Querida Amelia



N/A: essa versão ficou um pouco maior que a primeira, não sei por que. :T hm, espero que gostem, e eu sei que a tradução não tá boa, foi meio que feita às pressas. eu sei que muita gente não fala inglês, então achei legal fazer a versão em português. (: eu até coloquei o título da fic em português, como sempre faço [é tipo um ritual, sei lá o.õ] Como já disse na outra versão, aconselho a ler a em inglês, se vocês puderem. tá muito mais emotiva e triste (?)'




Querida Amelia,



Eu esperei a manhã toda pelo carteiro, e quando ele finalmente veio, meu coração começou a bater mais e mais rápido, e eu corri para a porta da frente. Não me importei em ainda estar vestindo minha camisola; a carta de Joseph era mais importante do que minha dignidade.

- Oh, obrigada, Sr. Carteiro, obrigada! – exclamei enquanto ele me entregava aquele precioso pedaço de papel.

Sem esperar por uma resposta, eu fechei a porta na cara dele e corri escada acima, para o meu quarto. Da minha janela, vi pelo canto do olho a expressão zangada do carteiro enquanto ele montava em sua bicicleta, mas nem me preocupei em gritar uma desculpa. Eu estava tão ansiosa que estava sentindo dor de cabeça.

Eu murmurei uma prece antes de abrir a carta. Eu não era o que você chamaria de pessoa religiosa, mas aquele era um momento crucial. Quando li a primeira palavra, meu sorriso alargou.


Querida Amelia,

Eu sei que você deve estar sorrindo neste exato momento. Eu tento me lembrar de seu sorriso e do jeito que você ria, mas os sons e imagens parecem estar trancados em algum lugar da minha mente, junto com minhas antigas e felizes memórias. Eu espero que você ainda se lembre como é sentir felicidade. Eu espero que você possa me ensinar tudo de novo, para que nós possamos aproveitar todos os momentos juntos, e criar novas e melhores memórias. Eu iria adorar isso.

Já tem quase dois anos desde que eles bateram em nossa porta em uma manhã de domingo no inverno e me arrastaram para Auschwitz com eles. Lembro que você estava bebendo chocolate quente e esquentando seus pés perto da lareira. Eu estava comendo suas deliciosas panquecas com maple syrup feitas em casa e nós dois estávamos tristes enquanto ouvíamos as notícias no rádio. Nossa vizinhança estava vazia. Todos haviam sido levados pelos homens de Hitler, mas nós não estávamos preocupados. Eu não era judeu, então por que se importar? Bem, mas como nós viemos e descobrir apenas meia hora depois, meu avô era. E, mesmo ele já estando morto, minha linhagem de sangue importava bastante para eles.

De qualquer forma, eu não quero escrever sobre fatos que a farão chorar. Eu não acho que conseguiria suportar te fazer derramar lágrimas novamente. Eu sei que você deve ter chorado muito Amelia, querida, e isso é normal. Ninguém está te pedindo para ser brava, ou corajosa, ou boa em fingir sorrisos. Você apenas tem que ser você mesma e tudo ficará bem. Porque o seu verdadeiro eu é lindo, e enquanto você se agarrar ao que acredita, todos irão gostar de você, até amá-la, assim como eu amo. Eu gostaria que você soubesse que eu sempre estarei ao seu lado.

Eu estou bem. As coisas têm se acalmado um pouco. Eu escapei deles, e embora saiba que eles irão me achar logo, eu escrevo essa carta com um sorriso em meu rosto sujo. Nesse momento, eu estou observando o nascer-do-sol e fingindo que você, Amelia, está aqui comigo. Provavelmente qualquer um que se aproximar de mim pensará que sou maluco, mas não me importo. E enquanto eu falo com você, contando contos que ouvi de outros colegas judeus, eu acho que sinto o que é felicidade de novo. Apenas o vento está aqui para me escutar, mas ele é um bom ouvinte e não me interrompe mesmo quando lágrimas escorrer por minhas bochechas. Se eu morresse agora, eu morreria sorrindo. Mesmo querendo te ver, e te segurar em meus braços, e beijar seu lábios com sabor de mel novamente, isso talvez não seja possível. Eu estou feliz porque enquanto lembro de nossos momentos juntos, eu sei que você está segura. E isso é tudo que eu preciso saber para me sentir seguro também.

Talvez esta carta nem chegue até você. Quem sabe, talvez agora você está casada de novo, com um filho, e pensando que eu fui embora para sempre, que meu cadáver foi enterrado junto com outros há muito tempo atrás. Embora minha cabeça tente enganar meu coração com esses pensamentos, eu sinto lá no fundo que estou escrevendo mentiras. Você está esperando por mim, não está, Amelia? Você espera todos os dias, e vai dormir frustrada todas as noites. Talvez seja egoísta de minha parte, mas não consigo evitar me sentir aliviado com isso. Eu posso estar errado, mas eu saberia se você não me amasse mais. Não me pergunte como; eu só saberia, porque assim como uma mãe desaba quando perde um filho, uma pessoa sente uma parte de si se desligando quando perde o seu amante. E desde que me sinto bem, eu presumo que você ainda pensa em mim.

Eu quero viver, Amelia. Eu quero voltar para nossa pequena casa e me embolar em nossa cama, então desligar as luzes, te abraçar e dormir pacificamente. Eu quero comer de novo suas panquecas, beber os chás que você gostava de fazer e assistir filmes de terror até o amanhecer. Eu quero fazer amor com você mais uma vez, sussurrar em seu ouvido e beijar seu pescoço, e te dizer como você parece bonita na fraca luz da lua que invade nosso quarto pelas velhas cortinas floridas. Eu quero, um dia, segurar nosso filho em meus braços e voltar do trabalho sabendo que ele estará lá para me abraçar e gritar “Papai!” com sua pequena voz fofa e infantil.

Agora você deveria saber o que eu não quero fazer. Eu não quero continuar a escrever as coisas que eu quero, porque, assim como eu estou chorando agora, eu sei que você está também. Por favor, tire essa expressão triste de seu rosto e comece a sorrir novamente. Esse é o meu maior desejo: que você não deixe de ser feliz, nunca. Todas as pessoas merecem ver a covinha que aparece em sua bochecha direita quando você sorri, então não prive ninguém desse prazer, certo?
A lembrança de você é o que me faz sobreviver e mantém minha sanidade neste lugar amaldiçoado.

Oh, eu ouço passos. Me desculpe, Amelia, mas sinto que não posso escrever mais. Existem tantas coisas que eu quero te contar, mas eles estão vindo até mim, e eu devo dizer adeus agora. Não prometerei nada, minha querida. Eu não sei o que irá acontecer amanhã. Eu só posso esperar por dias melhores.

Durante toda a minha vida, a única mulher que chamou minha atenção e segurou meu coração foi você. E sempre será. Nosso amor irá durar uma eternidade e, se eu nunca mais te ver de novo, nós nos encontraremos no paraíso algum dia. Disso posso ter certeza.


Eu te amo, Amelia. Para sempre.

Joseph.



Eu ri através de minhas lágrimas, não sabendo o por que. Joseph era o homem perfeito, um marido dos sonhos. Eu sabia que sempre o guardaria perto de meu coração, não importando as circunstâncias.

Coloquei a carta de Joseph em seu lado da cama, junto com alguns de seus outros pertences: um par de calças, uma gravata azul e o globo de neve que ele tinha desde os cinco anos. Era um pedaço pobre de papel, e eu me perguntei quem teria dado aquilo para ele, mas a verdade é que detalhes não importavam nem um pouco.

Ele me amava, eu o amava. E, o que quer que acontecesse depois, eu sempre teria aquela carta para me lembrar de seus sentimentos e fazer meu coração machucado curar um pouco de sua saudade. Mesmo que ele deixasse esse mundo, ele nunca me deixaria de verdade.

Eu sentei em minha poltrona, e fiquei encarando a rua, meus olhos cheios de esperança. Eu não estava mais esperando pelo carteiro; dessa vez, eu esperaria por Joseph. Porque lá no fundo, eu sentia que ele estava vindo para casa. Ele estava voltando. Meu Joseph.




O fim.

...

Essa versão pegou, incrivelmente, duas páginas inteiras e um quarto da terceira. :D HASUHSAUH; essa agora tá do tamanho do mindinho+unha. (?³)'

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