Hate that I love you so



Hate that I love you so
(Odeio te amar tanto assim)



O carro ainda vibrava em função do motor que não havia sido desligado, mesmo já estando parado há algum tempo. Se alguém estivesse vigiando a vida dos vizinhos àquela hora da noite, estaria achando, no mínimo estranho aquele carro todo preto e peliculado, parado a frente de uma casa. Mas ele não estava nem ai para o que qualquer pessoa poderia pensar de tal atitude, na verdade só não poderia estar pensando direito também. O que pretendia, realmente, fazer depois que saísse do carro e atravessasse a pouca distancia que existia de onde estava ate a porta da casa dela? Pelo menos algumas idéias mal formuladas envolvendo bater a porta, esperar ela abrir e só ai falar alguma coisa, rodeavam a sua mente incapaz de raciocinar algo melhor.

Estúpido! Pensou batendo, mais uma vez, com a cabeça no volante. O que você esta fazendo? Você não é assim? E ele não era assim ou pelo menos não quando envolvia garotas. Mas, na verdade, ela não era uma garota qualquer era ‘A’ garota. E como ele odiava isso: essa importância sem precedentes que sua mente e seu coração depositavam nela. E justamente nela? Bateu com a cabeça mais uma vez.

That's how much I love you
(Isso é o quanto eu te amo)
That's how much I need you
(Isso é o quanto eu preciso de você)
And I can't stand ya
(E eu não suporto você)
Must everything you do make me wanna smile
(Tudo o que você faz, me faz querer sorrir)
Can I not like it for awhile
(Será que eu posso não gostar disso por um instante?)
No.. but you won't let me
(Não... mas você não me deixa)
You upset me girl, then you kiss my lips
(Você me chateia, garota, e depois me beija)
All of a sudden I forget that I was upset
(De repente eu esqueço que estava chateado)
Can't remember what you did
(Nem me lembro do que você fez)

Não sabia quando e nem como tudo começou, só sabia que, de repente, ela estava ali, ocupando muito mais espaço que podia. Espaço esse que não era e nunca foi destinado a nenhuma outra. Só sabia que ele existia e que era grande demais. E como não suportava a sua grandeza. Se pudesse tiraria aquilo de dentro dele, mas era um sentimento tão bom, confortável, calorento, que a vontade de repeli-lo era infinitesimalmente inferior comparado a vontade de cultivá-lo para vê-lo crescer cada vez mais.

Soltou uma espécie de riso e bufo descrente ao lembrar do que ela era antes e o que é agora. Antes só era a irmã mais nova e sem graça, que mais parecia um menino, de seu melhor amigo. Depois virou a irmã irritantemente chata e prepotente. Quando percebeu, ela começou a se tornar inconvenientemente bonita, mas ainda sim era irritante. E do nada, apareceu com uma luz nova, personalidade marcante e incrivelmente linda, mas ainda sim o deixava irritado aquele seu jeito de existir e de fazê-lo sorrir. Porém, aquilo não era incomodo algum, na verdade, ansiava profundamente, por aqueles momentos de contato com ela. Ate que ela, respirou fundo a amaldiçoando, roubou aquele selo... aquele beijo... aquele espaço... ele.

Bateu mais uma vez a cabeça no volante. Por fim desligou o carro olhando para frente e seus incríveis olhos verdes, parcialmente escondidos pelos óculos de grau de aro redondo que usava, refletiram no retrovisor. Mas ainda sentia tudo tremer. Seu corpo estava tremendo e seu coração, nem se fale, estava começando a considerar que ele havia sido substituído por uma banda de músicos com muitos instrumentos de sopro e tambores. Respirou fundo mais uma vez e saiu do carro pondo-se a andar em direção a quem o esperava a janela, escondida e desacreditando que ele realmente estava ali. E como ela odiava aquilo, perguntando-se o porquê dele não apressar o passo.

But I hate it
(E eu odeio isso)
You know exactly what to do
(Você sabe exatamente o que fazer)
So that I can't stay mad at you
(Para que eu não fique brava)
For too long, that's wrong
(Por muito tempo, isso é errado.)
But, I hate i
(Mas, eu odeio isso)
You know exactly how to touch
(Você sabe exatamente como me tocar)
So that I don't wanna fuss and fight no more
(Para que eu não queira mais discutir nem brigar)
So I despise that I adore you
(Então eu detesto te adorar)

Enquanto o via se aproximar cada vez mais de sua casa, a passos lentos e girando a chave do carro no dedo indicador, agradeceu por ter trocado a roupa da festa por uma calça de moletom fino e uma blusa curta que deixava sua barriga a mostra, e mais ainda por estar sozinha em casa. Seus pais haviam viajado aquele final de semana e seus seis irmãos mais velhos não moram mais ali, com exceção do mais novo deles, mas esse também não estava presente naquele momento. Com certeza, em algum canto escuro com a namorada fazendo sabe lá o que, pensou divertida. Adorava o fato dos dois estarem juntos, mas essa é outra historia que, na verdade, ela nem queria pensar para não desviar o pensamento do que estava acontecendo naquela hora, naquele momento.

Olhou mais uma vez por entre as cortinas da janela e viu apenas o carro parado lá fora. Pra onde ele foi? E a resposta veio com o ranger dos degraus da pequena escada que dava acesso ao hall da casa. Gelou. Do lugar onde estava dava para ver com perfeição a porta, assim como a sombra que ele projetava na fresta entre a porta e o chão. Lenta mais agilmente seguiu para frente de um espelho grande que ficava em cima da lareira para verificar sua imagem. Não estava de arrasar, mas também não poderia ser considerada feia naquele modelo de dormir, mas o cabelo longo e ruivo ate a metade de sua costa dava um contraste com a pele branca e roupa escura que usava. Seu rosto ainda ostentava a maquiagem da festa ou pelo menos o que sobrou dela, dando a entender que ela acabara de chegar, o que não era verdade já que, depois do que havia feito, tinha saído de lá diretamente para casa e ficado ali, sentada em uma das poltronas confortáveis do pai, pensando no que havia feito e na proporção que seu gesto desencadearia na situação, que ate pouco tempo atrás, era de pura gozação.

Sorriu.

O que está feito está feito e não há como mudar. Mudar ate que daria como aconteceu algumas vezes, mas ela não queria, muito menos agora que ansiava desesperadamente para que ele se decidisse e tocasse logo a droga da campainha. Nem bem essas palavras terminaram de se formar em sua cabeça e a capainha tocou, reverberando pela casa e por ela toda.

Ficou momentaneamente paralisada, indecisa entre o esperar ele tocar de novo e em se dirigir, rapidamente, à porta com o receio de que ele fosse desistir percebendo que não havia ninguém ali. Optou por nenhum dos dois.

- Um momento! – falou sentindo as pernas ficarem ligeiramente mais
bambas e o coração pulsar cada vez mais descompassado.
Respirou fundo balançando os cabelos para traz. Soltou a respiração. Fechou os olhos e respirou fundo mais uma vez. Os abriu. Sorriu para a imagem da garota que lhe sorria do espelho e se encaminhou para a porta.

- Harry! – exclamou fingindo espanto.

- Oi Gina. – cumprimentou ele a olhando de cima a baixo. – Desculpa aparecer esse horário, mas...

- O que foi que aconteceu? – perguntou contendo ao máximo a vontade de sorrir enquanto se escorava na porta.

- Eh... Posso entrar? – pediu ele olhando para a rua.

- Não sei se seria conveniente um homem entrar, a essa hora da madrugada, na casa de uma mulher que esta sozinha. – disse ela com um tom de dúvida na voz, mas em outra situação ele perceberia que ela estava de gozação.

Mas mesmo assim, ficaram parados apenas respirando, controlando a ansiedade e se encarando. Ela dentro da casa, escorada na porta, com os braços cruzados na frente do corpo. Ele do lado de fora, as mãos no bolso da calça, balançando-se nos pés.

- Er... Ta!... Tudo bem... Eu... Tchau! – e saiu andando em direção ao carro deixando Gina com um ar perplexo.

- Harry! – ele virou no meio do caminho. – Estou brincando. Pode entrar. – e sorriu. Sorriu de verdade.

Gina abriu a porta no todo para ele passar, tentando colocar o máximo de distância possível dele, mas, como as coisas nem sempre acontecem como nos queremos, ela sentiu o cheiro de suor e perfume misturados que emanavam dele. Ela balançou a cabeça tentando afastar idéias que poderia fazer aquele cheiro intensificar e impreguinar em seu corpo.

- Bem... A que devo essa sua tão tardia visita? – perguntou.

- Er... mais uma vez, desculpa pelo horário, pelo jeito ou eu acordei você ou a impedir de ir dormir. – pediu parando no meio da sala.

- Tudo bem. Não perco o sono muito facilmente.

- Amham. - Concordou e ficou por isso mesmo.

Enquanto Gina o observa olhar para o lugar que muito conhecia, já que há muito tempo era amigo de seu irmão Rony, estava sentindo que qualquer coisa ia demorar a acontecer, além de sentir aquele ar de constrangimento, que nunca existiu, ganhar vida no ambiente. Como era fácil irritá-lo, debochar enquanto ele falava, fazer surgir briguinhas das coisas mais sem importância e, principalmente, falar quanto ele estava presente, coisa que nesse momento estava por demais complicada. Mas, se era para ficarem calados então que estivessem fazendo algo que permitisse isso. Ela se aproximou dele.

- Quer comer alguma coisa, Harry? – perguntou o fazendo olhá-la direto nos olhos e pela expressão não havia percebido que ela estava tão perto. – Estava indo fazer um lanxinho quando a campainha tocou. - Mas antes que ele pudesse responder, o seu estômago fez isso. - Isso foi um sim? – ele confirmou com a cabeça um tanto sem graça a fazendo rir gostosamente.

Na cozinha, Gina se posicionou atrás de um balcão com a superfície de mármore, enquanto que Harry se acomodava em um banco alto de frente para ela. Com uma agilidade que Gina possuía de sua mãe Molly, pegou pães, manteiga, queijo, presunto, ovos e bacon os depositando em cima da mesa. Sumindo temporariamente atrás do balcão, apareceu com uma frigideira e escumadeira onde colocou em cima do fogão. Com uma tranqüilidade impressionante pediu para Harry passar manteiga nos pães e separar as poções. Em menos de minutos o cheiro da comida exalava pela cozinha aumentando a fome de ambos, para logo depois tudo estar dentro dos pães. Mas, por um descuido ou mera coincidência do destino, Gina tocou na frigideira quente que caiu no chão fazendo um estrondo que despertou Harry da atenção que dedicava em arrumar os improvisados sanduíches.

- Que foi? – perguntou dando a volta no balcão.

- Acho que queimei meus dedos. – falou em um fio de voz dolorido segurando a mão. Seus olhos estavam lagrimando.

- Deixe-me ver. – não foi um pedido.

- Não! Sai daqui. – reclamou puxando as mãos das dele.

- Calma Gina, só estou querendo ver se queimou mesmo.

- Se estou dizendo que queimou é por que queimou! – disse ela irritada dando a volta no balcão para longe dele.

- Hei também não é pra tanto ruiva. – falou com um quê de ironia na voz.

- Não é você que esta sentindo a dor, então cala a boca quatro olhos. – a irritação intensificou em sua voz.

- Só estou tentando ajudar, se você não quer, então que perca todos os dedos. – e rumou para fora da cozinha

- Desculpa. – sua voz saiu baixa, mas não foi por isso que Harry deixou de ouvir e estancou na porta. – É por que ta doendo. – era mais um muxoxo.

- Você vai me deixar ver? – perguntou contendo ao máximo um sorriso.
Muito lentamente, Gina esticou a mão que segurava rente ao peito, permitindo, dessa forma, não somente que ele pudesse ver se seus dedos estavam ou não queimados, mas uma trégua àquela briguinha sem fundamento.

- Não me diz que vou mesmo perder os meus dedos. – disse Gina olhando para algum ponto no teto. Harry riu.

- Apenas estar vermelho. Não vai ser dessa vez que perderá seus dedos. – completou sorrindo e Gina, também sorriu, percebendo o quanto os olhos de Harry eram de uma verde impressionante. Coisas que Harry também pensava ao perceber que os olhos dela eram de um castanho agressivamente confortador.

And I hate how much I love you boy
(E eu odeio o quanto eu te amo, garoto.)
I can't stand how much I need you
(Não suporto o quanto eu preciso de você)
And I hate how much I love you boy
(E eu odeio o quanto eu te amo, garoto.)
But I just can't let you go
(Mas eu simplesmente não posso te deixar)
And I hate that I love you so…
(E eu odeio te amar tanto assim)

Harry, ainda exigiu que Gina procurasse alguma pomada para passar nos dedos, mas ele mal sabia que no momento em que a tocou a dor passou quase que instantaneamente. Mas Gina não ganhou a discussão em deixar água correr por suas mãos e foi com indisposição que fez o que ele exigiu.

- Melhor? – ela apenas confirmou com a cabeça, meio perdida em reparar como as mãos dele eram delicadas quando tocava nela, o quanto ficavam bonitas com a água escorrendo pelo dorso, pelas palmas, pelos dedos longos...

- O que você veio fazer aqui Harry? – perguntou sem olhá-lo.

Em resposta, veio o silêncio, as mãos se afastando das suas, assim como ele. Respirou fundo e quando virou ele já estava mastigando, só nesse momento lembrou do lanche improvisado que prepararam. Prepararam juntos. Sorriu internamente.

O tempo passou sem que nenhum desse início a uma nova conversa e muito menos a que estava imposta entre eles, que uma hora iria aparecer e acabar ou não com aquele momento único de cumplicidade. Harry estava devorando o segundo sanduíche enquanto Gina ainda estava no primeiro, mas, na verdade, ela não estava sentindo tanto o gosto já que o seu interesse estava todo focado no movimento que Harry fazia para comer.

Como movia a boca enquanto mastigava, nas mandíbulas que se pressionavam uma contra a outra, a orelha que mexia no ritmo compassado e, principalmente, nas ocasiões que a sua língua percorria o canto da boca limpando algum resto da comida que estivesse ali. Era normal. Monótono. Mas para Gina era bonito. O suficiente pra ficar horas, dias, anos apreciando aquele gesto.

And you completely know the power that you have
(E você sabe completamente o poder que tem)
The only one that makes me laugh
(O único que me faz rir)
Sad and it's not fair how you take advantage of the fact that I
(Triste e não é justo o modo como você se aproveita do fato)
Love you beyond the reason why
(De que eu te amo além da razão)
And it just ain't right
(E isso não é certo)

- Por que você me beijou? – perguntou.

Gina engasgou quase ao mesmo tempo e começou a tossir levando a mão livre à boca, mas Harry nem sequer se mexeu, apenas continuou a fitá-la com visível interesse. Com os olhos vermelhos e a respiração ofegante, ela pegou um copo de suco e bebeu o liquido todo de uma vez. Harry acompanhou três gotas que escaparam do canto de sua boca, cair do queixo para o colo e deslizar por ali sem cerimônia, ate sumirem atrás da blusa de malha que ela usava. E como eram bonitas as formas dos seios de Gina. Um pigarro. Harry voltou à atenção para cima e Gina o olhava com uma das sobrancelhas erguidas. Ela percebeu.

- Já pode responder minha pergunta? – perguntou controlando ao máximo o constrangimento.

- Qual delas? Já que você já fez duas. – respondeu em tom de brincadeira. Se for para conversarem sobre isso, que fosse da forma que ela se sentisse confortável.

- A primeira. – falou cruzando os braços na frente do corpo. – Por que você me beijou?

- Ora, Harry, que pergunta mais boba. Será que não ta na cara? – que fosse da maneira mais confortável para ela: brincando e fazendo rodeios. Por que ela não tinha uma resposta, na verdade até tinha, mas era mais uma declaração.

- Se tivesse “na cara” eu não teria perguntado. Por que você me beijou Gina?

Ela revirou os olhos nas órbitas antes de falar:

- Por que eu quis.

- Ok. – Harry respirou fundo. – E por que você quis?

- Pra que tantas perguntas? – foi a vez dela de cruzar os braços.

- Responda primeiro a minha Gina. – pediu com um leve tom de irritação na voz.

- Qual é Harry? Não é a primeira vez que eu lhe beijo – frisou bem as últimas palavras.

- Não me beija daquela forma, você quer dizer.

- De que forma?

- Você sabe muito bem.

Soltou um urro e uma imprecação dando a volta no balcão.

- Se foi para isso que veio há essa hora em minha casa, então esta perdendo o seu tempo. – Parou a entrada da cozinha. - Pode me dar licença, por favor? – colocou as mãos na cintura jogando os cabelos para trás.

- Não vou sair enquanto não tiver minha resposta. – falou virando-se no banco e se escorando no balcão. - E a resposta certa.

- Você quer uma resposta então esta bem. – disse andando em direção a ele. – Eu o beijei por que eu quis. Por que tive vontade. Só isso. Nada mais.

- Mentira! – debochou.

- Não é! – falou entre dentes, para logo em seguida adotar uma posição irônica. – Desculpe Sr. Potter por ter invadido seu espaço ou quebrado a sua honra ou sua pureza. Mas o que foi? Nunca foi beijado? – terminou sorrindo com desdém.

Silêncio. Ambos se encarando. Ele com uma expressão séria no rosto. Ela com um sorriso no canto dos lábios.

- Já fui beijado... Muitas vezes... Mas nunca senti... o que senti quando você me beijou.

Existem situações que acontecem por que tem que acontecer, mas há outras que só acontecem quando alguém faz por onde, e foi justamente o que Harry fez ao terminar de falar: puxou Gina pela cintura, grudando seus lábios nos dela, assim como ela fez algumas horas atrás. E, realmente, ele nunca sentiu nada parecido com o que sentia quando beijava Gina, mesmo naqueles momentos rápidos, em que seus lábios apenas se tocavam, nos beijos roubados que ela lhe tirava. Era como cair de muita boa vontade de um precipício. Se Gina soubesse o que provocava talvez nunca tivesse roubado o primeiro. Talvez.

E foi com fervor que Gina trocou aquela expressão de espanto pela ação dele, por uma de puro contento ao beijá-lo tão intensamente quanto agora. Se antes ela o havia beijado apenas para mostrar quem mandava, agora ela não se importaria em nada de ser levada para qualquer lugar, por que o céu não era mais o limite. Limite? Quem se importa com o limite se tudo dentro dela gritava por aquele beijo e por ele, por Harry.

And I hate how much I love you girl
(E eu odeio o quanto eu te amo, garota)
I can't stand how much I need you
(Não suporto o quanto eu preciso de você)
And I hate how much I love you girl
(E eu odeio o quanto eu te amo, garota)
But I just can't let you go
(Mas eu simplesmente não posso te deixar)
and I hate that I love you só
(E eu odeio te amar tanto assim)

O tempo? Que tempo? Isso não existia. Ou pelo menos não para eles. Não para o que faziam. Mesmo adorando os momentos que Gina roubava-lhe beijos, nenhum chegava perto do momento que aquele beijou criou. E como era bom beijar Gina Weasley. E como era melhor ainda perceber que ela o estava beijando também. Era estranho pensar que depois desse dia ele iria precisar de cada minuto com ela, era mais estranho ainda, pensar em como conseguiu viver todo esse tempo sem os beijos dessa mulher que abraçava com tanto fervor. Era estranho, mas ainda assim ele pensava.

No entanto o fôlego já não era mais o mesmo. Estava ficando cada vez mais difícil controlar a respiração ao mesmo ritmo dos beijos que ficavam cada vez mais intensos. Mas o que ele poderia fazer se não queria parar? Se tinha medo de parar? Qual seria a reação dela depois disso? Bem, uma coisa era certa: ela o havia beijado primeiro. Então, dependendo da reação dela, isso poderia se transformar apenas em um acerto de contas.

Seu coração apertou involuntariamente. Aquilo não era um acerto de contas, ele não queria que fosse. Mais uma vez a pergunta que o deixava desnorteado, invadiu seus pensamentos: desde quando ela tinha se tornado algo tão importante? Importante? Ela era algo mais, muito mais que ele. Mais do que tudo que ele conheceu ou desconhece. Mais, muito mais.
E só naquele momento, tendo ela em seus braços, beijando-lhe a boca vermelha que, com certeza, como a dele, já estava ficando dormente, sentindo suas mãos pequenas bagunçarem seus cabelos, descerem pela costa e voltando aos cabelos, ele percebeu que já não poderia viver sem ela, não depois do que estava acontecendo, depois de ter provado do melhor sabor do mundo. Droga! Como ele odiava sentir isso.

- Ha...rry... – ela disse entre sua boca, mas ele apenas grunhiu. Aquele era o momento que ele não ansiava nem um pouco. – Estou... sem... ar... – ele voltou a grunhir, mas parecia soar como uma confirmação. Percebendo que Gina voltaria a falar ele intensificou ainda mais o beijo, segurando sua nuca ao mesmo tempo em que entrelaçava seus dedos nos cabelos dela, quebrando qualquer reação que viria dela.

Mas a intensidade durou pouco, como um curto-circuito, e Gina lhe empurrou para trás, desgrudando a boca da dele e puxou o ar, que seus pulmões tanto reclamavam, jogando a cabeça para trás. Se não fosse por Harry a estar segurando pela cintura, ela teria caído ali mesmo, pois o mundo pareceu rodar quando o ar chegou com vontade a seus pulmões. Fechou os olhos ao mesmo tempo em que se segurava no peito de Harry, que subia e descia rapidamente. E ficaram assim, respirando e absorvendo o que acabara de acontecer, sem nem ao menos se encararem, mas apenas sentindo a presença um do outro.

- Não deveria ter parado. – disse Harry ajeitando os braços em volta da cintura de Gina. Ela não fugiria, fosse qual fosse a sua reação.

- Eu precisava respirar.

- E eu precisava continuar lhe beijando.
A sua fala causou a reação de fazer Gina baixar a cabeça e olhá-lo nos olhos. Por fim se encararam. Verdes nos castanhos. Afogueados. Bocas vermelhas e dormentes. Controlando a respiração e o coração.

- Por que você me beijou? – agora foi à vez de ela perguntar.

- Se eu responder, você responde a minha? – pediu sem nenhuma ironia. Gina meramente confirmou com um único movimento de cabeça. – Por que... eu precisei. Precisei sentir a mesma coisa que senti quando você me beijou na festa.

Foi inevitável, mas Gina não conseguiu conter o sorriso. Sorriso esse que iluminou ainda mais o seu rosto, que ultrapassou qualquer barreira de seriedade que tinha na expressão de Harry, o fazendo sorrir também.

- Agora é a sua vez.

One of these days maybe your magic won't affect me
(Um dia desses talvez sua mágica não me afete mais)
And your kiss won't make me weak
(E seu beijo não me enfraquecerá)
But no one in this world knows me the way you know me
(Mas ninguém nesse mundo me conhece como você)
So you'll probably always have a spell on me
(Então você provavelmente terá sempre um feitiço sobre mim)

O que foi que ele falou?

Gina não fazia idéia, por que seu mundo rodava tão completo e rapidamente que a estava deixando tonta. Tonta? Isso era o mínimo. Por que, além de senti tudo rodando, sua respiração estava ficando rasa, seus pés não tocavam mais o chão, tudo estava ficando verde, o mesmo verde da cor dos olhos de Harry, a única coisa que sentia e estava duvidando se, realmente, era real, eram os braços dele ao redor de sua cintura. Ele a segurava com firmeza como se estivesse com medo de que ela pudesse de alguma forma fugir. Mas que garoto bobo ele era. Tudo que ela menos queria era fugir. Fugir. Sim! Fugir era bom e seria melhor ainda se fosse com ele.

- Gina, algum problema? – ele perguntou fazendo Gina voltar do mundo verde para onde tentava fugir.

- O... O que?

- Tudo bem? – havia confusão em seu olhar.

- Sim... só estava tudo verde.

- Verde? – mais confusão ainda.

- Desculpe. Mas o que você falou?

Harry ainda encarou Gina por longos segundos, parecia estar refletindo sobre a sanidade da garota, mas isso não importava por que até ele mesmo estava um tanto insano, principalmente depois de ter feito o que fez.

- Eu dei minha resposta, agora é sua vez. – e ele abriu um sorriso meio de lado que quase fez com que Gina se derretesse mais em seus braços. Quase.

- Posso falar a verdade?

- Não peço menos que isso.

- E se você ficar chateado? – pediu ela enrolando os cabelos dele de sua nuca.

- Prometo não ficar. – Harry mais suspirou do que falou enquanto recebia aquele carinho em um dos pontos sensíveis de seu corpo.

- Então lá vai.

- Sou todo ouvido.

- Foi uma aposta. – Gina disse em um único fôlego. Se fosse pra doer que fosse rápido então,

- O Quê? – Os olhos de Harry arregalaram, mas ainda sim ele não desfez os braços ao redor de Gina. Um bom Sinal.

- Você disse que não ficaria chateado. – disse ela descansando os braços nos ombros dele, um tanto cautelosa.

- Mas acho que posso ser curioso. Uma aposta Gina? – disse ele com os olhos estreitos, parecendo tentar entender a dimensão daquilo.

- Sim. – ela falou baixo como se fosse uma criança confessando uma travessura.

- Com quem? Por quê? O que estava em jogo? – Gina sentiu que ele estava tirando os braços ao redor de sua cintura e rapidamente suas mãos seguraram as dele ali, impedindo-o de quebrar aquele toque.

- E isso Importa? – perguntou olhando-o nos olhos.
Gina esperou, esperou com o coração acelerando a cada segundo que ele parecia pensar sobre a resposta, esperou segurando a respiração a fim de não perder o que quer que ele fosse falar. Por fim ela percebeu quando os olhos de Harry abaixaram e pararam em suas mãos em volta da cintura dela, ele respirou e um sorriso complacente brilhou em seu rosto.

- Na verdade... não. Não importa.

- Eu sei.

- Mas... tem alguma coisa por trás da aposta não tem? – o sorriso em seu rosto mudou para um irônico.

- O que você acha? – ela também sorriu, principalmente quando sentiu os braços dele lhe envolver mais uma vez.

- Eu acho que tem.

- Desde quando você parece me conhecer tão bem?

- Desde quando comecei a prestar mais atenção em você. – o sorriso brilhou no rosto de Gina. Então ele prestava atenção nela. E o mais importante, isso não começou naquele momento. – Só não me pergunte quando, não tenho idéia disso. Só sei que de repente você esta lá chamando minha atenção com sua agressiva beleza.

- Sou tão agressiva assim? – brincou o fazendo gargalhar.

- Você sabe que sim. Mas tenho medo de não agüentar se você for capaz de mais agressividade. – agora foi à vez dela de gargalhar. – Mas, não estamos
falando de sua agressividade. O que tinha por trás da aposta?

Gina, mas uma vez ficou em silêncio, ponderando sobre a resposta, por fim disse:

- Apenas uma desculpa. Eu não sabia o que fazer para passar dos selinhos roubados para algo mais profundo. E a sua boca ficava tão convidativa toda vez que bebia um pouco daquele Martini. – Gina suspirou olhando para um ponto que ninguém podia ver. Ela estava lembrando. Harry sorriu a fazendo ficar ruborizada.

- Por que você não fez algo mais fácil, como por exemplo, pedir? – perguntou ele achando linda a tonalidade que as bochechas dela tomaram.

- Eu nunca pediria. – ela respondeu como se estivesse sido ofendida.

- Por quê?

- Não sei se você lembra Harry, mas até alguns minutos atrás nos queríamos a morte um do outro.

- Sabe... acho que não desejo a sua morte desde quando você fez 15 anos.

- Eu acho que eu também.
Ambos gargalharam com a verdade revelada de forma tão fácil. Era tão fácil ficarem juntos dessa forma que Gina se perguntava do por que nunca ter pensado na idéia de forma efetiva. Ficaram um tempo rindo um do outro e de si próprios, até que por fim as gargalhadas diminuíram de intensidade até se transformarem em sorrisos e por fim na análise descarada do rosto do outro. Outra coisa fácil de fazer, ela pensou, olhar para ele sem a menor preocupação de que ele pudesse pega-la em tal ato.

- Com quem foi à aposta?

- Por quê?

- Quero agradecer a pessoa por ter instigado você a me beijar mais cedo. Provavelmente eu não estaria aqui, agora, se você não tivesse feito isso.

- Provavelmente. – ela concordou voltando a acariciar a nuca dele. - Mas, também, acho que seria uma questão de tempo ate isso acontecer.

- Concordo. – ele falou relaxando em decorrência do carinho. Nenhuma outra mulher havia feito aquilo de forma tão relaxante, impressionante, agonizante, excitante. – E agora, já que não tem mais aposta, o que você... o que nos vamos fazer?

- Hum... Vamos fazer uma entre nós. Entre eu e você.
Harry rapidamente se recompôs sentindo que havia um pouco de malícia na voz de Gina, aquilo foi o tiro de partida para todas as imagens, que sempre eram confusas e que nunca quis dar tanta atenção, relacionadas a ele e Gina.

- E qual seria?

- Eu aposto que você não precisa mais de mim quanto eu preciso de você. – ela disse imitando irritação enquanto que um sorriso brincava no canto de seus lábios, esticando a mão para que ele apertasse.

- Eu aposto o contrário. – ele disse fechando uma de suas mãos na de Gina e beijando o dorso logo em seguida. – E se você perder...?

- Eu não posso perder. – respondeu ela contemplando todo o rosto de Harry para enfim reparar que ele comprimia sua mão entre a sua e seu peito. – Pois já ganhei... ganhei você.

That's how much I love you
(Isso é o quanto eu te amo)
That's how much I need you
(Isso é o quanto eu preciso de você)
That's how much I love you
(Isso é o quanto eu te amo)
That's how much I need you
(Isso é o quanto eu preciso de você)

- Seus pais?

- Você sabe que eles estão viajando.

- É... Gui?

- Não mora com a gente há anos.

- Carlinhos?

- Idem e Percy também.

- Ok... Os gêmeos?

- Moram na loja, lembra?

- Sim... Rony? – e ai o corpo de Harry estremeceu. Lembrar do melhor amigo naquele momento foi mais alarmante do que qualquer coisa.

- Com... a Mione em alguém lugar.

- Será que vão aparecer por aqui?

- Provavelmente não.

- Como pode... ter certeza?

- Por que... Rony sabe que estou aqui e... por que... ainda pensa que eu tenho 11 anos.

- E se...

- Harry dá pra parar de se preocupar? – Gina pediu o puxando para mais perto.

- Ok. – ele disse deixando que seu corpo pesasse em cima do dela. – mas e se alguém aparecer?

- Se você esta preocupado com isso, então podemos dar o fora daqui. Vamos para sua casa ou para qualquer lugar que seu carro possa no levar. – disse ela sorrindo maliciosamente.

- Tem certeza Gina? – perguntou ele com um tom preocupado na voz.

- De que quero ir para sua casa ou para qualquer lugar que seu carro nos levar? Sim!

- Não estou falando disso. É só que... acabamos de começar...

- E isso importa? Quer dizer... você não esta afim?

- Estou... claro que estou!

- Então...?

- Tenho medo de que você só esteja embarcando no calor do momento. Não quero que se arrependa depois. – colocando ação as palavras, Harry levantou-se pondo-se de pé e a uma boa distancia dela. Gina ficou perplexa no sofá.

- Não, você não esta afim. Desculpe se eu...

- Não! É claro que não! Por favor, Gina, entenda só estou...

-...sendo a donzela. – e ela riu, na verdade gargalhou.

- Gina, você é impossível!

- Desculpe, Harry... – começou ainda arfando das gargalhadas. – É só... bem... não consigo entender. Eu quero você. Eu preciso de você. E isso dói. Mas é bom. É... meio louco, mas sinto que não estamos ultrapassando nenhuma fase. – o tom de gracejo em sua voz foi diminuindo no decorrer de sua fala. - Concordo quando você fala que acabamos de começar, mas parece que já faz um tempo que estamos juntos. Na verdade estamos juntos desde que fiz 11 anos, ou ate bem antes disso, mas efetivamente só agora. Bem mais efetivamente agora. Mas de qualquer modo, não dá pra agüentar esperar, primeiro, andar de mãos dadas com você para que possamos passar para esse nível – ela apontou para o sofá. - ate mesmo por que não preciso de nada antes para que isso aconteça, e você já conhece meus pais, na verdade minha família toda te adora. E você sabe que se não tivesse pais, que fosse órfão, minha mãe adotaria você com o maior orgulho e sem exigir que pinte o cabelo de vermelho. Só que não dá pra agüentar ficar esperando por um momento que muito desejei, mesmo não fixando muito bem a idéia na minha cabeça por que eu odiava pensar nisso. Na verdade, estou odiando pensar nisso agora de tanto que te amo e você parece...

- O que você disse?

- Como? – Gina estava tão desenfreada ao falar que não sabia a que ele se referia.

- A última parte. O que você disse na ultima parte?

- Que estou odiando?

- Mas pro final. – Gina abriu um sorriso largo. Ela havia compreendido.
- Eu te amo.

Nem foi preciso ela repetir duas vezes. Harry já a tinha pegado no colo e a rodava enquanto enchia seu rosto de beijo. Gina gargalhava. A felicidade era uma coisa boa. E Gina poderia conviver com isso, poderia conviver muito bem com isso, principalmente se estivesse ao lado de Harry.

- Repete. Por favor?

- Eu te amo... e eu odeio te amar tanto assim.

And I hate that I love you so
(E eu odeio te amar tanto)
And I hate how much I love you bo
(E eu odeio o quanto eu te amo, garoto)
I can't stand how much I need you
(Não suporto o quanto eu preciso de você)
And I hate how much I love you boy
(E eu odeio o quanto eu te amo, garoto.)
But I just can't let you go
(Mas eu simplesmente não posso te deixar)
And I hate that I love you so
(E eu odeio te amar tanto assim)
And I hate that I love you so.. so..
(E eu odeio te amar tanto assim...)

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Mais um momento de inspiração...
mais um tempo so meu...
mais uma necessidade louca de escrever...
Mais uma song...

Espero que tenham gostado... diferente do clip da musica... eles ficam juntos no final...

Obrigada e b-jinhos...

Obs.: Se desejarem confiram minhas outras historias...

Té!

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