Capítulo único



- Eu quero a bola de futebol, tio!
- Remus! - disse entregando a bola, com um sorriso amarelo.

Aquela devia devia ser a quinta vez que aquele garoto brincava na barraca de tiro ao alvo e também a quinta vez que eu o informava que meu nome era Remus, não tio. Maldita foi a hora que inventaram de fazer essa quermesse, e mais infeliz ainda foi quando minha mãe resolveu me obrigar a participar dessa budega.

- Pai! Pai! - corri atrás dele quando o vi passando com milhares de caixas nos braços.
- Me ajuda a levar isso para sua mãe. - disse me entregando duas das cincos caixas.
- É sobre isso que quero falar. - aproveitei a oportunidade. - Eu já estou naquela barraca há horas, será que não posso ir embora?
- Fala com a sua mãe. - respondeu desviando das milhares de crianças que corriam de um lado para o outro.
- Pai, você sabe que ela não vai deixar. - insisti. Ele queria que falasse com a minha mãe porque não queria ser quem me daria um belo e grande 'não'.
- Remus, eu não posso fazer nada.
- Mas pai... - insisti novamente, vendo o quão próximo estávamos da barraca de doces e salgados da mamãe.
- Aqui estão, querida. - ele me ignorou, entregando as caixas que carregava.
- Ai, que bom! - ela exclamou colocando uma das caixas debaixo da mesa coberta por uma chamativa toalha vermelha.
- Aqui, mãe. - bufei, entregando uma das caixas que ainda segurava. Ela não me deixaria ir embora mesmo, pra que lutar?
- Remus, o que você está fazendo aqui? - bradou com as mãos na cintura.
- Ajudando...
- Você deixou a sua barraca vazia? - me cortou.
- Deixei, mas foi porque...
- Volta para aquele barraca agora! - gritou e eu não parei nem para entender a mensagem, conheço esse tom de voz.


- Hei, tio!
- É Remus! - corrigi novamente o garoto sem os dentes da frente.
- Tá bom, tio, eu quero brincar!
- Pois você só vai brincar quando acertar o meu nome! - fui rude, me sentando na cadeira medíocre que me arrumaram.
- Mas eu tenho um ticket! - ele bradou, balançando o papel na mão.
- Quer uma dica sobre o que fazer com ele?
- E algo que você faça com o ticket também, tio? - perguntou, insolente.
- Oh, pirralho, se você continuar falando isso você não vai brincar nem se tiver um saco de tickets! - retruquei.
- Pois eu tenho, e vou brincar SIM! - gritou, sacudindo um saquinho.
- SAI DAQUI! - balancei os braços, brutalmente. - SOME DA MINHA FRENTE! - apontei para a multidão à minha esquerda.
- TIA! ALGUÉM! - ele começou a chorar e esperniar.
- TÁ BOM! TÁ BOM! - quase joguei o maior urso da barraca no colo do garoto. - Fica com o urso e guarda o ticket pra você jogar em outro lugar!
- Obrigado, tio! - deu língua, indo embora.
- É Remus! - gritei e algumas pessoas pararam, me olhando assustados.
- É, a gente já sabe que o seu nome é Remus! - Sirius sacudiu a mão, rindo.

Ele estava há poucos metros de distância da barraca mas tinha dificuldade para se aproximar por causa das pessoas, indo e vindo das tantas barracas ali. Ele parou quase na minha frente quando uma garota de longos cabelos loiros o chamou.

- Emelina! - ele sorriu, encarando-a.
- Sirius! - ela disse sarcástica, logo depois, estalando os cinco dedos na sua cara e indo embora, balançando os cabelos.
- Mas o que? - ele perguntou, pondo uma mão na bochecha esquerda.
Deu de ombros e continuou a vir até mim, fazendo caretas com a mão ainda no rosto.
- Sirius. - cumprimentei.
- Black! - outra garota, dessa vez de cabelos castanhos ondulados, o chamou.
- Marlene!

Ele se virou, abrindo os braços em um movimento amplo sorrindo como antes, enquanto ela dava duas passadas grandes até ele. Parou, analisando por um segundo a bochecha com marca de dedos, em seguida espalmando a mão - com um anel no anelar - na outra.

- Marlene? - ele perguntou atônito, vendo-a abrir caminho pela multidão.
- Tapa de primeira esse. - sorri, fazendo joinha. - Qual dos dois você mereceu? - perguntei quando ele parou na minha frente, com as duas mãos no rosto.
- Os dois. - respondeu, após pensar um pouco.
- Animada a noite, não? - perguntei entediado, apoiando o rosto na mão.
- Quê isso, companheiro! - Sirius exclamou. - Olha que festa maravilhosa! - ele correu o braço no ar, mostrando-me o que considerava 'maravilhoso'.

Ele diz isso porque nessa espécie de festa ele pode usar a sua vasta coleção de camisas xadrez sem que o chamem de brega. Já que tirando isso, não há nada de maravilhoso em: crianças correndo, crianças gritando, pais correndo atrás de crianças que correm deles enquanto choram, velhos rindo, garota com uma lua no arco... garota com lua no arco?

Ajeitei minha postura, cerrando os olhos para enxergá-la melhor. Não existia nenhuma garota de cabelo rosa com uma lua no arco ali há poucos minutos atrás. Não mesmo! Esfreguei meus olhos, retomando o foco segundos depois e ela ainda estava ali. Com a lua na cabeça e tudo.

- Quando você entrou na barraca, Sirius? - perguntei, vendo-o sentado na minha cadeira.
- Aquele garoto sem o dente da frente veio aqui, querendo brincar e você o ignorou, então eu entrei para ele poder jogar. - respondeu. - Muito engraçado esse garoto! - riu consigo mesmo.
- Que barraca é aquela? - perguntei, apontando para onde a garota da lua estava.
- Não aponta, não, idiota! - ele me deu um tapa braço, se escondendo atrás de um enfeite.
- Por que? Mas a garota da lua está lá.
- A Emelina e a Marlene também! - sussurrou, olhando por cima do enfeite.
- Que barraca é aquela? - revirei os olhos, puxando-o de seu esconderijo.

Nesse momento, as duas garotas que haviam deixado sua 'pequena' marca em Sirius saíram de dentro daquela barraca, a única completamente coberta com direito a porta e recepcionista: a garota de cabelo rosa com arco de lua. Elas olharam diretamente para Sirius, que se encolheu ao meu lado. A loira revirou os olhos, saindo de lá sem olhar para trás, já a outra parou para encará-lo. Sirius sorriu tímido e ela arqueou uma sobrancelha, fazendo um gesto obseno para
ele em seguida.

- Eu acho que elas te amam. - zombei.
- Não tinha outro lugar para você colocar a sua barraca não, Lupin? Tinha que ser logo na frete da barraca delas! - resmungou.


Ela franziu o cenho, fazendo uma pequena careta. A garota da lua, quero dizer. Eu não sei o nome dela, e é assim que a chamarei.

Marlene e Emelina conversavam com ela, e de vez em quando ela franzia o cenho e chegava até a fazer caras de dor, e em seguida olhava de soslaio para o Sirius. Que ainda estava sentado na minha cadeira, recusando-se a sair dali. Ela cerrou os olhos, mostrando a língua, enquanto balançava a cabeça e bagunçava seu cabelo intensamente rosa.

Eu estou simplesmente encantado com suas caretas. Idiotas sim, porém encantadoras. Sorri involuntariamente e ela fez o mesmo, levantando-se da sua cadeira - que era bem mais confortável que a minha - e desamarrotando seu vestido florido. Percorri o olhar por ela, chegando aos seus pés, os quais ela passava um sobre o outro, sujando ainda mais seus All Stars amarelos.

O mesmo garoto sem dente, que já tinha ganhado quase metade das prendas da minha barraca, se aproximou sorridente sacudindo um papelzinho rosa na mão. A garota da lua o encarou por alguns segundos, as garotas aos seu lado começaram a rir, enquanto ela ainda gentil balançava a cabeça negativamente, fazendo o menino sair resmungando.

- Afinal, que barraca é aquela? - perguntei, porém Sirius não me deu atenção, atendendo ao seu telefone que tocava.

Fitei a barraca novamente e vi um rapaz, que aparentava ter uns dezesete
anos, entrar após entregar sua ficha rosa. Okay, eu era capaz de solucionar essa.

Ficha diferenciada - comecei a contar nos dedos -, crianças não podem entrar mas rapazes sim, e esse devia ser o quarto que entrava ali, alguns entravam até mais de uma vez. Esse, por exemplo, devia ser cliente vip pois essa já era sua quinta vez.

- Sirius, que raios é aquela barraca? - perguntei, mesmo que ele ainda estivesse falando no celular.
- É a barraca do beijo, Remus. - respondeu rápido. - Tá, tia, eu vou chegar em casa cedo hoje! Não, a senhora não precisa me ameaçar desse jeito. - resmungou, e eu fiquei encarando-o, ainda sem entender a história.
- Barraca do beijo?
- É, Remus, barraca do beijo. - ele disse depois de desligar. - Você ainda lembra o que é um beijo, certo?
- É claro que eu lembro, seu idiota. - o bati. - Mas o que ela está fazendo na barraca do beijo?! - perguntei incrédulo.
- Ela quem?
- A garota da lua. - respondi e ele a fitou.
- Beijando? - arqueou uma sobrancelha me encarando. - Porque, até onde eu saiba, é o que se faz na barraca do beijo.
- Não! A menina da lua não está beijando ninguém! - afirmei.
- Como você pode ter certeza disso? A barraca do beijo está bem movimentada.
- Eu sei, dá licença? - resmunguei, voltando minha atenção para ela novamente.
- Como você pretende falar com ela? - Sirius parou ao meu lado se debruçando sobre o balcão.
- Cartas. - respondi a primeira palavra que me veio a mente. - Cartas anônimas para dizer o quanto eu gosto do seu sorriso... - disse vago.
- Você o que?
- Como gosto da lua na sua cabeça, dos seus olhos brilhantes, dos All Stars sujos, de seu cabelo completamente rosa. - suspirei. - Das caretas.
- Cartas? - Sirius me encarava, confuso.
- Eu realmente amo seu sorriso. - disse depois dela sorrir novamente para o garoto sem dente, que continuava insistindo na tentativa de ganhar um beijo. Porém ela negou, e ele veio resmungando até minha barraca.
- Deixa eu brincar de novo, já que não posso ganhar um beijo. - reclamou.
- Correio do amor! Correio do amor! - uma garota vestida com uma roupa rosa berrante passou, gritando.
- Você não se cansa, não, menino? - perguntei.
- Eu já volto, Remus. - Sirius me deu um tapa no ombro, sorrindo de orelha a orelha.
- Tá. - o garoto respondeu.


- Correio do amor. - o vocalista do grupo que se apresentava anunciou. - De Jordan para Elizabeth. - disse com voz de locutor. - Você liga meu coração, gatinha. - completou e todos riram. - De Caroline para Jordan, você me aquece por inteira.
- De Sirius para Emelina.
- disse, e eu direcionei plena atenção ao que viria a seguir. - Loirinha dos olhos de mel, suas bochechas coradas me levam ao céu. Não sei o que fazer, ao seu lado me sinto derreter. - terminou. - Bela rima. - tentou não rir, como a maioria fazia. - O próximo. - remexeu nos papéis que segurava.
- De Sirius para Marlene. - falou, e eu arregalei os olhos. O Sirius queria morrer, fato. - Menina com cachinho no cabelo, que me deixa sem ação. Não sei o que é isso, mas toda vez que te vejo perco a razão. - completou, agora rindo um pouco mais abertamente. - Esse Sirius tá se dando bem. - comentou e o garoto sem dente gritou do meio da multidão.
- Foi ele quem tomou os dois tapas mais cedo!
- Pô, parece que você realmente não tem amor próprio, Sirius. - ponderou. - Agora, do menino da barraca de tiro ao alvo para a garota da barraca do beijo com uma lua na cabeça. - arregalou os olhos depois de terminar de ler.

Todos os conhecidos da família que eu havia encontrado até agora voltaram seus olhares para mim, parecendo surpresos. Eu estranhei e só percebi que aquilo era comigo quando o cara voltou a falar.

- Morena sorridente que faz minha covinha aparecer, as estrelas no meu peito não brilham mais do que você. - gargalhou alto. - Quem é o garoto do tiro ao alvo?
- REMUS! - o maldito garoto gritou. - O NOME DELE É REMUS!
- Isso aê, Remus, essa foi... - parou quando ouviu minha mãe pigarrear na frente do palco. - Próximo recadinho.

- SIRIUS! - o chamei, escondido atrás do balcão. - Sirius!
- Caraca, essa foi ótima! - suas gargalhadas se aproximaram, antes mesmo que ele aparecesse no meu campo de visão.
- Sirius, seu filha da puta! Vem aqui! - sussurrei, com metade da cabeça aparecendo por cima da mesa.
- Oi, Remus? - ele se debruçou.
- Sirius, o que você achou que estava fazendo? - o puxei pelo colarinho. - Que porra foi essa? - perguntei exasperado.
- Eu estava te ajudando, cara. - tentou se defender, mas ainda ria.
- Como ela está? - perguntei preocupado com a reação dela.
- Quem? - ele perguntou.
- A garota da lua. - disse, tirando-o da minha frente para poder olhá-la.

Ela estava olhando diretamente para mim, e eu me desesperei, voltando a colocar Sirius na posição anterior.

- Mas você nem sabe o nome dela! - Sirius resmungou, tentando se levantar.
- Você acabou com todas as chances que eu poderia ter algum dia! - sussurrei.
- Remus, dá pra gente sair de trás do balcão?
- Não! - exclamei. - Agora a garota da lua deve estar rindo de mim!
- Você quer saber o nome dela? - ele perguntou me encarando.
- Claro que quero, idiota!
- Então tá! - ele se levantou brusco, saindo da barraca.
- Sirius! - sussurrei, chamando-o, enquanto ele caminhava firme até a garota da lua. - Sirius! - chamei mais alto, e ela desviou o olhar de Sirius para mim, sorrindo.

Ela devia estar achando que eu era uma pessoa com deficiências psicológicas, só pode ser! Ela está sorrindo para mim como sorria para o garoto sem dente.
Abaixei novamente, me escondendo dela, como o completo idiota que sou.

- Pronto! - Sirius voltou, sorrindo como nunca. - O nome dela é Nymphadora.
- O que você achava que estava fazendo? - não parei para pensar. - O que? - perguntei depois de entender o que ele tinha dito.
- O nome dela é Nymphadora. - repetiu, como se fosse uma das maravilhas do mundo ele ter descobrido o nome de uma garota. - Mas ela disse que é para você chamá-la de Tonks, porque ela detesta o primeiro nome dela.
- Como assim 'eu' - apontei para meu peito. - Posso chamá-la de Tonks?
- Ela falou que Tonks é um nome horroroso, então você pode... Por que ele pode andar de pernas de pau e eu não? - mudou de assunto repentinamente, apontando para um palhaço que passava.
- Hãn? - perguntei. - Continua falando da Tonks.
- Hãn? - ele voltou a me encarar.
- A Tonks, continua.
- Eu não lembro mais. - abanou a mão.
- Remus! - minha mãe apareceu esbaforida. - Eu preciso da sua ajuda!
- Por que não o Sirius? - perguntei enquanto ela me puxava pelo braço.
- Isso, vem você também! - ela puxou uma garota da barraca de pinturas no rosto.
- Hãn? - Nymphadora me encarou.
- Caçula dos Tonks? - minha mãe perguntou, e ela confirmou. - Ah, que ótimo, adoro sua mãe.


Para frente e adiante, era nisso que meu campo de visão se resumia. Eu não ia olhar para nada que não fosse a minha frente e as comidas na mesa. E os eventuais fregueses que ali apareciam. Monótono, eu sei, mas sempre existirá o Sirius para alegrar os meus dias.

Como meu campo de visão se resumia a isso, e o máximo que eu fazia era me virar para a esquerda, pude ver Sirius sair da barraca do beijo acompanhado de Emelina, sorrindo idiota.

Assim como, minutos depois, o vi sair de trás de uma das muitas árvores do jardim acompanhado de Marlene, com o rosto e pescoço completamente vermelhos. Ele veio na minha direção com o sorriso muito maior que seu rosto, e acho que foi por isso que ele não viu as duas meninas se aproximando, juntas.

- Sirius. - as duas falaram ao mesmo tempo.
- Emelina? Marlene? - dei um passo pra trás, percebendo o perigo da situação.

E não deu outra, assim que ele se virou, Emelina tornou a cravar os cinco dedos na sua bochecha, dando passagem para Marlene que fez o mesmo. Após dar o tapa, ela virou o copo de refrigerante que segurava na cabeça dele. E como se quatro tapas em uma noite só já não fosse o suficiente, ele terminou com refrigerante derramado na cabeça.

- Seu amigo não é mole, hein? - ela perguntou enquanto eu ria.
- Você não imagina as coisas terríveis que ele pode fazer. - respondi. - Foi ele quem fez aquela riminha para você.
- Ah. - ela me encarou, meio boquiaberta.
- Eu sei, era idiota. - disse, revirando os olhos.
- Não. - ela falou sorrindo. - Eu achei bonitinha, eu sempre quis receber um correio do amor. - ficou sem graça.
- Não está faltando um pedaço da sua borboleta, não? - perguntei, fitando sua bochecha.
- A sua mãe... - respondeu, revirou os olhos.
- É, ela faz essas coisas as vezes. Como essa camisa. - disse passando a mão pelo meu corpo.
- Eu gosto de estrelas. - ela disse.
- Eu gosto de lua. - disse, fitando seu arco, e ela abriu um sorriso grande.

Corei dos fios de cabelo até as unhas do pé, e virei meu rosto para a esquerda.
O que foi definitivamente pior, pois me deparei com meus pais entre carícias numa mesa próxima.

Ai, que nojo.

Voltei a olhar para a frente enquanto Tonks terminava de atender um casal. E lá estava o garoto sem dente, jogando pipoca para o alto, como se quisesse fazer parecer que elas caiam do céu.

- Cadê os pais dessa criança? - perguntei, vendo-o cantarolar uma música bem imprópria para sua idade.
- Remus! - Tonks chamou rindo, e eu me virei para ela, porém aquele 'Remus' não era para mim; pois logo o desdentado parou na sua frente. - Pare de jogar as pipocas para o alto. - sorriu, e ele corou, a obedecendo em seguida.
- Hun hun. - ouvimos um som agudo, e olhamos para o palco.
Lá estavam Marlene e Emelina, se segurando para não cair na gargalhada
- Temos um último e atrasado correio do amor. - Marlene disse.
- Da morena sorridente para o garoto da camisa estrelada. - Emelina disse, forçando a voz para parecer de locutor.
- Garoto da covinha encantada, que me fez ficar deslumbrada.Você carrega estrelas no peito, que quando vejo fico até sem jeito. - leram ao mesmo tempo, e eu me virei para Tonks que se afundou numa cadeira, entre sussurros e murmúrios.
- Parece que nós dois temos amigos malucos. - disse baixo, com as bochechas completamente vermelhas.
- Não precisa ficar sem graça, você gosta da minha camisa estrelada mesmo. - disse tentando descontrair o clima que havia ficado entre nós. - Tanto quanto eu gosto da lua no seu arco e do seu cabelo rosa. - sorri e ela correspondeu, voltando a ficar em pé.
- AH! - ela exclamou de repente. - Um vaga-lume! - ela apontou um dos vários vaga-lumes que voavam no jardim, em volta de todo o sítio onde a quermesse acontecia. - Pega um pote, Remus! - ela exclamou.
- O que?
- Pega um pote para a gente poder pegar um vaga-lume! - ela gesticulava enquanto pedia pelo pote.
- Aqui. - disse estendendo a mão com a qual segurava o tal pote.
- Vamos! - me puxou, indo para a parte do jardim onde mais havia vaga-lumes.

Ela pulava segurando o pote em uma mão e a tampa em outra, tentando capturar alguns vaga-lumes, porém toda vez que ela se aproximava eles fugiam, voando mais alto.

- Volta aqui! - ela pedia com os braços esticados no ar.
- Por que você estava trabalhando na barraca do beijo, Tonks? - me dei o direito de perguntar.
- Eu estou ajudando minha mãe a arrecadar fundos para o orfanato de Leeds, e queria ficar com as minhas amigas, então me colocaram como recepcionista da barraca do beijo. - ela respondeu ainda concentrada em pular. - E você?
- Minha mãe me obrigou. - respondi, sem jeito.
- Tudo bem, você não é o único. - ela disse, sorrindo, enquanto tirava uma mecha de cabelo rosa do rosto.

Ri, olhando a minha volta e percebendo que realmente havia muitos daqueles bichos por ali. Meu olhar se prendeu a uma árvore, onde na folha, um vaga-lume descançava sem se preocupar com a vida. Aproximei-me lentamente, fechando minha mão à sua volta, aos poucos. Conseguindo prendê-lo entre minhas mãos.

- Tonks, corre aqui com o pote! - exclamei.
- Você pegou um? - ela parou ao meu lado corada e ofegante.
Confirmei com a cabeça, colocando-o dentro do pote, o qual Tonks tampou rápido evitando a fuga da inseto. Ela sorriu e jogou os braços em volta do meu pescoço, me abraçando forte.
- Obrigada, Remus! - disse quando nos separamos.
- De nada.
- Viu, nós fazemos uma boa dupla! - riu.
- Claro, afinal, estrelas e lua combinam! - a acompanhei.
- Você não acha que vaga-lumes são bichinhos adoráveis? - disse após parar de rir, admirando seu mais novo bichinho de estimação. - Eles são tipo estrelas, tem luz própria mas estão ao alcance da sua mão. Além de também poderem voar, o que os torna mais divertidos ainda. Eu sempre quis ter um vaga-lume mas nunca consegui pegar um! Esse é o melhor presente que eu poderia receber no meu aniversário, só que ele veio um pouco antes, já que meu aniversário é só semana que vem...

Ela continuou falando porém eu já não entendia mais o que ela dizia. Pois meu olhar oscilou do vaga-lume preso para sua boca, que se movimentava rapidamente. O mundo a minha volta pareceu sair de foco enquanto eu pensava em coisas sem sentido relacionadas à Tonks.

Então, eu roubei um beijo.



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NA/
Bem, mais uma.
Eu não resisti e acabei postando aqui, depois de fazer umas pequenas mudanças na história. A original não era com eles e nem era para cá. Mas o site que eu posto regularmente não aceitou, dizendo que ela tinha sido escrita para o Challenge e algumas merdas assim, então...
Mas é isso. Comentem, porque há uma pequena possibilidade de ter uma segunda parte. É só eu e a Rafaah pararmos de inventar histórias. ;)


Para a Fletcher mais amada do mundo. :)
Kiinha



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