Young and In Love



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Disclaimer: Harry Potter não me pertence. História sem fins lucrativos, apenas fruto de uma inspiração repentina e reflexões pré, pós, e durante potes de nutella. Espero que esse último seja auto-explicativo.

Resumo: Todo coração é uma célula revolucionária. Adolescência é a melhor fase de nossas vidas. É quando mudamos nossos ideais, fortalecemos laços, redefinimos conceitos. Preservação é antônimo de solidão. Em tempos onde o mundo está lentamente caindo sobre nossas cabeças, o processo de amadurecimento pode resultar em algo surpreendente, e, de certa forma, inesperado.
Principalmente quando sua maior preocupação é vencer o próximo debate.


SOCO AMARETTO LIME
Por Zooey Mureau

Capítulo 01 – Young and In Love


I’m gonna stay eighteen forever
(Eu vou ter dezoito anos para sempre)
so we can stay like this forever
(para ficarmos assim pra sempre)
and we'll never miss a party
(e nós nunca perderemos uma festa)
cause we keep them going constantly
(porque nós continuaremos nelas constantemente)
and we'll never have to listen to anyone about anything
(e nós nunca teremos que ouvir nada de ninguém)
cause it's all been done, and it's all been said
(porque tudo já foi feito, e tudo já foi dito)
we're the coolest kids and we take what we can get.
(nós somos os jovens mais legais e nós levamos o que pudermos.)

You're just jealous cause we’re young and in love
(Você só está com ciúmes porque somos jovens e amamos)
your stomachs filled up but you're starved for conversation
(seu estômago está cheio mas você está sedento por uma conversa)
you're spending all your nights growing old in your bed
(você está perdendo todas as suas noites envelhecendo na cama)
and your tearing up your photos cause you wanna forget... it's over.
(e chorando todas as suas fotos porque quer esquecer… acabou.)



Era de conhecimento geral que Lily Evans não se dava com James Potter, e que James Potter, pelo contrário, se dava muito bem com Lily Evans. Uma vez que as pessoas estavam indignadas demais com o desprezo dela por ele, ninguém estava realmente interessado neste conflito que extrapolava os limites paradoxais.

Mas não era para menos. James Potter era tudo o que uma garota podia querer. Inteligente como Grindelwald, mais rico que o Ministro da Magia, tão talentoso quanto Voldemort, infinitamente mais bonito que Lucius Malfoy... E de quebra o maroto ainda usava suas qualidades para o bem. É, por que alguém se importaria com particularidades tão pequenas quando poderiam simplesmente perder tempo discutindo o quão tola era aquela ruiva? Muito mais divertido do que questionar como um relacionamento onde uma pessoa odeia e a outra ama pode existir. Se o ódio anula o amor, ou o amor anula o ódio, pois é, ninguém queria saber.

Também não era segredo para ninguém que James Potter (talvez por influência da menina tola) estava se tornando uma pessoa ainda mais perfeita – se é que isso era possível. De maroto, agora, só tinha a denominação, os pensamentos, e, às vezes, umas escapadinhas sorrateiras que ninguém descobria. Queria se tornar uma pessoa melhor. Não só por Lily – embora esse fosse o motivo maior. Havia encontrado motivação em outras coisas também. Como surpreender Lily, provar para Lily que podia, silenciosamente, sem que ela percebesse, mudar. E... É. Seu único motivo era Lily, mas este era bom o bastante para fazê-lo continuar relativamente na linha.

No começo foi difícil. Tentava se convencer que só estava diminuindo a dosagem de marotagens porque havia crescido. Ignorava qualquer traço que indicasse que o motivo era Lily, porque, se admitisse que tinha um motivo, admitiria também que tinha um objetivo. E afirmar para si mesmo que pararia com a vida de malandro era inconcebível na época. Tanto que quando não conseguiu mais ignorar que estava tomando jeito, a crise de abstinência bateu. Ver Sirius azarando Sonserinos pelos corredores, pregando peças em Filch, acompanhando meninas para os cantos do castelo de repente se tornou uma coisa amarga. Convencido pelo seu próprio argumento criado pelo desespero do tédio, voltou às antigas. Com um pouco mais de descrição. Afinal, que alma ousaria ir contra ele, que não poderia deixar Os Marotos morrer? Remus era bom demais, Peter bom de menos, e só tendo Sirius para honrar o grupo, não seriam mais um grupo. Sim, esse argumento era imbatível. Sacrificar-se-ia pelos amigos, oh, grande sacrifício! Mas ninguém precisava saber disso. Só ele. Se fosse discreto, poderia tanto mostrar para Lily que era uma pessoa melhor quanto se divertir, digo, salvar o grupo de amigos.

Entretanto, Lily não parecia sensibilizada pela mudança. Talvez, devido ao alto nível de simpatia que ela nutria por ele, nem sequer havia percebido. Isso acabara de se tornar claro, no primeiro dia de aula do sétimo ano, quando James a viu se levantar de sua carteira e apoiar nela com as mãos, chegando para frente para berrar e ter a certeza de que ele ouviria.

“Como assim, Potter?” Ergueu os olhos, fitando-o demoradamente, tentando extrair alguma emoção. “O que você quer dizer com isso?”. Agitou o franjão ruivo para o lado, colocando-o longe de sua linha de visão com apenas uma virada. Os olhos verdes brilhavam como duas esmeraldas, de forma ameaçadora, cheios de convicção. James soube, naquela hora, que não deveria ter ridicularizado o comentário de Tousaint. Nunca se sabe quando alguém compartilharia da mesma opinião, mesmo que para ele fosse algo um tanto quanto absurdo.

“Que não sou a favor da legalização do uso de Veritasserum.” Mediu as palavras, tentando encontrar uma forma de não irritá-la ainda mais. Conhecendo-a como ele conhecia, sabia que não tinha chances de Lily esquecer o comentário. Sua maior possibilidade era estagnar a raiva dela. “Não se pode obrigar as pessoas a dizerem a verdade”. Concluiu, tentando soar o mais simples possível. Aprendera com o tempo que simplicidade sempre desarma as pessoas.

“Então se a mentira dessas pessoas ocasionalmente causar injustiças, a única coisa que você pode fazer é sentar e lamentar?” E com o tempo aprendera também que nada vindo dele desarmava Lily Evans. Era uma reação bem contrária, tudo o que dizia voltava contra ele, em uma interpretação completamente distorcida da real.

“Não, Lily. Eu só não acho que as pessoas podem ser induzidas a falarem a verdade, se assim não quiserem. Não é como se nós tivéssemos o poder de fazê-las se tornarem boas pessoas, isso tem que vir delas. Caso contrário você apenas abusou de uma poção para extrair uma verdade, informação ou lembrança sem consentimento. Isso não é certo, não acho que o uso de Veritasserum seja ético nem correto, cada um tem o direito de guardar para si mesmo o que quiser.” Aumentou consideravelmente o tom de voz, uma vez que tinha a atenção de todos os presentes nas masmorras. Sentiu um sorriso vindo de Sirius, que parara de observar o mapa do maroto escondido atrás de um livro aberto para acompanhar a discussão, assim como os demais. Remus, sentado um pouco para frente, sorriu, com um olhar de aprovação. Não era possível que todos, menos ela, concordassem com ele.

Lily era outra que não compreendia a aprovação dos seus colegas de turma. Era um bom argumento, admitia. Só não era ótimo porque vinha de James Potter, e, portanto, não era válido. Como se ele ligasse para os direitos humanos! Quanta hipocrisia. Se qualquer outra pessoa tivesse proferido tais palavras ela levaria, indiscutivelmente, a sério. Mas não, o maroto com toda a certeza havia inventado esse ponto só para discutir com ela, como de costume. O garoto tinha um prazer sádico em discutir e vê-la irritada.

“Não estou falando sobre o uso negligenciado, a torto e a direito, Potter, e sim sobre ocasiões especiais como tribunais, com um objetivo importante, tudo muito bem inspecionado. Ou você acha que eu estou interessadíssima nos detalhes íntimos da vida das pessoas?” Acrescentou a última frase com um quê de ironia, o que o fez sorrir. Sim, sorrir. Sorrir, com aqueles dentes brancos e perfeitamente alinhados. Puta cara chato. Não sabia ao certo que postura gostaria que ele assumisse, mas a de shiney happy people com certeza não era. Podia, quem sabe, ficar irritado uma vez na vida. Ou fazer cara feia. Se mostrar atingido de alguma forma. Isso com certeza a deixaria mais feliz. Qualquer coisa que tirasse o sorriso irritante dos lábios dele a deixaria mais feliz.

“É uma idéia interessante, concordo com você.” Falou em um tom mais baixo, sorrindo enquanto algumas pessoas abafavam risadinhas. James mudou de expressão depois de alguns segundos, provavelmente se lembrando de mais alguma coisa. “E, além do mais, é impossível controlar o uso, uma vez que for liberado!” Levantou-se de sua carteira, certo do que dizia, começando a gesticular enquanto falava “Com a corrupção do ministério hoje em dia, é difícil afirmar que seria usado para o bem, para esses fins. Seria mais uma arma contra a gente, e legalizada, ainda por cima!” Parou de se movimentar, se endireitando no lugar, certo de que havia terminado. Não tinha mais como contra-argumentar, essa era uma situação irremediável. Sorriu, pomposo, não de forma arrogante. Estava verdadeiramente feliz por ter vencido Lily em um argumento.

“Ah, tenha mais fé nas pessoas!” Seu sorriso foi desfeito no momento em que percebeu que ela nem de longe achava que havia perdido. “A corrupção já está lá, Potter, mesmo não sendo esse monstro de sete cabeças.” Aparentemente poucos (os nascidos trouxas) entenderam o que ela quis dizer com isso, porém Lily não se importou em explicar para a grande maioria que obviamente não fazia parte deste grupo. “E já tem muitas leis que poderiam ser usadas como armas e são infinitamente mais perigosas e antiéticas do que essa, e ainda assim estão lá, aprovadas. Imagina o tanto de pessoas que estariam em Azkaban agora, por terem sido delatadas como cúmplices, e imagina o tanto que estaria fora de Azkaban por conseguir se provar inocente!” Pela primeira vez, até então, alguns colegas acenaram, concordando com ela.

“Por isso mesmo, nós não devemos dar mais uma chance a eles de usarem as leis, que são feitas para o bem, contra os objetivos destas! E mesmo que alguns dessem com as línguas nos dentes, isso não provaria nada, Lily!” James viu Slughorn se aproximar, abrindo a boca para interromper o diálogo. Por mais que estivesse muito interessante, saíra do limite. Por mais que Dumbledore incentivasse os alunos a questionarem, se politizarem e terem noção do que acontece ao redor deles, discussões sobre o tema era algo tenso e desnecessário, em sua opinião. Uma bela dor de cabeça.

“Meninos, meninos, creio qu-”

“Potter, você está certo de que sabe o que é Veritasserum?” Lily ignorou a tentativa do professor sem nem ao menos olhar para ele. O contato visual seria uma afirmação de desrespeito, enquanto a falta deste poderia servir como desculpa para fingir que não ouviu. Duvidava muito que alguém na sala não tivesse ouvido, mas a vontade de continuar prevalecia. “Porque, até onde eu sei, é uma poção da verdade, onde você diz a verdade, a verdade, e somente a verdade.” Sirius riu, desencadeando uma pequena série de risadinhas abafadas.

“Lily, James...-” Slughorn. Ignorado. E, ouch, cortado.

Veritasserum não prova nada, porém. Quem garante que o que a pessoa acredita ser a verdade é realmente a verdade?” Lily ergueu os olhos, a princípio se perguntando qual poção ou erva entorpecente ele havia tomado para viajar tanto em uma só frase. Uma brisa desconexa que... não era tão desconexa assim, se melhor analisada. “Ninguém pode garantir que a memória da pessoa não foi alterada. Poucos dominam Oclumência, menos ainda dominam Ligilimência, eu sei! Mas por menos que sejam, não é algo que pode ser descartado. A palavra de uma pessoa, mesmo que sob o uso de Veritasserum, não é confiável. Estamos falando de uma coisa muito mais complexa e-”

“Potter! Evans! Já chega!” Slughorn, não ignorado e dessa vez enfurecido.

James se sentou, sabendo que tinha extrapolado o limite. Os Grifinórios e Corvinais ficaram imóveis por alguns segundos, absorvendo o que ele dissera. As masmorras de repente ficaram mais gélidas. Todos ponderavam, inevitavelmente. Lily ponderava. Ainda em pé, fitava o nada onde ele antes estivera, sem palavras.

Era cruel demais pensar em memórias modificadas. Todos sabiam desde o início da azaração de obliviar a mente, mas isso poderia ser desfeito sem muitas complicações. Agora Legilimência, usada para este fim... um mal praticamente impossível de ser reparado.

Ao ver Slughorn continuar sua aula, Sirius se perguntou se pelo menos o próprio prestava atenção no que falava. Pontas fizera um grande trabalho em mortificar as pessoas logo no primeiro dia de aula. Estava orgulhoso. E, ao mesmo tempo em que orgulhoso, um pouco surpreso pelo impacto que aquilo causou. As pessoas não discutiam sobre esses assuntos? Uma guerra para estourar e ninguém sequer havia pensado nesse tipo de possibilidade? Os pais tendem a preservar os filhos, colocá-los em uma bolha (felizmente ele nunca teve que passar por isso), mas também não é desculpa para aliená-los.
Lembrou-se de uma conversa que teve com James no começo das férias, cutucando o amigo.

“Pontas” Cochichou, já que a sala estava em silêncio ouvindo (fingindo, na verdade) a explicação de Slughorn e não queria atrair atenção para o diálogo. Sirius já abrira a boca para continuar, mas não teve chances, pois no mesmo instante o sinal que indicava o término da aula tocou, despertando todos do transe. James, ao ver Lily se levantar recolhendo o material apressadamente, fez o mesmo.

“Espera um pouco, vou falar com ela.” Sirius revirou os olhos, imitando os movimentos do amigo e saindo acelerado atrás deste, que, por sua vez, seguia Evans. Evans, que de uma forma muito irritante, andava rápido demais considerando o tamanho de suas pernas. Ou, talvez – Sirius pensou, rindo – só fosse o pavor de ter que trocar mais algumas palavras com James.

“Lily! Ei, Lily!” Ignorando completamente os chamados, a ruivinha entrou no banheiro feminino, feliz por ter se livrado dessa. Tinha pensado muito durante as férias e concluíra que era uma pessoa muito mais feliz quando não estava falando com o Potter. E, sendo assim, para o bem de sua saúde (e da dele, já que ultimamente ela se encontrava numa grande dificuldade em controlar seus impulsos de acabar com a vida do insuportável, literalmente), se propusera a não mais falar com ele. Se ele era criança demais para se controlar e parar de provocá-la, ela rebatia sendo madura demais simplesmente em não dando oportunidades para ser provocada. Sim, era um plano perfeito. Afastando todos os pensamentos de que maturidade mesmo seria não se abalar com as tentativas dele, Lily se sentou apoiada em uma parede, conformada com seu grande plano que tinha dado (em parte) certo. Tirou alguns livros da bolsa, decidida a fazer as tarefas ali mesmo para não ter que sair do banheiro tão cedo. Se bem conhecia Potter, ele ficaria esperando que ela saísse de lá por um bom tempo...

E não estava errada.
Há alguns metros de distância, separado apenas por algumas paredes e infinitos mols de oxigênio, estava James Potter reclamando com seu melhor amigo. Porém, como sempre, ele não parecia nem um pouco abalado.

“Desencana, Pontas. Uma hora ou outra ela vai sair daí.” Sirius riu, chamando propositalmente a atenção de algumas garotas que passavam no corredor. Elas sorriram para os dois, que responderam da mesma forma. “Mas, ah, quase que esqueci... Lembra do que nós falamos, nas férias, sobre chamar umas pessoas para participar dos debates? Era isso que queria falar pra você e Remus na aula.” James, interessado, desviou seu olhar das garotas para encontrar os olhos acinzentados de Sirius.

“É verdade! Vamos precisar de muitos debates por aqui, pelo que estou vendo.” Acrescentou, pensando na aula de poções que tiveram. “Mas debate, com muita gente, dispersa, não rola nada. Podíamos chamar umas... hum... Quinze pessoas? Você acha que tá bom? Mais que isso gera focos de conversas paralelas, péssimo para alguém como Rabicho, que já não acompanha direito uma conversa sem ter outras interessantes por perto.” Sirius riu, divertido, se lembrando das inúmeras vezes que tivera que explicar tudo para o amigo gordinho depois que terminara.

“Acho ótimo, ainda mais naquele esquema às sextas-feiras! Quem vamos chamar?”

Marlene McKinnon e seu belo par de seios cruzavam o corredor naquele momento, na mais perfeita sintonia, chamando a atenção dos dois. Marlene era alta e possuía um corpo que qualquer garota sonhava em ter. O cabelo, bem escuro, formava cachos não muito definidos que batiam quase no meio de suas costas, displicentes. Por trás do franjão liso, que estava sempre de lado, os olhos azuis da Grifinória pousaram nos dois.

“Sabe, James, de repente o ambiente ficou mais quente, né...” Disse Sirius, mais galanteador impossível. Afrouxou a gravata, sorrindo pra ela. “Como você está, Marlene? Sentiu minha falta nas férias?” A garota sorriu, se aproximando deles.

“O tempo todo, Sirius.” Ironizou, ainda sorrindo. Seu senso de humor era conhecido por todos, e muito bem apreciado. Uma ironia não agressiva era sempre bem vinda, ainda mais quando a dona da frase entrava sempre na onda e era tão estonteantemente bonita.

“Ah, Marlene! O que você acha de participar de debates e discussões com a gente, nas sextas, depois das aulas? Nós andamos pensando nisso e achamos que seria no mínimo interessante juntar uma galera e discutir sobre... tudo, na verdade. E você sabe que sempre damos festas nas sextas, podíamos fazer isso antes, que tal? Aí já preparamos tudo!” Mudou de assunto, animado, pensando em como trocar uma idéia com a garota era algo bem mais do que minimamente interessante. Qualquer coisa que a envolvesse era mais do que isso.

“De fato isso seria, no mínimo, interessante. Mas quem vocês vão chamar para esses debates? Porque tem um zé-povinho que sempre vai às suas festas e eu não tenho a menor vontade de discutir com eles...” Torceu ao nariz ao se lembrar de algumas meninas do fã clube dos marotos e até de alguns Sonserinos que, esporadicamente, apareciam nas festas reservadas.

“Nós quatro” James começou, se referindo, obviamente, aos marotos. “Você, Lily (se eu conseguir fazê-la ir)... Alice, Frank, Liserre... Não muitas pessoas, e ninguém chato, também... Nem burro, alguém que saiba argumentar.” Marlene riu, pensando em como Peter Pettigrew era um exemplo de inteligência, mas se controlou para manter essa observação para si mesma, e, quem sabe, para Lily mais tarde.

“Tô dentro, vou ver se te ajudo a convencer a Lily! Pode deixar que falo com Alice também, estou indo encontrá-la para o almoço.” James sorriu, agradecido. “Naquele mesmo lugar, onde tem as festas?” Perguntou, lembrando da sala precisa.

“Provavelmente. Filch tá, mais do que nunca, decidido a nos flagrar, temos que levar isso em conta. Vamos discutir isso e quando decidirmos eu te procuro.” Sirius piscou para a menina que, balançando a cabeça negativamente em descrença, seguiu seu caminho pelo corredor. Ainda que descrente, Marlene sorria, sem levá-lo a sério. Ele realmente dava em cima de todo mundo. “Por que eu nunca peguei a Marlene, mesmo?” Perguntou, inconformado, conhecendo a resposta que ouviria.

“Porque ela tem um namorado que é relativamente nosso amigo.” James riu.

“Ah, sim, é mesmo. Bom, eu não estou vendo ele agora.” Sorriu, lembrando-se que Harry Lydon era um ano mais velho do que eles e, sendo assim, se formara no ano anterior. “Vou começar a dar em cima dela.”

“Você sempre deu.” Respondeu James, bagunçando ainda mais os cabelos, como se isso fosse algo óbvio demais. Sirius Black dava em cima de todas, não só quando estava interessado. Era um hábito que tinha desde... sempre. Hábito de preparar o terreno, de deixar claro para as meninas que tinha interesse (até quando não tinha), para que quando de fato tivesse, ou elas bobeassem, pá. Isso mesmo, !
Este era um hábito que desenvolvia desde que se entendia por gente. Parte de sua identidade, parte do seu charme. E, por mais que fosse mais do que consciente, partes do maroto não consideravam isso da maneira apropriada. Sirius ainda estava convencido que dar em cima das pessoas era algo bem diferente, algo conhecido como o pá. Mas como já dizia o velho ditado: quem tem fama, deita na cama. Coisa que ele, com toda sua cordialidade (era esse o nome que dava para o mencionado hábito) fazia com muita freqüência, e companhia.

“Ah, mas vou me empenhar agora. Acho que o Lydon não se importaria. Afinal, não é como se ele estivesse aqui pra se importar, e esse namoro não vai durar nada sem ele aqui para representar.”


James, convencido pelo amigo, havia desistido de esperar pela ruiva na frente da porta do banheiro. Sirius, percebendo que argumentar que aquilo era humilhação não estava dando certo, resolvera adotar outra política, uma forte o suficiente para tirá-lo de lá. Apelou para o óbvio: Fome. E, obviamente, obteve sucesso, conseguindo carregar James para o Salão Principal para o almoço.

Primeiro dia de aula era sempre a mesma coisa, mesmo depois de sete anos. Os alunos se encontravam para pôr a conversa em dia, se inteirar não só sobre as fofocas quanto sobre horário de aulas, monitoria (a maioria das pessoas ainda apontava para James quando via o distintivo de monitor-chefe em suas vestes), quadribol... A fome, no meio de tantos concorrentes mais fortes, tinha que se conformar em perder um pouco de espaço nos primeiros dias.

Entretanto, na mesa da Grifinória um grupo de quatro garotos se fartava para manter o porte. Sirius e James ingeriam as calorias necessárias para o porte atlético, Remus Lupin mastigava para repor as forças que perdera na semana anterior (lua-cheia), e Peter Pettigrew, por mais que não estivesse exatamente contente com sua forma (de barril), se esbaldava pelo motivo mais digno de todos: O fato da comida ser gostosa. Dito isso, qualquer outro ponto é dispensável.

James estava absorto em pensamentos que envolviam desde Lily à treinos de quadribol, que agora era sua responsabilidade. Apressou-se em terminar a comida, para resolver os assuntos do esporte e, com sorte, encontrar a ruiva nos corredores antes da próxima aula. Peter estava afobado demais tentando colocar uma quantidade imensurável do banquete goela abaixo e Remus se entretinha conversando com Dorcas Meadowes, uma das quintanistas mais bonitas da Grifinória. Estatura média, curvas delineadas, sorriso perfeito. É, certamente tinha motivos para ser assediada, sem contar a simpatia contagiante, e o humor diferenciado. Remus notou que seu cabelo, castanho escuro, estava um pouco mais curto do que antes, mas este novo corte a deixara ainda mais bonita. A pele estava mais bronzeada que o normal e as sobrancelhas grossas elegantemente feitas, emoldurando os olhos negros. Gostava dela, apesar de alguns pesares. Era a menina mais engraçada que conhecia.
Sirius observou os dois conversarem, entediado, e retirou um pergaminho da mochila amarela-gema. Sorriu consigo mesmo quando terminou de escrever, enfeitiçando o bilhete para chegar ao seu destino.

“Nem sombra de você no trem, jantar, corredores. Nem a sorte de esbarrar em você no almoço eu tive! Não seja má, pare de me privar de sua presença. Não mereço tamanha infelicidade.”


Isso sim excedia a cordialidade.


“Shiu.” Moveu o indicador e posicionou-o em frente aos lábios, indicando silêncio. Suas unhas estavam amarelas e reluziam. Mesmo um ato tão simples o fazia pensar, mais uma vez, em como ela era bonita. Sardas. Existe algo mais encantador do que sardas? Talvez, quem sabe, as bochechas leve e naturalmente coradas. As sobrancelhas, que começavam meio ralas e terminavam de forma intensa, reforçando o olhar. Ou até mesmo os olhos, verdes, no tom esmeralda, com cílios claros da cor do cabelo, acaju. Os fios acaju, em parte dourados, enchiam a figura de vida.

“Mas eu nem falei nada ainda, Lily!” Disse James, depois de se convencer a parar de admirá-la (já estava ficando constrangedor). “Só vim te parabenizar pelo debate de hoje, seus argumentos são bons, foi uma ótima discussão!” Colocou seu melhor sorriso no rosto, tentando soar simpático.

Era muita arrogância para uma só pessoa. Era, de fato, a maior concentração de arrogância que Lily já vira em um ser só. Excedia as expectativas. Extrapolava os limites. Transbordava! Incrível. Como ele conseguia? Parabenizar? Parabenizar?! Onde estava a noção deste cidadão? Se ele tivesse feito isso para irritá-la ela provavelmente não teria ficado tão irritada, mas sentia toda a calma se esvair de seu corpo de forma ingrata (afinal, penava tanto para mantê-la lá!) todas as vezes que o sorrisinho contente do garoto acusava que ele realmente acreditava no que estava falando. Tão convicto de si! Ele realmente era a arrogância personificada. E isso, de certa forma, a irritava mais do que se ele estivesse fingindo no intuito de azucriná-la.

“Saia da minha frente.” Respirou fundo, ainda desacreditando. Agarrou os livros que segurava com mais força, como se pudesse, de alguma forma, descontar a raiva neles. Puta frustração reprimida. Potter se demorou nessa ação, e ela desejou violentamente que ele tivesse se tocado da gravidade da situação. Mas isso era pedir demais do menino, uma toupeira.

“Não estou brincando, Lily! Eu achei muito interessante. Por que suas unhas estão amarelas?” Ela revirou os olhos, decidindo ignorar a parte onde ele falava da discussão da aula de Slughorn.

“Porque eu quis pintá-las dessa cor, Potter!”

“Por que alguém pintaria as unhas de amarelo?”

“É um costume de meninas trouxas.” Finalizou, tentando manter a calma. O que era difícil, tendo em vista que tinha que ignorar também o fato dele ser enxerido. Qual era seu problema com suas unhas amarelas?

“Achei que você pintasse de vermelho porque é Grifinória.” Ele claramente tinha alguma disfunção cerebral para entender algo tão simples. A cara de confusão somente a irritou ainda mais, mas, se lembrando de toda a sua boa educação com pessoas debilitadas, respondeu, por fim:

“Eu costumo pintar de vermelho porque é minha cor preferida, Potter. Só resolvi variar um pouco, não estou confraternizando com Lufas, se é isso que você tinha pensado. Eles são meio contagiantes e eu não me sinto nem um pouco mais amigável do que o normal, pra ser sincera.” Frisou essa última parte, esperando que ele entendesse uma direta tão simples como essa e se mandasse de lá. Não que esperasse isso de verdade... Depois de vários anos de convivência tinha plena certeza de que mesmo se ele entendesse não se mandaria. Era só uma pontinha de esperança. Potter sorriu, aquele sorriso irritante de sempre, e antes que começasse a falar, Lily se antecipou. O sorriso dele era potente demais, forte demais. Qualquer resquício do espírito pacificador que ela tentava manter não era páreo para ele, que trazia a raiva de volta à tona. “E, olha só, a gente precisa deixar uma coisa clara... Tudo bem que nós somos monitores-chefes agora, mas isso não quer exatamente dizer que nós temos que trabalhar juntos, sabe? Podemos fazer os relatórios separados, as rondas separadas e distribuir as tarefas de forma que você não fique no meu pé o tempo todo.”

“Relaxa, Lily, eu vim em paz.” Sorriu, sabendo que não tinha soado do jeito que queria, mas consolado por saber que soara de uma forma que ela entenderia. Erguendo as sobrancelhas em incompreensão, ela se aproximou um passo.

“Como assim?”

“Uma trégua, o que você acha? Quer nós queiramos ou não, agora eu sou monitor-chefe, e isso quer dizer exatamente que nós temos que trabalhar juntos. Não tô falando para sermos melhores amigos” ela girou os olhos nessa parte “mas acho que ta na hora de começarmos a nos entender. Coisa que eu sempre quis, mas como as circunstâncias mudaram, acho que a gente podia começar do zero. Eu prometo que vou tentar mais do que nunca não te deixar irritada.” De onde saiu tudo isso, James não sabia. Só sabia que tinha superado sua genialidade com esse discurso do além. Estava lá para convidá-la para os debates, mas a situação pedira algo extremo e ele tivera jogo de cintura o suficiente para improvisar, inventar e... e não é que ela não parecia descontente? Feliz com o resultado, James se atreveu a continuar. “E também estou aqui pra te fazer um convite...”

“Eu não vou sair com você.” Lily bufou, concluindo que estava bom demais pra ser uma verdade sem outras intenções por trás. Girou os calcanhares, dando as costas para ele, pronta para seguir seu rumo corredor afora, pra bem longe dele.

“Não estou te chamando pra sair, é outro tipo de convite.” Reprimiu o riso antes que ela se virasse, não escondendo a curiosidade, com as sobrancelhas arqueadas. “Estamos reunindo umas pessoas para debater sobre assuntos importantes, achei que você poderia se interessar.”

“O que te faz pensar que eu me interessaria em debater sobre qualquer coisa com você, Potter?”

“Você precisa extravasar pra algum lado, Lily. Pode gastar sua energia comigo. Juro que não me importo, ainda que eu tenha uma lista bem mais prazerosa e interessante de atividades que envolvem a perda de energia de ambas as partes...” Parou, ao ver as bochechas da ruiva corarem ainda mais. Por mais que desejasse que fosse de vergonha, não era louco o suficiente para continuar. Sabia que aquilo era o sangue subindo, junto com a raiva. “Mas é sério, são temas legais, eu acho que você ia gostar. Tirando o fato de que, se não for, vai ficar sozinha nas tardes de sexta, já que suas amigas concordaram em participar.”

“Você tem algum problema em manter uma conversa sem contradições? Há um minuto você tava sugerindo uma trégua. Sério, Potter, vá se tratar!” James controlou o riso mais uma vez. Por mais que quisesse, acima de tudo, se entender com Lily, as briguinhas lhe satisfaziam também (um pouco). Meio que alimentavam o relacionamento. Faziam com que ele se sentisse próximo dela, de alguma forma – esquisita que fosse. Faziam com que sentisse que nem tudo estava perdido, uma vez que ele surtia um grande efeito nela – negativo que fosse.

“Só estava te motivando, Lily. Prometo que a partir de agora vou me comportar. Aparece lá sim, quem sabe da próxima vez eu te deixo ganhar uma discussão?” Desistiu de segurar a risada, mas se conteve com breves segundos, em que a observou abandonar a conversa, marchando para longe dele.



Notas da Autora:
(como todo leitor, também odeio N/A’s gigantes, mas são pequenas observações iniciais que podem interessá-los)


A música do começo, Soco Amaretto Lime, é de uma banda chamada Brand New. Ela, com sua letra encantadora, foi a minha inspiração de título. À propósito, para os curiosos, Soco Amaretto Lime é uma bebida, de limão.

Sou apaixonadíssima por quotes (citações). A primeira frase da sinopse foi tirada de Edukators. Eu leio muito, assisto muitos filmes, seriados e ouço música 24/7. Sendo assim, a aparição de pequenos quotes durante a fic é irremediável.

Não gosto de histórias centradas em um só núcleo, shipper, ou personagem. É cansativo, acaba logo e desmerece o resto do universo escrito. =/
Nada me deixa mais aborrecida do que um Sirius retardado, companheiro de stronda do Peter, sem o mínimo senso de dignidade que eu vejo muito por aí em fics James/Lily. Ou um Pontas que de repente acorda com o diploma de palhaço de circo/comediante barato e se arrasta pelos cantos lambendo o chão onde a ruivinha passa, que também é comum em histórias que tem como protagonista outro maroto. É o que eu sempre digo, minha gente... Dignidade!
O foco da minha fic é James/Lily, mas não é por isso que vou deixar de desenvolver as outras pessoas e suas tramas. Tenho um senhooor trauma com personagens desmerecidos.

Adoro poder visualizar o que estou lendo, e acredito que muitos de vocês também! Infelizmente não posso fazer de uma fanfic um longa-metragem (ai, ai, imaginem que genial...). O mais perto disso que posso chegar é fazer capas e propagandas. Não que de mim saia algo que mereça uma nota maior que “razoável” no photoshop, mas é o melhor que posso fazer, além das descrições, para compartilhar com vocês um pouco das minhas idéias. Pretendo fazer capas ilustrando personagens e até mesmo capítulos, se conseguir bolar algo interessante.
Coloquei algumas coisas que já fiz (incluindo a capa oficial da fic, e o trailer no youtube) no ar, e as propagandas do James e da Lily.

Por último, eu ficaria encantada em receber reviews. =)
Super valorizo a opinião dos leitores, é sempre muito bem vindo. Sei que tem gente que não gosta de comentar por aqui, por isso meu e-mail (zooeymureau[arroba]yahoo) está sempre a disposição. Eu sou um amor de pessoa, podem mandar que eu ficarei felicíssima em responder.

Btw, essa fic tá sendo publicada no fanfiction.net, sugeriram que eu postasse aqui também e eu tô apanhando pra colocar tudo no html hahaha anyway, espero que gostem. :)

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