Chapter One – The New Age Girl
Chapter One
The New Age Girl
ㅤㅤㅤㅤQuando o sinal reboou pelas paredes do colégio, quase que involuntariamente, um muxoxo desprendera-se dos meus lábios. Conversar com Zachary ou Nathaniel, sentado junto ao degrau e escorado naqueles portões enferrujados era por ora mais interessante. Perguntei, amplamente desinteressado, qual seria o primeiro horário. História. Nada mais tedioso para se começar o dia. Não seria surpresa alguma se eu dormisse sobre a mesa.
ㅤㅤㅤㅤDe qualquer forma, nós três apanhamos nossas coisas e, seguindo o ritmo frenético dos outros estudantes, seguimos para dentro da escola. O lugar era como um casarão antigo, cheio de pilares e com uma frente agradável, onde havia um grande jardim bem cuidado. Fiz questão de arrumar a gravata, seguido por Zach e Nat. Todos nós sabíamos que se entrássemos no colégio com as gravatas frouxas seríamos colocados dali para fora com singular grosseria.
ㅤㅤㅤㅤPassamos pela portaria, olhando freqüentemente para trás para constatar se nenhum aluno desavisado – ou deveras corajoso – havia sido apanhado durante a revista do uniforme. O Saint Louis Clairsville era tão rígido que até mesmo as saias das garotas eram medidas nas portas. Devíamos convir que nenhuma dessas “medidas de segurança” eram muito úteis, pois uma vez dentro, afrouxávamos as gravatas e as garotas encurtavam as saias com habilidade desigual. Hormônios, meu caro. Nenhuma regra do regimento escolar poderia conte-los e tenho dito.
ㅤㅤㅤㅤEm um movimento mecânico toda a escola formava filas, de acordo com seu ano e gênero. Cantávamos o hino, olhávamos para os rostos cansados dos nossos professores e para a nuca de nossos colegas. Seguíamos então, posteriormente, cada qual para sua sala. O segundo ano estudava no segundo andar, na sala dezoito. Zach, Nat e eu ríamos enquanto falávamos sobre o novo “caso” do Luke e subíamos as escadas. Sério, uma garota feia e chata é digna de crédito?
ㅤㅤㅤㅤRimos pelo extenso corredor que guiava até a sala dezoito sobre o fato de Jamille – é, esse era o nome dela – ter tirado, de forma nada sutil, um pedaço de salada preso no dente quando pensava que ninguém estava olhando. Demoramo-nos ainda pendurados na grade da varanda, observando as outras filas que ainda não haviam entrado procurando algo que valesse à pena, se é que me entendem, até que a voz rude do professor nos trouxe de volta, guiando-nos de forma nada gentil até o interior da sala.
ㅤㅤㅤㅤ“O fundão é destinado aos espertos”, era como eu gostava de pensar. Nós três tínhamos os lugares mais privilegiados da sala dezoito. Sentávamos na fileira rente à janela, nos últimos três lugares, de onde era possível ver a equipe de líderes de torcida em seus treinos. Agora responda: eram ou não eram os melhores lugares da sala? Presumi que sua resposta seria sim.
ㅤㅤㅤㅤQuando o Professor Pheeman começou todo aquele falatório sobre a guerra franco-prussiana eu senti um peso recair sobre os meus olhos. Meu caderno, tal como os meus livros de História, encontravam-se muito bem, obrigado no interior da mochila e eu não pretendia tirar eles de lá tão cedo. Debrucei-me sobre a carteira, voltando o rosto na direção da janela. Era uma pena, realmente, que os treinos só começassem as nove e quinze e que agora fossem sete e quarenta da manhã.
ㅤㅤㅤㅤRepentinamente o discurso repleto de animosidade do senhor Pheeman fora interrompido por três ávidas batidas na porta. Forcei-me a reerguer os olhos naquela direção, seguindo o movimento de quase toda a classe. Zach e Nat cochicharam alguma coisa comigo, mas eu não dei muita atenção, por algum motivo, apenas balancei a cabeça positivamente, batendo a borracha do lápis contra a superfície da carteira.
ㅤㅤㅤㅤSenhor Pheeman retirara-se da sala, para alegria geral da nação, dando espaço para nossa diversão preferida: guerra de giz. Munimo-nos de quatro gizes, quebrando cada qual em mais ou menos oito pedaços e atirávamos em todas as direções possíveis, em todos os alvos possíveis. Desde a sabe-tudo sentada bem ali na frente, até o underground que ouvia música alternativa no MP5.
ㅤㅤㅤㅤDe uma maneira engraçada nosso divertimento era contagiante. Nem mesmo o mais comportado que não queria sujar sua imagem de bom aluno, ou as patricinhas que não queriam quebrar as próprias unhas não hesitavam em jogar, ao menos, um pedaço de giz que fosse de volta em quem lhe acertara. E naquele jogo só havia uma lei: não ser pego. Pego não queria dizer queimado, acertado por um daqueles pedaços brancos de giz, mas sim descoberto.
E no caso eu havia acabado de quebrar a própria lei que inventara.
ㅤㅤㅤㅤ– Senhor Winthrop! – Tanto Sr. Pheeman, quanto Sra. Wyfried bradaram, no mesmo instante, ao verem o único aluno em pé à frente da sala, com um balaço de giz em uma das mãos, pronto a atirar em qualquer direção.
ㅤㅤㅤㅤFranzi o cenho, na melhor expressão de “agora ferrou”, forçando um sorriso em seguida. Voltei-me habilmente na direção das vozes, observando uma terceira figura entre eles. Fitei-a de soslaio, sabendo que tinha coisas mais importantes a tratar no presente momento.
ㅤㅤㅤㅤ– Sir Pheeman, ladies... – Ensaiei uma reverência na direção das três distintas figuras antes de ser interrompido.
ㅤㅤㅤㅤ– Vá sentar-se agora Winthrop, antes que eu lhe mande até a diretoria imediatamente.
ㅤㅤㅤㅤEu fui sentar-me o mais rápido que podia. Não que eu tivesse medo de ir até a diretoria, mas sim pelo fato de querer descobrir quem era a terceira figura postada junto à porta. Antes de que a Sra. Wyfried entrasse na sala para contar o que a trouxera até ali a ponto de interromper a excelentíssima aula do Sr. Pheeman, consegui ralhar com Zach e Nat. Como ninguém havia me avisado do perigo eminente?
ㅤㅤㅤㅤA figura altiva da Sra. Wyfried adentrara a sala, batendo contra o assoalho de madeira seu sapato pesado, produzindo um som abafado e incômodo. Até o presente dia sua figura inspirava medo, não tanto pela sua severidade, mas sim por aquela verruga junto ao canto esquerdo da boca. Lembro-me da primeira vez que vi aquilo. Eu sentava bem na frente, na sexta série e não consegui dormir por um bom tempo.
ㅤㅤㅤㅤLogo em seguida o Sr. Pheeman retornara à sala, sentando-se em sua mesa e revirando alguns papéis, claramente para mostrar serviço. E então ela. A terceira figura que me chamara atenção na porta. Era mais baixa e mais tímida do que qualquer um naquela sala. Deu um sorriso constrangido na direção da classe, como se aquilo fosse fazer alguém parar de encarar suas bochechas coradas salpicadas de sardas.
ㅤㅤㅤㅤ– Dêem boas-vindas à nossa nova aluna, Ann Clarke.
ㅤㅤㅤㅤAs vozes formaram um coro de boas vindas, exceto pela minha. Eu permaneci calado, olhando analiticamente para a figura tímida postada à frente da turma.
ㅤㅤㅤㅤ– Ela será colega de vocês durante esse ano. Ann veio de Dakota do Sul, juntamente com o irmão, Joseph. O lugar dela será no... C5. Espero que tenha um bom ano, querida.
ㅤㅤㅤㅤE com aquelas palavras de falso afeto, Wyfried deixou a sala. A garota franzina, de cabelos cor de palha e grossas olheiras moldando os olhos azuis arrastou-se pela sala até o C5. Terceira fileira, quinto lugar. Recebeu os cumprimentos de garotas que, nem de longe, iriam querer saber da amizade de uma garota como Ann Clarke, mas que não poderiam estragar sua reputação em não dar sequer um “bem vinda, Clarke” à garota nova.
ㅤㅤㅤㅤReparei que Clarke parecia desconfortável e que estava usando o dobro de blusas que uma pessoa normal usaria em um dia de inverno rígido, ainda que o frio lá fora requeresse somente uma camiseta de manga e nada mais.
ㅤㅤㅤㅤ – Alex? Ei cara, qual foi?
ㅤㅤㅤㅤ– Nada não, Nat.
ㅤㅤㅤㅤE pelo visto aquele “Nada não” encerrou mesmo a conversa. Tentei prestar atenção na aula, fingir que estava ouvindo o que os meus amigos diziam, fingir estar muito interessado no treino das líderes de torcida, mas não adiantou. Eu podia enganar todo mundo, mas enquanto eu não conseguisse me enganar, de que é que isso adiantaria? Uma aula depois da outra, o terceiro horário. Eu não podia levantar, não podia ir até lá, terceira fileira e quinto lugar transmitir meus cumprimentos à aluna sentada na C5.
ㅤㅤㅤㅤFoi então que eu tive uma das idéias mais brilhantes que me ocorrera naquela manhã.
ㅤㅤㅤㅤArranquei uma das folhas do caderno e escrevi, com a letra mais caprichada possível (o que não era muito, levando em consideração que a minha letra era um terror) o seguinte bilhete:
ㅤㅤㅤㅤ“Ei Ann! É esse mesmo o seu nome, né? O meu nome é Alex e eu estou sentado na E8. Se não tiver com quem ficar no recreio eu posso ficar com você e ainda te mostrar o colégio. O que acha?”
ㅤㅤㅤㅤO que acham, ahm? Consegui até fingir que não sabia o nome dela. Amassei o papel com ruído estrondoso e atirei cuidadosamente em cima de sua carteira. Quando ela juntou a + b e ligou o feito ao feitor foi para mim que dirigiu aqueles grandes olhos azuis. Foi para mim que ela sorriu, elevando as maçãs do rosto róseas. E foi para mim também que começou a escrever, logo após notar o meu sorriso talvez um pouco expansivo demais.
ㅤㅤㅤㅤSe eu não estivesse olhando diretamente para as líderes de torcida de corpos esculturais movendo-se ritmicamente lá fora talvez eu parecesse menos apreensivo. Quando ouvi o barulho do pedaço de papel chocando-se contra a minha mesa, apanhei-o de imediato. Meus olhos correram ávidos pela caligrafia perfeita, com uma pequena ruga de insatisfação entre eles.
ㅤㅤㅤㅤ“Sim, meu nome é Ann, Sr. Winthrroop... é assim que se escreve? Eu sinto muito, mas não vou ficar para o recreio. Meus pais virão me buscar nesse horário e... bem... eu vou embora. Talvez amanhã.”
ㅤㅤㅤㅤTalvez amanhã? Porque diabos ela estava indo embora? E bem naquela maldita hora o sinal tocou e pude vê-la recolher os materiais. Aproximou-se da mesa da professora e segredou-lhe algo, tão baixo quando poderia ter sido. Em seguida saiu da sala com singular naturalidade. Posso dizer que o resto do meu dia foi bem amargo.
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N/A: Capítulo curtinho, mas foi só para introduzir à história. :333 Espero que tenham gostado e que fiquem conosco nos próximos capítulos de 'Only of You' /novelamexicana.com] HUHUEHUE', sério. :D Acompanhem. ;)))
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