A fuga de Hermione



Longe da mansão dos Taylor, em uma cidadezinha... Estranha talvez... Uma jovem de cabelo castanho analisava atentamente um letreiro luminoso, onde se lia “Apenas hoje: The Beatles-Cover”. Com as malas, uma de cada lado de seu corpo, ela fica um bom tempo perdida naquele letreiro. A chuva caía irritantemente em sua cabeça e seu nariz já começa a ficar congestionado. Um barulho chamou sua atenção e ela foi para a beira da calçada, fazendo sinal supostamente para o nada.

Um ônibus, roxo berrante, de dois andares, apareceu do nada e parou. A porta se abriu e um jovem (bonito, Hermione devia admitir), saltou para a calçada. Fez uma reverência exagerada e disse:

_Bem vinda senhorita, qual seu destino?

Hermione não sabia para onde ia. Olhou suas malas prontas e pensou várias vezes antes de dizer:

_Rua dos Alfeneiros... Por favor.


*********************************************************************
Emilly arrumava suas malas ao som de uma banda troucha excelente, chamada The Beatles. Seu pai sempre odiou essas “tecnologias trouchas” como microsistems e tudo mais, mas essas coisas sempre fascinaram a jovem.

I think I'm gonna be sad.
Eu acho que vou ficar triste
I think it's today.
Eu acho que vai ser hoje
Yeah.
The girl that's drivin' me mad
A garota que está me enlouquecendo
Is goin' away.
Vai embora



Abriu o closet com desânimo, analisou cada peça ali presente. “Porque eu deveria escolher as melhores? Não estou saindo à passeio!”, mas não resistiu e, com um movimento leve da varinha, fez todas as roupas flutuarem até seu malão.

She's got a ticket to ride.
Ela tem licença para dirigir
She's got a ticket to ride.
Ela tem licença para dirigir
She's got a ticket to ride,
ela tem licença para dirigir
But she don't care.
Mas ela não liga.


Sem aviso, Eryn entrou no quarto. Sentou-se na cama da irmã e disse:

_Eu não quero ir para essa escola de quinta!
_Que coincidência, eu também não!
_Precisamos fazer algo Emilly, ele não pode controlar nossas vidas assim!
_Tenho uma notícia ruim para você: sim, ele pode. Será por que?? Hum... Ah sim! ELE É NOSSO PAI!
_Não é nosso dono!
_Você trabalha?
_Não.
_Tem como se sustentar?
_Não.
_Cria suas próprias roupas?
_Não.
_Então, irmãzinha, _ nesse momento, Emilly praticamente arrancou a irmã de sua cama e a empurrou até a porta, dizendo antes de bater a mesma:_ Cala a boca e simplesmente aceite.

Fechou a porta com grosseria e voltou aos seus afazeres, sem se esquecer de aumentar o som.



She said that livin' with me
Ela disse que viver comigo
Was bringin' her down.
Estava deixando ela mal
Yeah.
She would never be free
Ela nunca seria livre
When I was around.
Enquando eu estivesse a sua volta


She's got a ticket to ride.
Ela tem licença para dirigir
She's got a ticket to ride.
Ela tem licença para dirigir
She's got a ticket to ride,
Ela tem licença para dirigir
But she don't care.
Mas ela não liga




**********************************************************************************

Hermione acordou com as fortes cutucadas que alguém lhe dava no ombro.

_Senhorita, já chegamos ao seu destino.

Ainda sonolenta, ela olhou pela janela tentando reconhecer onde estava. Nunca havia ido até a casa do Harry, só sabia onde era a rua por que o ouviu comentando várias vezes.

Sem mais demora, ela pegou suas malas e desceu do Noitibus, vendo-o ser engolido pela escuridão e desaparecer. O silêncio agora era total. Olhou seu relógio e constatou: eram 2h da manhã. Um vento frio tocou seu rosto, fazendo a jovem estremecer e sentir medo. “Ah Harry! Cadê você?” Olhou as casinhas muito parecidas, a grama retinha.

Caminhou sem rumo certo, seguindo a rua reta. Ouviu miados, latidos, pios de corujas. Sentiu o coração acelerar quando um par de olhos brilhou numa moita, mas acalmou-se quando viu que era apenas um gato. Cansada de caminhar, sentou-se no banco de uma praça e começou a chorar. O que estava fazendo ali? Que loucura fora aquela, fugir de casa? Estava louca?

Mas, agradecia a Deus pela chuva ter parado. Respirou fundo e começou a pensar, tinha certeza de que Harry havia comentado o número de sua casa, ele tinha que ter comentado. De repente, um barulho de asas cortando o ar a alertou. Olhou para o céu de imediato e sentiu como se aquela coruja branca fosse seu raio de esperança. Pegou suas malas e começou a correr, seguindo a coruja branca. Torcia para que ela estivesse indo para casa, não saindo para a caça. Foi então que viu o que parecia ser um rato no bico daquela ave. Acelerou a corrida e quase deu um pulo de alegria ao ver a coruja entrando por uma janela e esta sendo fechada em seguida por um garoto de óculos e cabelos bagunçados. Não conseguiu mais segurar a euforia e o chamou:

_HARRY!

O garoto interrompeu o que estava fazendo e olhou a rua. A princípio não viu ninguém, mas logo reconheceu a amiga, que agora acenava freneticamente.

_Ah meu... Deus!

Desceu as escadas correndo e abriu a porta mais rápido ainda. Não acreditava no que via: Hermione estava ali, na porta da sua casa! Correu até ela e lhe deu um abraço apertado, o qual ela retribuiu com carinho.

_O que está fazendo aqui? Como veio parar aqui? Aconteceu alguma coisa? Você está ferida?_ ele perguntou afastando-a um pouco de si.

_Calma, uma pergunta de cada vez! Eu preciso de ajuda Harry, e só você pode me ajudar. Por favor!

Harry não sabia o que fazer, afinal tinha os seus tios como obstáculo.

_Olha, vamos para o meu quarto. Lá conversaremos melhor.

No mais absoluto silêncio, eles foram até o quarto de Harry. Hermione jogou-se na cama, cansada. Respirava aliviada por ter achado o amigo. Harry a observou por um momento e disse:

_Antes de você me explicar o que está acontecendo, troque de roupa. Está toda molhada!

Hermione sentou-se na cama e olhou ao redor. Sentiu-se corar quando disse:

_Aonde eu posso me trocar?

Harry também analisou o próprio quarto e constatou a ausência de um lugar para a garota se trocar. Não podiam fazer feitiços fora da escola. Então disse, por fim:

_Eu vou até a cozinha preparar algo quente para você tomar, enquanto isso você pode ficar a vontade.

Dizendo isso, ele saiu tomando cuidado para não ser ouvido. Hermione foi até uma de suas malas e escolheu uma roupa bem quentinha, tinha sorte de ter lançado um feitiço impermeável em suas malas no último ano, senão tudo estaria molhado.

Assim que terminou, caminhou até a janela e olhou o horizonte. Devia ser umas 3h da madrugada. Harry voltou ao quarto trazendo um chocolate quente e biscoitos.

_Obrigado, mas você se arriscou, e se eles acordassem?
_Tenho a sorte de cada um deles roncarem alto e dormirem como uma pedra. Agora me conte, o que aconteceu?

Hermione não respondeu de imediato. Tomou um gole revigorante do chocolate quente, sentindo cada gota da bebida esquentar cada pedacinho de seu corpo. Harry continuava sério, esperava por respostas, que vieram a seguir:

_Eu... Fugi de casa. Eu tive que fugir.
_Por quê?
_Fomos atacados. Comensais... Entraram e nos atacaram.
_Você lutou contra eles?
_Não. De repente eles ficaram em silêncio e depois sumiram.
_E como estão os seus pais?
_Eles não se feriram, mas por precaução eu pedi para que eles saíssem do país. Devem estar na casa da tia Mary, na Escócia. Só sei que assim que partiram, eu não pensei duas vezes e saí de casa. Disse à eles que iria logo depois, primeiro eu queria ver o Dumbledore, mas era tudo mentira. Mandarei uma carta assim que chegarmos em Hogwarts... Tava delicioso Harry, obrigado.

Hermione colocou a xícara na mesinha de cabeceira do rapaz. Harry estava impressionado com a força e coragem da amiga. Ela por sua vez, voltou a olhar a analisar a rua pela janela .

_Parece ser um lugar tranqüilo para viver...
_Sim, quando você mora com alguém que gosta eu acho que sim.

Hermione sorriu tristemente e sentou-se ao lado do amigo. Não sabia bem o porquê, mas ao olhá-lo nos olhos, sentiu seu coração disparar por um momento e, por isso, desviou seu olhar rapidamente. Harry, por sua vez, tocou-lhe o queixo e a fez olhá-lo. Ia falar algo, quando a porta do seu quarto se abre violentamente.

_O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?

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