, acariciando suas costas.


- Plagiador. – Acusou acalmando-se.


- Nesse mundo nada se cria tudo se copia.


- Amo você. – Disse apertando-o forte, como se aquilo tivesse engasgado na garganta.


- E eu a você.


Eram raros os momentos em que ela o ouvira dizer que a amava, mas sempre retribuía com algo, sem pronunciar as palavras diretas. Sabia de sua dificuldade em demonstrar sentimentos, e mais ainda em falar sobre eles. Mas havia melhorado tanto com o tempo, que os menores sinais de carinho faziam vibrar de emoção! E foi nesse momento que se deparou com o apelido.


- Realmente não sou bom em falar e demonstrar Hermione, mas quero que saiba o quanto aprecio tudo em você. E por tudo que sinto, chamarei daqui por diante você de carinho, carinho meu. – Lembrou-se do dia em que ele lhe disse isso.


Puxou as cobertas em volta do corpo frágil e ergue-a em seu colo, atravessou a sala e subiu as escadas sem esforço algum. Com cuidado, deixou os degraus para trás e adentrou o espaçoso quarto, fitando a cama de casal. Depositou-a com cuidado, tirando a coberta e arrumou o edredom, cobrindo-a.


- Não vá. – Murmurou sonolenta.


- Não demoro, apenas vou terminar de arrumar algumas coisas na sala e volto.


- Uhum. – Deu-se por vencida, sendo tomada pelo sono.


Desceu novamente e trancou as janelas, portas e ativou o alarme do chalé. Apagou o fogo da lareira. Não se preocupou com os utensílios espalhados pela casa, no dia seguinte a empregada daria um jeito em tudo. Desligou as luzes, pegou o telefone e subiu novamente para o quarto.


Deixou a luz fraca clarear um pouco do quarto e entrou debaixo das cobertas, mantendo a maior distancia possível da morena, dando graças pela cama ser tão espaçosa. Não que não quisesse tê-la perto, muito pelo contrario, mas isso não daria certo, não era certo. Poderia ficar a noite toda velando seu sono calmo, sua respiração regular e sua face tranqüila, admirar sua beleza natural e seu jeito menina de ser.


Desejou poder tocá-la mais, e ir mais alem do que ela realmente poderia acreditar, era sua melhor amiga, era seu carinho e protegida, mas era a única que lhe despertava sentimentos diferentes, desejos mais intensos. Bufou ao lembrar-se da conversa que tivera com Draco. Se tudo aquilo fosse verdade, ele realmente tiraria toda aquela historia a limpo e colocaria para correr o vagabundo que tentasse o mínimo que fosse aproveitar-se dela. Iria ao inferno, mas impediria quem tentasse ter tudo àquilo que ele só poderia ter em pensamentos. Já perdera as contas de quantas vezes havia tido noites e noites de sonhos com sua morena. Mas que tipo de cara é esse, que coloca todos aproveitadores longe dela, quando ele mesmo é um?


A diferença é que ele jamais faria isso com ela, não sentia remorso e pena de todos os casos “amorosos” que teve ou de todas as ficadas e transas rápidas e sem compromisso que a cada noite lhe faziam passar o tempo. Mas só de pensar em magoá-la, lhe machucava o peito. Ficava sem ar ao ver seu rosto perfeito em lagrimas, como viveria sabendo que mesmo sem querer a machucou?


- Não importa carinho, nós podemos rodar o mundo todo que ainda pararemos no mesmo lugar, onde só você e eu existiremos.Sorriu, ao lembrar-se de como natural isso saiu dos seus lábios no dia da sua formatura na faculdade.


Mesmo soltando essas frases sinceramente, ela parecia não lhe levar a serio, então como poderia lhe mostrar que nunca brincava com ela? – Foda-se. – Esbravejou, puxando-a pela cintura e colando no seu peito. Viu remexer e murmurar algumas palavras incompreensíveis, para depois aconchegar mais em volta dos braços dele.


– Harry. - Murmurou


Fechou os olhos e concentrou-se em esquecer o dia de hoje. Não precisava de mais pesadelos para sua lista de noites mal dormidas. Ainda tinha sua meta de bloquear tudo àquilo que não fosse necessário para sua vida e assim seria até quando julgasse necessário. Já bastavam seus vícios para lhe tirar a razão, não precisava de mais problemas para acumular. Até onde sua autoconfiança o ajudasse, lá ele acharia um novo antídoto para seus vícios... Mas jamais encontraria um para o melhor de todos: o vicio dela.


 ____________________


N/A: Olá pessoas lindas do meu S2 ! Fico feliz em saber que estão gostando da minha nova fic :D Espero que a cada cap vocês fiquem tão empolgados como eu estou escrevendo =) esta sendo bem diferente pra mim o/ Eu amei escrever esse cap e espero que GOSTEM, não esqueçam de comentar . Prometo que teremos MUITOS ACONTECIMENTOS E EMOÇÕES PELA FRENTE ... BEIJOKAS AMO AMO AMO


N/B: Aiiiiii qndo o Harry vai perceber q ele tem q se declarar logo p/a Mione??? Amei Pansy e Draco “discutindo”... hehehe  Aff.. mas q família Potter eh essa hein??? Aiiiiiii eles vão na ksa dos Granger... O que será q vai acontecer por lá??? Acreditem, nem eu mesma sei!!! Sara naum demora p/me entregar logo o próximo hein.. heheh Bjoks


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.