Uma breve volta



Um garoto não tão magrelo, com roupas não tão grandes nem surradas, mas com os mesmos óculos redondos de sempre se sentava no jardim, escondido entre os arbustos da rua dos Alfeneiros número quatro, lia um livro de capa roxa, com o castelo de Hogwarts na capa.
- Potter! – berrou Tio Valter da sala – Venha aqui agora!
Harry levantou-se, sem muita preocupação e foi lentamente até o tio, que tentava caçar um sapo de chocolate, com uma pequena corujinha em sua cabeça.
- O que eu falei sobre essas coisas aqui dentro? – disse o tio, já caído no chão, com a coruja ainda batendo as asas esperando uma gratificação por ter entregado a carta. – Tire isso da minha frente, agora!
Harry pegou o sapo e deu uma mordida, enquanto tio Valter olhava espantado, obviamente pensara que era um sapo de verdade.
- Venha aqui – disse Harry à corujinha, levando-a junto a uma carta para o quarto. – Pronto – Harry ofereceu um pouco de alpiste para a coruja, que saiu voando.
O garoto abriu a carta, pegou o que tinha dentro, era um espelho, mas não um espelho qualquer, era o que Sirius o havia presenteado, mas agora estava inteiro, junto ao espelho havia um pedaço de pergaminho contendo poucas palavras.
- Achei que você iria precisar disso... – leu Harry em voz alta, virou o papel, mas não tinha mais nada escrito, nem mesmo o remetente.
Harry olhou o espelho, tinha algo diferente, uma mancha vermelha atrás, uma mancha que nunca tinha visto, poderia ser sangue, pensou, algo se cortou com um caco do vidro, mas não parecia sangue, mas uma mancha de alguma poção ou uma bebida. Mais uma vez Harry procurou saber o remetente, quando viu a carta, pensara que era de um dos amigos, mas a caligrafia não era de nenhum deles, apesar de Harry saber que já havia visto esse tipo de letra em algum lugar.
Quando tio Valter o chamou para colocar a mesa do jantar, Harry colocou o espelho de baixo do travesseiro e desceu.
- O que ficou fazendo todo dia no quarto? Não fez nenhuma, bem... você sabe? – Perguntou o tio, que estava sentado ao lado de Duda na mesa.
- Magia? – quando Harry disse a palavra, tia Petúnia parecia que iria desmaiar, de tão pálida que estava, e o rosto de tio Valter parecia um pimentão. – Bom, o que eu fiz não é da sua conta, mas pergunte a Duda o que ele fez? Tenho certeza que ele terá o prazer de contar – Arriscou Harry.
Os tios olharam para Duda, que ficou mais vermelho que o pai.
- Eu, bem, fui na casa dos Perse, jogar golfe com o filho deles, é, foi lá que eu fui. – Os Perse eram a família do novo chefe de tio Valter; depois de achar uma boa desculpa, Duda olhou para Harry com desdém.
- Muito bem, Dudoca – tia Petúnia apertou suas bochechas.
- Viu, Potter? E por causa da sua resposta, não irá jantar hoje – indagou tio Valter, mas isso não era novidade para Harry, pois era só ele falar uma coisinha que ficava sem comer, mas ele recebia doces de Rony e Hermione toda semana, então tinha o que comer.
Harry subiu as escadas logo depois de colocar a mesa, pegou os doces que estavam de baixo de sua cama e deitou-se, de repente se lembrou que no dia seguinte faria aniversário e esperava que como presente, os amigos o tirassem daquela casa.
Algumas horas depois, Harry dormiu, ainda com sua roupa e em cima das cobertas.
- Harry? Harry? – disse uma voz, enquanto o garoto dormia – Você está aí – com o som da voz Harry acordou, esfregou os olhos e levantou-se.
- Quem é? – perguntou
- Sou eu Harry, aqui em baixo – a voz parecia a de Sirius, mas não podia ser, ou podia? - No espelho
Harry pegou o espelho, era mesmo Sirius.
- Sirius? – uma lágrima caiu de seu rosto – Você não está morto? - Harry, preste atenção, é muito provável que eu não volte do lugar onde estou, mas eu tenho que lhe dar um aviso – Harry olhava o espelho fixo – Preste atenção, a magia não é tudo, é preciso ter confiança, Voldemort irá voltar e você não poderá detê-lo com magia e sim, com seus sentimentos, nem tudo é o que parece ser, lembre-se disso.
- Mas...por que? – perguntou Harry.
- Você terá que descobrir sozinho – respondeu Sirius – eu tenho que ir agora, afaste-se do espelho e, ah... feliz aniversário – O padrinho sorriu, talvez fosse o último sorriso de Sirius que Harry veria. – Tchau, Harry.
- Tchau – era doloroso dar tchau, sabendo que Sirius não iria voltar, Harry se afastou do espelho, que voltou a ser vários cacos quebrados, Harry começou a chorar,talvez aquilo fora um sonho, talvez o espelho sempre esteve quebrado e ele nunca havia falado com Sirius, mas sabia que aqueles conselhos eram valiosos.

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