Meia noite



Já era meia noite e o céu não estava estrelado, como de costume. Grossas gotas de chuva caíam no chão, deixando a grama molhada. Uma vez ou outra, um raio iluminava o céu nublado. Os galhos das árvores agitavam-se, com o vento, e as folhas verdes voavam em todas as direções.

Um rapaz materializou-se do nada, no meio da floresta. Tinha cabelos ruivos, um rosto sardento e usava uma capa de viagem um pouco suja. Seu nome era Ronald Weasley.

Ele andou um pouco, até chegar em uma clareira longa e extensa. No centro, havia uma pequena casa de madeira, de dois andares. A casa estava escura, com todas as luzes apagadas.

Ele foi até a porta dos fundos e entrou no pequeno aposento, que servia de cozinha. Era todo feito de madeira, como o resto da casa. Ele atravessou a cozinha, até perto de um pequeno tanque. Tirou seus sapatos e sua capa, espalhando um bocado de lama e água pelo chão.

Foi para o segundo andar, subindo as escadas lentamente. O quarto do casal estava escuro, com a porta entreaberta. Ele entrou, tentando não acordar a esposa. Acendeu um abajur fraco e olhou para a cama, porém ela não estava lá.

Desceu novamente, para o primeiro piso. Olhou na sala de estar, na cozinha, no banheiro, mas todos os aposentos encontravam-se vazios. Por alguns segundos, ele pensou no pior.

Foi até o jardim da casa, imaginando se tinha acontecido alguma coisa. “Tomara que não tenha acontecido nada... tomara que ela esteja bem” pensou Ronald, andando depressa, até a frente da casa.

Viu a jovem diante da casa, de pé. Seus cabelos castanhos lanzudos faziam uma sombra distinta no chão úmido. Seu vestido azul turquesa estava molhado de chuva, mas ela não parecia se importar. Ela passava a mão pela barriga, que abrigava o casal de filhos. Hermione Granger, agora não era mais uma adolescente.

– Hermione! – chamou Ronald – Vamos para dentro, aqui está chovendo muito! Venha!

Ela escutou o chamado do marido e virou-se para ele, com uma expressão, ao mesmo tempo, severa e indignada. Não parecia querer sair da chuva.

– Ronald! – gritou ela, se aproximando furiosamente – Eu estou decepcionada com você! Parece que nem liga para mim e para os nossos filhos!

Ele se aproximou, ficando sob a chuva também. Aquilo que ela dissera era uma coisa importante, sobre qual Rony pensava todo o tempo. Logo tratou de defender-se:

– Eu não dou a mínima para vocês? Quem é que sai para trabalhar cedo da manhã, volta tarde da noite, somente para poder sustentar os dois, quando nascerem?

Ela pareceu segurar o choro, passando direto pelo marido. Entro dentro de casa, com passos largos e fortes. Ronald seguiu-a até a sala de estar.

Ela não sentou no sofá ou nas poltronas, continuou de pé, encarando o rapaz frente à frente. Falou, com voz de choro:

– Você podia, pelo menos, dar mais atenção à mim e às crianças! Eu tenho que passar o dia arrumando a casa, preparando a comida e lavando as suas roupas, porque as minhas, eu quase não tenho tempo de trocar!

Ronald andou até ela e abraçou-a. Mas Hermione logo se desvencilhou e foi para o outro canto do aposento, agora lágrimas escorrendo por sua face.

– Eu te falei para contratar uma empregada – rebateu Rony, sabendo que não restava outro argumento – Você foi quem não quis! A culpa depois é minha?

Hermione escondeu o rosto nas mãos, lágrimas pingando no chão. Entre soluços, ela falou:

– Com qual dinheiro? Você podia só... dar mais atenção à mim e aos bebês... Nada mais! Mandar uma carta, perguntando... perguntando se eu estou bem... dizendo que horas vai chegar do trabalho... só isso!

– Desculpe, Mione – falou Rony, aproximando-se lentamente – Eu só tenho tido muito trabalho. Mas eu prometo que vou me importar mais. Eu prometo.

Rony abraçou a esposa, fazendo carinho em sua barriga. Passado algum tempo, Rony acrescentou:

– Ah! Eu esqueci de te dizer que eu trouxe um presente.

Tirou do bolso o que devia ser uma flor. As pétalas já tinham caído há muito tempo. O cabo estava quebrado e só havia uma última folha. Rony, vendo o que houvera, tirou uma varinha muito gasta do bolso e deixou a flor sobre uma mesa.

– Orchideous! – ordenou, deixando a varinha em uma posição horizontal. Imediatamente, duas rosas desabrocharam de sua ponta.

Rony indicou as duas rosas à Hermione, que as pegou delicadamente. O silêncio pairou no ar por vários minutos, até que o rapaz perguntou:

– Acharia que eu estou ligando para nossos filhos, seu eu pudesse escolher o nome de um deles?

Hermione confirmou, com a cabeça ainda baixa. Rony pensou por alguns instantes e logo sugeriu:

– Rosa.

– Nome bonito – comentou Hermione em um tom mais leve, agora se virando de frente para o marido – E Hugo. Em homenagem ao meu avô. Eu amava muito ele.

Rony concordou com a cabeça. Agora os nomes dos filhos já tinham sido escolhidos, ou seja, era mais uma etapa completa.

– Vamos dormir – disse Ronald, segurando as mãos da mulher – Já está muito tarde. Amanhã eu vou sair mais cedo para o trabalho. Preciso inspecionar muitas casas, já que ainda existe gente guardando Objetos das Trevas.

– Tudo bem – concordou Hermione, agora sorrindo – Mas, antes de irmos, eu posso te pedir uma coisa?

– Claro.

– Amanhã, você poderia voltar para casa antes do pôr-do-sol? – perguntou Mione, agora calmamente – Poderíamos assistir o sol se pôr. Para relembrar os velhos tempos...

– Com certeza – disse Rony, dirigindo-se com Hermione para o quarto – Mesmo que o Ministro da Magia ordene que eu fique.

Os dois subiram as escadas, abraçados, e foram se deitar.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.