Exílio



A Chave de Portal os transportou para dentro do quarto de Gina. Auscultaram com atenção, tentando adivinhar se a chegada fora notada, mas aparentemente estavam seguros. Gina foi até a porta e a abriu, dando passagem a seus companheiros para que ganhassem o corredor. Em seguida, com muito cuidado, desceram as escadas. Podiam ouvir vozes vindas do andar inferior, mas não conseguiam ouvir claramente o que diziam. Quando chegaram ao final da escada, o som da conversa vinda da cozinha ficou mais clara e foi possível entender o que se dizia.


- Mas como isso é possível? Como foram deixar a Gina fugir deste jeito, nas condições em que ela estava? – Gritava Fred, exaltado.
- Eles disseram, ao telefone, que houve uma pane elétrica. Isso causou uma grande confusão na clínica, e a Gina acabou escapando. Pequena como é, ninguém percebeu ela fugindo. – Disse Gui.
- Ah! Minha filha, minha filhinha linda. Arthur, eu a quero aqui, em meus braços. – Choramingava Molly Weasley – Não deveríamos tê-la internado naquele lugar horrível.
- Calma, Molly. Agora não adianta ficar assim. – Respondeu Arthur, em tom conciliador – A direção da clínica já disse que foram tomadas todas as providências possíveis. Já avisaram a polícia, ela logo será encontrada.

De seu esconderijo, Gina ergueu uma sobrancelha, assustada com a informação de que estaria sendo procurada pela polícia, e olhou para Lupin e Tonks, que a acompanhavam. Estes lhe fizeram um sinal para que não se preocupasse com aquilo.


- E onde está Rony? Eu não o vejo há horas. – Disse Carlinhos, franzindo o semblante – Alguém sabe onde ele está?
- Eu sei! – Disse Gina, saindo de seu esconderijo.
- GINA! – Gritaram em uníssono os Weasleys, e correram até ela.
- Gina! Gina, minha filha! – Gritava Molly, beijando e abraçando a menina, quase a ponto de sufocá-la – Onde é que você estava? O que aconteceu?
- Gina, você fugiu mesmo da clínica? – Perguntou seu pai.
- Ai! Mãe, a senhora está me machucando. – Disse ela, esforçando-se para se livrar do abraço de urso – E pai, eu vou explicar. A coisa não é tão simples assim.
- Explicar? Gina, você fugiu. Estava naquele lugar para se tratar, você está doente. – Disse Carlinhos.
- Eu não estou doente. Nunca estive. – Respondeu ela, fuzilando o irmão com o olhar.
- E o que Rony tem a ver com isso? – Perguntou Arthur, desconfiado – E onde ele está?
- Rony está bem, pai. Foram ele, Harry e Hermione que me resgataram da cínica. Se não fossem eles, eu já estaria morta há esta hora.
- Resgataram? Mas que absurdo é este, minha filha? – Molly fitava a filha, num misto de descrença e pena, que irritou a menina – Você não corria risco algum lá.
- É o que vocês pensam, mãe. Mas se eles não chegam a tempo, hoje vocês teriam recebido uma ligação dizendo que eu havia me suicidado ou coisa parecida.
- Hei. E que Harry você está falando? Aquele de cabelos arrepiados que apareceu aqui ontem? – Perguntou Fred.
- E quem é Hermione? – Emendou Jorge.
- Eu vou explicar tudo, ok? Vamos para a sala, nos sentar, que eu explico tudinho o que está acontecendo. Mas vocês precisam manter a mente aberta... Tudo o que eu disse é verdade. Esta vida que vivemos é uma grande ilusão.
- Basta! – Disse Gui, seguindo para o telefone – Gina, nós te amamos. Me corta o coração te ver naquele lugar, mas você não está bem. Vou ligar para a clínica, avisando que está aqui, assim eles mandam alguém buscá-la.
-NÃO! – Gritou ela, desesperada, tentando tirar-lhe o aparelho das mãos, mas foi impedida pelos gêmeos. Ela percebeu um vulto entrando no ambiente e não teve dúvidas – Remo impeça-o!


Todos pararam, surpresos, e olharam para Gina, sem entender o que ela estava fazendo. Então os olhares foram atraídos para um homem que entrou na cozinha, com uma vareta na mão. Fez um gesto em direção ao telefone que Gui tinha na mão e este se transformou em um pássaro, que piou e levantou vôo, pousando em uma viga do teto. Todos os olhares seguiram esta ação e ficaram olhando atônitos para o animal, que começou a cantar, até serem chamados de volta à realidade quando o homem falou.


- Peço desculpas pelo susto, pessoal. Mas não podia deixar que Gui nos delatasse. – Em seguida virou-se para o casal de amigos e continuou – Arthur, Molly... É muito bom vê-los novamente. E a vocês todos também, meninos, é claro.
- Mas quem... Quem é você? – Gaguejou Gui, ainda com a mão na mesma posição em que estava segurando o telefone.
- Oi gente! – Cumprimentou Tonks, saindo de trás do marido – E aí, tudo beleza com vocês?
- Pessoal, estes são Remo Lupin e Nin... Errr... Tonks! Eles são minhas testemunhas de que não sou louca.
- Testemunhas? Eles parecem ter fugido da clínica com você, isso sim. – Disse Fred.
- Não, não somos loucos, Fred. Somos bruxos, assim como vocês. – Disse Remo, sacudindo a varinha novamente e transformando de volta o pássaro em telefone – Venham, precisamos conversar. Há muito o que explicar e pouquíssimo tempo.


Fred nem questionou como o homem sabia que era ele e não Jorge quem havia falado. Em silêncio, todos seguiram em cortejo até a sala, onde Remo conjurou mais poltronas, ainda sob os olhares de incredulidade da família. Tonks providenciou chá e bolinhos e todos se sentaram. A conversa realmente seria longa.

*****


- O que eu realmente gostaria de entender, Lucius, é como a Ordem da Fênix conseguiu invadir a clinica e resgatar a jovem. – Disse Voldemort, em tom ameaçador – Ou como eles ficaram sabendo que a garota seria eliminada.
- Os Carrows não souberam dizer, mestre. Aparentemente, aproveitaram-se do acidente ocorrido e da confusão entre os pacientes, devido à falta de energia. Já deveriam estar vigiando e visualizaram ali uma boa oportunidade, apenas isto. – Justificou o homem loiro.
- Você tem certeza de que o acidente não foi praticado com uso de magia? – Insistia o Lorde das Trevas, ainda fitando o dia através da janela de seu escritório.
- Absoluta. Não havia resíduo algum de magia no local. Foi realmente um acidente a barra de metal ter caído e provocado a explosão.
- Sabe Lucius... Por um momento, quando fui informado do ocorrido, suspeitei que houvesse envolvimento de Potter nesta história toda. Mas eu mesmo o vi chegando em casa tão bêbado, que não poderia ser fingimento. Não havia um pensamento lúcido em sua cabeça, absolutamente nada.
- E hoje ele foi direto para o clube, mestre. Passou a manhã inteira com meu filho e as namoradas. Se ele tivesse resgatado Gina Weasley da clínica, não teria feito uma coisa dessas.


Era aproximadamente hora do almoço e os bruxos conversavam, tentando encontrar algum sinal de perigo no que acontecera na noite anterior, qualquer sinal que pudesse colocar os planos de Voldemort em perigo. Antes que dissesse mais alguma coisa, porém, o celular de Voldemort tocou. Ele reconheceu o número que estava ligando e atendeu.


- Olá Harry! Bom dia. Estava falando de você com Lucius, neste momento.
- Bom dia Tio. Desculpe chegar tão tarde e naquele estado ontem. – Respondeu o moreno, do outro lado da linha.
- Harry, meu rapaz, estou preocupado com você. Não acha que anda exagerando um pouco na bebida?
- Tem razão, Tio. Acho que andei afogando minhas frustrações no fundo de uma garrafa. Mas isso acabou, não vou me tornar um alcoólatra, pode ficar tranqüilo.
- É muito bom ouvir isto. Seus pais não aprovariam esta sua conduta. – E um sorriso maldoso se formou nos lábios de Tom Riddle.


O telefone ficou mudo por alguns instantes, até que Harry retomou a conversa.

- O senhor tem razão, tio. Não voltará a acontecer. – E mesmo por telefone, dava para perceber o tom frio das palavras.
- Assim espero. Mas não foi por isto que me ligou, não é mesmo Harry? Deseja alguma coisa? Está precisando de dinheiro?
- Não tio, não se trata de dinheiro. Na verdade, é uma boa notícia. – Harry Fez uma pequena pausa, tentando colocar em sua voz uma alegria e euforia que não sentia – Consegui uma nova equipe de apoio, tio. Finalmente vou poder voltar a competir.
- Isto é uma ótima notícia, Harry. – A cara de tédio demonstrava o quanto aquela conversa era enfadonha para ele.
- Eu sabia que o senhor ia gostar da notícia. Bom, tio, eu estou ligando também, para dizer que estou indo para Magny – Cours. Tem uma corrida lá, da qual vou participar, daqui a três semanas. E quero aproveitar este tempo, para treinar a equipe. Fazer eles se entrosarem, já que nunca trabalharam juntos.
- Você vai para a França, Harry? – Perguntou, num tom de desconfiança – Quando?
- Hoje mesmo, tio. Estou organizando o transporte dos equipamentos, quero começar a trabalhar amanhã mesmo.
- E não pode ser aqui mesmo, onde você já treina?
- Até poderia, tio. Mas como a equipe é nova, quero que eles se habituem a trabalhar no circuito onde haverá a corrida. Preciso usar qualquer coisa em minha vantagem, afinal não posso deixar o Draco levar a melhor de novo.
- Draco irá com você? – E Voldemort olhou para Lucius, a mesma pergunta no olhar. Lucius afastou-se, pegando seu celular e discando para o filho.
- Não agora. Ele tem uma corrida aqui em duas semanas, mas depois ele vai também. Durante a última semana, acho que treinaremos juntos.
- Harry, pensei que você tivesse superado o problema com Draco.
- E superei. Não temos nenhum problema pendente. Mas uma coisa é nossa amizade, outra é o campeonato. Afinal de contas, amigos, amigos. Negócios a parte. Não é assim que se diz? Vou mostrar ao Draco que não adiantou roubar minha equipe, continuo sendo melhor piloto do que ele.
- Muito bem, então. Se for estritamente necessário, pode ir. Mas não pode deixar para amanhã? Precisa viajar ainda hoje?
- Obrigado tio. Sabia que o senhor entenderia. E é melhor ir hoje, quanto mais cedo chegar, mais eu consigo treinar. Já estou há algum tempo sem me exercitar, estou fora de forma... Terei muito trabalho para colocar a equipe em condições de competir até a data da corrida. Ah! O senhor vem assistir, não vem?
- Claro Harry. Farei o possível. – Respondeu ele, deixando claro que não tinha intenção alguma em comparecer.
- Legal! Vou reservar um camarote para o senhor então. A gente se vê no dia da corrida então, tio. E mais uma vez, muito obrigado.
- Tudo bem Harry, espero que vença a corrida.


Assim que Voldemort desligou seu telefone, Lucius o imitou, após uma rápida e nervosa conversa com seu filho.


- Ele está dizendo a verdade? – Perguntou para seu servo.
- Sim, mestre. Draco confirmou que haverá esta corrida em três semanas, e que tanto ele quanto Harry estão inscritos. E que hoje mesmo eles estavam conversando, Harry estava aflito em conseguir a equipe a tempo. Ele saiu do clube com uma mulher, justamente na tentativa de acertar com a equipe.
- Ótimo! Isto significa que Potter voltou a ocupar sua cabeça com carros e outras idiotices. Assim, não fica pensando besteira. – Sorriu Voldemort, mostrando extrema satisfação.
- É uma ótima notícia, mestre. – Concordou Malfoy.
- Teremos três semanas de paz, sem precisarmos fingir para aquele moleque. Vamos aproveitar este tempo, temos muito que fazer.
- Sim, mestre. – Anuiu o bruxo, fazendo uma reverência e deixando a sala.




*****


- Maldito! – Gritou Harry, assim que desligou o telefone.
- Hei! O que foi? – Assustou-se Rony, que dirigia o carro. Harry pedira para ele dirigir, enquanto fazia uma série de ligações, providenciando o transporte dos equipamentos, motoristas para as carretas, aluguel da pista e finalmente, a “permissão”do tio.
- Aquele desgraçado... Teve a coragem de tocar no nome dos meus pais, para me chamar a atenção. Quase que eu perco a cabeça e mando-o pro inferno... – Bufou Harry, recebendo um tapinha de solidariedade de Neville, que estava no banco de trás.
- Mas ainda bem que você não Fez isso, Harry. E aí, ele acreditou? Mesmo? – Perguntou o amigo, aproximando-se de seu ombro.
- Acho que sim. Pelo menos não percebi nada pelo tom de voz dele. Acho que estamos limpos.
- Isto é ótimo, cara. – Disse Neville, que se aproximou dele ocupando o espaço entre os bancos.
- É! Agora, temos muito trabalho a fazer até os motoristas chegarem. – Sorriu Rony, enquanto estacionava o carro. Haviam chegado ao destino – Mas bem que a gente podia comer algo antes, não? Estou morrendo de fome.
- Fique tranqüilo, Rony. Vou pedir um lanche pra gente. – Disse Harry sorrindo, descendo do carro e batendo a porta, enquanto sacava o telefone novamente.



*****



Depois de muito se falar, finalmente o silencio reinou na residência da família Weasley. Todos pareciam estar assimilando tudo que fora dito. A maioria, com cara de incredulidade.

- Cara, isso é loucura. Não pode ser, essa história de magia não existe. – Disse Fred.
- Claro que não é, esse cara é doido. Ele está enganando a gente. – Jorge apoiou o irmão – Ele deve ser um mágico, um ilusionista.
- Vocês continuam os mesmos cabeças-duras, hein? – Perguntou Tonks, levantando-se – Vocês acham que isso aqui também é ilusão?


E a jovem mudou a cor de seus cabelos, de rosa-chiclet, para verde-musgo. Logo em seguida, fez com que ficassem tão compridos que chegaram a encostar no chão. Depois, começou a mudar o nariz, deixando-o tão comprido, que começou a envergar, e uma verruga brotou em cima. Uma corcunda apareceu em suas costas e ela sorriu para os gêmeos.

- Assim está melhor? Isso é uma bruxa para vocês?


Em seguida, voltou ao normal.

- Me desculpem, mas prefiro continuar assim.
- Uau! – Fred estava realmente impressionado – Como você faz isso?
- Sou Metamorfomaga, posso alterar minha aparência. – Respondeu a jovem, voltando a se sentar.
- Mesmo assim, não dá pra acreditar que nós também somos... Bruxos. – Disse Carlinhos.
- Nada do que eu diga pode ser uma prova concreta, Carlinhos. Mas tenho algo a mostrar para vocês. – Disse Remo, fazendo um gesto com a varinha e fazendo surgir um jornal em suas mãos, o qual estendeu para a família.
- Somos nós! – Exclamou Arthur, surpreso – E estamos nos mexendo...


Todos se juntaram em volta dele, até mesmo Gina, que não tinha visto o jornal ainda. Ela sorriu e perguntou.

- Como é que vocês fazem isso com a foto? É uma foto, né?
- Sim, é uma foto, Gina. Tratada com uma poção especial. – Explicou Lupin.
- Vai dizer que nós estivemos no Egito? – Perguntou Gui – Isso é o máximo!
- Já faz alguns anos, mas sim. Estiveram no Egito. Você trabalhou lá algum tempo. – Remo ficou sério e continuou – Arthur, somos amigos há anos. Conheço todos os seus filhos, desde que nasceram. Eu lhe garanto que tudo que dissemos é a mais pura verdade.
- Se sabe tanto da gente, sabe o que fazíamos. O que era? – Perguntou Carlinhos.


Remo sorriu e olhou para os jovens. Todos pareciam menos descrentes e mais curiosos agora.


- Bom, Carlinhos, você é domador de dragões. Um dos melhores que conheço. Ganhou várias destas queimaduras no trabalho.
- Dragões? – Assustou-se o rapaz – Pensei que as queimaduras eram por causa de um tombo da moto do Gui.
- Lhe garanto que você nunca caiu de moto. Muito menos Gui se acidentou numa, apesar dele realmente trabalhar em um banco. O banco bruxo, claro.
- Não caí de moto? – Perguntou Gui, curioso – Então como...
- Lutando! – Antecipo-se Gina – Você foi ferido lutando contra bruxos das trevas.
- Oh Meu Deus! – Gritou Molly, que até então estava calada, ouvindo atentamente – Que absurdo é este, Gina. Vocês nunca participaram de luta alguma, isto é um pesadelo.
- É verdade, Molly. E Arthur também já foi ferido, alguns anos atrás. Assim como Rony. Os Weasleys sempre foram corajosos, sempre estiveram na linha de frente da guerra. Felizmente, nunca houve mortes na família. – Disse Tonks.
- E nós? – Perguntou Fred, na intenção de aliviar um pouco o clima que se formou no ambiente – O que fazemos?
- Vocês? – Riu Lupin – Bom, além de arrumarem muita confusão por onde quer que passem, são donos de uma loja de logros. Ou eram, pelo menos. Ah! E inventores também.
- Inventores? O que nós inventamos? – Perguntou Jorge.


Remo sacudiu a varinha novamente e outra varinha surgiu em sua mão, a qual ele entregou para Fred.


- Agora, faça como eu. – Instruiu Remo, girando a varinha, de qualquer forma. Fred o imitou e a sua varinha se transformou em uma galinha, que cacarejou alto, pregando um grande susto em todos.
- Mas o que é isso? – Gritou ele.
- Uma de suas invenções. – Explicou ele.
- Acreditamos em você! – Responderam os dois, em uníssono.
- Sério? Fácil assim? – Assustou-se Tonks – Por quê?
- Por que, isto é bem a nossa cara. Tenho certeza de que fomos nós que inventamos. – Respondeu Jorge, ainda olhando para a galinha, maravilhado.
- Ótimo. Agora, vocês têm uma decisão a tomar. Não é seguro para nenhum de vocês permanecer aqui neste momento. A vida de todos, principalmente de Gina, está em risco.
- Mas como apenas Gina se lembra? Por quê? – Inquiriu Arthur.
- Isto eu não sei explicar ainda, mas tenho algumas suspeitas. – Disse Remo.
- Muito bem. Não estou totalmente convencido do que ouvi e vi ainda, mas o fato é que tenho muitas dúvidas, e se Gina realmente corre algum risco, não podemos ficar parados. – Disse Arthur, levantando-se finalmente – Acho prudente nos afastarmos um pouco, até decidirmos o que fazer.
- Arthur! Não posso acreditar que vai concordar com um absurdo destes. – Molly também se levantou tremendamente corada e disposta a brigar feio com o marido.
- Molly, tenho algo aqui que é seu. – Cortou-a Remo, novamente girando a varinha e fazendo surgir um relógio de parede, o famoso relógio Weasley, com um ponteiro para cada membro da família, indicando onde eles estavam – Este relógio é seu, você sempre controla as crianças por ele.


A mulher pegou o objeto, fascinada. Acariciou cada imagem dos filhos, inclusive Percy, cujo ponteiro mostrava “Trabalho”. Haviam resolvido deixar Percy de fora, por ser o mais cético e afastado dos irmãos. Mas ver o relógio tirou toda a resistência que Molly possuía, junto com um suspiro que deu.


- Precisamos nos apressar, pessoal. – Disse Tonks.
- Muito bem. Vamos então, arrumem suas coisas. – Sentenciou Molly, ainda acariciando o relógio.
- Remo, vou indo para a Sede, para arrumar nossas coisas e pegar Tedy. – Disse Tonks, beijando o marido no rosto.
- Claro. Vou cuidar do transporte de todos. – Concordou o outro, acariciando sua mão.


A família dispersou, cada um tratando de pegar seus bens mais preciosos para levar na viagem. Depois de algum tempo, quando Gina estava em seu quarto terminando de arrumar sua mala, seu celular tocou. Ela o pegou e atendeu, ao reconhecer o número.


- Oi! – Disse ela, sem conseguir esconder um sorriso.
- Oi! – Cumprimentou Harry – Que bom que seu celular estava aí na sua casa.
- É. E ainda bem que não ligou mais cedo, só lembrei-me de pegá-lo agora há pouco, quando comecei a arrumar minhas coisas.
- E como foi tudo aí? – Ele perguntou, preocupado.
- Até que não foi tão difícil. Estamos nos arrumando para sair, daqui a pouco chegamos aí. E vocês, como estão se saindo?
- Muito bem. Meu “tio”engoliu minha desculpa. Agora, estamos carregando os caminhões, acho que vamos conseguir sair antes do anoitecer.
- Ele acreditou? Isso é ótimo, Harry. Vou avisar Remo agora mesmo. Também vou apressar todos, para chegarmos aí o mais cedo possível.
- Certo. – Houve um silêncio breve – Então tá, a gente se vê daqui a pouco. Tchau!
-Tchau! – Despediu-se ela, desligando o aparelho e saindo às pressas do quarto, a procura de Lupin.

Encontrou-o na cozinha, junto com os gêmeos, que comiam um lanche, feito às pressas por Molly.


- Remo, Harry acabou de ligar. Deu tudo certo, Riddle não suspeita de nada. E eles já estão carregando os caminhões, logo poderemos partir. – Disse ela, efusiva.
- Isso é ótimo, Gina. Grande notícia. – Remo sorriu, também satisfeito.
- É impressão minha ou você está um tanto contente demais com este telefonema, maninha? – Perguntou Jorge, estreitando os olhos, ameaçadoramente.
- E como esse arrepiado conseguiu seu telefone? Vocês mal se conhecem... – Emendou Fred.
- Por que vocês não vão terminar de arrumar suas coisas ao invés de pegar no meu pé? – Retrucou ela, mas sem tirar o sorriso do rosto.


Virou-se e voltou correndo para seu quarto, para terminar sua mala. Ainda precisava arrumar as coisas de Rony também.

Pouco depois, todos estavam reunidos novamente na sala, com suas bagagens nas mãos. A casa totalmente trancada. Remo pegou o jornal que havia mostrado a eles, bateu com sua varinha nele e murmurou “Porthus!”. O jornal brilhou por um instante e voltou a ficar normal.


- Peguem firmemente no jornal e não o soltem até eu mandar. – Instruiu.

Gina foi a primeira a segurar, encorajando os outros com o olhar. Quando todos estavam segurando o jornal, Remo fez a contagem regressiva e acionou a Chave-Portal, transportando todos para o autódromo. Quando o mundo parou de girar e as coisas voltaram ao foco, ouviram ao longe a voz de Lupin, dizendo que já podiam largar o jornal. Mas nem era necessário, pois Fred, Jorge e Gina estavam caídos no chão. E os outros, apesar de permanecerem de pé, estavam péssimos.


- Alguém trouxe os saquinhos para vômito? – Perguntou Fred, num estranho tom esverdeado.
- Onde é o balcão de reclamações da agência de viagem? – Foi a vez de Jorge.
- Calma, rapazes. O mal estar já passa. E logo vocês se acostumam com a sensação. – Riu Lupin, estendendo a mão para que Gina se levantasse.
- Onde será que eles estão? – Limitou-se a perguntar a ruiva, recuperando-se da viagem.
- Lá estão os caminhões, aquele é o Box de Harry. – Indicou Remo, adiantando-se em direção ao local.


Foi seguido pelos outros, e quando se aproximaram, uma visão curiosa capturou a atenção de todos. Havia uma fila de ferramentas, pulando em fila indiana, em direção ao baú do caminhão. Regendo com sua varinha, logo atrás vinha Luna, sorridente. A jovem olhou para os recém chagados e os cumprimentou com um aceno, entrando no caminhão. Lá dentro, ela fez as ferramentas entrarem, uma a uma, em uma caixa. Neville surgiu logo depois, transportando um motor, o qual levitava tranquilamente pelo ar e também entrou no caminhão, sorrindo para sua platéia.

- Luna, não deveria ficar brincando com as ferramentas do Harry. Por que não as transporta direito, todas juntas na caixa? – Perguntou o rapaz, enquanto fixava o motor em seu lugar.
- Por que aí não teria a menor graça, não é mesmo? – Respondeu a jovem, com simplicidade.
- Mas nós estamos com pressa. O Harry está uma pilha, se ele vir o que está fazendo, vai ficar louco da vida. – Insistiu o rapaz, querendo mostrar firmeza na voz, mas um leve sorriso lhe escapava pelo canto da boca.
- Neville, vocês andam muito estressados. Vai dar tudo certo, você vai ver. – Concluiu ela, descendo do caminhão e sorrindo uma vez mais para a família Weasley – Olá! Que bom que chegaram, estamos quase terminando.
- Onde estão Harry e Rony? – Perguntou Gina.
- Lá dentro, trazendo algumas peças. Eu me ofereci para trazer usando magia, mas eles recusaram. Preferiram trazer com as próprias mãos. – Respondeu ela, caminhando para dentro da garagem.
- Não consigo imaginar por que eles recusaram. – Disse Gina, imaginando a cena – Luna trazendo amortecedores, pistões e escapamentos, dançando pelo caminho.


Com efeito, quando adentraram a garagem, viram os dois jovens ao fundo. Estavam com um carrinho, carregado de partes de carros. Ambos faziam um tremendo esforço, deixando bem claro que o peso era enorme. Quando reparou bem, Gina respirou fundo e segurou a respiração por um momento, arregalando os olhos de incredulidade. Estavam sem camisa e suados, e Harry tinha seus cabelos, sempre revoltos, colados à testa e um tom de pele mais rosado do que ela se lembrava, devido o esforço e calor. Rony os viu e sinalizou para Harry, que travou o carrinho. Foram até uma pia, nos fundos do Box e lavaram-se, pegaram suas camisetas e as vestiram, enquanto se aproximavam deles.


- Oi! – Cumprimentou Harry, sorrindo, olhando para todos, mas demorando seu olhar um pouco mais em Gina.
- Oi! – Respondeu ela, num só fôlego – Demoramos?
- Não, até que não. – Ele adiantou-se, estendendo a mão e apertando a mão de todos – Daqui a pouco terminamos. De qualquer forma, Hermione ainda não chegou.
- Oi Pai! Mãe! – Disse Rony, logo atrás dele.
- Ronald Weasley! – Disse Molly, levando as mãos à cintura – Depois conversaremos sobre esta estória de invadir a clínica e tudo mais. Não foi esta a educação que lhe demos, meu rapaz.
- Ah! Certo, depois a senhora me castiga, ok? Precisamos terminar aqui. Vocês nos ajudam? – Perguntou aos irmãos, que concordaram imediatamente.



Pouco mais de uma hora depois, chegaram Minerva e Hermione. Esta, vinha de cabeça baixa e estava claro que havia chorado. Assim que chegaram, Mione sentou-se num balcão, ao lado de Gina, que a olhou com carinho e perguntou.


- Oi. Como foi?
- Bem. Eles vão embarcar para os Estados Unidos esta noite.
- E como você está? – Insistiu a ruiva.
- Acho que estou bem, na medida do possível. – Respondeu ela, sem levantar o olhar – Foi até simples, num momento eles sabiam quem eu era e no outro, não. Pude me despedir deles antes, e disse que ia buscá-los quando fosse possível.
- Sinto muito, Hermione. Mas eles ficarão bem, você vai ver. – E Gina a abraçou, lhe dando apoio.
- Claro! Vai dar tudo certo sim. – Respondeu ela, secando uma lágrima que riscava seu rosto – O que você está fazendo aqui?
- Apreciando a paisagem. – Respondeu a ruiva, com olhar matreiro.
- Como? – Estranhou Mione, só então levantando o olhar e assimilando o que acontecia a sua volta. Mais especificamente, bem a sua frente. Arregalou os olhos ao ver os cinco ruivos e o moreno, sem camisa, carregando os materiais para os caminhões – Ah! Entendi.
- Ele não é forte como meus irmãos, mas é uma graça, não é? – Suspirou Gina, olhando para as costas retesadas de Harry, enquanto este puxava o carrinho, onde havia peças de carenagem de um carro.
- Até que é bonitinho sim. Mas não faz o meu tipo. – Respondeu Mione, olhando para Rony, que puxava o carrinho ao lado de Harry, enquanto Fred e Jorge empurravam.
- Ainda bem. Mas o Rony faz, não é? – Riu Gina, vendo a jovem corar.
- Não! Não, de forma alguma. Seu irmão é um grosso, sem um pingo de boas maneiras. – Retrucou a garota.
- Mas mesmo assim, é um gato. E eu já percebi que quando vocês estão juntos, a coisa parece que vai pegar fogo. Adoram ficar se provocando. – Cutucou Gina.
- Isto é um absurdo! Seu irmão não me suporta, não para de me ofender. Não posso imaginar que um dia fomos amigos. E quem é a senhora para falar de alguém? Não fui eu quem se jogou nos braços do Harry outro dia, Ruiva. – Alfinetou Mione e, com efeito, conseguiu deixar a outra vermelha. Ela só não sabia se era de vergonha ou...
- Foi por impulso, ok? Eu estava confusa. Mas isto não vai acontecer novamente.
- Ah Não? Até quando?
- Isso eu não sei. – E as duas caíram na gargalhada.


Pararam de rir assim que viram Tonks chegando com o pequeno Tedy, e foram paparicar a criança.


Finalmente, quando começava a escurecer, eles haviam terminado. Os motoristas contratados por Harry para dirigirem as duas carretas chegaram. Harry fixou seu Audi ao trailer, queria viajar junto com os outros, para poderem conversar mais. Rony assumiu o volante, todos embarcaram e finalmente partiram. Além de Harry e os Weasleys, estavam indo Remo, Tonks, Tedy e Mcgonagall. Apesar de tentar disfarçar, Remo só relaxou quando pegaram o túnel sob o Canal da Mancha, que liga a Inglaterra à França. Haviam conseguido transpor a barreira mágica imposta por Tom Riddle.

A viagem estava tranqüila, a conversa fluía animada. Todos estavam muito curiosos sobre o passado, sobre o que haviam esquecido. Tonks e Lupin respondiam o que podiam, mas disseram que algumas coisas não era prudente dizer ainda, que aos poucos eles revelariam estas informações, de acordo com a necessidade. O que deixou Fred e Jorge, os dois que pareciam mais deslumbrados com as novidades, um tanto decepcionados.

Harry se acomodara no banco ao lado de Rony, mas o virara de lado e observava a todos. Mais especificamente as moças, que estavam sentadas em uma das camas, ao fundo. Elas brincavam com Tedy e se divertiam muito, vendo a criança mudar a cor do cabelo de acordo com suas mudanças de humor. Quando elas lhe faziam dar uma gargalhada, o cabelo mudava para loiro ou laranja. Quando elas começavam a irritá-lo, o tom era vermelho ou lilás. De seu lugar, o rapaz sorria brandamente, quando Gina desviou os olhos da criança e percorreu o ambiente, parando ao cruzar com seu olhar. A jovem sorriu também, mas logo desviou sua atenção de volta à criança. Harry continuou a observá-la, até que ouviu alguém chamá-lo.


- Harry! – Era Remo – Precisamos conversar.


O rapaz levantou-se de onde estava, seguindo para o interior do trailer. A movimentação chamou a atenção dos demais, que começaram a prestar atenção no que viria.


- Temos um problema. – Disse Remo, parando no meio do ambiente.
- Mais um? – Harry sorriu, cansado – O que é desta vez?
- Só poderemos treinar por duas semanas. Na terceira, a semana da prova, será impossível para mim.
- Por quê? Aconteceu algo? – Harry não esperava aquilo, e a frustração ficou clara em sua voz.
- Ficarei impossibilitado, Harry. Pela lua cheia.
- Ah! – O entendimento assomou-lhe e o rapaz sentiu-se envergonhado – Eu havia me esquecido. Desculpe.
- Terei que partir antes do início do ciclo lunar, para a segurança de todos.
- Claro, eu compreendo. – Respondeu o rapaz e emendou, conformado – Então vamos ter que fazer estas duas semanas valerem muito mesmo.
- Faremos, meu rapaz. Eu acredito em você. E não estaremos sozinhos, temos gente nos aguardando quando chegarmos.
- Certo! – Anuiu ele, enquanto voltava para seu lugar. Assim que se sentou, olhou para Rony, que desviou o olhar brevemente da estrada.
- Fica frio, cara. Vai dar tudo certo, você vai ver. – Disse o ruivo, tentando mostrar confiança.
- Como pode ter certeza? – Perguntou Harry.
- Simples! Por que não temos alternativa. – Respondeu com simplicidade, voltando a prestar atenção na estrada.


Harry não respondeu, voltando a sorrir tristemente. Procurou Gina e ela estava olhando para ele. A jovem lhe sorriu, tentando lhe transmitir confiança e ele correspondeu o sorriso. Mas sem muita convicção.


Era por volta de uma da manhã quando entraram na cidade. Haviam percorrido os mais de seiscentos quilômetros entre Londres e Magny em pouco mais de sete horas. As carretas seguiram diretamente para o autódromo, enquanto o trailer foi em direção ao hotel. Harry havia ligado e reservado quartos para todos, na verdade reservara todo o andar para eles. Uma precaução para garantir um pouco de privacidade. Assim que o veículo parou e as portas foram abertas, o ar frio da noite atingiu-os. Harry foi um dos primeiros a sair, e foi direto até a recepção do hotel, para pegar as chaves dos quartos. Instintivamente, saiu distribuindo os quartos e todos subiram. Estavam cansados da viagem e do longo dia.

Subiram em dois elevadores, e foram se espalhando pelo corredor, checando os números grafados nas placas de bronze que identificavam os quartos. Assim, de dois em dois, todos foram desaparecendo. Gui e Carlinhos, Arthur e Molly, Remo e Tonks(carregando Tedy), Fred e Jorge, Mione, Luna e Gina, um apenas para Minerva e outro para ele, Rony e Neville. Ele havia pensado em ocupar um quarto sozinho, mas preferiu dividir com os dois rapazes. Afinal, pelo que dissera Neville, eles eram companheiros de quarto na escola e esta proximidade seria importante para eles. Neville poderia contar-lhes muitas coisas enquanto estivessem ali. O rapaz lhe parecera tímido, mas exultou ao perceber que ficaria com os amigos. Devia ter muito a partilhar com eles.

Um último ambiente, no final do corredor, seria muito útil a todos. Era uma pequena academia. Havia uma em cada andar, assim os hóspedes não precisariam se deslocar muito de seus quartos para se exercitarem. Este havia sido um dos principais critérios para a escolha do hotel. Um local perfeito para os treinamentos que se iniciariam no dia seguinte.


Assim que se acomodaram, e após um rápido banho, o cansaço se abateu sobre os três rapazes. Não houve ânimo para conversas, e logo estavam os três deitados. Logo o ronco dos companheiros preencheu o quarto, e Harry sorriu. Estava deitado, olhando o teto, pensando em quanto o dia havia sido longo e cansativo. E rezando para que os próximos fossem igualmente longos e produtivos, pois havia tanto a fazer e tão pouco tempo. E com este pensamento, o sono finalmente venceu e Harry adormeceu.



*****


- Harry! Harry, acorde!


Ele ouviu alguém o chamando, mas a voz parecia muito distante. Mas era insistente e continuava a chamá-lo, o som de seu nome aumentando gradativamente, agora acompanhado por um leve tremor de seu corpo. Alguém o estava sacudindo.

– Harry, você precisa acordar. Levante!
- O que? Quem? – Finalmente a consciência o dominou e Harry abriu os olhos, tonto de sono, sem conseguir entender direito onde estava ou quem o chamava. Rapidamente buscou seus óculos, e imediatamente um par de olhos castanhos, os mais lindos que vira na vida entraram em foco, acompanhados de um belo sorriso – Gina? Bom dia. Aconteceu algo?
- Bom dia. Sono pesado, hein? – Brincou ela, levantando-se da beirada da cama dele e indo em direção à cama do irmão – Não aconteceu nada demais, Remo pediu para acordá-los.
- Mas já? – Lamentou-se Rony, acordando de mau humor e olhando o relógio. Eram sete e meia – É muito cedo, a gente não dormiu nada esta noite.
- Mas temos muito o que fazer, Rony. – Suspirou Harry, prestes a se levantar, mas parou ao perceber que estava com uma garota no quarto. Olhou para ela, curioso – Como você entrou aqui? A porta não estava trancada?
- Estava. Mas o Neville já se levantou e a deixou aberta. – Disse ela, encaminhando-se para sair do quarto – Apressem-se, o café está sendo servido na academia.



Assim que a jovem saiu, ambos se levantaram e se prepararam para o café. Saíram no corredor e quando entraram na academia, a primeira coisa que perceberam foi que havia uma discussão ali. Remo estava em frente a uma imensa janela, que ocupava toda a parede dos fundos da academia e que dava uma bela vista da pequena cidade, além de um vislumbre do autódromo, ao longe. Na sua frente, de costas para quem entrava, havia uma jovem extremamente loura, francesa, pois tinha um forte sotaque e que parecia extremamente nervosa. Ela praticamente lhe enfiara um dedo no rosto e falava num tom alto e um tanto desesperado.


- Sou membro da Ordem tanto quanto vocês, tenho o direito de estar aqui. Não foi culpa minha não estar em Londres quando aconteceu. Você acha que este ano foi fácil para mim?
- Não estou querendo impedi-la de nos ajudar, Fleur. O que estou tentando explicar é que a situação é mais complicada do que imagina. – Retorquiu Lupin, calmamente.
- Eles não vão se lembrar de você, minha cara. Precisará de muita paciência. – completou Minerva, que também estava na sala, assim como Tonks.
- Eu não me importo. – Disse Fleur – Só quero ficar aqui, com vocês. Este é o meu lugar, de onde nunca deveria ter saído.
- Muito bem, vamos conversar melhor sobre isto. Todos nós. – Finalizou Remo, vendo os rapazes na porta. Abriu um sorriso e chamou – Harry! Rony! Entrem, quero apresentar uma pessoa a vocês.


Os rapazes começaram a caminhar em direção aos dois, ao mesmo tempo em que a jovem se virava para recebê-los. Havia um grande sorriso em seu rosto, mas ambos pararam de chofre, abismados com tanta beleza. Fleur era, com certeza, a mulher mais bonita que haviam visto na vida. Naquele instante, até mesmo a visão que tivera a pouco, de Gina, sumiu da mente de Harry.

- Harry! Rony! Como vocês estão? – Perguntou ela, adiantando-se e beijando-os no rosto.
- Acho que estamos ótimos, agora. – Respondeu Rony, acariciando o local beijado.
- Interrompemos algo? – Perguntou Hermione, que chegava acompanhada de Gina e do casal Weasley.
- Olá Hermione! Gina! – Disse a jovem, ignorando o tom áspero de Mione, abraçando-a efusivamente. Em seguida passou para o casal, não conseguindo conter a emoção e chorando no ombro de Molly, que assustada, começou a consolá-la.
- Alguém pode explicar o que está acontecendo? – Pediu Gina, completamente passada com a cena.
- Esta é Fleur De Lacour, pessoal. Uma aliada e uma amiga. – Explicou Minerva.
- Sim. Ela veio nos ajudar. – Continuou Remo.


Enquanto as apresentações aconteciam, os outros Weasleys entravam, atraídos pelas vozes altas e o choro, com a curiosidade estampada nas faces. Assim que a francesa viu os irmãos entrando, deu um novo grito e correu para eles.

- Guilherme! Oh Guilherme, como senti a sua falta. – E se jogou nos braços de Gui, cobrindo o rapaz de beijos.


Passado o susto inicial, Gui retirou os braços dela, que envolviam seu pescoço, gentilmente, enquanto dizia.


- Desculpe, mas quem é você? Infelizmente eu não me lembro de conhecê-la.
- Perdão! Perdão a todos, eu perdi o controle. – Disse ela, enxugando as lágrimas e se recompondo – Eu sei que não se lembram de mim, mas não consegui me conter, é muita emoção reencontrar todos.
- Fleur é membro da Ordem. Estava morando em Londres, mas viajou para Paris no dia do ataque. Ela é francesa, como podem perceber, e veio visitar a família. – Explicou Tonks.
- E vim buscar meu vestido. – Disse a francesa, recebendo um olhar de reprovação de todos – Meu vestido de noiva.
- Vestido de noiva? – Perguntou Molly, desconfiada – Você ia se casar?
- Sim. – E ela olhou para Gui, que também já suspeitava qual seria a resposta – Eu e Gui íamos nos casar no último verão.
- Caraca! – Falaram os gêmeos.
- Nós? Nós íamos nos casar? – Conseguiu perguntar o rapaz, zonzo – Tem certeza?
- Claro que eu tenho, Gui. Estou presa aqui na França há um ano, louca de saudade de você. Louca de vontade de ouvir sua voz, de olhar dentro de teus olhos lindos. – Disse ela, ignorando totalmente a sala cheia de gente – De sentir seu perfume ou tocar sua pele.
- Minha pele? – Perguntou ele, levando automaticamente a mão ao rosto desfigurado – Chama isso de pele?
- Oui! Para mim, é a pele mais linda que existe.
- Ah! Fala sério! Uma garota linda como você não pode me achar bonito, ou gostar de mim. Sou horrível.
- Guilherme, eu o conheci antes de se ferir. Você sempre foi lindo, mas não foi por isto que me apaixonei por você. Foi pelo grande homem que você é. Justo, valente, companheiro. – Ela acariciou as cicatrizes, e continuou – Já disse isto uma vez e não me importo de dizer novamente; Eu acho que já sou bonita o suficiente por nós dois. Essas cicatrizes só mostram o quanto você é valente. Eu me orgulho de cada uma delas.


A sala caiu num enorme silencio, até que Minerva tossiu e retomou a palavra.


- Acho que não é hora nem local para vocês conversarem sobre este assunto, srta De Lacour. Além disso, gostaria de pedir para que se controlasse. Seus dons de Veela estão afetando todos os rapazes nesta sala.
- Claro, professora. – Respondeu ela, envergonhada, afastando-se de Gui – Peço desculpas, acho que perdi totalmente o controle.
- Tudo bem, Fleur. É compreensível. – Sorriu Tonks.
- Mas eu não vou embora, quero ficar com vocês. Sou uma ótima bruxa, quero voltar com vocês para a Inglaterra e lutar. – Insistiu ela, voltando-se para Lupin.
- Muito bem, então. Realmente precisamos de mais varinhas. E por falar em varinhas... – E então ele chamou a atenção de todos para si – Eu estava conversando com Minerva, e chegamos à conclusão que, uma vez que todos já sabem que são bruxos, precisam saber se defender por conta própria. E estarem prontos para lutar, quando for necessário.
- Vão nos ensinar a fazer magia? – Mione perguntou, eufórica.
- Sim, Srta Granger. Na verdade vocês já sabem, vamos apenas relembrar algumas coisas, como os conceitos básicos e feitiços que poderão ser úteis frente à crise que enfrentamos. – Minerva antecipou-se ao amigo, que sorria a seu lado, frente aos rostos que mostravam grande satisfação.
- Claro que para isto, primeiro precisaremos conseguir varinhas para todos. Só conseguimos recuperar a sua varinha e a de Harry, Mione. – Completou Remo.
- Mas falarei ainda esta manhã com Mme Maxime, e tenho certeza de que conseguiremos varinhas para todos os Weasleys. – Disse Fleur, sorrindo – Vou agora mesmo conversar com ela.
- Não se esqueça daquele outro artefato que pedi, para ajudar nos treinamentos do Harry. – Pediu Remo.
- Pode ficar tranqüilo. Trago ainda pela manhã. Até logo. – E girando graciosamente, a jovem francesa desapareceu.
- Cara, agora eu estou realmente com raiva desse seu tio. – Murmurou Rony, para Harry – Como é que ele faz a gente esquecer uma mulher dessas?
- Ronald! Francamente, você não ouviu nada do que ela disse? Fleur é noiva do seu irmão. E pela declaração de amor que ela fez aqui, na frente de todos, é completamente apaixonada por ele. É uma falta de respeito ficar pensando essas bobagens, seu... Sem-vergonha. – Estourou Mione, revoltada. Harry resolveu ficar quieto, já que a cara de Gina não era das melhores. Podia sobrar algo para ele também.
- Ele não tem culpa, Mione. – Sussurrou Tonks, que se aproximara do grupo – Fleur é descendente de Veela. As Veelas têm o poder de seduzir os homens, enfeitiçá-los com sua beleza. Principalmente quando perdem o controle, como nossa amiga agora a pouco.


Todos resolveram, finalmente, tomar café. Quando terminaram e estavam se preparando para sair para o autódromo, Remo chamou Harry.


- Harry, de quanto tempo acha que precisa para resolver as coisas lá e poder voltar? Gostaria de iniciar seu treinamento ainda hoje.
- Que tal na hora do almoço? Volto às treze horas, está bem?
- Perfeito. Estarei esperando por você às treze horas, em seu quarto. Não se atrase.
- Ok! – Concordou o moreno, saindo.



Pouco tempo depois, todos estavam em Magny – Cours. Harry contratara uma equipe para descarregar e arrumar os equipamentos, durante a noite, de modo que quando chegaram, não havia praticamente nada mais para arrumar. Rapidamente Harry mostrou como funcionava a equipe, e enquanto as meninas se encarregavam de ligar e ajustar os computadores, atualizando os programas de acordo com o circuito, analisando as condições do tempo, umidade relativa do ar etc, os rapazes começaram a trabalhar nos carros. O de Harry não tinha muito a ajustar, apenas necessitava de uma revisão. Enquanto Carlinhos e Fred se encarregavam disto, os outros se concentraram no outro carro, que estava sendo preparado para Rony treinar. Já eram onze da manhã quando deram o trabalho como encerrado. Harry, que estava deitado sob o motor, acabando de ajustar a bomba de combustível, arrastou-se de baixo do carro e se levantou num pulo.


- Muito bem, Weasley. Vamos ver o que sabe fazer na pista.


Rony deu o maior sorriso que Mione já o vira dar em todos aqueles dias. Pegou um capacete e entrou no carro pela janela, já que os carros preparados para este tipo de competição não abriam a porta. Harry fez o mesmo em seu carro, e logo os dois bólidos vermelho-dourado saíram da garagem, ganhando a pista.

No inicio, eles seguiam em velocidade reduzida, sentindo os carros. Pelo rádio, Harry explicava as particularidades da pista e do carro, ensinava a Rony como poderia tirar mais proveito de sua máquina, o que fazer ou não na pista. Aos poucos, começaram a aumentar a velocidade, conforme se familiarizavam com tudo e Rony ganhava mais confiança. Quando abriram a décima volta, rasgaram a reta a mais de duzentas milhas por hora, dois relâmpagos multicores acompanhados pelo ronco dos motores. Correram durante uma hora e então retornaram para o Box. Foram recebidos por todos com festa, até mesmo Fleur, que chegara, parecia feliz, mesmo sem entender bem o que estava acontecendo.


- Muito bom, Rony. – Cumprimentou Harry, assim que desceram dos carros – Claro que tem espaço para melhoria, mas você é bem melhor do que eu imaginava.
- Você acha mesmo? – Perguntou o ruivo, ansioso – Então, não vou fazer você passar tanta vergonha, quando estiver no seu lugar?
- Claro que não. Na verdade, andei pensando em uma coisa... – E se virou para os outros, para que também ouvissem – Já que na última semana, a semana da prova, Remo não terá condições de me treinar, estava pensando em correr eu mesmo.


Rony pareceu um balão de ar sendo esvaziado. Ficou realmente aturdido, não conseguia entender o que Harry estava dizendo. Se ele não era tão ruim assim, por que Harry não o deixaria correr em seu lugar?


- Sabem, eu inscrevi a equipe. E cada equipe pode correr com dois carros. – Continuou Harry – O que acha de correr com o seu carro, Rony?


O rapaz não conseguiu responder. Arregalou os olhos, deixou o queixo cair e ficou encarando Harry, até ser sufocado pelos irmãos, que lhe cobriram de cascudos e puxões no cabelo, até Arthur mandá-los parar.


- Harry, você tem certeza disso? – Perguntou finalmente Rony, para um Harry sorridente.
- Claro que tenho. Se você quiser, é claro. Se não quiser... – E Harry deu de ombros.
- Quero! É claro que quero. – Apressou-se em responder – Mas não vai dar mais trabalho? Não temos pessoal suficiente para cuidar de dois carros.
- Nisto você tem razão. – Concordou o moreno, pensando por um instante e então, virando-se para Mione, continuou – Mione, você poderia contratar alguns mecânicos, técnicos etc.?
- Eu? Mas eu não entendo nada de carros. Não vou saber por onde começar. – Respondeu ela, aflita.
- Vou fazer uma lista dos profissionais que preciso. Peça à direção do autódromo que lhe indique alguns, você só precisa entrevistá-los. Tenho certeza de que você saberá contratar os melhores. Fleur, você poderia ajudá-la? – A francesa assentiu e ele deu o assunto por encerrado – Vocês continuam daqui? Preciso voltar para o hotel.
- Claro Harry. Pode ir tranqüilo, vamos reabastecer o carro e fazer o Rony andar mais um pouco. – Garantiu Arthur.



*****


Conforme combinado, Harry retornou para seu quarto. Eram quase treze horas, e ele gostaria de ter feito uma refeição antes, mas estava atrasado. Assim, lamentando a escassez de tempo para tantas atividades que tinha, suspirou e abriu a porta. Remo estava em pé, bem no meio do recinto e sorriu quando ele entrou. Caminhou para ele, lhe estendendo um objeto. Uma corrente, com um pingente peculiar. Parecia uma ampulheta, fixada em dois círculos concêntricos.


- Coloque em seu pescoço e gire a ampulheta cinco vezes no sentido anti-horário. Depois, me encontre na academia. – E sem mais nada dizer, saiu do quarto.



Harry ficou parado por alguns instantes, olhando para a porta fechada, sem entender absolutamente nada. Mas se havia algo que ele já aprendera sobre Remo Lupin, era que ele era uma pessoa séria. Se havia lhe pedido para fazer aquilo, tinha um ótimo motivo, e se não explicara, era por que não era o momento ainda. Então, resolveu fazer o que lhe fora ordenado. Segurou a base do pingente com uma mão e com a outra, girou a pequena ampulheta cinco vezes. Quando parou, veio a surpresa. Sentiu como se o chão desaparecesse sob seus pés, como se tivesse sido colhido por um furacão, mas sem sair do lugar. Sentia certo enjôo, mas nada acontecia. Continuava a ver seu quarto, do mesmo jeito, percebendo apenas um borrão nas paredes, nada mais. Então acabou. Sentiu que tudo voltara à normalidade.


Curioso, procurou algum sinal do que ocorrera, mas não encontrou nada. Não havia acontecido nada. Imaginou que poderia ser algum teste, mas não sabia se ele passara ou não. Resolveu ir até a academia, a procura de seu professor.

Assim que abriu a porta, viu Remo sentado em uma poltrona. Imediatamente este se levantou, vindo em sua direção. Notou também, que a mesa do café ainda estava posta, o que estranhou, já que era hora do almoço. Seu estomago manifestou-se, lembrando-lhe isto também, mas ele o ignorou.


- Não gostaria de tomar café novamente, antes de começarmos? – Perguntou Remo.
- Até que estou mesmo com fome, mas já deve estar na hora do almoço ser servido. – Respondeu ele – E vou reclamar do serviço de quarto depois, onde já se viu deixar a mesa do café até uma hora destas posta?
- Almoço? Acredite Harry, o almoço ainda vai demorar muitas horas a ser servido. E o café está bem fresquinho, os brioches ainda estão quentes. – E Remo pegou um para comprovar – Uma delícia.
- Como é? Remo, já passa da hora do almoço, por que eles vão demorar tanto para servi-lo? E como o café ainda pode estar fresco depois de tantas horas?
- Diga-me Harry, você não está notando nada de diferente, desde que usou este objeto? – E Lupin apontou para o cordão que ainda estava pendurado em seu pescoço. O rapaz balançou negativamente a cabeça, e o mestre continuou – Nem lá fora? Não há nada de diferente lá fora?


Cada vez mais desconfiado, Harry se aproximou da janela, observando tudo e todos. Ainda nada de diferente, até que...


- O sol. Ele não poderia estar ali. – Disse, apontando o astro que surgia no horizonte – Estava a pino quando cheguei ao hotel, não poderia estar ali, nascendo outra vez.
- Mas está. Qual a explicação para isto? – Insistiu Lupin.
- Não há explicação, isto é impossível. A não ser que...
- Isto que você tem pendurado em seu pescoço é um Vira-Tempo. É um artefato mágico muito raro e que só deve ser utilizado em última instância.
- Vira-Tempo? Quer dizer que nós...
- Quer dizer que VOCÊ voltou no tempo, Harry. Cinco horas. Não tem mais do que quinze minutos que todos vocês saíram por aquela porta em direção ao autódromo. – Remo parou de falar por alguns segundos, esperando seu ouvinte assimilar a informação – Como precisávamos de todo tempo que pudéssemos arrumar, achei que seria bem útil, por isso pedi que Fleur conseguisse um para nós.
- Uau! Impressionante. – O rapaz deixou escapar todo o seu assombro e deslumbramento, em seguida pegou um brioche na mesa e começou a comer.
- Concordo. Mas extremamente perigoso. Sente-se, tem muita coisa que preciso explicar a você sobre o tempo, magia e feitiços, antes de entrarmos na parte prática da lição. Ah! E antes que eu me esqueça, isto é seu.


Harry pegou o objeto que lhe era entregue. Era uma varinha. Ao segurá-la, sentiu um formigamento em sua mão, que subiu por seu braço e irradiou por seu corpo. Confuso, olhou para o outro, que sorrindo disse.

- Parece que ela o reconheceu. Cuide bem de sua varinha, Harry. Com ela, suas chances de sobreviver a Riddle são infinitamente maiores.


Depois disto, o treinamento começou.



*****


O dia passara voando. Haviam trabalhado bastante, mas ninguém estava reclamando. Como haviam levado o trailer, e este era equipado com uma bela cozinha, até mesmo a Sra Weasley teve o que fazer durante o dia. Um lanche pela manhã, o almoço e à tarde, um belo lanche. Até insistira para que Harry almoçasse antes de voltar ao hotel, mas este se recusara. Agora, todos já estavam de volta ao hotel. Já haviam tomado banho e jantado, e enquanto os gêmeos e Carlinhos aproveitavam a noite para passear e conhecer as francesas, Gui resolveu aproveitar e conversar um pouco mais com Fleur. O Sr e a sra Weasley haviam se recolhido, enquanto Tonks e Mcgonaggal estavam acompanhando o treino de Harry, que ainda não se encerrara.

Reunidos no quarto dos rapazes, Rony, Gina, Mione, Neville e Luna conversavam, até que a ruiva, olhando para o relógio pela décima vez, acabou perguntando.


- Será que este treinamento não vai acabar? Olha só a hora, estão nisto a tarde inteira.
- Pelo que eu conheço do Harry, ele só vai parar quando não estiver mais se agüentando em pé. – Disse Neville – É muita coisa para aprender, e ele é bem persistente quando enfia algo na cabeça.
- Menos quando o assunto é oclumência. – Cortou Luna – Ele já tentou uma vez e não conseguiu. Mas não foi culpa dele, é uma técnica extremamente difícil.
- Mas mesmo assim. Não podem querer que ele aprenda de novo o que levou anos, em apenas um dia. – Mione disse, também preocupada.
- Claro que não. – Respondeu Luna, sorrindo para ela e mudando de assunto rapidamente – A diretora disse que a partir de amanhã, vocês também receberão treinamento. Mme Máxime enviou as varinhas, então poderemos ajudar vocês a praticar também.
- Ótimo! Estou louco para começar a usar minha varinha. E preciso fazer isto antes de Fred e Jorge. – Disse Rony, que estava deitado em sua cama.
- Por quê? – Questionou Mione, franzindo a testa, sem entender.
- Por que eu os ouvi combinando de usar a deles na gente, só de sacanagem. Pregar peças, entende? Então, preciso aprender a usar isso rapidinho, para poder me proteger e pegar os caras antes que eles me peguem. – Respondeu ele, sorrindo.
- Nossa! Quanta maturidade! – Mione revirou os olhos, voltando a olhar para Gina e percebendo o semblante preocupado desta – Ah! Querem saber? Chega de ficar aqui, imaginando o que Harry está fazendo. Vamos lá ver.


Mione levantou-se, e rapidamente foi seguida pela ruiva. Neville e Luna entreolharam-se, como se perguntassem uma ao outro se deveriam impedir ou não, então as seguiram. E Rony resolveu se levantar e saiu atrás do grupo. Quando chegaram em frente à academia, Gina e Mione abriram a porta, juntas, e estacaram, estarrecidas. Rony praticamente trombou nelas, mas antes que pudesse reclamar, viu o que causara o espanto nas meninas e seu queixo também caiu.

No meio da sala, estavam Harry e Remo, um de frente para o outro. Pouco atrás de Remo, Tonks observava com ar preocupado, assim como Minerva, que estava atrás de Harry. Este estava caído de joelhos, com uma varinha erguida, apontada para Lupin, que também lhe apontava sua varinha. O semblante de ambos estava tenso, demonstrando que faziam grande esforço. O suor brotava em suas testas e escorria pelo rosto.


- Vamos lá, Harry, se concentre. Expulse-me, sei que você é capaz. Já conseguiu antes, pode conseguir de novo. – Disse Remo.
- Eu... Estou... Tentando! – Respondeu o rapaz, entre dentes.


Mcgonaggal, ao notar o olhar assustado dos recém-chegados, resolveu interferir.


- Agora basta, Remo. Vocês já treinaram demais hoje, Potter está exausto.


Em resposta, Lupin puxou sua varinha, encerrando o feitiço, cambaleando e sendo apoiado por sua esposa. Harry caiu de joelhos no chão, completamente exausto. Mcgonaggal Fez um gesto com a varinha, fazendo surgir um cálice com um líquido espumante em suas mãos e apressou-se em socorrer o garoto, gesto imitado por Mione e Gina.


- Beba isto, Potter. Vai fazer com que se sinta melhor. – Ofereceu Minerva, ajudando-o a se sentar.
- Mas... Mas o que é isso? – Mione perguntou com a voz um tanto esganiçada.
- Você sabe, Hermione. Estávamos treinando. – Informou Remo, que também tomava uma poção restauradora.
- Para mi pareceu mais uma seção de tortura. – Respondeu a jovem, ainda assustada.
- Pode acreditar, Mione. – Suspirou Remo, cansado – Fui o mais delicado possível com Harry.
- Eu estou bem. – Finalmente Harry conseguiu se pronunciar, mas sua voz estava fraca e cansada – Só preciso de mais alguns minutos para me recuperar e podemos retomar o treino.
- Mas não vai mesmo! – Gina praticamente gritou, assustando a todos. Corou, mas continuou, agora num tom mais baixo – Você sequer se agüenta sobre as pernas, Harry. A professora está certa, vocês estão exagerando. Se não descansar, vai acabar doente.
- Exatamente. – Mcgonaggal emendou – Não adianta forçar tanto, logo no primeiro dia. Potter tem que estar em condições de continuar amanhã. Deste jeito, pode ter sérios problemas de saúde.
- Tudo bem, por hoje chega. – Concordou Lupin e em seguida, virando-se para Rony e Neville – Ajudem Harry a ir para o quarto, por favor.


Os dois rapazes se aproximaram, ajudando Harry a se levantar. Cada um apoiou os braços dele sobre seus ombros e praticamente o carregaram para fora. Assim que saiu, Gina se virou para o professor, de braços cruzados, olhos brilhando e perguntou.


- Isto é realmente necessário? Forçá-lo desta maneira?
- Acredite Gina. Se houvesse outra forma, eu usaria. Mas Harry está decidido a levar o plano dele em frente, e a única coisa que posso fazer é garantir que ele esteja apto a enfrentar nosso inimigo. Se ele descobrir que não domina mais Harry, irá matá-lo. E não posso sequer pensar nesta possibilidade.
- Nem eu, professor. Nem eu. – Suspirou a jovem, baixando a guarda e saindo, junto de Hermione – Mas se quer saber, estou começando a odiar este plano.



A partir do dia seguinte, a rotina mudou um pouco. Harry, determinado a se empenhar ainda mais em seu treinamento, não ficava mais do que duas ou três horas na pista. Voltava, usava o vira-tempo e já começava a treinar. Mas em seu próprio quarto, pois à tarde, todos os Weasleys e Hermione também voltavam para o hotel para treinar. Como eram muitos, eles ficavam com a academia. Hermione ficou radiante quando recebeu sua varinha de volta, junto com um de seus livros, que ela rapidamente começou a ler - Hogwarts: Uma história – nos intervalos que tinha.

Outro que começou a ser exigido muito foi Rony. Pois agora, tinha que se dividir em três. Precisava treinar como ele mesmo, como Harry (usando a Polissuco) e ainda se dedicar aos treinamentos mágicos. Como era de se esperar, não estava conseguindo executar todas as atividades como gostaria, principalmente os feitiços. O que o irritava sobremaneira, principalmente quando via como Mione conseguia pegar com uma facilidade impressionante. Isto só servia para deixá-lo com péssimo humor e brigar ainda mais com a garota.

Mas ele não era o único insatisfeito com seu próprio rendimento entre os irmãos. Os gêmeos também pareciam bem desanimados, ao notarem que Gui e Carlinhos se sobressaiam razoavelmente bem. Mas o pior era ver o andamento de Gina. O desempenho da caçula era quase tão bom quanto o de Mione, o que não era pouca coisa. Quando elogiada, Gina sorria, envergonhada, e rezava para que as coisas estivessem mais fáceis para Harry.


Neste ritmo intenso, chegou o final de semana. Harry nem podia acreditar que era sexta-feira. Recusou o convite dos Weasleys para sair e aproveitar a noite. Resolveu ficar em seu quarto, estudando. Cansado, não demorou muito a dormir.


Já era tarde, e Gina chegara exausta do passeio. Sua família, mesmo passando por toda aquela situação, permanecia unida. E aproveitava cada oportunidade para demonstrar isso. A noite fora maravilhosa, extremamente animada, com todos se divertindo. Até Rony deixara de implicar com Mione e aproveitara a pizza. Depois, tomaram um delicioso sorvete e só então retornaram ao hotel. Sua noite só não fora perfeita por que Harry não estava com eles. Trocou de roupa e deitou em sua cama, dormindo rapidamente. Mas o sono, que deveria lhe trazer paz e descanso, a fez mergulhar em algo que parecia um filme de terror.


Gina se viu em um cemitério. Assustada, olhou para os lados, e viu Harry no chão, ao lado de outro rapaz. Ambos pareciam machucados, e Harry estava mais jovem. Sua atenção desviou-se para o outro lado do cemitério, de onde um homem baixo, cabelos ralos, entrava em seu campo de visão, com uma trouxa nos braços. Uma trouxa que se mexia. Quando ela viu o que havia, não conteve um grito de horror. Então percebeu que não era a única a assistir aquilo. Do outro lado da cena, exatamente a sua frente, estava Harry. O atual Harry. Ele assistia, tão chocado quanto ela. Tentou chamar sua atenção, mas ele parecia não perceber sua presença ali. Obviamente ela estava invadindo um de seus sonhos.

Mesmo sem querer, Gina voltou a prestar atenção ao que se desenrolava na frente de seus olhos. Viu o rapaz que estava com Harry ser friamente assassinado, depois ele ser aprisionado. O homem chamado Rabicho executar um ritual obsceno, que só poderia ser magia negra. Cortar o braço de Harry, retirar um pouco de seu sangue e derrubá-lo dentro do caldeirão, onde a pequena criatura jazia e de onde surgiu instantes depois, um ser humanóide. Suas lágrimas rolaram por seu rosto, conforme ela ouvia as explicações que aquele tal Lord Voldemort dava a Harry e a seus Comensais, recém-chegados ao local. Olhou novamente para o rapaz, do outro lado da cena, e viu que o moreno agora a fitava, com um olhar aflito.

Ela não queria estar ali, achava que não tinha o direito de invadir tanto a privacidade de Harry, mas não sabia como fazer para sair. E, mesmo achando errado, a verdade era que não desejava partir. Sentia-se pregada ao chão, enquanto as imagens continuavam sem parar. Viu quando Voldemort tocou em Harry, causando-lhe imensa dor. Viu o mesmo o desafiando para um duelo, e mesmo ele sabendo que não tinha chance alguma, aceitar. A união das varinhas e o efeito que esta ligação causou. Vultos ou fantasmas, saindo e postando-se ao lado do rapaz, sussurrando para ele coisas que ela não conseguia ouvir, até que num rompante, todas se jogaram sobre seu oponente, e Harry, mesmo ferido, correu para o corpo do amigo, convocou um troféu e desapareceu.


Com um grito de agonia, Gina despertou em sua cama, encharcada de suor. Suas colegas também acordaram, assustadas, mas antes que perguntassem qualquer coisa, ela gritou novamente, pulando da cama.


- Harry! – E saiu correndo para fora do quarto – Chamem ajuda!


Ela não soube se a porta do quarto dos meninos estava aberta ou não, mas não foi impedimento para sua passagem. Entrou no quarto com estrépito, acordando Neville, que num átimo buscou sua varinha e pulou da cama, em guarda, e de Rony, que assustado, caiu da cama, enrolado nas cobertas. Ignorou totalmente os dois e seguiu para a cama de Harry, onde o rapaz ainda se agitava e suava.


- Harry, acorde. Acorde, é só um pesadelo. – Disse ela com urgência, sentando-se em sua cama e segurando seu rosto entre suas mãos.
- Gina! – Gritou ele, despertando, demonstrando cansaço – O que... O que aconteceu?


Neste momento, entraram pela porta, Mione, Luna, Tonks, Remo e Minerva, assustados.


- Harry! Gina! O que houve? – Inquiriu Mcgonaggal.
- Harry teve um pesadelo e a doida da minha irmã apareceu, assustando todo mundo. – Disse Rony, mal-humorado.
- Isto é verdade, Gina? – Perguntou Lupin, curioso.
- Bom... É. – Respondeu a jovem, envergonhada – Peço desculpas a todos, mas eu acordei tão assustada com o que eu vi, que nem pensei direito no que estava fazendo. Achei que Harry estava precisando de ajuda e saí correndo para cá.
- Harry, que pesadelo foi este? – Continuou Lupin, ignorando o pedido de desculpas e mostrando-se muito interessado.
- Na verdade não foi bem um pesadelo. – Começou Harry, tentando sorrir – Foi uma lembrança que voltou, e não foi das melhores.
- Céus! – Gritou Gina, levantando-se e tapando a boca com a mão – Meu Deus, Harry. Aquilo não foi um sonho? Aconteceu mesmo? Ah Harry, me desculpe por ter invadido a sua privacidade desta maneira, não foi minha intenção.
- Tudo bem Gina. Eu é que lamento você ter tido que ver o que viu.
- Será que alguém pode fazer a gentileza de nos dizer o que cargas d’água viu ou deixou de ver para acabar logo com isso e eu poder voltar a dormir? – Rony cortou, com toda a sua sutileza, arrancando um muxoxo de Hermione.
- O que foi que você lembrou desta vez, Harry? – Mcgonaggal perguntou, preocupada.
- Eu já havia me lembrado de parte do que eu vi, alguns dias atrás. É uma lembrança sobre um cemitério, e de como “meu tio” e Pedro matam um rapaz, Cedrico, e... Bom, acontece muita coisa.
- Ele não tinha um corpo. – Sussurrou Gina, lembrando-se e estremecendo por isso – Não era humano... E... ARRANCOU SANGUE DE HARRY PARA FAZER UM NOVO CORPO! – E revoltada, Gina pegou o braço do moreno, erguendo a manga do pijama e expondo a cicatriz – Aquele... Aquele... Monstro.
- Ah! Você se lembrou do dia em que ele conseguiu capturá-lo e restituir seu corpo. – Ponderou Lupin – Realmente, esta deve ser uma de suas piores lembranças, Harry.
- Espero que seja mesmo, por que tiver coisa ainda pior, não sei se quero me lembrar. – Harry continuava forçando um sorriso, que não convencia ninguém – Mas desta vez, a lembrança veio completa, eu acho. Me lembrei de praticamente tudo. Até de meus pais.
- Os vultos que saíram das varinhas? – Gina deixou a frase escapar, agora demonstrando incredulidade – Eu não consegui ver direito...
- Sim, o efeito do Priori Incantatem. O feitiço que liga sua varinha a de Riddle. – Explicou Mcgonaggal – Alvo me disse que foi isto que o salvou aquela noite, Potter. Além, é claro, de sua coragem em enfrentá-lo.


Houve um pequeno silencio no ambiente, mas logo foi quebrado por Hermione, que observava Gina. Ela parecia estar repassando tudo o que assistira novamente, seus olhos rasos d’água.


- O que eu não compreendo, é como Gina conseguiu acessar a mesma lembrança de Harry? Eles não estavam se lembrando de coisas distintas? Por que agora partilham as mesmas recordações?
- Não temos certeza sobre isso, Mione. – Finalmente Tonks se manifestava – Mas Gina é uma bruxa muito poderosa, e achamos que seu vínculo com Harry possa estar causando isto.
- Provavelmente, a proximidade dos dois estes últimos dias causou este fenômeno ainda mais peculiar. – Remo sorriu, satisfeito – Isto só mostra que o que quer que Riddle tenha feito, seu feitiço pode ser quebrado.
- Só lamento que o que viu a tenha assustado, Gina. – Disse Harry – Já basta eu sofrendo com meu passado, não queria que ninguém mais tivesse que ver isso.
- Bom, me desculpe mais uma vez pelo que fiz. Mas tive receio de que precisasse de ajuda. – Ela parecia envergonhada.
- Ainda bem que me acordou, não sei se agüentaria mais lembranças ruins. – Novamente ele sorriu, mas desta vez foi um sorriso sincero – Obrigado por vir me resgatar.
- Mas ainda tem uma coisa que me incomoda, Remo. – Gina começou a perguntar - Na lembrança da Harry, ele chamava Riddle por outro nome... Vol..
- NÃO DIGA ESTE NOME! – Gritaram os três bruxos mais velhos, assustando a todos.
- Prestem bastante atenção. Sabemos o nome que ouviram, mas nunca o repitam em voz alta, estão me entendendo? – Insistiu Remo, um pouco mais calmo.
- Mas por quê? – Estranhou Harry.
- Por que o nome está enfeitiçado. Se for pronunciado em voz alta, Riddle saberá e poderá identificar quem e onde disse. Quase perdemos Quin, meses atrás, por isto. – Explicou Minerva.
- Certo! Então temos que tomar todo o cuidado possível, Harry! – Disse Gina, recebendo a concordância do rapaz.
- Ótimo! Agora será que podemos dormir? – Rony jogou-se de cara no travesseiro, colocando outro sobre a cabeça.



Aos poucos, todos deixaram o quarto, retornando para suas camas. Ao se deitar na sua, Gina já havia chegado a uma conclusão. Se Harry tinha tanto peso sobre os ombros, ele não precisava se uma “dama em perigo”a quem salvar a todo instante, como ela havia se tornado. Precisava de alguém capaz e determinada, tão corajosa e destemida quanto ele, para enfrentar o que visse a seu lado. E ela se esforçaria ao máximo para ser esta pessoa.



No sábado de manhã, antes de começar a treinar, Harry resolveu por em prática uma idéia que tivera de madrugada, quando ficara sozinho novamente. Discretamente chamou Gina e disse.


- Err... Gina, eu queria te perguntar uma coisa.
- O que? Pode perguntar Harry. – Incitou ela, estranhando o tom formal que ele dera ao assunto.
- Bom... Eu queria saber... Se você gostaria de jantar comigo esta noite.


Gina prendeu a respiração, surpresa. Definitivamente, ela não esperava por aquela.


- Jantar? Só eu e você? – Finalmente ela perguntou.
- Isso. Apenas eu e você. Para conversar, entende? Só conversar. – Justificou ele.
- E você não tem medo dos meus irmãos? – E um sorriso maroto brotou nos lábios vermelhos da jovem, fazendo um arrepio percorrer a espinha do rapaz, que passou a mão nervosamente pelos cabelos arrepiados, de uma forma que Gina aprendera a adorar.
- Bom, para falar francamente, tenho. Mas descobri esta noite que já enfrentei coisa se não pior, bem parecida com cinco ruivos enormes loucos de ciúme. E acho que o risco vale à pena.
- Sei! Escute, senhor piloto de carro de corrida. Se acha que vai ser assim, tão fácil, pode ir tirando seu cavalinho da chuva.
- Não estou achando nada, Gina. Só quero conversar com você em paz, sem ninguém pressionando. Juro que não farei nada. Será apenas um jantar, talvez um pouco de música e depois voltamos para cá. Essa história de vínculo entre a gente não te deixa curiosa? Sei lá, conversando a gente pode descobrir algo.
- Certo! Nisto você tem razão. Também acho que a gente precisa entender melhor isso. – Concordou ela – Mas como faremos?
- Deixa isso comigo. – Harry olhou em volta, com um olhar conspirador e um sorriso matreiro – Esteja pronta às oito da noite e me encontre na academia.



Harry passou a manhã inteira para convencer Remo a ajudá-lo. Finalmente conseguiu, mas seu professor deixou claro que, quando a bomba estourasse, ele se eximiria de qualquer responsabilidade. Não queria quebrar o voto de confiança dos Weasleys. Harry não acreditou muito nisto, já que ele tinha um sorriso maroto quando disse isto, mas não discutiu. Garantiu que, caso algo acontecesse de errado, ele assumiria a responsabilidade sozinho.


Quando entrou na academia, faltavam cinco minutos para as oito e Gina ainda não chegara. Por alguns minutos aguardou, receoso de que ela não viria. Mas no horário marcado, ela apareceu. Harry perdeu a capacidade de respirar por alguns momentos. Gina estava simplesmente maravilhosa. Vestia um vestido de alcinhas na altura dos joelhos, rosa com estampas de flores, bem leve, próprio para o verão. Um sapato de salto agulha, que realçava seu porte e destacava ainda mais suas belas pernas. Um casaquinho leve sobre os ombros, uma pequena bolsa rosa e o cabelo solto, chegando até a altura de sua cintura fechavam o figurino. Depois de admirá-la longamente, a ponto de deixá-la constrangida, ele finalmente falou.


- Oi. Você está linda.
- Oi. Você também.

Foi apenas o que ela conseguiu responder, diante da figura que via a sua frente. Harry estava incrivelmente sexy, na opinião dela. Usava uma calça jeans com uma camisa de seda preta, a qual deixara dois botões abertos, revelando um vislumbre de seu tórax bem definido. Um sapato mocassim. E seus cabelos, molhados e completamente revoltos, lhe davam um ar de rebeldia e mistério, que literalmente tirara o fôlego de Gina assim que ela entrara naquela sala. Recuperada, ela conseguiu falar.


- Aonde vamos, afinal?
- Surpresa. – Respondeu ele.
- Harry, não podemos ir longe. Vão perceber que saímos.
- Não se preocupe. Consegui uma chave de portal para nos levar. E também está programada para nos trazer de volta à meia-noite. – E Harry pegou um guardanapo simples com a marca do hotel do bolso, estendendo-o para Gina.


Assim que seguraram o guardanapo, tudo escureceu e por alguns segundos, sentiram estar caindo. Então seus pés bateram firmemente no chão, e Harry rapidamente apoiou Gina, para que ela não perdesse o equilíbrio. Quando a sensação desagradável da viajem passou, Gina resolveu olhar onde estavam e seu assombro divertiu Harry.


- Harry! Nós estamos... Em Paris?
- Claro! Mais precisamente, no Campo de Marte, no centro da cidade. – E ele tomou seu braço direito, iniciando uma breve caminhada – Mas nosso restaurante, onde fiz reserva esta manhã, fica ali.
- Na Torre Eifeel? Droga, Harry. É hoje que meus irmãos matam a nós dois. – Disse em tom de brincadeira, olhando para a maravilhosa estrutura que se erguia aos céus, símbolo da Cidade Luz.
- Não podíamos vir à Paris e deixar de conhecer a Torre, não é? Então achei que seria uma boa idéia jantarmos aqui mesmo, já que temos tão pouco tempo.


Chegaram à torre e pegaram o elevador, descendo no andar do restaurante, localizado num dos pisos mais altos, de onde a vista privilegiada da cidade encanta turistas e os próprios moradores da cidade a mais de um século. Um Maitre os recebeu, acompanhando-os até a mesa. Fizeram o pedido conversando descontraidamente, Coq au Vin e Foie Gras. Quando chegou a carta de bebidas, Harry não titubeou. Pediu um Champagne, Dom Pérignon. Assim que o garçom se afastou, Gina sussurrou.

- Harry, eu ainda não tenho idade para beber. Podem nos expulsar daqui.
- Gina, você acha que alguém aqui se importa com a idade dos freqüentadores? Ninguém vai questionar idade, pedir identidade ou o que quer que seja.
- Mas eu não costumo beber, Harry. O que realmente você tem na cabeça? Está pensando em me embebedar? – E um sorriso desafiador brotou nos lábios da jovem.
- De maneira alguma! – Apressou-se ele – Só quero apagar a péssima memória que você tem de ontem, lhe propiciando uma noite agradável hoje.
- Sei. Acho bom mesmo que seja apenas isto, por que se estiver pensando em algo mais do que o jantar... – Gina continuou, mas ela já não sabia se tentava convencer a ele ou a si mesma – Não é por que já tivemos algo (apesar de não lembrarmos), que vou me atirar em seus braços de novo. Mesmo por que, nem sabemos por que ou quem acabou da outra vez, não é mesmo?
- Pode ficar tranqüila que não vou abusar da sua confiança. Prometi que seria apenas o jantar e assim será. E quanto ao passado... – Ela percebeu um rubor no rosto do rapaz antes de continuar – Bom, quem terminou fui eu.
- Sério? – Surpreendeu-se ela – Como sabe? Você se lembrou?
- Sim, quando você me acordou, eu estava me lembrando disto. Do enterro do diretor e nós conversando.
- E posso saber por que o senhor me deu um fora? – Gina tentou perguntar em tom de brincadeira, mas mal conseguiu disfarçar a apreensão em sua voz.


Harry não respondeu de imediato. Aguardou o jantar ser servido antes de continuar.


- Bom, eu estava decidido a partir. Estava saindo para lutar contra... Riddle, e sabia que provavelmente não sobreviveria. Não queria que você ficasse me esperando. Além disso, acho que queria proteger você.
- Parece que não foi uma de suas melhores idéias, não é? Perguntou ela, e ao perceber que ele não entendera, continuou – Me proteger! Afinal, como voltamos a nos encontrar?
- Tem razão. Pode deixar, não pretendo cometer este erro novamente. – Riu ele – Ou outro erro qualquer com você. Por isto, não vou forçar nada. Precisamos nos conhecer novamente, descobrir se somos as mesmas pessoas e se temos alguma probabilidade de um futuro juntos.
- Certo! – Ela sorriu, descontraída, pegando sua taça e erguendo em um brinde. Estava gostando, e muito, daquela estória, a ponto que brindaria àquilo – A nos conhecermos novamente!


A partir daí, começaram a conversar sobre tudo. Sobre o que gostavam, seus hobbies, seus temores. Após o jantar, ao som da romântica música francesa, Gina o convenceu a dançar um pouco. Ele cedeu, alertando-a que não se responsabilizaria pelos seus pés, já que era péssimo dançarino. Quando estava próximo da meia-noite, Harry pagou a conta e ambos voltaram para o parque, de onde voltaram ao hotel. Despediram-se no corredor, entrando em seus quartos em seguida.


- Gina! – Hermione gritou assim que ela fechou a porta, quase matando a garota de susto – Seus irmãos descobriram que você tinha saído com o Harry. Estão esperando por ele no quarto.
- Ah merda! – Xingou Gina, abrindo novamente a porta e pedindo, antes de correr – Mione, chama meus pais, por favor.


Mione atendeu ao pedido, um tanto irritada. Era a segunda noite seguida que acordaria os outros a pedido da Ruiva. Mas ela tinha que admitir que estava extremamente preocupada com o que aquele bando de ruivos faria com Harry.


*****



Quando abriu a porta de seu quarto, Harry se sentia nas nuvens. Mas nem teve tempo de acender a luz e sentiu-se içado pelos braços e empurrado contra a parede. A luz acendeu e ele se viu seguro por Fred e Jorge, com caras de poucos amigos. Um Rony escarlate na sua frente e Carlinhos e Gui, um pouco atrás, de braços cruzados e olhares pouco amistosos. Ele engoliu em seco, ciente de que estava numa tremenda enrascada, e tentou disfarçar.


- Oi gente! Algum problema?
- Temos um problema sim, cabelo arrepiado. – Começou Fred. Ou Jorge. Ele não sabia nem queria saber no momento.
- Você. – Completou o outro gêmeo.
- Onde e o que você estava fazendo com nossa irmã, Harry? – Perguntou Rony, agarrando-o pelo colarinho.
- Larguem ele! – Gritou Gina, entrando pela porta e vendo aquela cena. Estava desesperada e aliviada ao mesmo tempo, afinal ainda não haviam feito nada a Harry. Passou sob os braços longos de Rony, ficando entre ele e Harry e insistiu – Larga ele, Ronald, ou vai se arrepender seriamente.
- Não estamos fazendo nada demais, maninha. Só queremos saber o que esse cara estava fazendo com você. – Disse Rony.
- Ele apenas me levou para jantar, ok? Apenas isso. – Respondeu ela, tentando arrancar as mãos de Rony do rapaz – Não tem nada demais nisso, tem?
- E por que não jantaram aqui mesmo? Perto da gente, onde poderíamos ficar de olho nos dois? – Perguntou Jorge.
- Principalmente nas mãos dele. – Disse Fred.
- Queríamos conversar a sós, isto é algum crime? – Finalmente Harry se manifestou, apesar de sua voz sair um tanto rouca.
- É! – Gritaram os três rapazes.
- Eu posso saber o que significa isso? – Ribombou a voz de Molly Weasley, que entrava no quarto, seguida de seu marido e Mione – Soltem o Harry! Agora!



Contrariados, os ruivos obedeceram e se afastaram do rapaz, voltando a ficar ao lado dos outros dois. Gina permaneceu protetoramente entre eles.

- Esses... Esses... Ah! Esses idiotas estavam ameaçando o Harry. Só por que nós saímos para jantar esta noite. – Despejou Gina, extremamente irritada, apontando para os irmãos – Vocês têm idéia da vergonha que estou passando? Eu não sou nenhuma criança, sei muito bem me defender sozinha.
- Você ainda é uma menina sim, e não vamos deixar ninguém se aproveitar de você. – Disse Rony, com a concordância dos demais.
- E quem estava se aproveitando de mim? Francamente, Rony. Estava mais fácil eu me aproveitar do Harry. Ele sequer tocou em mim, nem mesmo uma única vez. Foi um perfeito cavalheiro, talvez até demais para o meu gosto.
- Se não estavam pensando em fazer nada demais, por que saíram escondidos? – Finalmente Carlinhos se manifestou, apesar de perguntar num tom calmo e baixo, totalmente o oposto do que os irmãos estavam fazendo.
- Se nós disséssemos que íamos jantar, vocês deixariam? Acreditariam na gente? – Perguntou Gina, olhando para o irmão, magoada.
- E eles não saíram escondidos. Eu permiti. – Disse Arthur, olhando diretamente para os filhos – Agora basta desta cena ridícula. Confiem na irmã de vocês, ela sabe o que faz. Todos para seus quartos, agora.


Sem mais argumentos para continuar, os ruivos começaram a sair do quarto. Só então Harry enxergou Neville, ao fundo. Estava sorrindo, mas tinha a varinha na mão. Estava claro que intercederia se achasse realmente necessário. Ao passarem pelo casal, Gui e Carlinhos pararam e o irmão mais velho disse.


- Nós nos mantivemos neutros hoje, por que confiamos em você, Gina. – E depois, voltando-se para Harry - Mas se pisar na bola com ela, Arrepiado. Acabamos com a sua raça. – E saíram.
- E aí! Ainda acha que o encontro valeu a pena? – Perguntou Gina, logo em seguida, muito constrangida.
- Com certeza! Estou inteiro, não estou? É muito mais do que eu esperava. – Sorriu Harry e em seguida, virou-se para o sr Weasley, que ainda estava ali, com a esposa – Obrigado, sr Weasley. Acho que salvou a minha vida.
- Tudo bem Harry. Mas que isto não aconteça novamente. – Disse ele, abrindo um sorriso ao ver a cara constrangida dos dois – Basta me avisarem de verdade da próxima, está bem? – E piscou para eles.


O domingo foi de descanso. Um belo dia, à beira da piscina. O grupo chamou muita atenção, principalmente as meninas. Os jovens hóspedes do hotel pareciam muito interessados em circular por ali, principalmente onde Gina, Mione e Fleur estavam tomando sol. Pelo menos até elas serem cercadas por cinco ruivos e um moreno, de feições extremamente mal-humoradas. Na hora do almoço, tiveram a companhia de Mme Máxime.


A semana seguinte foi bem mais tranqüila. Os treinamentos seguiam a todo vapor, e Harry parecia bem menos cansado do que na semana anterior. Gina se dedicava cada vez mais, e assim como Mione, começou a ler tudo que a professora colocava na sua frente. Até mesmo Rony mostrou melhoras. Na sexta-feira, porém, as aulas de Harry terminaram mais cedo. Remo já sentia os efeitos da lua, e precisava partir. Por convite da diretora de Beauxbatons, ele ficaria isolado na escola durante a próxima semana, com Tonks. Então, finalmente Harry se juntou aos demais, pois não haveria mais treino de oclumência. Todos sabiam que ele treinara, assim como eles, a lançar feitiços, mas como nunca haviam visto, não faziam idéia de como ele estava. Foi uma verdadeira surpresa, quando no sábado, perceberam que ele era tão bom quanto Hermione. Na verdade, na prática era ainda melhor. Duelava muito bem e seus feitiços eram mais potentes que dos demais.


A semana seguinte se iniciou, e todos mostraram certa apreensão. Aos poucos, as equipes que participariam da prova começaram a chegar e montar seus carros e o autódromo começou a fervilhar de pessoas, o que deixava a situação de todos, principalmente de Harry, extremamente delicada. Ele começou a ficar mais tempo no autódromo, usando o vira-tempo por um período maior. Rony também se mostrou bastante ocupado, pois o tempo em que precisava tomar a poção e ocupar o lugar de Harry era muito maior. Tiveram que tomar muito cuidado para não correr o risco de haver dois Harrys ao mesmo tempo no Box.


Na quarta-feira, iniciaram os treinos livres. Viram Draco chegando ao Paddock. Sua equipe chegara à segunda-feira, mas o loiro só foi visto naquela manhã. Cumprimentou Harry (na verdade Rony) de longe, ao passar em frente ao Box, e seguiu para o seu. Pouco depois, quando Harry (Rony) se preparava para entrar no carro, uma voz se ouviu, assustando a todos.


- Harry! Amor!


O rapaz virou-se, e viu uma jovem oriental que corria em sua direção e se jogou em seu pescoço, capturando sua boca e beijando-o lascivamente. Assustado, correspondeu ao beijo, de olhos arregalados e olhando para as meninas, que assistiam a cena.


- Aquela só pode ser a tal da Cho Chang. – Bufou Mione, cruzando os braços e lançando um olhar fulminante para a jovem – Ela é mesmo um tipinho bem a toa, não é mesmo?
- Com certeza. – Concordou Gina, achando graça da amiga – E está quase engolindo o meu irmão.
- Bom... Tecnicamente, ela está beijando o Harry. Não seu irmão. – Devolveu a outra, vendo satisfeita o sorriso de Gina desaparecer do rosto e um olhar mortal surgir no lugar.
- Valeu, Mione. – Respondeu a ruiva – E aí, vamos acabar com a raça dela agora ou deixamos para mais tarde?
- Não podemos fazer nada, não é mesmo? – Mione disse, afastando-se da cena.


Com muita dificuldade, Rony conseguiu se soltar de Cho, gesticulando para o carro e mostrando que tinha que sair para a pista. Contrariada, ela permitiu, mas permaneceu por ali, olhando ele sair. Assim que se viu na pista, chamou pelo rádio.


- Pelo amor de Deus, alguém chame o Harry agora. Ele tem que chegar aqui antes que eu volte para o Box ou estaremos perdidos.
- Tem certeza que quer ele aqui, Ronald? – Perguntou Mione pelo rádio – Me pareceu que você estava gostando muito de estar no lugar do Harry agora a pouco.
- Do que é que você está falando, sua doida? O que você queria que eu fizesse? Conversasse com ela? Se eu abrisse a boca ela descobria na hora que eu não sou o Harry.
- E precisava beijar aquela nojenta com tanto afinco? Não precisava levar seu disfarce tão a sério, seu cretino.
- Hermione... Quer parar de discutir comigo e chamar logo o Harry! – Gritou o ruivo, encerrando a conversa.


Minutos depois, Harry chegou. Escondeu-se no vestiário, e quando Rony parou o carro, correu para lá. Trocaram de roupa e Harry saiu, seguindo para onde estava Cho.


- Agora podemos conversar. – Disse ele – O que você está fazendo aqui?
- Como assim, o que estou fazendo aqui? Sou sua namorada, vim lhe dar apoio na corrida. – Respondeu ela, tentando enlaçá-lo, mas ele se esquivou.
- Cho, você não é minha namorada. Já cansei de dizer isto. – Disse em voz alta, olhando para certa ruiva, que perambulava por ali.
- Harry! Claro que sou. E não podia deixar você aqui sozinho. Sei como você se sente carente, quando fica só. – E ela tentou novamente se aproximar dele, mas Harry escapou novamente.
- Eu não estou aqui a passeio, Cho. Estou trabalhando. E não estou sozinho, estou com minha equipe. Não fico sozinho um momento sequer.
- Nem à noite? – Cho perguntou, desconfiada, olhando em volta e fixando, pela primeira vez, o olhar nas moças que continuavam por ali.
- Nem à noite, com certeza. Estou dividindo o quarto com mais dois rapazes, então não tem nenhum momento, do dia ou da noite, em que eu fique só.
- Dividindo o quarto? Mas por que você não tem um quarto só para você? E sua privacidade? Como pode dormir com estranhos, pessoas que acabou de conhecer?
- Bom, estou dividindo o quarto por que eu quero. E minha privacidade vai bem, obrigado.
- Bom, agora que eu cheguei você pode alugar outro quarto, só para nós. – Gina arregalou os olhos, não acreditando na audácia da outra.
- Não, eu não vou fazer isto, Cho. Vou continuar onde estou. Alugue um quarto para você. – E um grande sorriso apareceu nos lábios da ruiva e Harry teve que fazer um grande esforço para não rir da cara dela.
- Mas Harry... Eu pedi para o Draco me trazer, só para ficar com você. – Disse a oriental, fazendo beiço.
- Mas eu não queria que você viesse, Cho. Se quisesse, teria lhe convidado. Não posso impedi-la de ficar aqui, mas por favor, não me atrapalhe. Ou à minha equipe. Todos estão aqui a trabalho e é coisa séria. – E o rapaz saiu, indo conversar com o Sr Weasley.



A equipe de extras que Mione e Fleur contrataram, sempre achara aquele grupo estranho. Tinham a impressão que estavam atuando. Que tudo que faziam não passava de fachada para outra atividade qualquer. Ninguém ligava muito para os carros, os treinamentos, nada. Mas não se importavam com isto, já que o salário que estavam recebendo era extremamente generoso, o bastante para ignorarem estas estranhices. Mas, não deixaram de notar, que após a chegada da namorada de Harry, houve algumas mudanças na equipe. Pouco depois que Harry conversou com Arthur, este conversou com seus filhos, e um a um, estes começaram a vestir as tocas, que cobriam os rostos e eram normalmente usadas sob os capacetes. Depois do almoço, para espanto geral, as jovens apareceram com os cabelos pintados. Todas elas. Hermione pintara o cabelo de loiro, Fleur e Gina agora tinham os cabelos completamente negros e Luna, estava ruiva.


Finalmente, chegou o domingo. Harry e Rony não haviam conseguido uma boa classificação no grid, mas estavam melhores do que Malfoy. Enquanto davam os toques finais, as moças saíram do vestiário, com seus uniformes novos, que Mione e Fleur haviam remodelado na noite anterior. Quando questionadas o porquê da troca do uniforme, que até então era igual ao dos homens (Um macacão simples, nas cores vermelho e dourado), elas disseram que precisavam dar um toque feminino à equipe. Elas haviam transformado o macacão em um macaquinho, extremamente curto e sexy. As cores permaneciam as mesmas, mas elas estavam simplesmente de parar o trânsito.

Quando Harry olhou para o quarteto, ficou sem fala. Claro que ele preferia Gina ruiva, mas ele tinha que admitir que o contraste dos cabelos negros com sua pele alva, era de tirar o fôlego. Olhou para Rony, e este não parecia melhor do que ele, apreciando Mione. E todo o restante da equipe, fitava Fleur. Luna passava despercebido e um tanto deslocada entre elas.


A corrida já estava na metade. Harry estava em sétimo, enquanto Rony vinha em décimo lugar, logo atrás de Draco. Estava muito satisfeito com o desempenho do ruivo, que neste momento forçava Draco a defender sua posição com unhas e dentes.

Rony estava eufórico. O carro era ótimo e ele corria de igual para igual com alguns dos melhores pilotos da Europa. Só não estava numa posição melhor, devido sua falta de experiência. Mas ele pretendia mostrar a Harry que havia feito uma boa escolha, ao colocá-lo dentro daquele carro. Mas estava começando a ficar irritado com o carro verde à sua frente. Já estava colado nele há quatro voltas, mas não conseguia, e isto o estava deixando louco de raiva.


- Ronald, você precisa passar Malfoy de uma vez ou se afastar um pouco, para deixar o motor refrigerar. Está superaquecendo. – Disse Mione, pelo rádio.
- Eu estou tentando, Mione. Mas não está fácil, o cara é carne de pescoço. – Respondeu ele.
- Rony, deste jeito o motor não vai agüentar. Está acima das escalas.


Neste momento, como se estivesse esperando apenas que isto fosse dito em palavras, o motor do carro explodiu, lançando o capô, que voou e caiu na pista, quase acertando outro carro que vinha logo atrás. Rony perdeu a direção do carro, que bateu no Board Rail, atravessou a pista e bateu do outro lado, arrastando – se por alguns metros até parar, uma coluna de fumaça espiralando do motor.


Harry ouviu o som do motor explodindo e olhou no retrovisor. Seu sangue gelou quando viu o borrão vermelho e dourado atravessando a pista. Tirou o pé do acelerador, deixando vários carros o ultrapassarem, virou o volante para a esquerda e deu um cavalo-de-pau, virando seu carro no sentido contrário e acelerando novamente, voltando para onde o carro de Rony parara. Ainda antes de parar totalmente, já havia batido no cinto e pulava pela janela. Correu até Rony, que estava zonzo ainda pelo acidente. Os fiscais de pista chegavam correndo, com os extintores, pois o fogo do motor começava a propagar.


- Rony! – Chamou, enfiando a mão pela janela do carro e soltando o cinto de segurança – Vem cara, você precisa sair daí.


Pegando-o por baixo dos braços, Harry conseguiu puxá-lo, enquanto os fiscais começavam a combater o incêndio. Arrastou-o para longe e deitou-o no chão, nervoso.


- Rony, você está bem?
- Es...Cof!Cof!Estou sim, Harry. Obrigado.


Uma nova explosão, agora do tanque de combustível, fez com que o ruivo se recobrasse totalmente. Felizmente, nenhum dos fiscais que estavam combatendo o incêndio se feriu, pois se afastaram ao perceber o que aconteceria.


- Caramba, foi por pouco. – Disse Rony, olhando para o carro arder.
- É, acho que esta foi mesmo. Como você está? Está ferido?
- Não, eu estou bem. – E Rony começou a se levantar, apoiado por Harry – Acho que vou ficar te devendo essa, meu chapa. Além do carro, é claro.
- Não se preocupe com o carro. O importante é que você está bem. E quanto a estar me devendo... Bom, não seria nada mal se aliviasse um pouco a pressão por causa da sua irmã.
- Não force a sorte, cara. Não estou tão agradecido assim. – Mas Rony tinha um sorriso no rosto, que foi acompanhado por Harry.
- Certo! Vamos, acho que teremos que voltar a pé para o Box.




Algum tempo depois, quando conseguiram se livrar da imprensa e dos curiosos, finalmente chagaram ao Box de sua equipe. Foram recebidos por um mar de gente, todos mostrando preocupação e ansiedade. Molly pulou sobre o filho caçula, cobrindo-o de beijos. Depois pulou sobre Harry, agradecendo-lhe por salvar a vida do filho. Todos os irmãos o cumprimentaram, restando uma certa jovem por último. Esta não falou nada, apenas se aproximou dele e o abraçou, com toda a sua força. Então sussurrou, em seu ouvido, um “Obrigada!” e se afastou, com os olhos brilhantes, e passou a abraçar o irmão. Este correspondeu ao abraço carinhoso, mas tinha os olhos em Mione, que ainda estava afastada do grupo, de cabeça baixa. Ela cutucou Harry no braço, indicando-a, e os dois foram até ela.


- Acho que preciso te pedir desculpas. – Começou Rony – Devia ter escutado você. Achei que sabia o que estava fazendo e não quis dar ouvidos à razão.
- Você devia mesmo ter me escutado, seu paspalho. Mas nunca me ouve, sempre faz tudo do contra, só para me irritar. – Respondeu ela, levantando a cabeça, seus lábios tremendo convulsivamente – Tem idéia do medo que eu senti, achando que poderia ter morrido? E achando que eu era a culpada, já que não tinha conseguido convencer você do risco?
- Eu sinto muito, Mione. Prometo que não vou mais fazer isto. E você não tem culpa se eu sou um grande idiota, que não dá ouvidos a ninguém. Não fique assim, não vale a pena se martirizar por esta besta quadrada.
- Eu acho bom nunca mais fazer uma idiotice dessas, Ronald. Senão eu acabo com a sua raça. – Disse ela, finalmente se rendendo às lágrimas e sendo abraçada por Rony – Ainda bem que o salvou, Harry.

E ela estendeu o abraço a ele, ficando assim abraçada aos dois.



Quando a corrida terminou, os ânimos já estavam mais calmos e todos já estavam trabalhando para desmontar os equipamentos, que seriam levados de volta à Inglaterra no dia seguinte. Harry coordenava os trabalhos, quando Draco e Cho entraram. Ela já estivera ali antes, mas como Harry mal lhe dera atenção, correu em busca de Draco.


- E aí, Harry. Você está bem? – Perguntou o loiro, para chamar a atenção.
- Olá Draco. Sim estou bem. E parabéns. Quinto lugar é uma ótima posição. – Respondeu o moreno.
- É, mas poderia ter sido melhor. Perdi muito tempo com seu segundo piloto. Como ele está?
- Bem também. Não sofreu nenhum ferimento. Mas discordo de você que poderia ter sido melhor. Se nós não tivéssemos abandonado, tenho certeza de que você ficaria atrás da gente. Mas só vamos poder confirmar isto numa próxima oportunidade, não é mesmo?
- Tem razão. Estou louco para nos encontrarmos na pista novamente. Só espero que seu amigo consiga manter o carro da pista, então.
- Vai conseguir, Draco. Você vai ver.
- Harry, você me leva para casa? – Interrompeu Cho, tentando colocar na voz o tom mais sedutor que podia.
- Não, Cho. Não posso. Preciso ajudar a desmontar tudo, só vou partir amanhã. E vou com a equipe, no trailer. Acho melhor você voltar com Draco. – Respondeu ele, fazendo pouco caso – Você a leva?
- Claro, sem problemas. – Anuiu Malfoy.
- Mas Harry, você é o dono da equipe, não precisa fazer este trabalho braçal. Pode pagar as pessoas para fazê-lo. – Disse Cho, esquecendo seu apelo sensual.
- Tem razão, Cho. Posso pagar outros para fazer. Mas não quero. Prefiro ficar e trabalhar com a equipe e depois viajar com eles. Algum problema nisto? – Respondeu Harry, secamente. Depois voltou sua atenção para Draco – A gente se vê em casa, ok?
- Ok. Boa viajem. – E Draco saiu, puxando uma inconformada Chang pelo braço.
- Muito bem, pessoal. Vamos terminar de desmontar isso de uma vez e carregar os caminhões. – Disse, virando-se para os demais – Amanhã temos que voltar para a Inglaterra. Meu “tio” está me esperando.



N:A: Até que não demorei tanto a postar este, né? Bom, espero que tenham gostado do cap. Acho que é o maior da FIC até agora.
Espero também, que as coisas estejam ficando um pouco mais claras. Aos poucos, vão ficando ainda mais. Deve demorar ainda uns 2 ou 3 caps, antes da fic ficar mais mágica e menos trouxa. Tenham um pouco mais de paciência, ok?

Queria agradecer a todos os que estão lendo. Vi que tem muito leitor novo, o que me deixa muito feliz. Por isso, volto a dizer aqui. Comentem, pessoal. Só com os comentários de vocês é que nós, autores, conseguimos medir o grau de satisfação da fic. Se estamos indo pelo caminho certo ou se precisamos mudar algo.

Sei que vocês esperam que a gente responda os Coments, e já há algum tempo não tenho feito isto, mas é pura falta de tempo. Prometo que vou tentar me redimir. E vou começar por este cap, ok? Então vamos a algumas respostas.


Pedro Ivo – Um dos meus leitores mais antigos. Fico feliz que continue aqui, companheiro. E ganhou o troféu Cata-Piolho. Os **** foram falha nostra mesmo, eu esqueci de deletar antes de postar. Quanto a Helga... Bom, aguarde mais um pouco. No próximo cap este mistério acabará.


Gilmara – Gostou da reação dos Weasleys? Como viu, a Fleur apareceu neste. E vai ficar com a Ordem, a partir de agora. Viu que atendi sua sugestão? Não totalmente, por que ainda está muito cedo para algumas coisas acontecerem, mas não resisti ao beijo da Cho no Rony(Harry). Gostei muito da sugestão, obrigado.

Dark Phoenix – Não desisti não, pode ter certeza. E até que atualizei bem rapidinho, não acha? Mas o próximo deve demorar um pouco mais, devido a outros compromissos que tenho. Mas abandonar, nunca.

Israelson – Muito obrigado. Fico feliz que ache isso.


Sussu – Morre não, moça. Se morrer, não vai saber o final da estória. E espero que goste deste também, escrevi com muito carinho.

Ademir – Muito obrigado. Outro que não quer saber o final da estória, é mole? Eu é que fico velho e o pessoal se achando no fim da picada.

Luu – Vamos por partes. Primeiro, não tem o que agradecer, lógico que não a tiraria da lista. A não ser que me pedisse, é claro. E sei que a correria da vida acaba nos afastando de ler o que a gente gosta. Eu mesmo passei meses sem ler uma fic sequer. Faz parte.
Mais uma vez, obrigado pelos elogias à minha escrita, assim eu fico sem jeito. E melhor ainda que esteja gostando do enredo. Sei que o primeiro cap foi meio confuso, mas essa era a idéia mesmo. Chocar, assustar, confundir. Não, a casa dos Black não é tão bem protegida assim. Bota o gato no telhado que tem mais coisa aí. Aguarde. O artefato? Bom, ainda é cedo para saber. Mas no próximo cap, Harry vai descobrir mais alguma coisa sobre ele. O garotinho era a Tonks, disfarçada. Se você gosta de HG, então acho que adorou este cap, não foi? Bjs e obrigado pelo comentário.


Pri – Bixxxcoito – Oieeee! Tudo bem? Que bom que passou aqui e está gostando da FIC. E aí, gostou da volta da Fleur? É, eles estão de volta. Cada dia mais. Bjs.


Lamarck – Fala garoto. Tudo bem? Tai cap novo. Bom, o livro vai saindo, aos poucos. Já tem dois caps prontos, e pretendo escrever mais um ou dois antes do próximo da fic.

Laurenita – Cuidado com os gatinhos. Rsrsrsrss. Bom, vai demorar um pouco sim, O que pode acontecer é terem alguns flashes, como neste cap. Ou talvez encontrem uma solução para saberem de tudo. Quem sabe? Vamos ter que esperar um pouco. O pessoal da Ordem estava na sede, quando aconteceu. E eles não foram atingidos por que houve algo, que não posso contar ainda, que os protegeu. A Helga? Aguarde o próximo cap, ok? Bom, como já disse numa resposta acima, se você gosta de HG, espero que tenha gostado deste cap ainda mais. Eu gostei de escrever.


Fad`s – Você é mesmo uma manteiga derretida, hein moça. Que bom que esteja gostando da fic. Ainda estou te devendo uma passada na sua, não esqueci não. E manda um abraço pro Jonas.


Simone – Pedido atendido. Tai mais um cap. Valeu por acompanhar a fic.


Sô Prates – Amiga, muito obrigado pela presença. E pela bela capa, também. Adorei. Bjs.


Filipa – Ok, calma. Está aí a continuação. Contra-chá? É, acho que sim. Aguarde no próximo cap para conferir isto, ok? Teremos Horcruxes sim, mais para frente. E quem disse que o feitiço não afetou Hogwarts? Eles não sabem se o quadro existe ou não. Esperam que exista, mas não têm certeza. Só vão saber ao certo, quando entrarem em Hogwarts. O que não demora muito. Ah! Consegui postar antes de seus exames?


Merope – Obrigado, minha querida. Espero que esteja melhor de saúde.


Bom, já disse aí em cima, o próximo deve demorar um pouco. Mais uma vez, obrigado por acompanharem a fic e não a abandonarem.

Beijos e abraços.

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