capítulo três
Esse é completamente Sirius/Lily. Mas leia mesmo assim, e comente. Nem que seja pra deixar seu ódio registrado.
What a scummy man, just give him half a chance I bet he'll rob you if he can (they say it changes when the sun goes down) - arctic monkeys
(que homem imprestável, apenas lhe dê meia chance e aposto que ele te rouba se puder - eles dizem que as coisas mudam quando o sol se põe)
Sirius Black, Londres, 04:55, Sábado
“Você não pode saber. Somos exclusivos.”
Não, Andy, não é bom contrariar assim a menina de Remus. A noite mal começou. Tudo bem, todo mundo queria saber pra onde estávamos indo, e, obviamente nenhum deles teria a menor idéia. E é assim que funciona. Eles só descobrem nas manchetes de segunda-feira ou quando alguém acordar em um local público proibido de novo.
Mas, como é a menina de Remus, nós nos forçamos a abrir exceções. Porra, é como se nossos pais precisassem negociar com os dela alguma coisa. Certo, dessa vez nem é o caso. Nós simplesmente iríamos nos divertir em algum canto.
“Andy” – Remus advertiu, menos sério do que gostaria, considerando seu atual estado. E, dessa vez, falando com Anne “Acho que vamos terminar a noite em outro lugar, Ann. Quer ir?”
“Hm, acho que preciso estar em casa daqui a pouco” ela hesitou. Andy soltou um riso de lado, sem esconder seu divertimento. Remus olhou feio de novo, sem sucesso.
“Ah, me esqueci. Te levo então e encontro vocês depois, viu Sirius?”
Eu acenei com a cabeça concordando, mas, que merda, eu não concordo. É bem fácil de saber que ele não vai aparecer depois. Ele vai deixar Ann na porta de casa, então eles vão discutir porque ela não o quer andando com Andy tão cedo depois do que aconteceu, e muito menos se embebedando com Sirius Black, aquele que (e aqui, cito) “Já dormiu com mais modelos do que muita gente vai sonhar em ver de perto”. Aí Remus perde a paciência, porque sabe se cuidar e está a tempo demais sem sexo, grita com ela, ela sai do carro e bate a porta. Ele acelera, dá a volta no quarteirão e volta para se desculpar. Acontece com freqüência.
Lily e Lene estavam esperando na portaria do prédio, apoiadas uma na outra e cantando. Era alguma coisa que um aspirante a astro do rock escreveu pra Marlene uma vez.
“Más notícias, garotas. Anne está com Remus. Andy não vai sair do apartamento enquanto estiver abastecida”
“Ah não” Lene soltou, fazendo biquinho. “Mas eu quero todos nós. Não quero só Sirius e Lily” ela completou, bastante bêbada. “Vocês dois não prestam, quero gente descente.” Se soltou de Lily com uma risada, descendo as escadas até a calçada e tirando o celular da carteira. “Bom, preciso estar inteira amanhã. Estou pulando fora.”
A morena chamou um táxi, enquanto digitava alguma coisa no celular. Ele sempre escapava no domingo. Acho que os filhos iam pra igreja, ou qualquer porra.
Então Lilly se virou pra mim, com um pequeno sorriso.
“É, parece que somos só nós dois, Six.”
Dei de ombros, sem realmente me importar.
“Eu estou dentro, se você estiver” Ela tombou a cabeça, e prendeu os cabelos com um nó no alto da cabeça. Deu de ombros também, e disse:
“Quero ir pra casa. Mas estou com preguiça da minha. Você ainda leva garotas pro seu apartamento que conseguem sair com reputação?” Eu ri. O que é que acontecia com essa ruiva sem James? Ela até brinca.
“Vamos logo. Se for começar a roubar meus cigarros, é melhor pararmos pra comprar mais alguns.”
“Poxa Six, você deveria saber que uma verdadeira dama nunca compra seus próprios cigarros.”
“Fique a vontade” Eu disse, jogando as chaves no sofá. Ela passeou pela entrada, hesitando um pouco e analisando os móveis.
“Não mudaram muito desde a última vez que você esteve aqui, ruiva”. Ela riu fracamente, de lado, se virando pra mim.
“Não é exatamente isso, Six. Acho que é mais pra saudade.” Ela sorriu pra mim, e eu sorri de volta. Faz um tempo desde que ela era suicida e nós passávamos tardes conversando por aqui, sentados na varanda enquanto James era o melhor do time em alguma coisa. Ela tirou os saltos, e, com o movimento de pulso, parece que as cicatrizes gritavam para mim. Ela percebeu meu olhar, e desviou o dela.
“Não faz sentido estarmos assim, ruiva. Nós não somos distantes.”
“Você é perigo, Sirius. É perigo.” Eu me aproximei dela, a recolhendo em um abraço.
“Eu não sou perigo, Lily. Eu só quero que você seja feliz. Não acho que você vai descobrir como dentro de uma caixa de remédios.” Ela riu de lado.
“Mas isso ninguém acha, Six. Só mantém meus pais de consciência limpa e minhas tarefas feitas.” Ela disse, olhando diretamente para mim, como se me tranqüilizasse. Eu sorri de volta. Até certo ponto, nos entendíamos. “Agora, cadê a porra dos cigarros que me prometeu, Black?”
Eu ri. “Palavrão e cigarros na mesma frase, ruiva? Melhor não te deixar falar com James hoje.” Ela já estava sentada na varanda, me esperando. Nós tínhamos bastante coisa pra por em dia.
Lily Evans, Londres, Sábado
“Hey ruiva” Sirius acenou, enquanto eu entrava na cozinha, ligeiramente descabelada, e provavelmente amassada de sono.
“Merda, que horas são ?” Eu disse, sorrido levemente e me sentando na bancada, enquanto Sirius virava panquecas na frigideira, sem camisa, completamente à vontade com seus utensílios domésticos.
“Honestamente, não sei. Hora de café da manhã” Ele respondeu, acendendo um cigarro e dando de ombros. Eu ri, indo buscar um copo de água e tentando alisar pelo menos um pouco meu vestido de ontem.
“Tem panquecas pra mim também ?” Eu perguntei, balançando as pernas como uma garotinha. Sirius já colocava um prato ao meu lado, cobrindo as panquecas com bastante mel.
“Ainda come com framboesas junto?”
Eu ri de lado, ajeitando a franja, que caia insistentemente sobre meus olhos. As pessoas não deveriam se lembrar de nossas preferências tanto assim. Como se já não bastasse ele deixar claro (e ter me lembrado ontem a noite) que lembrava bem de quando fiquei bêbada o suficiente para lhe mostrar uma grande parte da minha coleção de lingerie (fora do corpo, é claro).
“Não tem graça sem framboesas. Você ainda acorda com uma dose de gim ?” Ele piscou um olho só, e não respondeu. Me ofereceu o maço de cigarros, mas eu tombei a cabeça, negando. Ele ergueu uma sombrancelha.
“Certo, você ainda tem esse plano de recuperação durante o horário comercial.” Eu bufei, incrédula.
“Nem todos nós conseguimos ficar sem culpa pra sempre, Sirius”
“E qual é a graça disso, hein ruiva?” Ele disse, mas já brincando. Ele retirou as framboesas da geladeira, me oferecendo junto com o prato de panquecas. Ele pegou o seu também (cobertas apenas com canela) e fomos nos sentar na varanda, de novo. Comemos sem falar nada, até que ele me encarou, enquanto limpava os dedos displicentemente.
“Hey ruiva, posso te perguntar uma coisa ?”
“Você pode me perguntar o que quiser” Ele passou a mão pelos cabelos, antes de dizer.
“Como estão as coisas com James?”
“Você sabe como estão. Estamos bem.” Eu respondi, sem entender o que ele queria exatamente com aquilo. “Por que a pergunta?”
“Você não entendeu bem. Até onde eu sei, você estava muito ocupada antes pra satisfazer algumas... necessidades dele. Como está agora?” Foi então que percebi onde é que Sirius queria chegar. Bom, levando em conta que ele é naturalmente uma das pessoas mais curiosas que eu conheço, e ainda mais com relação a qualquer coisa que envolva sexo, é natural. No entanto, eu não pude evitar corar um pouco. Hesitei um pouco, antes de responder.
“As coisas estão bem, Sirius. Exatamente como já estavam.” Eu disse, dando o assunto como encerrado. Porém, ele não se convenceu.
“Qual é, Lily. Você tem medo ou o que ?”
“Não é medo Sirius.” E então, como explicar para Sirius Black, o cara que faz sexo desde os 13 anos, que eu não estava assim, tão interessada no assunto? Na verdade, acho que até queria. Mas por ser um território tão desconhecido, eu provavelmente seria perigosa nele. “Eu só não fui feita pra isso.”
Ele rolou os olhos.
“Qualquer um foi feito pra isso, ruiva. É inerente à raça humana.” Então ele se levantou, levando os pratos, e eu o segui para dentro do apartamento. “Te conhecendo como pelo menos acho que conheço, você está com medo. Não do sexo em si, mas de não conseguir se controlar e acabar assustando James.” Eu corei. Em parte, era exatamente isso. “Acho que enquanto você não conseguir ao menos falar uma palavra feia na frente dela, como faz comigo, trepar está fora de cogitação.”
“Sirius! Não é assim!” Eu disse, assustada com a quantidade de pensamento que Sirius tinha delegado ao assunto.
“Porra, Lily. Eu só quero ajudar. Mas você tem que entender que James não quer uma garota perfeita, pra apenas concordar. Você devia ser livre com ele também.”
“Eu sou verdadeira com ele, Sirius. Nós nos entendemos muito bem, ouviu? Ele sabe os meus segredos, até os piores.” Eu retruquei, já na defensiva. Sirius se aproximou, em um nível quase perigosamente próximo. Agora, já parecia irritado por eu não concordar, com seus olhos cinza me encarando incrédulos.
“Não, Lily. Você conta pra ele os segredos que você manipula antes pra que pareçam sujos na medida certa. Você não conta pro James que ele já te machucou, e que você queria ter uma vida além disso. Para de enganar o coitado.”
“SIRIUS! Você acha que sabe demais! Eu amo James, e se nós estamos trepando ou não é problema nosso!”
“Aham. E você alguma vez já disse ao menos “trepar” pra ele?” Eu bufei, irritada.
Sirius Black, Londres, Sábado
Me cansava ver como Lily se enganava. Ela, obviamente, não conseguia desmoronar em James. Tanto seu lado bom quanto o ruim, ela media em doses homeopáticas para que ele não se assustasse, e pudesse estar sempre com ela. Porra, não devia ser assim. Ela estar sempre tão meticulosamente equilibrada... É a Lily, porra. E James a amaria de qualquer jeito. Eu, pelo menos, nunca vi um cara mais estupidamente apaixonado.
Vê-la assim, irritada com as minhas palavras, como se fossem as mais absurdas do mundo, não era bom. Se ela não admitia nem mesmo para si mesma, o problema era grande.
“Eu vou embora.”
“Fugindo da verdade ?”
“Está tarde, Sirius. Eu tenho que ir.”
Eu estava irritado. Não dá pra deixar, ao mesmo tempo, uma garota enrolar o seu amigo e sua amiga (a melhor, a de noites compartilhadas na conversa) se enganar, com medo de si mesma.
“Não tem porra nenhuma, Lily. Admite logo que você tem medo de, na hora H, acabar pedindo pra ele te dar uns tapas ou foder mais forte, caralho. Você não precisa ser santa até na cama pra ele te querer, porra.”
Eu vi Lily se virando pra mim, vermelha, perdida em raiva e frustração. Ela tinha os olhos semi cerrados, e a testa franzida. A ruiva avançou pra me dar um tapa, mas eu tinha bons reflexos, e eu acabei segurando suas mãos atrás das costas, sem que ela conseguisse mover os braços. Respirava rápido, e, certamente, me mataria na próxima oportunidade.
E , no minuto seguinte, tudo que se repetia na minha cabeça era “Porra, a garota de James, a garota de James, a garota de James” antes de ser substituído por “Se você não parar de beijar ela logo, você não vai conseguir antes de ir até o final”
Lily Evans, Londres, Sábado
Eu sentia Sirius em todas as partes de mim, e isso porque ainda tínhamos todas as peças de roupa. Antes que eu pudesse perceber, ele estava colado a mim, e, mais impressionante, eu retribuía.
Assim que percebi o que estava fazendo (e até onde meu corpo parecia querer me levar), me afastei, com uma das mãos entre nós, respirando de cabeça baixa. Isso não aconteceu antes de uns bons minutos (e uma boa viajada de mãos).
“Isso não aconteceu. Eu vou pegar meus sapatos e ir embora, e isso não aconteceu” Eu disse, ainda de cabeça baixa, com Sirius ofegante à minha frente. Enquanto eu ia buscar os sapatos e minha bolsa, ele se jogou no sofá e acendeu um cigarro. Sem dizer nada. Quando eu passei pela porta, até meio perdida pela sucessão de pensamentos em minha cabeça, ainda pude ouvir, de dentro do apartamento
“Você não é santa, ruiva. Admite logo. E eu não presto.”
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