"Você não é gay!"
Domingo, 05h30min p.m., Plataforma nove e meio
Narrador
Os pais já se despediam dos filhos que iam entrando na grande locomotiva vermelho vivo com destino a mais um exaustivo ano letivo para os alunos.
As famílias Weasley e Potter despachavam suas três crianças, os pais orgulhosos e as mães com lágrimas nos olhos. Aqueles três adolescentes tinham certeza que suas costelas jamais seriam as mesmas depois daqueles mortais abraços maternos.
Um pouco longe dali, o herdeiro Malfoy observava a tudo calado. Seu pai e seu avô estavam sérios e indiferentes como de costume, sua avó séria e com uma expressão de asco no rosto ao observar algumas crianças correndo por ali. A única pessoa que se despediu dele com algo mais significativo do que palavras foi sua mãe, que depositou-lhe um beijo tímido na testa alva.
E assim os quatro adentraram na locomotiva. Três juntos e rindo e um sozinho e calado. O maquinista deu a partida, deixando para trás famílias chorosas e outras aliviadas.
Após uma hora e meia os três primos já estavam impacientes. O amigo sonserino já deveria ter ido se juntar à eles naquela cabine.
Kevin
_ Martha, quer parar de ficar no meu pé! – “Ô chiclete!”
_ Mas Kevin a gente precisa patrulhar junto. Eu sou monitora também!
_ Escuta aqui sua grudenta imprestável, quer fazer o favor de patrulhar essa droga de vagão e parar de ficar no meu pé? Eu não gosto da sua companhia! Entendeu ou quer que eu desenhe? [n/a: agressivo, né? Escrevi isso ouvindo Blind Melon...].
Que foi? A mulher-chiclete vai chorar agora? Isso, se manda urubu!
_ Você não podia demorar mais um pouquinho? – “A ruiva já começa reclamando... alguém tem tinta preta ai?”.
_ Martha.
_ De novo?
_ Aham, Tony.
Ryan
Eu não acredito que ele dispensou Martha Flint! Tá, ela é uma sonserina metida, mas é bem dotada, se é que você me entende...
Essa cara é esquisito. Bonito, mas esquisito.
BONITO? Que merda é essa Ryan Potter?
_ Conseguiu o vira – tempo, Anne? – “Que voz, cara... TE CONTROLA!’
_ Aqui ele. Não foi tão difícil de conseguir.
_ Valeu. – “O sorriso também é... ah, esquece!”
Narrador
_ Ok, agora vamos ao que interessa: a gente não tem um nome e sem um nome não tem como se inscrever no festival e precisamos de quatro músicas no mínimo. – Anne começou a arquitetar os planos da ‘banda’.
_ As músicas cada um podia fazer uma. – sugeriu Ryan. Kevin olhou para ele, mas assim que os olhares se conectaram o sonserino desviou corado e o grifinório tinha o cenho franzido.
_ Ok, mas e o nome? – Tony quebrou um silêncio curto, mas que para os outros dois garotos parecia enorme.
_ já sei! – a ruiva quase berrou com um sorriso.
_ Qual? – Tony tinha um sorriso bobo ao ver a alegria da namorada.
_ Me dá um papel.
Ele tirou um papel de um caderno que carregava junto e ela pegou uma caneta e começou a rabiscar uma caricatura dos quatro e algumas letras desenhadas em uma fonte inventada pela ruiva. Com um sorriso radiante, entregou a folha para o namorado, que olhou e sorriu.
_ “Rockwarts”?!
_ É, a mistura de ‘rock’ com ‘Hogwarts’. Afinal foi lá que a gente começou a tocar junto. Que acham?
Os outros três concordaram e eles começaram a bolar planos para os ensaios. Teriam de encontrar um horário depois das sete, que era mais ou menos a hora que os quatro saíam dos empregos. Acontece que as nove horas eles teriam de ir jantar, então as dez horas todos eles se encontrariam no banheiro feminino, de lá iriam para a Câmara Secreta e ensaiariam até a meia-noite.
_ Certo então. Ah, Ryan e Kevin vocês conseguiram trazer seus instrumentos?
_ Eu consegui diminuir o baixo e coloca-lo no malão.
_ Mamãe me deu um malão maior e coube a guitarra.
_ Ótimo. A bateria, o microfone e as caixas de som já estão na Câmara o mesmo. – Anne tinha um brilho maníaco nos olhos a medida que o plano deles começava a se consolidar.
_ Tem alguém ali fora. – Tony apontou para a porta da cabine deles de onde podia-se ver nitidamente a sombra de uma pessoa de uns treze anos.
Como era monitor e teria de inventar uma desculpa para justificar sua presença em um vagão com grifinórios, Kevin levantou-se e abriu a porta. Uma garotinha trajando vestes da Sonserina e extremamente parecida com a sonserina que Kevin discutira anteriormente estava parada, agora com os olhos arregalados para o sonserino que apresentava um face gélida. Julie Flint.
_ O que faz aqui? – uma voz cortante saiu da boca do loiro. Tony já estava acostumado com as ‘encarnações’ de Lucius Malfoy do colega de ano, mas Anne e Ryan gelaram com a entonação do amigo.
_ Me disseram que você estava aqui com grifinórios. Martha não vai gostar disso. – a garotinha tentava passar prepotência, mas sua voz tinha um tom de medo.
_ Eu estou pouco me importando com a opinião da cretina da sua irmã. Faço o que bem entender e converso com quem eu bem entender e se eu quiser dar uma bronca nesses três grifinórios não é da sua conta. E se por acaso essa historinha chegar aos ouvidos de algum sonserino eu transformo a sua vida patética em um inferno Julie Matilda Flint. Fui claro. – a garotinha balançou a cabeça afirmando. Seu rosto estava branco. – ótimo. Agora suma daqui.
A garotinha saiu e o sonserino fechou a porta e encarou os amigos. O tom cinza de seus olhos já ia sumindo e dando lugar a um azul calmo. Ao ver as expressões de medo de Anne e, principalmente, Ryan, seu rosto ganhou um tom rosado.
_ Me desculpem por isso. – disse sem jeito coçando a nuca.
_ Eles vão se acostumar. – brincou Tony.
_ Bem eu já vou indo antes que a Sonserina inteira apareça aqui. – e abrindo a porta sumiu pelo corredor.
_ Eu não sei por que, mas eu tenho a leve sensação de que o Kevin não deveria estar na Sonserina. – comentou uma Anne mais calma.
_ Ah, mas ele não é tão bonzinho sempre. Tira ele do sério pra você ver uma réplica mais nova do avô dele.
_ Eu vou dar uma volta. – o caçula dos Potter abriu a porta da cabine e saiu deixando o casal de namorados a sós.
Anne e Tony se entreolharam e sorriram ao mesmo tempo. Anne sentou-se mais perto do namorado. Um sorriso maroto tomava seus lábios rosados.
_ Você viu como eles se olhavam?
_ Aham.
_ Você acha que o seu irmão e o Kevin... er... você entendeu!
_ Não sei. Eu nunca vi o Kevin com garota nenhuma e olha que umas garotas muito bonitas do nosso ano dão em cima dele e o Ryan... Bem, o Ryan é um galinha que já ficou até com meninos. Não duvido nada que possa haver alguma coisa entre eles.
_ É um casal bonitinho.
_ Você tem cada idéia.
Kevin
Droga! Por que eu tenho que encontrar logo ele aqui fora, hein? Por que ele não ficou lá naquele vagão com a Anne e o Tony? Merda! O sorriso dele faz quase as minhas pernas derreterem e eu sei que o meu coração não deveria disparar desse jeito. E, Merlim, como eu queria ser um daqueles babacas da Corvinal para ficar tão próximo a ele e vê-lo rir desse jeito.
Mas você não é gay, Kevin Alexander Malfoy! Você não é gay! Não é porque fica desse jeito perto do Ryan que você é obrigado a ser gay! Você pode ser... Bissexual. É isso, você é bissexual. Gay não, bissexual sim. Isso. Tá decidido.
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N/A:
E... pessoas apareceram ♥
Enfim, eu sei que slash não é aceito pela maioria, mas o lugar onde eu costumo postar fics de bandas parece ser tão mais... aberto.
Acontece que eu não quero deixa a F&B... é a terceira vez que eu retomo um cadastro aqui... eu amo esse lugar (L)
E eu vou continuar.
Kevin <3 [eu amo ele]
E Juh, não precisa comentar cinco vezes pra cada capítulo... ♥
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