Um vulto na floresta?



Férias de verão: Rony, Gina, Molly Weasley e Arthur Weasley aguardavam ansiosos pelas visitas de costume: Harry e Hermione. Passariam o resto das férias na Toca e retornariam todos juntos para Hogwarts, onde Gina cursaria o sexto ano, e Rony, Harry e Hermione, o sétimo.

- Veja só, Arthur! Nossos filhos já estão quase todos encaminhados! Que felicidade! – Molly conversava com o marido, enquanto preparava o café da manhã.

- Percy está muito bem, sendo assistente do Fudge... o Gui e o Carlinhos estão trabalhando com Dragões. Fred e Jorge estão se dando bem na loja de logros... agora só falta mesmo Rony e Gina se tornarem aurores, que é o que eles tanto sonham. Falando neles, ainda estão dormindo? – Arthur levantou-se da poltrona onde estava sentado e foi até a porta pegar o exemplar do Profeta Diário.

- Estão, mas já vou acordá-los. Afinal, é hoje que chegarão Harry e Hermione. – Molly fez o feitiço e a louça começou a ser lavada. – Vou lá em cima acordá-los, Arthur. Cuide do leite para mim, sim?

- Está bem.

- Gina, Rony! Tá na hora de acordar! – Molly batia nas portas dos quartos dos filhos.

- Ah! Já? – Gina resmungou.

- Já são dez da manhã, mocinha! E você tem que organizar seu quarto! Hermione já vai chegar, e vai dormir no seu quarto! ROOOONNYYYY!

- Ah, mãe! Dá um tempo! – Rony resmungou também.

- O que eu disse pra sua irmã serve pra você também! O Harry vai chegar à noitinha e vai dormir no seu quarto... isso quer dizer que você também vai arrumar seu quarto! Bora, bora, bora! Levantem!

- Tá, tá! – Disseram os dois juntos.

Desceram, depois de se arrumarem, e foram à mesa tomar café. Ainda sonolentos, puderam ouvir o som da campainha. Gina levantou-se prontamente, e o sono foi-se num instante.

- Deve ser a Mione! Vou abrir a porta. – Gina foi em direção à porta e a abriu. Seu palpite estava correto.

- Gina! Quanto tempo, amiga!! – Hermione largou as malas e deu um abraço apertado na amiga.

- Entra, Mione, fique à vontade! Deixa que eu leve as suas malas! – Gina pegou a varinha e fez o feitiço: - Mobiliarbus! – As malas subiram as escadas em direção ao quarto, e Gina juntou-se aos outros.

- Mione, eu tava morrendo de saudades de você, meu amor! – Rony abraçou a namorada e, em seguida, lhe deu um beijo. – E aí, como estão as coisas?

- Está tudo bem, eu só não vim antes porque eu queria passar um tempo com meus pais, contar as novidades... cadê o Harry? – Hermione, sentada à mesa com os outros, percebeu a ausência do amigo.

- Ele só chega à noitinha, querida. Como estão seus pais? – Molly entrou na conversa.

- Estão bem, e mandaram lembranças à senhora e ao senhor Weasley.

- Obrigado! – Arthur agradeceu, enquanto pegava a manteiga para passar no pão.

Terminaram o café e Hermione subiu com Gina até o quarto. Elas tinham muito que conversar. Depois mataria as saudades de Rony. Sentaram-se na cama e começaram a conversar.

- E aí, Mione... sentiu muito a falta do Rony?

- Senti! Todos os dias pensava nele enquanto viajava com meus pais.

- E para onde você viajou? Pela marquinha do biquíni foi para um lugar que faz calor!

- Fui para o Caribe! Eu aproveitei bastante, deu pra perceber né?

- Hehehe, é!

- Eu vou te contar uma coisa, mas você tem que jurar que não vai contar por Harry!

- Tá bom, eu juro. Mas o que foi? – Gina ficou curiosa.

- A Tatyanna me escreveu.

- Sério??? E como é que ela está, me conta!

- Está ótima, está até de namorado! Pra você ver como as coisas mudam! No terceiro ano o Harry era louco por ela e agora está namorando a Cho. Acho que nem vai se importar quando souber que ela vai voltar...

- Ela vai voltar? Não acredito! Como ela conseguiu convencer os padrinhos?

- Olha, isso ela não me disse, mas ela vai voltar, é de certeza.

- Que bom, Mione! Nossa, que felicidade!

- Bom... e o Malfoy, como está?

No quinto ano, Hermione, Rony e Harry descobriram o namoro de Draco e Gina, e no começo não quiseram acreditar. Mas, com o tempo, querendo ou não, foram obrigados a aceitar. Gina já tinha quatorze anos e não precisava dar satisfações. Além do mais, seus pais já haviam concordado. Ela não teve problemas com Hermione e Harry, pois passaram a apoiá-la, mas sofreu com o irmão. Porém, estava tudo bem agora.

- Ele conseguiu me mandar apenas uma carta durante todo o tempo que tivemos de férias. Parece que as cartas estão sendo interceptadas.

- Como assim, interceptadas? Mas por que isso? – Hermione ficou surpresa.

- Em breve Draco terá de enfrentar o pai... dentro de poucos meses fará dezessete anos, e o acordo terá de ser cumprido... e Lúcio Malfoy já está tratando de nos separar...

- Ah! Sei do que estás falando... porém disseste que Draco romperá o acordo... será?

- Sim! Ele me garantiu de que romperia o acordo! E nesse dia eu estarei ao seu lado, firme e forte, para lhe dar coragem de enfrentar as conseqüências! – Gina levantou-se da cama e foi em direção à janela. – Ele sabe que eu sempre estarei ao seu lado, não importa o que aconteça.

- Meninas, venham almoçar! – Molly gritou, chamando-as.

- Acho melhor descermos, antes que a comida esfrie. – Hermione falou, indo em direção à porta.

- Vai descendo que eu já vou. Vou fechar os vidros para não entrar poeira no quarto... sei que és alérgica.

“O dia de seu aniversário se aproxima, Draco... que rumo tomará nossas vidas após esse dia?”

*

Almoçaram, e passaram a tarde toda conversando, sentados na sala. Ouviram o soar da campainha, e Rony levantou-se, deduzindo ser Harry que estava a tocá-la. Acertou.

- Rony! Bah, cara, que saudade! – Abraçou o amigo.

- Finalmente, estás livre dos Dursley! Entra aí, deixa que eu leve as suas malas! Mobiliarbus! – Fez o feitiço. – Senta aí, cara, e conta como estão as coisas!

- Tá tudo bem, é um milagre, mas depois da ameaça do Sirius e do Lupin, eles estão me tratando bem.

- Que bom que os Dursley têm medo deles, sorte sua! – Hermione comentou.

- Põe sorte nisso, Mione! – Foi a vez de Rony comentar.

- Gina, como está o Malfoy? – Harry perguntou.

- Até agora só uma carta.

- Devem estar sendo interceptadas. Mas você o convidou para a Copa Mundial de Quadribol?

- Já, mas não sei se ele vai. O mais provável é que sim, pois seu pai nunca perde uma Copa Mundial de Quadribol.

Enquanto conversavam, ouviram um barulho que vinha da direção da janela da cozinha. Molly foi verificar, e os outros continuaram a conversar. Ela chegou perto da janela e reconheceu a coruja negra dos Malfoy. Abriu o vidro da janela e retirou a carta das patas dela. A coruja foi-se, e Molly retornou à sala.

- Era a coruja dos Malfoy, trazendo uma carta para você, filha.

Gina quase teve um colapso, sentada na poltrona da sala. Levantou-se, afobada, arrancou a carta das mãos da mãe, literalmente, e arrastou Hermione pelo braço até seu quarto.

- Você tem noção do que isso significa, Mione? Nessa carta pode haver a resposta sobre as cartas estarem sendo interceptadas! – Gina abriu a carta e iniciou a leitura:

“Querida Ginny,

Estou morrendo de saudades suas... faz muito tempo que não nos vemos... você deve estar se perguntando o porquê de eu escrever-lhe tão poucas cartas... elas estão sendo interceptadas, meu pai pensa que eu não sei, mas eu sei de tudo... escrevo-lhe cartas todos os dias, na esperança de alguma chegar até suas delicadas mãos...”

- Hermione! Elas estão mesmo sendo interceptadas! Maldito Lúcio Malfoy!

- Continue, Gina... pode haver mais alguma coisa importante escrita aí!

“Você sabe que o dia de meu aniversário se aproxima, e que farei dezessete anos. Meu pai já está me ameaçando de fazer alguma coisa com você, se eu não cumprir o acordo... meu amor, confesso-te... pela primeira vez em toda a minha vida, estou sentindo muito medo... muito medo. Mas não fique angustiada, romperei o acordo, não se preocupe... e te defenderei até o fim de meus dias. Ah! Aviso-te que irei à Copa Mundial de Quadribol. Estou morrendo de saudades, meu amor.

Beijos do sempre teu...

Draco Malfoy.”

- Hermione... estou tão preocupada... sabe-se lá o que aquele crápula do Lúcio Malfoy pode fazer quando souber do rompimento do acordo... estou muito preocupada com o Draco... – Gina andava pelo quarto inquieta, com a carta do namorado nas mãos.

- Você precisa se preocupar com você, afinal, é o principal alvo de Lúcio Malfoy!

- Eu morrerei por Draco se for preciso! Eu darei a minha vida pelo nosso amor!

- Mas Gina! Assim entregarás Draco ao pai para ele fazer o que quiser do próprio filho! Você não acha que Draco seria capaz de...

- Seria! Seria capaz de se matar se por um acaso eu morresse! Eu sei que Draco me ama muito, nunca duvidei e nem nunca vou duvidar! Por nosso amor, vale qualquer sacrifício!

- Sabe, eu estava pensando... acho que Lúcio Malfoy não sujaria seu nome matando você, Gina... ele correria o risco de ir para Azkaban...

- Então você acha que ele contrataria alguém para fazer o serviço?

- Certamente. Ou poderia fazer algum feitiço irreversível, mas é muito improvável. A primeira opção possui mais chances de estar correta.

- Até nisso Lúcio Malfoy é um covarde... não tem coragem de usar suas próprias mãos! Este homem possui contato com as pessoas mais sujas que se possa imaginar!

- Como Belatrix Lestrange, a Comensal que deixou os pais de Neville loucos...

- Nem me fale! Ao discordar de Lúcio Malfoy, Draco, e principalmente, eu, estaremos correndo sérios riscos!

- Não sei se adiantaria, mas eu acho bom você aprender uns bons feitiços entorpecentes, ou alguma coisa do gênero. Lúcio Malfoy não está de brincadeira.

- Será que devo me matricular em mais tempos de Defesa Contra as Artes das Trevas e Feitiços?

- Seria uma boa idéia. Mas nem pense em usar o Vira-Tempo. É um problema.

- Vou cancelar algumas matérias, as menos importantes. Adivinhação e Trato das Criaturas Mágicas. Hagrid terá que me perdoar.

- Ele entenderá.

*

Duas semanas se passaram, e faltava apenas um dia para a Copa Mundial de Quadribol. Todos na Toca aprontavam suas mochilas para a longa jornada que teriam até chegarem aos objetos que os aparatariam até um campo aberto exclusivo para acampamentos, e muito próximo dali, o campo de Quadribol.

Barraca, comida, cobertores: tudo foi compactado dentro de duas mochilas: as de Molly e Arthur. Roupas e objetos pessoais ficavam nas mochilas dos garotos. E Arthur colocou a carteira no bolso, com alguns galeões para gastarem lá.

Estavam prontos. Muito ansiosos, saíram da Toca e a trancaram. Depois pegaram a estrada. Caminharam alguns quilômetros, e durante todo o caminho havia paisagens exuberantes: grandes lagos que refletiam a luz do sol, florestas repletas de animais silvestres, montanhas que tocavam o céu. Pararam de caminhar quando as lamentações de cansaço começaram a chegar aos ouvidos de Arthur e Molly.

- Ah, pai, eu tô cansado! – Rony parou no meio da estrada de terra, e pousou as mãos nos joelhos.

- Mãe, eu não agüento mais! – Dessa vez foi Gina, que se recostou a uma árvore que havia por perto.

- Sra Molly, eu e Harry também estamos cansados. Não poderíamos parar? – Hermione sentou-se em uma pedra e Harry fez o mesmo.

- Tudo bem. Então vamos parar. – Arthur falou.

Adentraram na floresta para encontrar uma clareira segura contra saqueadores. Sendo eles bruxos, não teriam problemas em retornar à estrada. Com a Azaração das Quatro Pontas voltariam facilmente. Depois de passarem alguns minutos vasculhando a floresta, encontraram a tal clareira.

Jogaram as mochilas no chão e ficaram aliviados sem aquele peso nas costas. Porém encontrariam mais um problema: antes do descanso, teriam de montar a barraca. O sol já estava se pondo, e não havia porquê de eles continuarem a caminhar depois de descansarem.

Arthur retirou as coisas da barraca e começou a montá-la. Ela possuía dois cômodos, e em um dormiriam os rapazes e no outro as garotas. Após encontrar alguma dificuldade, Arthur finalmente terminou de montar a barraca.

- Por que vocês dois não vão buscar lenha para fazermos uma fogueira? – Arthur falou, referindo-se a Rony e Harry.

- Tudo bem. – Harry respondeu, e Rony arregalou os olhos.

- O q-quê? Buscar lenha DENTRO da floresta? E se...

- Deixa de ser medroso, meu irmão! Vai buscar a lenha de uma vez que eu tô começando a ficar com frio! – Gina exclamou, e Harry soltou uma risadinha discreta.

- Estou indo, “maninha”... – Rony ironizou a última palavra e saiu com Harry floresta adentro.

Depois de alguns minutos, retornaram, ilesos, com as toras nas mãos. Acenderam a fogueira e sentaram-se em pedras que havia ali por perto. Começaram a conversar.

- Mãe, já estamos perto? – Gina perguntou.

- Não sei, pergunte para o seu pai.

- Pai, já estamos perto?

- Sim, deve dar uns dois quilômetros daqui, depois aparatamos para o acampamento. – Arthur respondeu. – E, inclusive, amanhã quero todo mundo acordado bem cedo, devemos chegar lá até a hora do almoço, pois de tarde já haverá a abertura da Copa.

- Ah, pai... nós não estamos acostumados a acordar cedo! – Rony reclamou.

- Pois então, tratem de ir se acostumando! Amanhã quero todos de pé bem cedo!

- Pois bem, já está tarde, garotos! Vamos dormir. – Molly foi para a barraca e os outros a acompanharam.

De madrugada, noite fechada ainda, Harry acordou com a cicatriz em chamas. Há tempos não lhe ocorria essa dor. Sentou-se no saco de dormir, inquieto, e pôs-se a pensar. Rony, acordando num susto, viu Harry sentado, postura rígida, massageando a cicatriz e ficou preocupado.

- O que foi, Harry? Algum problema? – Rony sussurrou.

- Minha cicatriz está ardendo... estou preocupado.

- Sério? Isso só significa uma coisa: Você-Sabe-Quem pode ter retornado!

- Será?

Foi quando começaram a ouvir uns barulhos estranhos; folhas de árvores farfalhavam, mas não havia nenhum vento, nem mesmo uma brisa; Ouviram passos, e um galho se quebrou, muito próximo da barraca. E viram um vulto se aproximar, através da lona. Acordaram Arthur, apressados, e este colocou a varinha em punho e saiu da barraca. Acordou Molly e esta fez o mesmo que Arthur.

- Não saiam da barraca em hipótese alguma, entenderam? – Arthur falou para os garotos, que assentiram.

Sondaram toda a clareira, e ao olharem o interior da floresta, viram o vulto se afastando, se embrenhando na mata.

E ficaram a noite toda de plantão. Aquela clareira não era tão segura quanto pensaram. Mesmo com a segurança de Molly e Arthur, Harry não conseguiu mais dormir. Deduzia que sua paz acabaria logo, logo.

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