Capítulo um



Capítulo um: Ingleses! Hump!






Narrador por Lola Stratford


Eu estou sentada no galho mais alto e mais resistente de um pinheiro, observando a paisagem lá embaixo. As calçadas parecem uma colagem em preto e branco daqui de cima. Imagens que se repetem.

Eu posso ver as pessoas andando de um lado para o outro, num ritmo constante - nem tão lento, nem tão apressado.
Olha, aquele é o museu do olho! E ali não é o Jardim Botânico? Ai, como isso é lindo.

É um dia típico de Curitiba: sol entre nuvens, temperatura agradável. Daqui a pouco esquenta, e depois pode chover. Quem sabe até esfrie pra valer, do jeito que isso aqui é desregulado, eu não duvido nada.

Mas é a minha cidade desregulada. Sem tantos problemas com trânsito e stress quanto em uma grande metrópole, mas ainda assim com todas as vantagens da capital. Eu já disse que adoro isso aqui?

Acho que está garoando em algum lugar aqui perto, tem um arco-íris bem em cima do Shopping Estação.
O que é aquilo? O relógio do Estação sempre foi assim tão grande?

Espera... Aquilo é o Big Bang? Não... Não, não me diga que aquilo é mesmo uma cabine telefônica vermelha?! Nããããão!

Onde estão os táxis alaranjados? O que fizeram com os pinheiros? Os biarticulados sumiram, está frio e... cadê o sol? CADÊ O SOL?

- Acorda Bella Adormecida, você está inconsciente há mais de doze horas!

Ufa! É, eu sabia, só podia ser um pesadelo.

- Anda logo, maninha. Não vai querer perder seu primeiro dia como britânica debaixo dessas cobertas.

Droga. E eu que pensei que o pesadelo tinha acabado. Sente-me na cama e abri os olhos com dificuldade. Eu preferia continuar dormindo.
Nos primeiros minutos do dia, eu não estou exatamente consciente. Zumbi é a palavra que descreve melhor.

Enquanto Nicole abria minhas cortinas e tagarelava alguma coisa sobre não querer parecer uma ‘caipira’ na nova escola, eu colocava a cabeça em ordem.

Certo, então vamos começar pelo básico. Meu nome é Lorelai Stratford, mas prefiro que me chamem de Lola. Legal, eu sei quem eu sou, bom começo Lola, bom começo! :D
Nicole é minha irmã mais nova, um ano de diferença. Ela tem mania de limpeza, uma coleção de barbies importadas e canta Bee Gees no chuveiro quando pensa que ninguém está escutando, HAHAHA.

Ótimo... Agora... Onde é que eu ‘tô mesmo hein?

Que liiiiindo, aquilo é um teclado importado, todo branco, bem de frente pra minha cama? :D Espera... Essa não é a MINHA cama! o.o

Agora que eu já tinha passado da fase zumbi, os flashes dos capítulos anteriores passaram pela minha cabeça, era como assistir a um filme... Uma comédia romântica brasileira, cheia de bom humor, que aos poucos se transformava em um drama inglês dos mais maçantes. ._.

As lembranças mais antigas eram embaçadas. Papai, Nicole e eu – minha irmã com apenas 3 anos, eu com 4 – vendo a mulher que se diz minha “mãe” sair pela porta da frente. Eu me lembrava das palavras. “Vai ser melhor assim” “Eu sei que você da conta delas melhor do que eu” e “Eu preciso de espaço”.

Nem tudo eram lembranças amargas e frias como esta. Eu me lembrava de como sempre vivemos bem, nós três, quando nos mudamos para o Brasil e deixamos as coisas ruins no aeroporto de Londres.

Eu só vi aquela mulher outras quatro ou cinco vezes depois disso. Recusava-me a visitá-la ou até mesmo a estar em casa quando ela ia nos visitar. O acordo do divórcio dizia claramente que ela não nos queria, então que fizesse bom proveito de sua liberdade.

Tínhamos a melhor família do mundo – papai, Nicole, eu e Jacob (nosso cachorro). E ficou ainda melhor quando papai começou a namorar a tia Sue (Suzana Oliveira é o nome completo). Na minha festa de quinze anos, o ano passado, eles ficaram noivos.

O casamento foi há dois meses atrás.

Foi quando tudo começou a desandar.

Algumas memórias eram mais fracas, mas a essência em todas elas era a mesma: estávamos em uma situação financeira um pouco delicada agora que papai perdera o emprego. Não era tão ruim, afinal sempre vivemos bem financeiramente, tínhamos economias. Mas até que tudo ficasse em ordem, teríamos que cortar algumas despesas.

Aí é que entra Londres.

Elizabeth Baker, a mulher que se diz minha mãe, soube do que estava acontecendo graças à boca grande da minha irmãzinha e insistiu para que suas filhinhas (eca! eca! eca!) morassem com ela, na capital européia do mundo capitalista, e terminassem os estudos em um bom colégio ingles.

Parece tão generoso da parte dela, não é? Mas não se engane! Eu sei que é só mais uma das estratégias da perua para tentar comprar a minha afeição. Mal sabe ela que só piorou as coisas. ¬¬

Agora é que eu odeio ela de vez.

Eu não teria vindo se não fosse por Nicole já ter aceitado o convite e papai ter me pedido pra tomar conta da minha irmã-caçula cabeça-de-vento.

Deixar a minha Nick sozinha em Londres nas garras de uma perua fútil e superficial? E perder tudo de bom que eu consegui enfiar naquela cabecinha loura? Não dona Elizabeth, a senhora não vai ficar com a minha irmã!

- Mas Putaqueopariu Lorelai, dá pra tirar essa bunda do colchão e ir tomar um banho? – Ela me atirou um travesseiro de penas bem no meio da cara. Ninguém mais respeita a emice alheia não, é?

- Vá-à-merda! – respondi automaticamente, atirei as cobertos para o lado e fui pro banheiro.

Um banheiro enorme em um quarto enorme com um closet enorme. Grande demais, sofisticado demais, inglês demais. Blerg! ¬¬

Durante o banho eu tentei não pensar em nada. Já era ruim o bastante sem eu repassar tudo mentalmente. Eu iria manter o mau-humor sob controle. Pelo menos assim eu poderia descontar a minha frustração aos pouquinhos, sendo bem irônica.

Me aguarde dona Elizabeth Baker, MUAHAHAHAHA!! (6)

No andar debaixo do andar debaixo, ou seja, no térreo (é, eu estava numa mansão gigante de três andares), todos já estavam tomando café quando eu apareci. Ou seria chá? Os ingleses não tomam chá em xícaras de porcelana e com o dedinho levantado? Odeio os ingleses.

- Bom dia – era Elizabeth, com aquele sorriso cínico.

- Dia – por que de ‘bom’ não tem nada.

- Venha tomar café conosco, Lola. - esse era o Robert, meu padrasto.

Eu fui com a cara dele assim que o conheci, no aeroporto. Nunca pensei que um britânico podre de rico pudesse ser tão gente fina, bem humorado e, ainda por cima, roqueiro das antigas. E um coroa muito bonitão, diga-se de passagem, com seus olhos cor-de-mel e seus cabelos castanho-claros salpicados de fios brancos.

Cá pra nós, eu tive que admitir que a perua tem uma puta de uma sorte. Primeiro o meu pai, o homem mais maravilhoso do planeta, e depois o Robert? Ah, pare! Vá à merda!

- Não estou com fome. – mentira, meu estômago queria sair pelo umbigo :x

- Você podia parar com esse mau-humor, mana. – ela disse isso em português.

- Não é mau-humor, eu só não ‘tô com fome, ta legal? – respondi, também em português, só porque era legal ver os três rostos formarem um ponto de interrogação.

Ah, eu esqueci de mencionar o filho do Robert. Um garoto da minha idade, pelo que eu me lembro. Rupert, Rudolph, Roger... alguma coisa com R.

Se o pai já era lindo, imagina o filho de 16 anos 8D

Lindo era pouco, o garoto parecia uma daquelas esculturas gregas.

Cabelos e olhos claros, como os do pai, um corpinho beeeeeeem sarado e um jeito meio calado, sério. Na real que eu ainda não vi ele sorrir, só aquele sorriso morno de boas vindas do aeroporto. Mas afinal, eu também nunca ouvi ele falar. Talvez ele seja mudo.

Que era lindo eu não podia negar, mas ainda assim, nada interessante. Sou bem mais os meus amigos de Curitiba. Saudaaaaade =[

- Crianças, estamos em cima da hora! – quem é criança aqui protótipo mal acaba de milady?

- Ai, mal posso esperar! – os olhos da Nick brilharam, parecia véspera de Natal. Pra quê tanta empolgação? Credo.

- Você vai amar Hogwarts High, querida. Você também Maryanne!

ELA PEDIU!

- LOLA! – corrigi, quase gritando. Todos olharam pra mim assustados. Eu não me importei, ela que pisou no meu calo.

- Oh, perdão... É que eu não consigo me desacostumar a chamá-la assim... É seu segundo nome meu bem...

- Lola – repeti, enquanto contava até 10 mentalmente. 1... 2...

- Se você prefere assim... eu... me perdoe. – ela pareceu ofendida. Eu sentiria pena de qualquer outra pessoa que fizesse aquela cara. Qualquer outra pessoa.

- Lizzie, porque você não vai na frente com a Nicole? Tenho certeza de que vocês duas têm muito para conversar. – santo Robert, a saída perfeita.

- Claro... Vamos Nicole.

Elizabeth e Nicole saíram. Nicole me encarou de um jeito tão severo... me senti péssima agora, pra valer .-.

Um silêncio incômodo pairou na cozinha. Eu esqueci de mencionar que estávamos em uma das cozinhas (havia duas).

Pela primeira vez eu pude flagrar o senhor silencioso me encarando, um pouco confuso. Robert parecia extremamente constrangido.

Fiz merda >.<

- Lorelai, - medo, medo, meeeeedo – eu sei que não nos conhecemos muito bem, mas quero que saiba que eu a estimo verdadeiramente e assim que a vi percebi que se trata de uma garota muito generosa – valeu tio :] -, principalmente pela forma como cuida de sua irmã. Mas também percebi que a sua relação com Elizabeth vai muito além de rancores antigos, estou certo?

Não sei pra que tantas palavras bonitas... mas é, ta certo sim.

- Olha Robert, eu também já gosto muito de você, mas... Eu prefiro não falar disso.

Ele me encarou demoradamente. Não do jeito severo que a Nicole fez, pelo contrário. Era um olhar bondoso, sincero, como se ele pudesse ler minha mente.

- Está bem então. – Ufa, Robert, você é demais. - Mas saiba que sua mãe te ama Lorelai, mesmo que você não reconheça isso.

Se ele tivesse me dado um tapa, teria doído menos ._.




*





No carro (modesto volvo preto blindado do Robert), eu nem abri a boca. Foi difícil engolir aquelas palavras, há tanto tempo eu não pensava em Elizabeth como uma mãe.

Não! Ela não é minha mãe! Ela é a mulher que abandonou o meu pai com duas filhas pequenas. Pronto, a culpa passou.

Eu só não queria decepcionar o Robert. Ele é um cara bacana.

A viagem não foi assim tão longa, mas pareceu uma eternidade pra mim. Eu estava sentada no banco de trás, abraçada à mochila, com os fones enterrados no ouvido.






“And, sometimes I wish, sometimes I wish I was
like Mariella,
She got some pritt stick and she glued her lips
together.”






Eu queria ser como Mariella, lalala, e colar os lábios com cola de bastão õ/ oh yeh!




”So she never have to speak,

never have to speak,

never have to speak.”





“Nunca precisa falar, nunca precisa falar”. Ah, vá à merda Mariella x.x ou melhor, me empresta essa sua cola, depois vai à merda :D

Foi aí que eu lembrei que a Kate Nash é inglesa ---‘ ta que eu também sou, mas eu só nasci aqui, a gente abafa :~

“Certo, Harry. Hora de mudar de playlist”

Ah, aliás, Harry é o nome do meu MP4. Que é? Vai dizer que você nunca deu nome pros seus aparelhos eletrônicos?! :o SOASAOSPASOPAOS

Eu passei à próxima pasta. Eu sou muito mais meu MP4 de dois anos atrás que esses iPod’s de hoje! Pelo menos o meu Harry tem personalidade ;]




“Everything was going just the way
I planned the broccoli was done”





McFlyyyyy!!! *-* Faz séculos que eu não escuto essa música :D

Quase comecei a pular, mas lembrei que estava no caríssimo volvo do tio Rob com o próprio e o filho, que mais parecia ter ficado em casa – nem um olhar, nem um ‘oi’, NA-DA. Acho que ele é mudo mesmo, talvez até surdo, tadinho. :T




“I should have known much better
But it's so hard, I can't forget her”






Eita, espera aí. Os McFlys também são ingleses :~

Ah, quer saber? FODA-SE!

Nem todo mundo em Curitiba prestava, não é por isso que eu deixei de amar a minha cidade. E não é porque eu odeio Londres que vou desprezar os meus quatro deuses britânicos 8D

Olha, pensando bem... Até que morar em Londres vai ser útil! Quem sabe eu tropeço no Danny no meio da rua e convido ele pra tomar um chazinho? ûû

HAHA. Morram de inveja ;D

Eu ouvi o Robert falar alguma coisa sobre “engarrafamento” e “chegar para a segunda aula”, mas entre essas frases perdidas e Unsaid Things nas vozes de Tom Fletcher e Danny Jones... bem, adivinha no que eu prestei mais atenção? x]




*





Quando eu vi o tamanho da construção antiga, meu queixo caiu.

Pára tudo! Eu vou estudar num castelo :o

Robert gostou da minha reação. Ele até deu uma risadinha.

Era a primeira vez que eu me sentia empolgada desde o casamento do meu pai. Eu tive que lutar muito contra a vontade de sorrir.

Engoli a empolgação a seco. Nem sei por que exatamente, acho que ainda não estava pronta pra dar o braço a torcer, nem mesmo para o Robert.

- Não esqueça de apresentar o comprovante de matrícula na entrada, Lorelai – lembrou Robert enquanto eu descia do carro.

- ‘tá na mão.

- Eu venho buscá-los às três e meia.

- TRÊS E MEIA? O.o

Ele riu de novo.

- Esqueceu que está na Inglaterra, mocinha? Aqui não existe essa folga de meio período.

Ôh droga, tinha que lembrar disso? :s

- Ah, desculpa.

Eu tive a impressão de ouvir uma risadinha abafada ao meu lado, mas não verifiquei. O filho pródigo não estaria rindo de mim, estaria?

- Agora, crianças! – cara, eu já disse que ele parece DEMAIS com o meu pai? o.o – Comportem-se e, filho – ele falou com o... o alguma-coisa-com-R do meu lado. – cuide dela.

Cuidar de mim? Eu tenho 16 anos tio, não preciso de babá ¬¬

O garoto balançou a cabeça afirmativamente, estava meio constrangido, eu acho.

Com um último aceno e um sorriso, Robert desapareceu em seu volvo chiquérrimo.

O pátio estava vazio. A história de chegar para a segunda aula não foi invenção da minha cabeça.

Não que alguém estivesse no pátio com uma chuva daquelas.

Ah, esqueci de avisar que estava chovendo. MUITO. Despencando o céu .-.

O alguma-coisa-com-R e eu caminhamos até o portão de entrada, cada um com o seu guarda-chuva.
Há! Pensou que eu tinha saído de casa sem um guarda-chuva? Eu sou de Curitiba, esqueceu?

Bem, eu apresentei o papel da matrícula para o porteiro. O alguma-coisa-com-R sempre do meu lado, exatamente como uma babá.

Não força, desse jeito eu vou começar a chamá-lo de Mary Poppins :~

Certo. Se o troço já era gigante visto de fora, você não faz idéia de como era por dentro. Aquele hall de entrada devia ser maior que todo o andar de baixo da minha casa lá em Curitiba :O

Tinha um ar meio medieval-contemporâneo. Apesar da mistura incomum, era bonito e aconchegante. Deixamos as capas e os guarda-chuvas com uma mulher gorda e baixinha que nos cumprimentou na entrada.

Haviam dois corredores laterais e uma escadaria dupla a nossa frente. Sim, DUPLA! Como naqueles palácios de filmes antigos.

OH MY GOD! Aquilo é mesmo uma armadura? : OOO

Eu fiquei completamente passada com aquilo. Aí eu pensei melhor. PQP, como eu vou encontrar minhas salas de aula desse jeito? oo'

Eu comecei a andar pelo saguão. Era lindo! *-*

Eu mal prestava atenção nos passos de Mary Poppins atrás de mim. Ele podia esperar um pouquinho, não? Era o meu momento.

Eu sei que ele, provavelmente, não se surpreende com exageros. Mas eu sou pobre, deixa eu sonhar p**ra!

Havia um relógio E-NOR-ME bem no meio, entre as escadarias. Aqueles relógios que imitam torrezinhas, com um pêndulo e tals.

Pelo que eu me lembrava do meu horário, eu tinha mais 20 minutos para apreciar o lugar. Bem, claro que talvez eu levasse 15 minutos só para chegar à minha sala, isso se eu não me perdesse no caminho.

Eu ia me virar e perguntar à Poppins aonde era a sala 326 (é, 326), mas aí... o inesperado aconteceu!

TCHAN-TCHAN-TCHAN-TCHAAAN!

- Talvez você queira ver o seu armário (?)

Era uma voz calma e meio acanhada, em tom baixo. Mesmo assim, eu fiquei chocada!

- VOCÊ FALA? :O

Sim, Mary Poppins saiu do filme mudo! Aleluia irmãos!

Minutinho só... Eu disse isso em voz alta? Oo’

Ele caiu na gargalhada. É, eu disse isso em voz alta x.x

Ele ria de um jeito tão espontâneo que nem parecia o mesmo garoto de dez segundos atrás. Até eu acabei rindo sem querer.

Eu queria bancar a mau-humorada e deixar claro que eu não gostei da idéia de me mudar pra cá, mas... Ah! Foda-se também! Eu não posso ficar de bico a vida toda ;]

- É, acho que eu não sou o que se pode chamar de pessoa falante, mas também não sou mudo, não se preocupe.

Ah, ele é fofo :]

- Você me pegou de surpresa, só isso. – x]

Ele deu um sorrisinho acanhado e me observou por um momento. Pelo jeito, não era só ele quem tinha deixado cair o escudo.

- Vem, vou te mostrar seu armário.

Entramos em um dos corredores laterais e, não sei bem como, estávamos em outra sala enorme. Não tão enorme quando o saguão, mas mesmo assim era bem grande.

Viramos à esquerda, em um corredor com uma escada no final. O corredor era largo, com armários de ferro pintados de bege dos dois lados. Armários individuais e super bem conservados.

Merda, vim para uma escola de nerds-filhinhos-de-papai x.x

Bem, nem tudo é perfeito :T

Pelo menos eu tenho o super-Poppins pra me ajudar :D

Viramos outra vez, agora à direita, em mais um enorme corredor com armários.

- Qual é o número do seu mesmo? – perguntou Poppins.

- Hummm... – eu tirei o papel do bolso dos jeans. – 116A

- Meus pêsames.

- Pêsames? – o.O

Ele deu uma risadinha irônica. Eu estava perdendo uma piada interna pelo jeito. Mary Poppins revela seu lado maligno (6)

- Seu armário é entre o meu e o do Almofadinhas.

- Almofa-quem? – exclamei.

- Deixa pra lá.

Não gostei disso... Não gostei MESMO.

- É esse aqui. – paramos em frente aos armários 115A, 116A e 117A.

Poppins abriu o armário 115 como se puxasse um zíper. Naturalmente, como se a combinação toda cheia de esquemas fosse um simples ‘menu + asterisco’ pra desbloquear a tela do celular. Que ninja :o

E eu fiquei ali, virando aquela joça pra tudo que é lado e nada!

- Quer ajuda?

Ah, que cavalheiro, quero sim :]

- Não obrigada, eu consigo! – consigo po**a nenhuma, só não quero admitir ;D

Tentei mais umas três vezes. NADA.

- Tem certeza de que não quer ajuda?

Dei um soco da porta do armário. Merda, doeu! :@

- Hahaha, vai, deixa eu abrir pra você!

Ta, eu desisti. Ele abriu o troço em segundos. Repito: NIN-JA!

- Prontinho! – ele pegou minha mochila. Só não impedi porque estava extremamente pesada.

- Você só vai precisar do material de cálculo.

- Ah, claro.

Nessas horas eu dava graças por ter sido meio nerd a vida toda, pelo menos não ia me ferrar tentando acompanhar o povo da... é...

- Como é o nome desse lugar mesmo?

- Hogwarts High x]

- Ah, claro, claro... Nome legal ^^’

- Não se preocupe, é difícil pensar em um nome quando se chega aqui pela primeira vez. Esse lugar é incrível.

Ele está sendo muito legal comigo, não vou mais chamá-lo de Poppins :]

Peguei meu material de cálculo e... e o garoto legal que eu não vou mais chamar de Poppins guardou o restante do meu material.

Eu nem tinha me tocado, mas ele já estava com os dele em mãos.

Olhei para o meu armário, agora habilmente fechado com uma cara de interrogação.

- Não se preocupe, eu te ensino a abrir no próximo intervalo.

Ahhhhh, pára, vai! Pára antes que eu game :D

Tocou o sinal. Pelo menos eu acho que é isso. Uma campainha estranha, daquelas dos filmes de colégio interno.

- Vem. Você tem dois tempos de cálculo com a senhorita Vector no terceiro andar agora. – ele disse, analisando meu horário.

Vector? Que nomezinho brega :p

- Deixe-me ver uma coisa. – ele pegou o papel amassado da minha mão outra vez. – É, temos o quarto e o sexto tempo juntos. Biologia e Literatura.

- Isso é ótimo! :]

- Eu te levo até a Vector, também vou para o terceiro andar. Te encontro no corredor e vamos juntos para a Sprout.

- Sprit?

- Sprout - ele corrigiu, divertido. – A professora de Biologia.

- Ah, saquei.

Subimos a primeira escadaria, viramos em um corredor e chegamos ao saguão do primeiro andar.

Conforme andávamos, o número de alunos andando de um lado para o outro aumentava. Nem era tanta gente pro tamanho daquela escola. Mas também, com uma mensalidade que custa os olhos da cara...

Eu dei graças que ninguém parecia ter notado a minha presença no começo. A maioria era mais nova, deviam estar no primeiro ano ou coisa assim.

Quando chegamos ao segundo andar a situação mudou drasticamente. Os grupos de alunos que passavam por nós começaram a me encarar, comentar.

Pelo jeito o meu meio-irmão era muito popular, porque muitas meninas que passaram por nós me fuzilaram com s olhos.

Troféu jóinha Lola, que ótimo começo x.x

Chegamos ao terceiro andar. Eu já estava completamente constrangida. O ex-Poppins parecia não se importar, deveria estar acostumado à popularidade.

Droga! Eu devia saber que um garoto lindo e super fofo como ele devia ser muito disputado.

- Está aí: sala 326, professora Vector.

A sala estava vazia. A não ser por um vulto negro sentado à uma mesa larga próxima a entrada. Isso era bom!

- Com licença senhorita Vector, podemos incomodá-la?

- Nunca é incômodo receber um dos meus melhores alunos fora do horário de aula! – ela estufou o peito ao dizer isso.

Liiiiindo! Além de bonito e fofo o cara ainda é nerd. Se mata, Lola x.x

A professora Vector era uma solteirona bem conservada, tinha longos cabelos negros e grandes olhos azuis. Grandes é apelido! A mulher tinha olhos de coruja O.O! Vestia uma capa de veludo preto, um chapéu estranho com umas penas... Eu nunca fui de moda, mas aquilo não deveria ser nada adequado ao século XXI.

- Essa é a filha da minha madrasta, Lorelai Stratford, aluna nova.

Eita, ele lembra o meu nome e eu não lembro o dele >.<

- Seja bem vinda à Hogwarts High senhorita Stratford! – ela apertou minha mão.

É impressão minha ou ela cheira à naftalina?

- Obrigada professora.

- Ela tem o segundo e o terceiro tempo com a senhorita.

- Oh, que maravilha! Espero que seja tão aplicada quanto seu meio-irmão.

Hahaha, me ferrei legal (y)

- Bem, venha comigo senhorita Stratford, vamos arranjar um lugar para a senhorita.

- Te deixo em boas mãos, Lola. Nos vemos mais tarde.

Não me deixa com a madrasta da Branca de Neve não, por favor :o

- Certo.

E ele saiu.

Liiiindo, eu tenho dez minutos com a professora de cálculo.

- Espero que goste daqui. É a melhor escola de toda a Inglaterra!

E a mais cara. Seu salário deve ser uma fortuna.

- Sim, é bem legal. – não era mentira.

- Então, podemos começar com o seguinte, senhorita Stratford: o que a senhorita aprendeu sobre cálculo?

Viiiiixe.

Vão ser os dez minutos mais longos da minha vida :s







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N/A: Oi poooovo! :D Demorou mas o primeiro capítulo está aqui, fresquinho!
Obrigada pela expectativa, espero que gostem mesmo da fanfic.
Na real que é a minha primeira tentativa de UA, calora assumida õ/ mas, enfim, vamos ver no que isso vai dar x]

Eu não tenho tempo agora, são quase duas da manhã, mas qualquer dia desses eu posto umas notas caprichadinhas explicando da onde surgiu Lola Stratford e toda a história da fic. Por enquanto comentem! :]

E sejam cruelmente sinceros, por favor, eu não vou nem continuar essa coisa se estiver ruim :p

Beeeeeijo pra todo mundo que chegou a ler essas notas inúteis :*

P.s.¹: Mariella é pra você Léli, responsável pelo meu vício em Kate Nash :D
P.s.²: Eu to quase dormindo, não me responsabilizo por erros de digitação ._.







Nani Tonks - 16.11.2008



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