Ùnico



O verão daquele ano chegou com força e beleza. O sol chegava a incomodar pelo excesso de brilho e calor. Amigos de longa data estavam alí reunidos na belíssima casa de campo que Harry e Gina, Rony e Mione, Neville e Ana, e Luna e Rolf se juntaram para comprar.

Devido ao calor Luna conjurou bem no meio do vasto gramado que as crianças usavam habitualmente para jogar quadribol uma deliciosa e refrescante piscina que exalava um cheiro gostoso de menta e limão. Ela própria foi a primeira a transfigurar suas vestes em um bonito, mas extravagante maiô e cair na água. Quase todos a seguiram, mas alguns preferiram saborear a cena alegre diante dos seus olhos.

Menina do anel de lua e estrela.
Raios de sol no céu da cidade.

_Nem parece que já se passaram tantos anos desde que estivemos em Hogwarts. – diz, com uma entonação quase tão nostálgica quanto a da própria Luna, Mione. - Parece que foi ontem e agora, já são nossos filhos que estão lá, estudando, descobrindo maravilhas, fazendo, como diria... marotices...

_Verdade. - responde Gina – Hogwarts é o melhor lugar da face da terra. Foi lá que todos nós nos conhecemos, foi lá que vivemos nossas mais incríveis aventuras.

_E foi lá que vencemos a maior de todas as guerras. – lembrou-se, um misto de orgulho e dor , Harry – Meu aniversário. Nós aqui reunidos para comemorar. O meu e de Neville. Lembro-me de cada um de meus aniversários desde o meu aniversário de onze anos.

_Lembro-me de quando descobri que fazíamos aniversário no mesmo dia – emenda Neville – e que após treze dias Luna também ficava mais velha.

_Verdade. O aniversário de Luna é daqui a treze dias. Que cabeça a nossa, heim! – exclama Rony – Poderíamos ter comemorado hoje, junto com o de Harry e de Neville.

_Ou podemos fazer melhor! – afirma uma radiante Hermione, ao que nenhum dos outros acompanham seu raciocínio, a não ser Gina.

_Claro, uma festa surpresa para ela. Teríamos que planejar tudo, preparar tudo, sem que ela desconfie. Afinal, sabemos que ela pesca as coisas no ar. É muito difícil enganar a Di-Lua...

Todos riram. Começaram as discussões tentando se manter no lado prático. Onde seria a festa, como levá-la até o local, e outras coisas nesse sentido, mas não conseguiram manter por longo tempo essa postura, porque em breves minutos a nostalgia tomava conta novamente das lembranças e dos corações de todos.

Brilho da lua oh oh oh, noite é bem tarde.
Penso em você, fico com saudade.

_Não consigo deixar de ter saudades de coisas simples, - diz Hernione – como quando entramos no expresso de Hogwarts lotado, todas as cabines cheias, e apenas a cabine de Luna tinha acentos livres. Lembram? Ela lia ‘O Pasquim’ de cabeça para baixo. Todos achamos que ela era um tanto esquisita, mas só depois entendemos que era algo envolvendo uma mensagem na figura das runas vistas de cabeça para baixo.

Todos riram.

_Lembram-se da roupa amarela que ela usou no casamento de Gui? – lembrou-se Rony - Ela afirmava que era pra dar sorte aos noivos.

_E ela devia ter razão, - completa Gina - pois veja, como esses dois são felizes e unidos!

_Lembram-se – puxa da memória escassa Neville – quando ela narrou aquela partida de Quadribol? Entre Grifinória e Lufa-Lufa? Ela se esquecia dos nomes dos jogadores e tentava descrevê-los por detalhes da fisionomia. Outra hora se distraia fazendo comentários sobre o formato das núvens...

_Foi hilário realmente – diz, às gargalhadas – mas nunca vou me esquecer daquela festa festa no gabinete do Slughorn. Sabe, muitos riram e acharam que ela ficou engraçada com aquele vestido prateado cheio de estrelinhas, mas eu achei que ela ficou bem bonita, porque combinou com o loiro dos cabelos. E ela soube combinar os aneizinhos de lua e estrela na mão esquerda com os brinquinhos.

Manhã chegando, luzes morrendo,
nesse espelho que é nossa cidade.

_Já eu nunca vou me esquecer - diz Harry, mal contendo a emoção – daquele dia, durante a busca pelas orcruxes. Como eu lamento, Gina, Neville, que vocês só tenham visto depois que a guerra acabou. Ter visto aquilo renovou minha força e minha vontade de vencer. Lembram? Ron, Mione? No dia em que fomos até a casa do Sr Lovegood?

_Aquela pintura no teto, não é? – confirma Mione – Como eu poderia me esquecer? Foi naquele momento que me dei conta do quanto eu já confiava em Luna, do quanto ela já morava em meu coração. Do quanto eu estava sentindo saudades, falta mesmo da companhia dela. Naquele momento quis, com todas as forças, que ela, que todos, quero dizer, além de você e do Ron, que ela, Gina e Neville estivessem conosco. Soube naquele momento que esses três jamais nos abandonariam e entendi algo do misticismo dela. Porque pressenti, e não tive dúvidas, que eles três estavam agindo, fazendo algo para nos ajudar. Pressenti que eles haviam assumido a Armada de Dumbledore, e me doeu demais saber que ela havia sido capturada.

_Exato. Todos viram depois a pintura no teto do quarto dela. Todos se atentaram na palavra que compunha o detalhe em volta de cada um dos nossos rostos? – Volta a falar Harry. Estava escrito inumeras vezes, formando uma espécie de moldura, de corrente, como um elo entre nós, que nos unia.

_Estava escrito - diz Neville – amigos. Mas eu não estranhei. Tive plena certeza de nossa amizade desde o dia em que vocês três me petrificaram. Depois fui ao baile do torneio tribruxo com a Gina, como amigo, é claro.

_E dançamos a noite inteira. – interrompe Gina – Foi super divertido.

- Exato. – retoma Neville - E Sempre viajei no Expresso de Hogwarts ao lado de Luna. Eu sempre soube que era amizade eterna entre nós.

Quem é você? oh oh oh qual o seu nome?
Conta pra mim, diz como eu te encontro?

_Na verdade - continua Harry, olhar distante, como que contempla uma imagem distante, recordando e revivendo os sentimentos daqueles momentos angustiantes que vivera no dia em que visitou a casa de Luna pela primeira vez – foi naquele quarto, olhando para a pintura na parede, sabe, (não devia estar pronta ainda, porque no dia a pintura ainda não estava dotada de movimento, como no dia em que fomos novamente até lá com Neville e Gina) foi que pude perceber o quanto ela significava para mim, o quanto me sentia compreendido por ela. Naquele momento, o que eu mais queria saber era onde ela estava, e como ia fazer para encontrá-la, salvá-la, porque compreendi que a conhecia como a mim mesmo, e ela a mim. Que éramos, acima de tudo, muito parecidos.

_Vou acabar ficando com ciúmes - graceja Gina – está declarando amor platônico à ela Sr Potter?

Todos riram, inclusive Harry, que com essa, voltou ao convívio dos demais ali naquela varanda. Mas quem toma a palavra é Hermione.

_Engraçado, Harry, você dizer essas coisas. Ali, sob aquela pintura, senti coisas semelhantes, mas não em tudo. Percebi o quanto eu e Luna éramos diferentes. Percebi o quanto discordávamos. Mas percebi que nos completávamos. Aprendíamos uma com a outra o tempo todo, quiséssemos ou não. Sabe, descobri também que ela sempre fora tão transparente comigo, e eu, sem notar fazia o mesmo com ela, que nos conhecíamos uma a outra como as palmas de nossas mãos, como se ela fosse a mão esquerda, e eu, a direita.

Rony emudecera nesse momento, e isso acabou por desviar a atenção dos outros quatro para ele. Todos ficaram em silêncio, como se estivessem na expectativa do que ele diria sobre ela. E ele apenas disse, um tanto vermelho, como era praxe:

_Naquele momento decidi nunca mais fazer piada nenhuma com ela, e me arrependi das que já tinha feito. Vi que ela não merecia.

Todos riram e voltaram ao assunto da festa.

Mas deixa o destino, deixe ao acaso.
Quem sabe eu te encontro de noite no Baixo

E a festa ocorreu no dia, hora e local decididos ali, naquela varanda, com apenas um pormenor. Quando gina assustou, Luna estava entrando na ‘Toca’, três hora antes do previsto perguntando alegre: “E então, cheguei muito adiantada para a minha festa surpresa?” E foi um corre-corre de varinhas levitando mesas, bolo, salgadinhos e cerveja amanteigada, conjurando balões em cores berrantes, que eram as preferidas da aniversariante, transfigurações de roupas e conjurações de chapeuzinhos com os dizeres “Feliz aniversário Luna”. Tirando isso foi mais uma festa de longas risadas e muita união.

Brilho da lua oh oh oh, noite é bem tarde.
Penso em você, fico com saudade.

A linha do tempo nunca cessou desde então, e o tempo foi passando, e para mim, mero expectador, é maravilhoso vê-los todos reunidos hoje, quase cinqüenta anos mais tarde, todos velhinhos, conseguindo ainda reunir todas as famílias inteiras na mesma casa de campo, claro, devidamente reformada, aumentada por magia, e contando aos netos e bisnetos todas as aventuras e marotices que viveram na escola que hoje os abriga.

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