Cinco Minutos



You watch the season pull up its own stakes,
Você assiste a estação colher seus próprios marcos
And catch the last weekend of the last week,
E alcançar o último final de semana da última semana
Before the gold and the glamour have been replaced.
Antes que o dourado e o glamour tenham sido substituidos
Another sun soaked season fades away.
Outra estação banhada de sol se esvai



A calça dele era flanelada e listrada, deveria ter no mínio metade de sua própria idade, era tão curta que deixava totalmente a mostra canelas finas com claros pêlos ralos. Um laço frouxo de cordão branco brincava abaixo do ventre, era o que não deixava a gravidade fazer seu dever de deixá-lo nu. A blusa era sua conhecida desde os longínquos anos do colégio, mangas compridas, um quadriculado simplório e esvanecido pelo tempo.

Languidamente ele ergueu os braços a cima da cabeça, deixou a mostra o ventre liso, a borda da cueca de cor encardida. Há quantos anos ele teria ela? Tudo nele tinha um ar antigo, muito usado. Contudo, seu rosto era jovem, vivo, o cheiro era tão típico que não poderia ser se não, o cheiro dele. E só dele. Nenhuma outra pessoa no mundo tinha aquele cheiro, nenhuma outra pessoa no mundo poderia comprá-lo em uma perfumaria.

As mãos passaram sem preça pelos cabelos ruivos, despenteando-os ainda mais, então foram na direção do rosto, repuxando-o, ele encostou a bochecha no próprio braço e, pela primeira vez, sorriu. Um sorriso leve e lento.

Um murmúrio de prazer, os cílios claros e curtos se abriram, revelando duas orbes azuis. O olhar era angelical e infantil, a bochecha ainda imprensada contra um dos braços.

O azul encontrou o verde, dois sorrisos.

Lentamente os braços desceram e voltaram a ficar ao lado do corpo. Da cama, um chamado silencioso. A mão bateu contra o colchão. Venha, ele disse com o olhar, com o corpo, com a respiração. E ele foi.

O andar, um passo e meio, foi lento, uma perna e depois a outra, quase dançado. Uma dança desengonçada. Mas os olhos verdes ainda sorriam, ainda chamavam. Venha.

Pôs-se de joelhos sobre o colchão, o cheiro ficou mais forte, aquele cheiro tão único, tão dele. A blusa folgada se enrugou com o movimento, revelando mais da pele branca. Um sorriso lento, ainda dominado pelo sono. Ele engatinhou sinuoso, os olhos verdes ainda ansiosos, ainda esperando com um sorriso. Venha.

E ele foi. Primeiro os narizes se roçaram, os sorrisos se encontraram em um beijo. A calça de flanela cobriu o calção branco quando ele se sentou por cima. Uma mão brincou de entrar por dentro do blusão quadriculado. O ar era leve, calmo, ensolarado.

O som das folhas douradas se mexendo do outro lado da janela invadiu o ambiente, os passarinhos cantaram. Eles se beijaram.

Uma cabeça vermelha sobre um ombro despido. O cheiro tão particular ainda mais forte. Belos braços esguios circularam-no em um abraço particular. Os corpos próximos um do outro. E o cheiro dele. Inspirou fundo, sentindo o aroma afrodisíaco dos cabelos cor de fogo.

A mão desatou metade do abraço e passeou pelas costas, brincou embaixo do blusão xadrez, enveredou-se pelas mechas revoltas. Um bocejo. Um beijo no pescoço. Os olhos azuis voltaram lentamente a se fechar. Uma cabeça se apoiou na outra, tenra.

A mão sonolenta passeou pelo lençol, brincando, se deleitando com o carinho, a ternura. Não havia tempo naquele quarto. Não havia rouxinóis avisando o amanhecer, não havia folhas caindo da árvore avisando o fim de uma estação. Não havia preça.

Eles tinham todo o tempo do mundo. Eles tinham a infinidade de um abraço para despertarem.

Os olhos azuis voltaram a se abrir, um sorriso brincou em seus lábios quando ele ergueu a cabeça e esperou até que os verdes voltassem a se abrir e sorrissem de volta. E como eles sorriram.

Bom dia, eles diziam. Bom dia, eles respondiam. Um beijo, um momento mais apertado no abraço, um roçar de narizes, um sorriso maior. Uma mecha vermelha tirada da frente dos olhos azuis.

Está na hora, o bocejo e o esfrego nos olhos anunciavam. Ele se pôs de joelhos. Ao seu lado, o outro se sentou. Uma mão no ombro, um breve aperto ali. As pernas para fora da cama. Sim está na hora, responderam as mãos tateando a cabeceira atrás dos óculos.

Bom dia, disse o último olhar antes de se levantarem. O dia começava naquele instante. Eles tinham todo o tempo no mundo, e o tempo do mundo se resumia a cinco minutos. Já estavam atrasados. Porém, isso não importava. Naquele quarto tinham sempre todo o tempo do mundo.

One good stretch before our hibernation.
Uma boa espreguiçada antes de nossa hibernação
Our dreams assured and we all will sleep well, sleep well.
Nossos sonhos garantidos e todos nós dormiremos bem, durma bem
Sleep well, sleep well, sleep well.
Durma bem, durma bem, durma bem




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