Priori Occuro



“Sai do meu caminho, Granger,” resmungou ele, enquanto se dirigia em direcção ao buraco do retrato que o levava ao quarto dos monitores.

“Eu estava aqui primeiro, Malfoy,” disse ela com rispidez enquanto saía do buraco do retrato.

“Desaparece, eu não quero manchar a minha linda e dispendiosa capa com o teu toque, sua sangue-de-lama. “

Por enquanto, Hermione estava mais do que habituada á sua má-criadagem. Ela já o aturava á seis anos e agora estava melhor do que nunca. No seu segundo ano, ela chorou quando ele lhe chamou isso pela primeira vez, mas Hermione Granger havia ficado mais resistente.

“Todos os sangues-puros tem as tuas maneiras encantadoras? Agora sim, consigo ver a tribo civilizada que vocês são.”

Nós usamos as nossas boas-maneiras para aqueles que importam, sangue-de-lama.”

“E os miolos também, pelo que parece.”

Ele passou furiosamente por ela e ela mexeu-se para o deixar entrar, mas não o suficiente para evitar que a sua capa lhe tocasse no braço. Ela não conseguia acreditar que iria ter que tolerar as porcarias do Malfoy por mais nove meses. Quando Dumbledore os tinha chamado ao seu escritório para a conversa de monitores, ele tinha dito com muito tacto que deveriam por todas a diferenças de lado e trabalharem para o bem da escola. Afinal, eram os estudantes mais brilhantes da escola e aqueles que possuíam mais qualidades de liderança, então deveriam ser eles a dar o exemplo aos estudantes mais novos.

E nossa, ela tentou! Ela até tentou ser educada para o Malfoy durante o primeiro mês de escola, apesar da sua constante má-educação. Apesar de toda a grosseria e a ter insultado, ela calava-se e não dizia nada. Mas depois de um mês a sua paciência estava a esgotar-se, e ele parecia estar cada vez pior.


Apesar de ela partilhar uma sala comum com ele, ela preferia passar o tempo na sala comum dos Gryffindor. A sua presença na sala comum era deprimente para ela. E ele parecia querer gastar lá muito mais tempo do que na sala comum dos Slytherin. Hermione suspeitava porque: Desde que o Draco crescera e ficara mais musculado depois do torneio dos três feiticeiros á dois anos atrás, as raparigas dos Slytherin andavam atrás dele como cadelinhas no cio.
Algumas estudantes de outras casas eram vistas regularmente por volta das aulas dele e a mandarem-lhe bilhetinhos, apesar de os outros perfeitos lhes dizerem para *não* fazerem isso. As raparigas de outras casas do seu ano conheciam Draco demasiado bem para cederem aos encantos do seu cabelo loiro-prateado e á beleza. O passado não é apagado com facilidade. Ele também não tinha sossego por parte das raparigas da sua própria casa. Desde que ele desejara competir com Hermione Granger pelas melhores notas da escola, precisava mesmo de estudar sossegado, então usava a sala comum.

Monitor e monitora desenvolveram uma rotina profissional, um tanto fria, que pudesse minimizar o seu contacto junto. Dificilmente se viam, excepto nas aulas e quando se preparavam para a escola de manha. Por vezes quando Draco saia mais cedo por causa de um treino de Quidditch ou Hermione ia para a biblioteca mais cedo, não se viam durante todo o dia.
Claro que quando eram chamados pelos professores ou perfeitos para fazerem a monitoria, eles tinha que cooperar, mas faziam-no de uma forma muito superficial. Dumbledore obviamente reparou nisso, mas apenas poderia esperar que eles resolvessem as suas diferenças. Não seria a primeira vez que dois estudantes que se odiavam se haveriam tornado os melhores amigos.
A sua rotina parecia estar a funcionar bem, o contacto foi minimizado e nada desagradável aconteceu, tirando os comentários ofensivos de Malfoy. Mas isto iria acabar. Hermione ficou chocado quando uma noite, depois de ter jogado gobstones na sala comum com Ginny e Lavender, ela voltou para a sua “suite” de quartos e encontrou Draco deitado no chão a gemer, naquilo que parecia uma agonia mortal

Por instinto, mais forte do que o preconceito contra os Slytherin, ela correu até ele e ajoelhou-se no chão ao seu lado.
“Malfoy, Malfoy, acorda! Estas bem?!”
Os seus gemidos continuaram até que ele abriu os olhos. Depois parou abruptamente assim que viu a cara de Hermione.
“Granger…”ele tentou falar mas não conseguia.
“Malfoy, tu estas ferido ou assim. Vou chamar a Madam Pomfrey.”
Ela levantou-se mas sentiu uma mão fraca a agarra-la em desespero.
“Não!” Resmungou Malfoy. “Vai ficar tudo bem”
De facto o rapaz parecia desesperado por isso ela voltou ao tapete perto dele e segurou-lhe a mão. Não é que ela quisesse. Era mais ele que ainda estava a segura-la por isso não tinha escolha.
Ele estremeceu e ela reparou num flash de dor que lhe atravessou a face pálida enquanto ele lhe agarrava a mão com mais força. Depois de cerca de um minuto, parecia ter passado e ele tentou levantar-se do chão e sentar-se. Ele conseguiu mas ficou nítido que tinha feito um esforço enorme.
“O que se passa,Malfoy? O que aconteceu?” Perguntou ela, com os olhos escuros cheios de preocupação.
Draco olhou para ela. Parecia que uma grande luta se travava no seu interior. Os seus olhos azuis acinzentados estavam escuros e tempestuosos, um músculo do seu maxilar contorceu-se quando ele o cerrou. Finalmente ele empurrou-a para o lado - não rudemente, ele ainda estava demasiado fraco para isso.
“N-nada. Tive uma indisposição por causa do que jantei, so isso” Ele tentou ficar de pé mas desabou.
“Sim claro Malfoy. Parece que bebeste uma Poção amaldiçoada, e não que comeste um bocado de peixe que estava estragado.”
“Eu não preciso…tua ajuda…Granger. Dá-me alguns minutos, eu…ficarei…bem” Ele tentou levantar-se outra vez mas não conseguiu. Hermione Granger olhava fixamente para ele como se estivesse maluco. Ele estava obviamente doente e com dores mas a recusar atenção médica! O que se passava com ele? Ele quase que lhe contara o que acontecera, ela viu-o nos seus olhos quando parecia que estava a lutar consigo próprio. Nunca em toda a sua vida estivera tão perto do monitor dos Slytherin. Ele estava praticamente deitado no seu colo. Outras raparigas eram capazes de matar para ter esse momento,mas não Hermione Granger.
Calmamente, ela levantou-o pelos ombros e apoiou-o contra o sofá. Ele era muito pesado para ela. Ele reparou nos seus músculos através da t-shirt.Ele estremeceu enquanto o deixava escorregar e as suas mãos voaram para o seu lado.
“O que?...Oh meu deus!” Hermione inspirou bruscamente quando viu a ferida através da sua camisa branca do uniforme com os últimos três botões desapertados. Não apenas uma ferida, mas muitas. E todo o seu torso estava atravessado por cicatrizes- algumas vermelhas e furiosas, algumas a curar, e algumas muito antigas e cicatrizadas.
“Afasta-te de mim, Granger.” Sibilou ele fracamente.
“Malfoy…quem é que te fez isto?!
Ele fechou os olhos.
“Eu disse, afasta-te de mim. És surda ou assim?”
Que sorte dele foi ter sido encontrado por Hermione Granger, a bruxa mais teimosa em Hogwarts pensava ele em silencio para si próprio.
“No, eu não vou sair ate que me digas quem te fez isto. E se não me disseres eu vou procurar o Dumbledore.”
“És uma bruxa teimosa sabias?”
Ela fez uma cara de desagrado enquanto lhe dava um copo de agua da mesa. “Bebe isto. Enfeiticei-o para te aliviar um pouco as dores”
Ele estava demasiado cansado para lhe perguntar por isso bebeu e instantaneamente e sentiu algumas das dores desaparecerem.
Para toda a sua teimosia e defeitos, ela era uma bruxa mesmo esperta
“Quem é que te fez isto, Malfoy? Ela reposicionou-se perto dele no tapete em frente a lareira, e olhou fixamente para os seus olhos azuis acinzentados. Raios! Ela estava a usar um feitiço nele? Ele sentiu que tinha de lhe contar o que tinha acontecido! Era como se ele tivesse tomado Veritaserum ou assim!
“Malfoy…” ela aproximou-se e pôs as suas mãos sobre as dele. Tinha sido o primeiro toque afectuoso que alguém lhe dera, após muito, muito tempo. Ele foi-se abaixo.
“Maldita sejas, Granger! Queres saber quem me fez isto? Foi o meu PAI. Percebes-te? Sim, o meu próprio pai! Feliz agora?!”
“Lucius?” Hermione sussurrou. “M-mas como é que ele te fez isto? Ele esta aqui?”
“Eu fui encontrar-me com ele em Hogsmeade mais cedo. Não te preocupes, ele não consegue vir para aqui. O meu pai e eu tivemos uma pequena…conversa. Depois não sei como consegui voltar para Hogwarts e usei um encantamento Suspendio em mim próprio durante um bocado mas não consegui continuar. Depois caí. E depois tu estavas aqui.
“Oh Dra-Malfoy! Devias dizer ao Dumbledore! Isto é…”
“NÃO! Eu já te disse que não podemos contar-lhe. Em todo o caso esta não é a primeira vez, com certeza que reparaste. Promete-me!” Parecia que a fadiga ia causar-lhe mais danos por isso Hermione prometeu precipitadamente. Ela apercebeu-se que ainda estavam de mãos dadas.
“Porra és mesmo uma boa bruxa. Devo-te uma, Granger. O encantamento para tirar as dores parece estar-me a fazer bem. Se me pudesses ajudar-me gentilmente a levar-me para a minha cama eu iria ficar-te muito agradecido

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