Capítulo 2



CAPITULO II


Eram exatamente sete e meia, quando Gina entrou no saguão do hotel e ficou olhando em volta. Apesar de habituada a andar desacompanhada nos lugares mais incomuns, em suas reportagens, sentia-se desprotegida, sem a carteira de imprensa, e um pouco assustada com a idéia de passar algumas horas em companhia de um completo estranho e, principalmente, um homem tão importante.

Tirou o xale e dobrou-o no braço, mas no mesmo instante ele foi levantado por Harry Potter, que surgiu a seu lado. Entregando o xale a um empregado para colocá-lo na chapeleira, perguntou:

— Como é mesmo o nome? Cinderela?

Ela sorriu em retribuição ao elogio, mas, no fundo, sabia que Harry estava se referindo ao incidente com a sandália.

— Gina Weasley — disse, num tom neutro e impessoal.

— Ah, sim. Ainda bem, porque não tenho nada de príncipe encantado.

Incapaz de forçar um outro sorriso, ela ficou em silêncio.

— Quer um aperitivo?

— Não, obrigada.

— Você me surpreende. A maioria de minhas convidadas não sabe começar uma conversa se não tem um copo nas mãos.

— Então, sou diferente. — Gina tentou falar num tom despreocupado.

— Sem dúvida.

Ele não falou mais, até estarem sentados à mesa, sendo atendidos pelo garçom. Assim que o homem se afastou, Gina disse:

— Sr. Potter sinto muito pelo que aconteceu esta tarde. – Ele deu uma risada.

— Está falando sobre atirar o sapato em mim? Tenho que admitir que nunca fiquei conhecendo outra mulher dessa maneira.

— O senhor sabe que não fiz de propósito... - Harry levantou a mão.

— Não estrague tudo. Foi um acontecimento tão interessante que seria pena dar uma explicação racional para ele. — Olhou-a com ar de desafio. — Não vou despedi-la de minha editora por causa disso.

— Sr. Potter, eu... — Gina parou e baixou o olhar. — Decidi não aceitar sua oferta.

— Entendo. — Ele soou frio, distante.

Gina tentou ler sua expressão, sem conseguir. Teve vontade de fugir dali, sem esperar pela comida. Porém, nesse instante o garçom chegou com as travessas.

— Ótimo, aí está nosso jantar — disse Harry. — Vamos comer e depois conversaremos.

Ao terminar a sopa, Gina sentiu-se mais relaxada. Olhou para seu acompanhante e viu que ele a examinava atentamente.

— Você parece muito diferente de hoje à tarde. Se me permite a pergunta, onde compra suas roupas?

— Eu mesma as faço — respondeu Gina, com um arzinho de triunfo. Porém, ao ouvir suas próprias palavras, achou-as tão infantis que teve vontade de engoli-las. Agora ele ia colocá-la no devido lugar, uma mocinha do interior, sem sofisticação alguma, completamente abaixo dele, em termos financeiros, culturais e sociais.

Apressou-se a continuar, tentando desviar o golpe que um sorriso condescendente representaria a seu orgulho.

— Algumas vezes compro moldes prontos para adaptá-los, e outras, começo do nada. Invento o modelo e vou em frente.

Ele parecia muito concentrado na chama da vela, que lançava sombras fugidias sobre a toalha de linho, desinteressado do que ela dizia, mas Gina continuou a falar, apesar de se sentir irritada por dar tantas explicações:

— Gosto de fazer coisas. Estou sempre inventando geléias, bolos, pãezinhos... — Ainda não tinha certeza de que ele a ouvia. — Faço a coluna de culinária do jornal e também o suplemento semanal sobre moda e costura.

Estava claro que ele nem ligava. Afinal, o que esperava? Admiração? De um homem com tanto poder e tanto dinheiro? No entanto, continuou:

— Bem, tive que aprender tudo isso por necessidade. Meus pais não são ricos e tudo o que têm foi conseguido com trabalho duro e economia. — Ao perceber que parecia estar acusando Harry Potter por sua fortuna, tentou afastar qualquer sinal de ressentimento da voz. Ele continuava de olhos baixos, impassível. — Por isso, faço coisas. Fica mais barato do que comprar. E o principal é que são coisas reais, verdadeiras, como eu gosto.

— Frutas de verdade na geléia, ovos de verdade nos bolos — disse Harry Potter, provando que estava prestando atenção. — Nada de corantes, conservantes... Nenhuma imitação ou artifício. — Olhou-a diretamente nos olhos. — Como você disse, coisas reais.

Gina corou desconfortavelmente e ficou em silêncio. Continuaram a refeição sem falar muito. Pouco a pouco, ela foi percebendo que não havia entre eles a tensão que imaginava que existiria. Descobriu que estava se sentindo bem e teve vontade de encontrar algum interesse comum entre eles, de descobrir mais sobre aquele homem tão aristocrata e poderoso.

— Tem filhos, Sr. Potter? – Ele deu uma boa risada.

— Sabe, Srta. Weasley, mesmo nos dias de hoje, com toda essa permissividade, ainda é necessário haver uma esposa para se começar uma família. Como você, também sou solteiro.

Gina ficou embaraçada e desculpou-se com um sorriso.

— Falando em casamento, o rapaz que foi buscá-la esta tarde é seu namorado? Sem dúvida, planeja casar com ele logo. — Foi uma afirmativa, não uma pergunta. — Acho que foi por isso que recusou minha oferta. Não a culpo.

— Não, não foi por isso. Não vamos nos casar, pelo menos até termos economizado para dar uma boa entrada numa casa. Ainda vai demorar muito.

— E está disposta a esperar? — Parecia surpreso.

— Claro. Porque não?

Harry Potter balançou a cabeça como se não pudesse acreditar. Depois que o garçom serviu o café, perguntou:

— E você gosta do seu emprego no jornal?

— Adoro. A gente fica conhecendo pessoas, lugares diferentes. Gosto de liberdade, de ficar fora de quatro paredes. Sempre que posso, vou a pé fazer minhas entrevistas. — Deu uma risada. — Sabe, também adoro o ar puro.

— E... Costuma andar descalça?

Gina corou, esperando alguma observação sarcástica sobre a sandália. Mas, para sua surpresa, ele mudou de assunto:

— Nós temos uma amiga em comum.

— Amiga? Não estou entendendo.

— Minha avó. A Sra. Potter, que você foi visitar hoje à tarde.

— Sra. Potter? — Gina arregalou os olhos. — Oh, a Sra. Sara Potter, que faz aquelas rendas maravilhosas! — Como pudera deixar de re¬conhecer o nome? Sua mente de repórter ficara embotada com os aconte¬cimentos inesperados daquele dia. Era a única explicação. Lembrou-se das palavras da velhinha: "Meu neto costuma vir me visitar. É um malandrão. Quis casar com as seis, só para me fazer feliz".

— Foi ela quem me falou de você. Há umas duas semanas, me disse que tinha sido procurada por uma repórter muito agradável, que escrevia para o jornal da cidade. Hoje, quando cheguei em casa, estava muito alegre com a sua visita. Sabendo que estou precisando de uma nova editora de moda para a Salon, insistiu em que eu viesse procurá-la imediatamente. Como costumo passar alguns dias com minha avó, quando tenho tempo, já conhecia seu trabalho. É muito bom. Por isso, não surgi do nada, como pode parecer. Já estava pensando em entrevistá-la há alguns dias.

Gina estava quase sem respiração.

— E seu pai? Ela me disse que ele faz roupas, vestidos bonitos. - Harry Potter deu uma gargalhada.

— Só ela mesma falaria assim. Meu pai é um criador de alta costura. Acho que você já deve ter ouvido falar dele e é possível até que tenha copiado um de seus modelos.

— Potter? — Gina fez um ar de dúvida. — Não me lembro de um costureiro chamado Potter.
— Não, não Potter. Seu nome verdadeiro é James Potter, mas profissionalmente é conhecido como Jamie.

Cleone quase deixou cair à xícara de café. — Jamie? O Jamie?

— Sim.

— Sua avó me disse que faz a renda para o filho... Seu pai.

— É verdade, mas peço-lhe que não publique isso. Mantemos o fato em segredo porque não queremos ver nossa velhinha perseguida pela imprensa especializada e por consumidores. Ela só faz o que pode e quando quer. Entendeu?

— Claro.

— Obrigado — disse Harry, com sinceridade.

O silêncio voltou a cair entre eles, e Gina ficou imaginando quando a oferta de emprego seria renovada. E se o Sr. Potter não tocasse mais no assunto? Estranhamente, começou a sentir um certo pânico.

— Sobre o trabalho que me ofereceu, o que eu teria de fazer? Ele se acomodou na cadeira, perfeitamente à vontade.

— Não vejo por que discutirmos o emprego. Você o recusou.

Foi como uma bofetada. Gina sentiu-se tomada de uma onda de raiva e pegou a bolsa, preparando-se para ir embora.

— Além disso — continuou ele, observando atentamente suas ações e usando um tom mais baixo para conseguir sua atenção —, duvido que sua personalidade conseguiria se ajustar. Não vejo como poderíamos transformar um gatinho de interior como você numa gata de rua. — Sorriu para provocá-la. — Falar em gatas, em nosso mundo, é uma ofensa aos animais. Sabe, o tipo de mulheres que você encontraria trabalhando numa revista de moda e circulando em Londres faria uma mocinha delicada e ingênua como você em pedacinhos. Elas têm garras afiadas.

— Mas não podem ser todas assim. Deve haver pessoas boas e simpáticas entre elas.

— Talvez, mas ainda não conheci. Não, Srta. Weasley, o cargo não seria mesmo adequado para você.

Agora, era ele que não a queria. Gina ficou aborrecida.

— A revista é relativamente pequena e tem tiragem limitada. Estamos preocupados, porque a circulação vem caindo, quando deveria se manter ao menos constante. Por isso, acho que o melhor modo de evitarmos uma queda maior é procurarmos desde já sangue novo, idéias mais criativas.

— Eu poderia enfrentar um trabalho desses com facilidade... Se quisesse.

— Será? — Havia muita dúvida em seu tom, e ele balançou a cabeça. – Você não é o que eu esperava.

— O que esperava, afinal? — perguntou Gina, num tom agressivo.

— Algo parecido com as mulheres que descrevi. Mas notei que é moça caseira, que não fuma, não bebe, não tenta aparentar sofisticação.

— Lamento decepcioná-lo, Sr. Potter. — Gina olhou para o relógio.

— Bem, já é tarde. Obrigada pelo jantar. — Levantou-se e estendeu a mão. Ele a ignorou e também se levantou.

— Eu a levo em casa, Srta. Weasley.

— Não, obrigada. Posso ir sozinha. Ele a seguiu até a porta do hotel.

— Eu insisto em levá-la, Srta. Weasley — disse, ao entregar-lhe o xale. — Meu carro está aí fora.

Sem esperar por uma resposta, pegou-a firmemente pelo braço e conduziu-a em direção do estacionamento. Gina teria que fazer uma cena para se libertar. Alguns instantes depois, já estavam sentados no luxuoso automóvel. Harry Potter pôs a chave no contato e virou-se para ela.

— Quer fazer uma coisa para mim, antes de eu levá-la? Vir comigo até a casa de minha avó? Como vim só por um dia, não quis lhe dar trabalho e resolvi ficar no hotel. Mas prometi fazer uma visita. Sei que gostará de vê-la novamente.

Gina ficou um pouco surpresa com o convite, mas respondeu num tom normal:

— Será um prazer. Achei sua avó uma pessoa maravilhosa.

— Ótimo. Vamos então.

Quando já estavam na estrada, perguntou:

— E seu pai? Também é jornalista?

— Santo Deus, não! — Gina deu uma risada. — Ele é funcionário público e nunca me perdoou por ter escolhido a carreira de jornalista. Sempre tenta me convencer a arranjar um "emprego seguro" em algum escritório.

— Você falou com ele sobre minha oferta?

— Falei.

— E qual foi à reação?

— Ele não aprovou.

— Ora, então vejo que teve muitas coisas trabalhando contra você.
Foi bom ter recusado minha oferta.

— Mas eu... — Gina franziu a testa e descobriu que seu lábio estava quase tremendo. Mordeu-o com força e virou o rosto para a janela.

Ao subirem os degraus do terraço da casa de Sara Potter, Harry mandou Gina ficar um pouco afastada para o lado, fora de vista. Bateu de leve na porta e começou a abri-la.

_ Vovó!

— Harry, querido! Entre, entre! — A voz da velhinha estava tremula de prazer.

— Trouxe uma visita. Uma jovem, alguém que você já conhece.

— E mesmo? — Sara veio se aproximando. — Onde está ela? — Fez uma expressão de surpresa e alegria ao ver Gina. — Ora, minha cara menina! Como está bonita!

— Alô, Sra. Potter. — Gina apertou a mão enrugada. — Não esperava vê-la de novo hoje.

— Nem eu, meu bem. Foi uma surpresa. — Seu olhar, agudo e inquiridor, voltou-se para o neto. — Harry?
— A Srta. Weasley jantou comigo, vovó. — Levou-a até a poltrona, sentou-se num dos braços e murmurou em seu ouvido. — Eu lhe ofereci aquele emprego.

— E ela aceitou? — Os olhos da velhinha brilharam de contentamento. — Você aceitou, querida?

— Bem eu... — Gina olhou para Harry. Como deveria responder?

Ele veio em seu socorro, a expressão dizendo que não devia revelar nada.

— Ela ainda está pensando no assunto.

— Oh, mas vai aceitar, Harry. Tenho certeza.

— Acha mesmo? — Ele deu uma risada. — Não sou tão irresistível como pensa, vovó, A Srta. Weasley não seria a primeira mulher a me dizer "não".

— Ora, Harry, não comece com suas brincadeiras.

Gina sentou-se no banquinho perto da poltrona e olhou para Harry, que estava com o braço em torno dos ombros da avó, sua afeição por ela dando calor às feições austeras, relaxando a atitude controlada e autocrática. Ele surpreendeu seu olhar e sorriu. O efeito foi devastador: Gina experimentou a mais extraordinária sensação que já tivera. A sala pareceu girar à sua volta, e teve que prender a respiração até ela parar.

— Não vou chamá-la de Srta. Weasley, querida — disse Sara Potter.— Qual é seu nome?

— Gina, vovó. — Harry respondeu por ela, e o nome pareceu ter uma vibração diferente.

— Que bonito... Não é mesmo, Harry?

— Muito. — Ele sorriu de novo. Depois disse, baixinho: — Sabe o que ela fez esta tarde, vovó, antes de sermos oficialmente apresentados? Atirou um sapato em mim!

— Não! — A velhinha arregalou os olhos. — Não posso acreditar.— Virou-se para Gina. — É brincadeira, não é, meu bem?

— Não foi bem assim, eu...

— Oh, mas é a pura verdade. Ela não tem como negar. Se eu não fosse rápido, teria levado uma sapatada na cara. Mas eu o peguei no ar. Para ser sincero, tive vontade de atirá-lo de volta.

Harry continuou a contar o caso em termos exagerados, e a Sra. Potter começou a rir, até ter que enxugar os olhos úmidos.

— Oh. Harry. Oh, Gina — disse, com a voz ainda um pouco tremula de tanto rir. — Harry, você é impossível! Sabe, Gina, ele sempre me diverte muito, quando vem me visitar.

Ficaram conversando por algum tempo.Já hora de irem embora, a Sra. Potter disse à moça:

— Espero que volte outras vezes, meu bem. É bom ver um rosto jovem de vez em quando.

Já estavam descendo os degraus, quando a velhinha chamou o neto de volta.

— Pode ir indo para o carro, Gina. Não vou demorar mais do que uns minutos.

Ela ficou no jardim, respirando a brisa quente e perfumada da noite, tentando afastar uma onda de tristeza que parecia querer envolvê-la.
Harry Potter demorou mais do que imaginava. Sobre o que estariam conversando? Com certeza, assuntos de família, nada a ver com ela. Desejou que ele se apressasse. Queria voltar a seus ambientes conhecidos, à tranqüilidade de suas emoções.

Pouco depois, ele apareceu, pedindo desculpas, e levou-a para casa.

— Obrigada pelo convite, Sr. Potter. Eu... Eu... Lamento ter recusado sua oferta, mas...

— Está tudo bem, Srta. Weasley. — Seu tom era despreocupado. — Não houve nada de sentimental ou filantrópico na oferta. Sou um homem de negócios, pura e simplesmente.

"Isso me põe de volta no meu lugar", pensou Gina. "Não sou mais uma amiga da família; só uma funcionária em potencial que recusou uma oferta”.

Não conseguiu evitar uma outra pergunta:

— O senhor vai partir de manhã?

— Sim. Bem cedo. Por quê?

— Oh, por nada. Boa noite. – Ela estendeu a mão.

— Boa noite, Srta. Weasley. Talvez um dia nos vejamos de novo.

Gina apertou sua mão por alguns segundos e desceu do carro.Antes de chegar à porta da frente, ele já estava se afastando.

Teve uma noite inquieta. Pela manhã, havia tomado uma decisão. Queria aquele emprego. Não era só uma grande oportunidade, como um desafio. Mas havia algo mais envolvido que não podia detectar.
Falou com os pais durante o café.

— Acho uma enorme tolice — disse o Sr. Weasley. — Pense nos tipos com quem vai se misturar, numa cidade como Londres. Gente sem moral, sem escrúpulos. Vai acabar ficando igual a eles. — Levantou-se e saiu para o trabalho, aborrecido.

— Você tomou a decisão certa, querida. — A mãe acariciou seus cabelos. — Tenho certeza. É uma oportunidade maravilhosa. E Dino, já está sabendo?

— Ainda não. É possível que não goste da idéia. — Mas Gina tinha a impressão de que ele não faria grandes objeções, quando soubesse qual seria o salário. Poderiam ter o dinheiro para comprar a casa muito mais depressa.

Ligou para o hotel de Harry Potter e ficou desapontada ao ser informada de que ele partira para Londres há cerca de dez minutos. Foi para o trabalho imaginando como conseguiria entrar em contato com ele. Talvez o Sr. Slughorn tivesse o número de seu escritório.

O chefe ainda não havia chegado, e ela saiu para a reportagem que teria que fazer naquela manhã.

Na hora do almoço, encontrou-se com o editor. Ele não tinha o número. Gina pediu o auxílio da telefonista e ligou para a Editora Potter, em Londres. Enquanto esperava ser atendida, percebeu que estava tentando falar com o próprio presidente da organização, algo que certamente seria muito difícil. Estava a ponto de desligar, desistindo de tudo, quando ouviu a voz da telefonista:

— Editora Potter, às suas ordens.

— Gostaria de falar com o Sr. Harry Potter, por favor.

— Vou passar a ligação para a secretária dele. Um instante.

A secretária informou que o Sr. Potter não estava, mas que devia chegar dentro de uma hora.

Gina ficou contando os minutos, aflita, e ligou de novo, sem sucesso. O Sr. Potter não tinha voltado e talvez nem fosse mais ao escritório naquele dia.

Gina caiu na cadeira, arrasada. Como pudera deixar passar aquela oportunidade? Daria tudo para ter o dia anterior de volta!

Na manhã seguinte, assim que começou o expediente, tentou uma nova ligação, mas o Sr. Potter ainda não chegara. Teve vontade de chorar, de tanta irritação.

— Quer deixar algum recado? — perguntou a secretária.

— Sim, por favor. Diga que Gina Weasley telefonou. — Acrescentou, com um sorriso confiante: — Ele já sabe o que é.

A secretária anotou o nome. Preocupada por estar gastando muito com chamadas interurbanas, Gina deixou seu número, pedindo para ele ligar quando chegasse.

— Falarei com ele, Srta. Weasley.

Não havia nenhuma entrevista marcada para aquela manhã. Depois de escrever dois ou três artigos, ficou andando de um lado para o outro da sala de reportagem, inquieta, atenta para cada toque do telefone, mas Harry Potter não ligou.

Era quase meio-dia, quando, em desespero, arriscou um último telefonema para a editora. Se não desse resultado, teria que desistir de uma vez por todas.

— Sim — respondeu a secretária —, ele está aqui. Quer falar com ele?

— Por favor. — "Falar com ele? É o que mais desejo no mundo!”.

— Harry Potter falando.

O coração de Gina deu um salto e ela ficou confusa.

— Aqui é... Meu nome é... Quer dizer, aqui é Gina Weasley.

— Quem?

Oh, Deus, será que ele já tinha se esquecido completamente dela?

— Srta. Weasley, Gina Weasley — falou, numa voz aguda e nervosa.

— Ah, sim, a Srta. Weasley.

— Sr. Potter... — procurou desesperadamente pelas palavras certas —...Lembra-se de quando esteve aqui, há dois dias, e me ofereceu um emprego? — Pareciam dois anos, não dois dias. E por que estava falando naquele tom de súplica?

Esperou pela resposta, mas ela não veio. — Bem, eu mudei de idéia.

— Ah...—Nada mais.

— O cargo ainda está vago?

— De certo modo, sim. — O que quereria dizer isso? Gina mal conseguia respirar. — Se a senhorita quiser, ainda está em tempo de se candidatar.

Candidatar? Mas há apenas dois dias ele lhe oferecera o cargo de mão beijada!

— As entrevistas começarão na próxima semana. Entrevistas? Dessa vez, Gina ficou totalmente confusa.

— Ainda está aí, Srta. Weasley?

— Sim, sim, por favor, continue.

— Se estiver interessada, mande seu currículo endereçado diretamente a mim, acompanhado de uma carta de referências...

Mas, e as referências mais do que elogiosas do Sr. Slughorn?

— E... Nós lhe diremos se foi selecionada para ser entrevistada. - Agora ela estava tremendo, mas de raiva!

— Entendeu, Srta. Weasley?

— Sim. — Claro, a Srta. Weasley tinha entendido muito bem. — Vou pensar no caso e, se decidir mesmo me candidatar, escreverei ao senhor.

— Sim, faça isso, Srta. Weasley. — Ela podia jurar que Harry Potter estava sorrindo. — A propósito, a competição pelo emprego será muito grande. Por isso, não fique nervosa se não receber nenhuma notícia nossa.

Gina bateu o telefone e apertou as mãos como se quisesse enforcar Harry Potter. Então, ele queria dar-lhe uma lição, não é?

Naquela noite, encheu duas folhas de papel com seu currículo. Isso colocaria o arrogante Sr. Potter no devido lugar pensou, enquanto fechava o envelope.

Três dias depois, recebeu uma carta do chefe do pessoal, convidando-a para uma entrevista.


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N/A: Desculpem realmente a demora! Mas sabem como é, final de ano, estava meio atolada de coisas pra fazer e tinha prova da Uerj (que era a mais importante pra mim, já que é a faculdade que eu quero) Mas agora que eu estou de férias, atualizarei bem mais rápido!

Obrigada a todos que comentaram! Comentários são sempre bem vindos!

Beijos!







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