Clichê.




Clichê.



Jim Morrison a olhou de longe. Como sempre, ela estava linda. Seu vestido de baile prateado contornava seu corpo adolescente, a deixando completamente apaixonante. Uma máscara branca emoldurava seu rosto, os olhos incrivelmente azuis brilhando como faróis pelos dois pequenos buracos que havia nela.

Ele frequentemente se perguntava se algum outro garoto em Hogwarts já havia olhado bem para Juliet Hawthorne e, como ele, se apaixonado à primeira vista.

- É hoje – Jim disse para si mesmo, respirando fundo e limpando as mãos suadas na calça do smoking que vestia. Ele ajeitou a máscara preta no rosto e a peruca de cabelos brancos na cabeça e desceu as escadas até o Salão Principal.

Tudo estava enfeitado com veludo preto e vinho. Velas flutuavam pelo recinto, iluminando fracamente o lugar. As sombras nas paredes mexiam-se sinistramente, frisando o tema da festa – Baile de Máscaras, algo muito comum no século XVIX.

Jim se aproximou de uma das mesas, a que continha o ponche e outras bebidas. Algumas estátuas haviam sido enfeitiçadas para servir os canapés, e ele estava prestes a recusar tortinhas de abóbora de uma gárgula quando Gable se aproximou.

- Perdeu a coragem, Jimmy? – perguntou Gable, se recostando na mesa e tomando um gole de sua caneca de cerveja amanteigada.

- Não, eu... Eu só estou esperando aquele idiota do Aidan Geller sair de perto dela. – Jim disse, lançando um olhar mal-humorado para aquele loiro engomado. – E você? Achei que tivesse convidado a Helen para o baile.

- Eu convidei.

- E... ? – Jim se serviu de um copo de ponche de groselha, olhando intrigado para Gable.

- Ela já tinha par. Stephen Reid – ele cuspiu, terminando sua cerveja de uma vez só. – Filho da puta.

Jim suspirou, rolando os olhos e provando o ponche. Doce demais, concluiu com uma careta.

Olhou mais uma vez para a mesa onde Juliet se encontrava. Aidan estava rodopiando com uma outra menina pela pista de dança.

- Gable – ele disse, e seu amigo parou de xingar imediatamente ao notar o tom sério de sua voz. – Está na hora.

Gable entendeu, assentiu levemente com a cabeça e deu um tapinha solidário nas costas de Jim.

- Boa sorte, cara.

Jim andou lentamente até Juliet. No meio do caminho, parou e tomou um último gole de seu ponche, tentando tirar uma coragem não-existente de algum lugar. Ele largou o copo vazio em uma mesa qualquer e continuou a andar.

Sua sorte era que ninguém – muito menos Juliet - o reconheceria com aquelas roupas e a peruca.

- Com licença – Jim falou, tocando o ombro de Juliet com as pontas dos dedos. – Será que poderíamos conversar em, hm, particular?

Ela olhou em volta, e, se vendo sozinha naquele salão lotado, disse:

- Claro.

Juliet o pegou pela mão e o puxou até a porta que dava para os jardins.

- Pode falar. – Ela sorriu, e Jim sentiu-se mais confiante.

- Se importa em,hm, dar uma volta? – ele perguntou, estendendo o braço. Ela assentiu e colocou seu braço junto ao dele.

Os dois caminharam devagar. Jim viu vários casais aproveitando a privacidade que a escuridão proporcionava. A grama estava molhada devido à chuva daquela tarde e brilhava debaixo do luar.

Juliet parecia desconfortável com a falta de conversa, mas tampouco se esforçou para quebrar o silêncio.

- Noite bonita, não? – Jim comentou, apenas para amaldiçoar-se em seguida por não ter achado um assunto mais interessante para começar a conversa. Ela o olhou com uma sobrancelha arqueada.

- Sim, muito – Juliet disse, tornando seu olhar para o céu.

Ela parou de andar, fazendo Jim parar também, e subitamente sentou-se no chão e tirou os sapatos de salto alto, os jogando longe.

- O que você está fazendo? – perguntou Jim, ao perceber que ela havia colocado os pés descalços na beira do lago e agora sorria ao sentir a água gelada cobri-los.

- Algo que sempre faço à noite – respondeu Juliet. – É relaxante. Por que não experimenta?

Não vendo outra saída, Jim a imitou. Agora quem passasse por ali conseguiria ver um menino e uma menina sentados na grama, calados e admirando a lua.

- Posso... Posso te falar uma coisa? – Jim perguntou, mordendo o lábio inferior.

- Estou ouvindo.

- Eu... Você... Hã, deixa pra lá – Ele xingou-se mentalmente por ter amarelado no último segundo.

Juliet o olhou nos olhos, e riu em seguida. Jim sentiu seu rosto contorcer-se em um sorriso involuntário ao escutar a risada melodiosa da garota.

- Você é engraçado – ela disse, jogando um pouquinho de água nele.

- E você é linda.

Antes que pudesse parar suas cordas vocais, aquela frase saiu. Jim sentiu as bochechas corarem, mas não fez nada para esconder o vermelho delas.

- Olha, eu posso ser loira, mas não sou burra – Juliet falou, suspirando e balançando a cabeça negativamente. – Sei o que você quer comigo. Mas, sinto dizer, não vai conseguir nada. Apesar de você parecer um garoto legal e tudo mais, meu coração... Bem, ele já pertence a outro.

O sorriso congelou no rosto de Jim, e ele pôde jurar que conseguiu ouvir seu próprio coração sendo esmigalhado dentro de seu peito. Lágrimas vieram aos seus olhos, mas ele fez força para não as deixar cair.

- Já que eu não tenho nenhuma, hm, chance – Jim disse, e sua voz soou estranha até para seus próprios ouvidos. – Posso então perguntar quem é ele? Eu sei que não é, bem, da minha conta, mas...

- Tudo bem. Eu gosto de falar dele mesmo – disse, com um sorriso maroto. – Mas por que você não tenta adivinhar primeiro?

Jim falou o primeiro nome que veio à sua cabeça.

- Aidan Geller?

Juliet fez uma careta, e Jim riu apesar da dor.

- Ele é um idiota sem cérebro que só se importa com o próprio umbigo. E, além do mais, nem beija tão bem assim.

- Vocês já, hm, saíram? – perguntou Jim, tentando fazer pouco caso. Ele estrangulou algumas graminhas discretamente com a mão.

- Achei que todos soubessem. Algumas pessoas ainda acham que estamos saindo até hoje. De qualquer forma, você errou – Ela piscou o olho. – Tenta de novo, vai.

Jim pensou e resolveu falar o nome de todos os garotos populares, metidos à besta e musculosos que conhecia.

- Steve Greene? Will Avery? Jordan Mason? Ben Whitlaw? Travis Jackson?

- Esqueça o estereótipo de menino popular e burro – Juliet disse, rolando os olhos.

- Mas é que, bem, quando eu olho pra você são eles que, hm, vêm à minha cabeça – admitiu Jim, sorrindo sem-graça.

- Eu sabia – ela disse, suspirando. – Você me vê exatamente como todos me vêem. Mas, já vou te avisando, se você acha que eu sou apenas mais uma menina fútil que tem como prioridade na vida manter a maquiagem perfeita e aumentar a popularidade namorando todos os garotos do time de quadribol, você está muito enganado.

Jim se calou, não sabendo o que responder. A verdade é que ele realmente pensava que Juliet era tudo aquilo, mas não queria admitir nem para ela, nem para si mesmo. Jim sempre pensou nela como um sonho inalcançável, e mesmo tentando se aproximar como estava fazendo naquele momento, ele mantinha poucas esperanças para não se machucar.

Em sua cabeça, Juliet era perfeita. Ele criava cenas com sua imaginação – Juliet e ele passeando de mãos dadas por Hogwarts, Juliet e ele estudando juntos na biblioteca, Juliet e ele terminando a escola, Juliet e ele se casando, Juliet e ele com filhos, Juliet e ele envelhecendo um ao lado do outro. Esse era um desejo bobo que tinha. Porém, ninguém é perfeito, e Juliet era apenas mais um ser humano, com defeitos e sentimentos, que cometia erros e depois se arrependia. Embora fosse bom sonhar com coisas impossíveis, algo em sua mente sempre puxava Jim de volta à realidade, o fazendo lembrar que, antes de tudo, a diferença entre os dois era grande demais. Ela era linda; ele era... Bem, ele era normal. Ela era popular; ele era um garoto que ocupava o posto de melhor aluno em quase todas as classes e tinha habilidades sociais equivalentes a zero.

Eles eram de mundos diferentes, e isso doía.

- Me desculpe.

- Não precisa se desculpar, não é sua culpa. – Juliet disse, trazendo os joelhos para perto e os abraçando. – Enfim, você ainda não descobriu o nome do garoto que eu gosto.

Ela sorriu, e Jim ficou grato pela mudança de assunto.

- Seria mais fácil se você me desse algumas dicas – ele disse, sorrindo também.

- Hm... Certo – Juliet concordou. – Ele é do Sétimo Ano, assim como eu. Ele tem cabelos castanhos e cacheados, e olhos da mesma cor.

- Qual é a Casa dele? – Jim perguntou, escaneando sua mente a procura de meninos com aquelas características. Infelizmente, não é difícil alguém possuir cabelos e olhos castanhos, e ele conseguiu selecionar pelo menos vinte garotos com essa aparência em sua lista mental.

- Corvinal. O que não me surpreende em nada, já que ele é muito inteligente e só tira notas boas. – Ela suspirou, colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. – Ele também sempre ajuda os outros, e isso é uma das coisas que mais admiro nele. Não importa a Casa, não importa o Ano, ele dá uma mão a qualquer um que precise. E sempre, sempre mesmo, faz isso sorrindo. É algo que sempre desejei e nunca tive, essa bondade, esse jeito de encarar a vida de uma maneira otimista. São qualidades que nunca consegui achar em nenhuma outra pessoa.

Ao ouvir essas palavras, Jim suspirou, se sentindo mal. Era óbvio que Juliet estava realmente apaixonada por esse menino, e, se ele era tão perfeito como ela o descrevia, ele tinha poucas – ou mesmo nenhuma – chances.

- Não sei. Desisto – Jim deu de ombros, não se importando mais. – Quem é ele?

- Ah, assim perde a graça! – Juliet exclamou, virando o corpo para ele. – Espera, eu vou te dar mais uma dica. Se você não acertar, prometo que revelo a identidade dele – Jim assentiu, então ela continuou. – Eu sei que isso pode soar um pouco assustador, mas eu costumo ir até a biblioteca apenas pra passar horas o assistindo ler na seção de Leis Bruxas. É, eu sei, o lugar mais chato do mundo, e ele é sempre o único lá, mas eu acho que... Que estou tão apaixonada que faria qualquer coisa só para ficar perto dele.

Os olhos de Jim arregalaram-se involuntariamente e ele ouviu um “tum-tum” incessante se tornar cada vez mais forte dentro de seu peito. Lentamente, sua cabeça foi juntando as peças e o resultado de seu raciocínio foi um choque tão grande como o de um balde d’água gelada na cara.

O menino dos sonhos de Juliet era do Sétimo Ano.

Jim também.

Ele tinha cabelos castanhos e cacheados, e olhos castanhos.

Jim também.

Ele era da Corvinal.

Jim também.

Ele era inteligente e ajudava os outros.

Jim também – embora nem sempre fizesse isso sorrindo, como ela havia descrito.

E, por fim, ele lia livros da seção de Leis Bruxas.

Jim também. E, como Juliet havia dito, ele era o único estudante de toda Hogwarts que frequentava aquela seção, e a mesma se encontrava empoeirada e velha, com algumas teias de aranhas aqui e ali.

Tum-tum. Tum-tum. Tum-tum.

- Você está bem? – Juliet perguntou, o acordando de seus devaneios ao chacoalhá-lo com força.

- Hã... Sim, eu acho – Jim falou, sentindo a adrenalina correr por suas veias. Ele estava agitado e inquieto, ansioso como se tivesse um segredo que adoraria espalhar mas não pudesse contar a ninguém.

- Você descobriu? – Ela sorriu.

- Hm, é.

- Então... ? – Juliet ergueu uma sobrancelha.

- Jim – ele falou, sua garganta seca. – Jim Morrison.

Antes que Juliet pudesse ter qualquer reação, Jim arrancou com rapidez a máscara que escondia sua verdadeira face e a peruca que ocultava seus cachos escuros e as jogou longe.

- Ou, em outras palavras, eu.

Ele parecia soar confiante até para si mesmo, mas por dentro Jim estava tremendo. Embora tivesse quase certeza que havia respondido corretamente, ele não pôde evitar pensar na possibilidade de estar errado.

Juliet abafou um grito ao colocar as duas mãos em volta da boca. Seus olhos azuis estavam marejados e sua respiração curta.

Ele se inclinou para frente e, com delicadeza, também tirou a máscara de Juliet e a colocou na grama ao seu lado. Suas bochechas naturalmente rosadas estavam pegando fogo.

- É você – ela sussurrou, mordendo o lábio inferior. – Ai, meu Merlin.

Jim forçou a si mesmo a dar um meio sorriso.

A verdade é que ele sentia seu estômago dar voltas e voltas e se retorcer dentro dele. Era como se todo o sangue que corria em suas veias resolvesse deixar de fazer o que estava fazendo para subir para seu rosto, que ardia de tão vermelho. Subitamente o ar que respirava já não era o bastante para encher seus pulmões, então sua respiração estava curta e rápida. Ele queria gritar com o rosto enfiado em seu travesseiro e pular de alegria, mas, ao mesmo tempo, também queria segurar Juliet contra seu corpo e beijar seus lábios com carinho.

Ele não sabia o que fazer, então escolheu não fazer nada.

Os dois ficaram se encarando por algum tempo, a vergonha e a felicidade exposta nos olhos de ambos.

- Juliet, eu te amo.

Jim falou tão baixo que demorou alguns segundos até ele perceber o que havia dito. Suas bochechas explodiram em vermelho, e ele desviou o olhar para o lago.

Juliet prendeu a respiração, parecendo extremamente surpresa. Jim também percebeu que havia acabado de confessar algo que não havia confessado antes nem a si mesmo – seu amor por ela. Ele achava que o que sentia era apenas uma paixão passageira, mas a certeza em sua voz ao dizer aquela frase foi tamanha, que ele passou a enxergar a força e a dimensão de seus verdadeiros sentimentos por Juliet Hawthorne.

E, naquele momento, ela parecia tão linda e frágil naquele vestido de baile, com os olhos suplicantes voltados a ele, que ele não hesitou nem um pouco ao envolvê-la com seus braços.

Ela retribuiu o abraço, e os dois se calaram, apenas escutando as batidas descompassadas dos corações.

- Eu também... – Juliet falou, seu rosto enterrado no pescoço de Jim. – Eu também te amo...

Os dois se afastaram um pouco, encararam um ao outro, e se beijaram.

Não houve fogos de artifício, não houve um coral de anjos cantando “Aleluia”, não houve faíscas. Naquele momento, tudo que importava para Jim era Juliet, e tudo o que importava para Juliet, era Jim.

A emoção que martelava contra o peito dele mandou arrepios pela sua espinha e o fez tremer ligeiramente. Pela primeira vez, Jim sentiu como se o destino estivesse conspirando a seu favor.

Os dois partiram o beijo, um tanto ofegantes e corados, é verdade, mas sorrindo.

Jim só esperava que ela não percebesse que aquele fora seu primeiro.

- Desculpe por ter, bem, te julgado de forma errada – ele disse.

- Tudo bem – Juliet falou. – Eu estou disposta a te mostrar como eu sou de verdade, de qualquer forma.

- Isso é uma promessa para um novo encontro? – Jim perguntou, afastando o cabelo dos olhos.

- Hm... Talvez – Ela sorriu. – Você quer que seja?

- Me deixa pensar... – Ele colocou a mão no queixo. - Hm, é, quero.

Juliet depositou um singelo beijo nos lábios de Jim.

- Essa é uma das melhores noites da minha vida – ela disse, olhando para a lua.

Jim apenas assentiu com a cabeça. Enquando Juliet olhava para o céu, ele olhava para ela, reparando nas feições bem esculpidas, na inocência e perfeição que transbordava de seu olhar. Ele havia começado a noite com esperanças de confessar seus sentimentos e, no mínimo, não ser motivos de risadas por parte de Juliet, mas agora havia terminado sentado na beira do lago com ela, de mãos dadas e um sorriso estampado no rosto.

- Você realmente fica me observando na biblioteca? – ele perguntou.

- Às vezes – Juliet admitiu, ruborizando. – Você fica extremamente fofo quando lê, franzindo a testa e batucando os pés no chão.

- Da próxima vez você pode se juntar a mim. Traz uma revista, ou algo do tipo.

- Que romântico, encontros na biblioteca – Ela girou os olhos, rindo ligeiramente. – E eu não leio só revistas não, tá? Gosto de livros também, mas só quando eles não têm mais que quarenta páginas.

Jim riu alto e passou a mão pelo rosto de Juliet.

- Você não precisa ler, pode apenas ficar me observando, como sempre faz, sua perseguidora.

- Assim você me magoa, Jim – Ela riu.

Ao tentar estapeá-lo de brincadeira, Juliet perdeu o equilíbrio e caiu para a frente, no colo dele. Os dois aproximaram os rosto e beijaram-se nova e longamente.

- Você já percebeu como isso é clichê? – perguntou ela, ao se separarem.

- O que é?

- Essa situação. A nossa situação. Parece um filme para mim; o baile de máscaras, o cenário, o amor correspondido, o final feliz. Totalmente clichê.

- Hm, tem razão – Jim concordou. – Mas, olha, independente de ser clichê ou não, eu estou feliz que as coisas acabaram desse jeito.

- Eu também, Jim.

Os sorriram um para o outro.

- Vamos voltar pra dentro? Está começando a esfriar e o baile já deve estar acabando – Juliet sugeriu, começando a se levantar.

- Quer o meu casaco? – perguntou Jim, ficando de pé e tirando o blazer.

- Ah, não, assim tudo vai ficar mais clichê ainda! – Ela riu, mas aceitou a oferta dele.

Quando voltaram ao Salão Principal, poucas pessoas continuavam lá. Muitos já haviam se dirigido aos dormitórios, a maioria provavelmente bêbada.

Jim viu Gable arregalar os olhos e sorrir para ele do outro canto do salão, levantando o dedão em um gesto positivo. Ele estava amparando Helen, que cambaleava e parecia prestes a vomitar.

Aiden Geller não poderia ter visto Jim e Juliet nem que quisesse. Uma menina o prensava contra a parede, o beijando com ardor.

- Jim, vamos tomar um pouco de ponche? – perguntou Juliet, o guiando até a mesa das bebidas.

- Eu já experimentei. Não é muito bom, não – falou ele. Ela deu de ombros e se serviu.

- Eca, doce demais – disse, fazendo uma careta.

- Eu te avisei – Jim sorriu de lado. Ele percebeu que a música continuava tocando, então, corado e com as mãos no bolso da calça, tomou coragem para perguntar: - Você, hm, quer dançar?

Imediatamente Juliet esqueceu o ponche e sorriu abertamente.

- Seria uma honra.

Jim colocou uma mão em volta da cintura de Juliet, e entrelaçou os dedos da mão livre nos dela. Ela passou uma mãos pelo seu pescoço e os dois começaram a dançar abraçados.

Ele fechou os olhos, desejando que o momento não acabasse nunca. Ali, sentindo o calor do corpo dela contra o seu, Jim percebeu que estava se sentindo completo. Ele esperava que Juliet estivesse se sentindo do mesmo jeito.

- Você sabe que a gente está dançando uma música rápida como se fosse lenta, não sabe? – falou ela, rindo ligeiramente.

- É, eu percebi – Riu Jim, ao escutar a batida de “Cadê meu Hipogrifo?”, uma canção muito famosa d’As Esquisitonas, chegar aos batuques finais. Então “Coração de Trasgo” começou a tocar. – Ah, uma música lenta agora.

- Eu gosto dessa – falou Juliet, abraçando Jim com mais força. – “Pode não parecer, mas eu também possuo sentimentos. Eu daria o mundo por você, então acredite em mim. Sei que sou um trasgo, mas bate um coração aqui dentro.”

Ela estava cantando baixinho. Jim entendeu que aquela música selava a união, o amor deles. Então, assim como Juliet, ele começou a cantar.

- “Vou te abraçar com todo o meu amor, e juntos dançaremos até as estrelas. Elas irão sussurrar em seu ouvido e te contar a verdade. Porém, antes de tudo, você precisa entender que, apesar de ser um trasgo, bate um coração aqui dentro.”

Os acordes finais de “Coração de Trasgo” foram tocados, e o Salão Principal se calou. Ao olhar em volta, Jim viu que estavam sozinhos.

Ele olhou para Juliet e percebeu que ela o estava observando há algum tempo. Corando, Jim inclinou a cabeça e beijou os lábios dela.

- Eu te amo, Jim Morrison. – ela sussurrou com a testa colada na dele.

- Eu também te amo, Juliet Hawthorne. – ele respondeu.

Até o amanhecer os dois ficaram ali, abraçados, apenas aproveitando a companhia um do outro...

... E, com certeza, teriam ficado muito mais se não fosse por Filch, que chegou mancando com a gata imprestável dele ao lado. Ele enxotou o casal do salão e pôs-se a resmungar que ainda tinha correntes em sua sala, e adoraria prender aqueles adolescentes sem-vergonha pelos tornozelos.

Rindo, Juliet e Jim correram do zelador, dirigindo-se aos jardins.

O céu possuía uma cor azulada que clareava mais a cada segundo, e os girassóis que estavam plantados nas margens do lago começavam a virar-se lentamente para o oeste. Jim pôde ver os sapatos de Juliet, um maço de cabelos brancos e as duas máscaras descansando na grama pelo canto do olho.

- Olha, o sol está nascendo! – exclamou ela, apontando com animação para um pontinho no horizonte. – Eu nunca vi o nascer-do-sol antes, Jim.

- Então aproveita essa chance, Juliet – ele disse, sorrindo e passando um braço pelos ombros dela. – Não parece uma cena de filme?

- É, assim como o que aconteceu ontem à noite. Clichê.

- Sabe como a gente pode deixar tudo mais brega ainda? – Jim perguntou.

- Como? – Juliet ergueu uma sobrancelha.

- Assim.

Ele colou seus lábios nos dela, e os dois fecharam os olhos, beijando-se. O sol terminou de nascer, porém os dois continuaram lá, notando apenas um ao outro.

Absurdamente clichê, mas eternamente feliz.






N/A: espero que gostem da fic, eu realmente achei que ficou fofa (: desculpe pela música totalmente ridícula, e eu sei que nem rimou, mas eu tentei, né. :P terminei de revisar, mudei algumas coisinhas. nem sei se da pra notar. tava pensando em fazer outra versão com o ponto de vista da Juliet [apesar de a fic não ser em primeira pessoa, o POV é do Jim], maaaas vamos ver o que acontece. 'Brigada a todo mundo que passou aqui e comentou - fico muito feliz *-* Beeijo !

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