Capítulo 1



Não vou contar tudo na ordem certa, vou pular algumas partes e depois voltar, vou escrever à minha maneira, vou escrever de acordo com meus sentimentos, meus pensamentos.

Agora por exemplo, estou passando por uma fase um tanto quanto muito complicada, ao menos para mim, não sei para os outros, mas pra mim tá parecendo que meu mundo desaba a cada segundo.

Sabe quando estais completamente ligada a alguém, e esse alguém de repente fala que não quer mais fazer parte da sua vida? Sabes o quanto isso dói? Imaginas pelo que estou passando? Acho um pouco difícil.

Vamos começar do começo (frase antiga mais que tem um significado tão, mais tão grande...).

Vamos começar comigo tentando explicar o porquê de eu ter passado tanto tempo sem sorrir... Essa é uma parte da minha história que dói de contar, que corta no fundo da alma. Mas fazer o quê? Faz parte da história, então vamos lá!

Minha vida começou REALMENTE a desabar no meio do ano passado, quando com um namoro, um tanto quanto conturbado, eu Lílian Evans, acabei engravidando. Agora você deve estar se perguntado: “Nossa! Mas ela não deve se dar ao respeito mesmo!”, juro, NÃO FOI POR QUERER, e muito menos de provocação, simplesmente aconteceu.
Ele, meu ex-namorado, no início de tudo ficou triste, inconsolável, sofreu. Não sabes o quanto o coitado sofreu, agora se você acha que eu tive ao menos o direito de ficar triste, está redondamente enganado, fui taxada de vagabunda para baixo, isso sim doeu.

Enquanto ele recebia todo o carinho de todo mundo, eu era praticamente crucificada. Pequeno detalhe, descobri estar grávida após três dias de término do namoro. Todos na minha antiga escola, onde “ele” também estudava, ou pelo menos quase todos, ficaram ao favor dele, me pondo como a malvada, a bruxa da história. Nessa época desaprendi a sorrir, a gargalhar, coisas assim, inclusive de ser feliz e cuidar de mim.

O que me mantinha em pé, era o fato de eu saber que toda aquela história iria render em uma linda garotinha que eu sabia que me amaria até o fim dos meus dias, uma linda garotinha que seria minha filha e que nunca, nunca me abandonaria.
Só que eu não lembrava que tinha que cuidar de mim também, não lembrava que tinha que fazer com que ela percebesse que eu estava bem, sim, eu sabia que ela percebia o que acontecia comigo, coisa de mãe.

Eu era uma daquelas grávidas que esquecia de se cuidar, para cuidar do bebê que ainda não tinha vindo, que deixava de comer na escola, para guardar o dinheiro do lanche para ir comprando o enxoval dela. Eu fazia coisas assim... e mesmo assim, tinha gente que falava que era mentira, que eu não estava grávida, que eu estava querendo deixá-lo triste, ou como alguns diziam, acabar com a vida “dele”.
Isso doía ainda mais, quando quem falava era alguém que se dizia meu amigo, ou amiga, bem que me avisaram, eu ia saber ali quem realmente era meu amigo, quem realmente se importava comigo. Foram poucos os que se preocuparam na realidade.

Mas adiantando um pouco a história, durante a minha gravidez, passei por muita coisa que não deveria, muito estresse, muito mal humor, muito desgosto, eu sabia que de alguma forma iria atingir meu bebê, sabia que de alguma forma ela iria sair mais prejudicada do que eu. Mas no fundo eu achava que nada de mal poderia acontecer a minha bebê, ela não tinha feito nada de mal para ninguém, ela era só um bebê que ainda nem tinha nascido. Como eu estava enganada!

Houve uma festa na escola, uma festa que fez meu mundo simplesmente ir ao chão, tudo começou quando fui pegar o bebê da coordenadora no colo e minha mãe falou: “Não basta já o que você carrega na barriga?! Ainda tem de ficar com as crianças dos outros no colo?!”, aquilo acabou comigo, só lembro de sentar no chão e chorar, e nesse choro eu por tudo o que não tinha posto para fora, não lembro exatamente o que aconteceu, mas lembro que uma amiga minha, a Hillarie, me abraçou e eu chorei, chorei muito. E ela simplesmente cuidou de mim naquele tempo, só me fez um carinho na cabeça e falou: “Calma, Lily tudo vai melhorar, pode confiar.”, foi naquilo que eu me apeguei durante o fim de semana. A “festa” foi no sábado, nunca vou esquecer como foi o meu domingo, minha segunda e principalmente minha terça-feira.

Nesses dias, senti que algo estava mais que errado, senti que algo que não deveria acontecer, ia acontecer, mesmo sem eu querer ia acontecer.

Durante esses dias, a última coisa que eu fazia era dormir, não conseguia, eu simplesmente tinha pesadelos horríveis sempre que cochilava.

Lembro que um desses pesadelos, alguém me tirava uma criança do colo e jogava de uma janela, sempre que lembro sinto arrepios na espinha.

No domingo, quando levantei, lembro de sentir uma dorzinha na barriga, mas nem liguei. Passei praticamente o dia todo no sofá da sala, estava cansada e não conseguia olhar direito pra minha mãe, pelo que tinha acontecido no dia anterior.

Na segunda de manhã, assim que levantei, senti a mesma pontada do dia anterior, só que bem mais forte, como minha mãe não estava em casa, e eu estava só, resolvi ir assim mesmo para a escola. Não consegui prestar atenção em absolutamente nada naquele dia, era só aquela dor que não me deixava em paz, era só aquilo que eu sentia, era aquilo que mais me preocupava, cheguei a chorar sem que ninguém percebesse, guardei aquilo só pra mim, se eu não tivesse feito isso, as coisas podia ter sido um pouco diferentes.

Passei a segunda-feira assim, fui dormir reclamando de dor. Na terça-feira quando levantei a mesma coisa, lembro que nem falei durante a aula naquele dia, tinha que ficar até mais tarde mas não consegui, vim pra casa, rezando, pedindo aos céus, para quê aquela dor insuportável me deixasse, e que não acontecesse nada com minha filha. Assim que cheguei na porta de casa, senti minhas pernas balançarem, não sei como arranjei forças para ir até o sofá, ali deitei um pouco. Foi aí que tudo começou, foi aí que senti que ia morrer.

Senti algo molhado e quente na minha perna, entrei em desespero, não sabia o que fazer, liguei para a minha mãe.

Ela, como eu disse anteriormente trabalha em um hospital, sendo assim consegui ir pro hospital bem rápido. Não lembro de muita coisa, só lembro de uma dor forte, e o medo, o medo de ficar sem minha filha.

Não sei o que aconteceu e nem como, mas eu lembro que escutei um choro, um choro que me cortou o coração, não era bem um choro, era quase um grunhido, não sei se dá para me entender, mas foi uma coisa que só eu sei como me senti a hora que escutei. Segundo um dos médicos, foi um choro, um choro de uma criança que tinha lutado, mesmo que sem querer, mesmo que sem saber, mas que salvou a mãe. Era a minha filha. Você deve saber que as crianças, na hora de um aborto sentem muita dor, então foi isso. Minha filha não morreu dentro de mim, conseguiram tirá-la viva de dentro de mim, como eu não sei, mas ela chegou a chorar.

Não sei o porquê dela ter feito isso, mas pelo que me explicaram depois, ela se esforçou para me salvar, se esforçou para dar sua vida no lugar da minha. Isso ninguém nunca vai conseguir fazer eu esquecer. Sabia que ela olhou na minha direção antes de ir? Sério, parece mentira, mas não é... ela passou segundos viva, mas passou, é isso que me dói o coração ainda mais, o fato da minha menina, ter dado a própria vida por mim.

Quando vieram me perguntar, se eu queria que enterrassem, ou que fizessem qualquer outra coisa, eu pedi para ver a criança, me falaram que não podia, chorei mais do que antes. No final das contas consegui ver o corpinho da minha bebê.
Ela era piquininha, relativamente “gordinha”, o médico me disse que se eu não tivesse perdido, iria ser uma das crianças mais saudáveis que ele ajudaria a por no mundo, não me segurei, abracei minha filha, eu sabia que ela estava morta, ainda dói dizer isso, mas eu não consegui me segurar, fazer o quê? Eu abracei minha filha pela primeira e última vez, ainda lembro de como ela estava fria, de como ela mesmo na gestação ainda já tinha uma penugenzinha na cabeça, foi de certa forma a melhor e a pior imagem que já vi. Ainda sinto muito falta dela, eu que já tinha comprado quase tudo, tive de dar TUDO, não fiquei com nada.
Isso é horrível.

Eu na minha inocência, quis falar com aquele que de certa forma seria o pai da MINHA filha, nossa, como doeu. Descobri que falaram pra ele, uma pessoa que se dizia minha amiga, que era mentira, que eu não estava grávida, QUE EU IRIA ME JOGAR DE UMA ESCADA fingindo que ia perder uma criança que não existia. Como ela pôde fazer isso? Não sei o porquê, só sei que quando mais precisei não pude contar com a ajuda de ninguém. Assim que desliguei o telefone, a única maneira que arranjei de falar com ele, chorei mais ainda, porque lembrei do que ele me disse quando contei que estava grávida: “Não quero ter filho, tira!”, isso devia ser considerado crime, crime só de pensar. A pena que eu cheguei a sentir dele, por ele estar mal e tudo o mais, virou raiva, ódio, coisas assim. E sempre me falaram, fui ensinada que não se deve ter esses sentimentos no coração, mas se fosse você? Você conseguiria? Muito provável que não.

Quando voltei da licença médica, mesmo assim falavam que era mentira, fui taxada, e sou até hoje, taxada de vagabunda, de golpista, de coisas horríveis, me chamam de coisas que nunca nem ouvi falar, mas fazer o quê? Não tenho força contra eles, minha força, para esse assunto, se foi junto com a minha filha.

E a culpa é toda deles, porquê, se não tivessem me incomodado tanto, se não tivessem me feito passar tão mal, de tão nervosa que fiquei durante a gravidez, eu estaria hoje com a minha bebê nos braços.

Os chamo de assassinos, porquê, ao menos na minha visão são, conseguiram tirar a vida de uma criança, o mais inocente dos seres, e o pior de tudo, da MINHA filha, isso eu nunca vou perdoar.

Hoje quando encontro com um deles na rua, me sinto mal, me sinto a pior das criaturas, por um dia ter trocado um Bom Dia, me sinto suja por ter feito isso..

Depois termino o que comecei a falar.
Porquê agora não dá mais.





N/A:
Pessoas!!! aqui tá o primeiro capítulo! Espero que vocês gostem, de coração. Espero estar fazendo um bom trabalho, para com vocês.
Ahhh!!! Não esqueçam de comentar...
P.s.:Mais pra frente vocês vão entender porquê eu não estou citando os nomes, mas vocês vão ficar sabendo, nome, idade, até endereço se quiserem..

BjoOs!!
Não esqueçam de comentar!!!


N/B: E o seguinte pessoinhas, deixe eu me apresentar, eu sou a beta, aqui na floreios, vocês vão me conhecer como Polaris, mas isso não vem ao caso, comentem ok? Comentários são sempre bem vindos e deixam à autora e a aparecida da beta felizes!

Beijos pessoinhas!!!

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