Um Dia Nada Comum



Capítulo O1 – Um Dia Nada Comum

Scorpius Malfoy estava sentado do lado da porta da mansão Malfoy, esperando a sua empregada, Amanda, arrumar seu malão e a gaiola com sua coruja. Já eram quase dez e meia, se demorassem muito Scorpius iria se atrasar para o seu quarto ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
- Vamos? – Dizia Amanda com as malas nas mãos. – Seu trem sai em meia hora, acho melhor aparatarmos, ou nos atrasaremos.
- E mamãe? E papai? Eles não vêm? – Scorpius parecia muito mal-humorado.
- Não, querido, seu pai estava no escritório, e sua mãe saiu com sua avó, sabe como elas são. – E acrescentou vendo a cara triste do menino. – Não se preocupe logo isso acaba.
- Isso o q...? – Mas Amanda o interrompeu
– Por Merlin, são dez e quarenta. Vamos logo Sr. Malfoy. – E com um estalo os dois rodopiaram e apareceram na Estação King Cross.
A manhã na estação estava um tanto clara, e todos estavam de muito bom humor, exceto uma garota de cabelos loiros muito lisos, com a franja caindo sobre os olhos, de cor azul. Scorpius nunca havia visto ela antes, e achou que poderia ser uma trouxa qualquer, por isso não prestou muita atenção. Ele foi andando com Amanda até a plataforma.
- Sr. Malfoy, eu sei que está chateado que seus pais não puderam vir, mas de qualquer forma eles irão estar em casa quando o senhor voltar, no Natal.
Amanda ia falando, mas Scorpius não estava ouvindo, e não lhe interessava que seus pais não estavam ali nunca para embarcá-lo, desde o primeiro dia Scorpius decidiu que teria que fazer tudo sozinho. Sem a ajuda de ninguém!
- Amanda, tá tudo bem. Pode ir agora, eu me encarrego de colocar lá o malão. – A empregada abriu a boca e ele acrescentou – É sério, eu posso fazer isso sozinho, e eu já nem me importa que eles não venham.
- Tudo bem então, senhor. Até o Natal – disse ela se afastando.
- Até. – Resmungou ele lentamente.
Scorpius foi andando até o vagão para colocar a mala, nisso ele viu a mesma menina de cabelos loiros lutando para colocar o malão no devido lugar.
- Parece que alguém grudou chiclete na varinha de Merlin. – Disse ele num tom debochado.
- Ah, não se incomode com suas grosserias e comentários bestas, eu posso fazer sozinha. – E falando isso ela apontou a varinha para o malão e disse: - Vingardium Leviosa. – E saiu andando.
Onde foi parar a droga da educação e o bom humor desse mundo? Pensou Scorpius. Colocou sua mala e continuou caminhando, em direção aos vagões. Seu amigo, Jason, não iria à Hogwarts de trem. Seus pais haviam sido mortos e ele decidiu arranjar outros meios para chegar à escola. Jason era seu único amigo, talvez porque ele fosse o único que entendesse Scorpius, que de uma hora para a outra poderia mudar drasticamente de humor. Era uma relação interessante, nenhum dos dois falava muito, ou conversava. Geralmente era só para azarar garotas ou comentar o quadribol, Scorpius estava acostumado a ter que fazer tudo sozinho.
Ele embarcou no trem e viu que este estava cheio. Foi então à pior cabine do trem, a última, lá geralmente balançava muito e pra sair tinha que esperar todo mundo ir, e se você não tomasse cuidado perderia a chegada. Como Scorpius estava com um humor razoável, decidiu se sentar lá, pelo menos ninguém o incomodaria. Ele se deitou e fechou os olhos, e mal adormeceu uma pessoa abriu a porta, causando um barulho estrondoso.
- O QUE VOCÊ PENSA QUE TÁ FAZENDO? POR MER... – Scorpius olhou aborrecido quem era, viu a menina loira que havia visto na estação. – Ah, é você de novo, que houve? Algum aluninho do primeiro ano te expulsou da cabine?
- Ah, meu Merlin, me desculpe, não vi que você estava dormindo. De qualquer jeito, posso me sentar?
- Só se implorar.
- Tá brincando comigo né? – Ela perguntou incrédula.
- Diga assim: “Garoto lindo, loiro e muito atraente, poderia me fazer o favor de ceder o lugar para uma menina como eu ficar feliz?” – Scorpius se divertia mais a cada palavra.
- Não, prefiro ficar em pé! – Retorquiu ela.
- Tudo bem, problema é seu – Scorpius deitou-se novamente e fechou os olhos.
- Não acredito – Bufou a menina jogando os cabelos sedosos para trás. – Você realmente não quer que eu diga isso, quer?
- Claro que quero, a cabine é minha, e eu faço as regras. – Disse ele ainda de olhos fechados.
- Ótimo. – Disse ela revirando os olhos e continuando de pé.
Depois de meia hora Scorpius abriu os olhos.
- Ainda ai?
- Só tem essa cabine que não esteja lotada, ou com idiotas. E não leve isso como um elogio, você é igualmente idiota e estúpido quanto o outro que eu encontrei.
- Você sempre fala demais? Isso incomoda sabe? Mas como eu sou bonzinho, eu deixarei você se sentar – Completou ele com um ar irônico.
- Tá falando sério? Ou só me fazendo de boba?
- To falando sério, senta logo. - Ela se sentou de frente para ele.
– Procurei um lugar vago o trem inteiro e não achei. Só tinha um, mas um garoto arrogante metido a besta disse que só os Grifinórios podiam sentar-se ali. – E ela bufou.
- Eu já avisei, você fala demais, e até quando não é preciso um comentário.
- Você sabe muito bem disso, pelo jeito com que trata as pessoas.
- Mas voltando ao assunto, bom, no mínimo quem você encontrou era o Potter, ele é assim mesmo, um idiota completo. Mas em que casa você está? – Perguntou interessado.
- Casa? Eu não sei, sou nova aqui, acabei de me mudar de... – Ela hesitou - Outro lugar.
- Ah sim, então eu costumo ser menos informante, mas eu vou explicar para você como funciona o negócio em Hogwarts – Disse Scorpius meio desconfiado. – Existem quatro casas, são os lugares em que você vai morar até completar o sétimo ano. Grifinória, Lufa-Lufa, Corvinal e a melhor, Sonserina.
- Sim, e como eles sabem qual nós vamos viver? Quer dizer, nós podemos escolher?
- Não, tem um chapéu, chamado Chapéu Seletor – E vendo a expressão dela, acrescentou: - Eu sei, muito criativo, mas seguindo. Ele escolhe para que casa você vai.
- E como ele sabe? Ele lê a nossa mente? Ou somos escolhidos conforme a nossa personalidade?
- A ultima é a mais certa. Os alunos da Grifinória são os corajosos e bla bla bla – Scorpius fez uma cara de nojo - Se você entrar lá, paramos de nos falar, é regra. Todos são arrogantes, como o Potter, e todos são sem cérebro.
- Definitivamente eu não quero essa – Ela disse com um tom de desprezo, fazendo Scorpius rir, poderia ser que ela não fosse tão mal.
- É, não queira. Tem a Lufa-Lufa, eu nunca soube o que a casa tinha – Ele parou um instante e fez uma cara de incompreendido - Mas acho que é o resto que vai pra lá. Igualmente intolerante. Depois vem a Corvinal, onde ficam os CDF’s, que se acham os donos só por serem inteligentes. – Ele fez uma pausa.
- E a “melhor” – Disse ela imitando ele.
- A “melhor” é a Sonserina, lá todos tem futuros brilhantes, são ambiciosos e leais. – E finalizou com um sorriso azedo - Que é a minha casa, claro.
- Hun, então é assim, bem simples. – Ela examinou o trem.
- Se você desobedecer às regras a casa que você foi escolhida perde pontos. – Scorpius acrescentou.
- Perde...? – Ela não havia entendido.
- É, perde pontos, tem uma tabela – Disse ele gesticulando - E se você fizer alguma coisa merecedora, a sua casa ganha pontos.
- Ah sim, mais alguma coisa?
- Sim, quadribol. Mas isso você deve saber. – Disse ele se se encostando ao banco novamente.
- Quadri o quê? – Ela olhou com curiosidade.
- Você não sabe o que é quadribol? Desculpa-me, mas de que mundo você veio? – Disse ele incrédulo.
- Ah, de onde eu vim, bom, eu estudei em casa, desde sempre... – Mas Scorpius a interrompeu.
- Você nunca esteve numa escola de bruxaria? – De boca aberta.
- Não, como eu disse, eu fui criada em ca... – Ele a interrompeu de novo.
- Então você nunca aprendeu nada? Você deve ter a educação de um trasgo. – Ele não podia acreditar.
- Quer parar de me interromper? Está ficando chato já, depois eu que falo demais! Que coisa, eu digo que sempre estudei, mas sempre em casa. Com meu pai. Ele me ensinou tudo.
- Mas você não acha que vai entrar assim direto no quarto ano, acha?
- Claro que sim, sei muito bem os feitiços e poções que vocês aprendem, e faço muito bem. Mas de qualquer jeito, obrigada pela explicação. – Ela acrescentou sorrindo. Tinha dentes muito brancos e perfeitos. Scorpius ficou hipnotizado por um minuto. Ela era muito bonita, seus cabelos platinados cintilavam com a luz da lua que ia aparecendo, tomando o lugar do sol.
- De nada, só não conte a ninguém essa conversa “civilizada”. Eu sou muito conhecido como um cara fechado.
- Nossa, deve ser horrível. – Disse ela zombando.
- Não, é bom, eu gosto do meu mundo. – E falando isso saiu da cabine. Olhou ao redor e notou que não havia ninguém no trem. Virou-se para dentro, olhou para a garota e disse: - Acho que estamos enrascados. O pessoal já foi, anda logo, temos que sair antes de o trem se mexer.
- Como assim...? – Mas ela percebeu que já não havia mais nenhuma alma no trem.
Eles foram correndo para a porta, quando estavam a meio metro o trem começou a se locomover.
- Essa não, antes mesmo de entrar eu arrumo confusão. – Disse ela, preocupada. E logo se compondo, com um ar arrogante. - Você é mesmo um cara responsável pra quem estuda em uma escola de bruxaria, hein?!
- Cala a boca metida, vem cá – Ele a puxou.
- Obrigado pela delicadeza.
- De nada, não estou em condições de ser delicado. – Ele segurou-a pela cintura, bem forte, e pulou do trem.
Os dois rolaram e enfim pararam a uns vinte metros dos portões. A moça estava com as vestes rasgadas, com um corte nos lábios e suja de terra. Ele estava normal, sem nenhum arranhão. Ele se levantou, e viu que ela estava com os lábios cortados, e muito suja.
- Ah, me desculpe pela boca – Disse ele com uma careta.
Ela tocou os lábios e sentiu o sangue. –Tudo bem, estou... Digamos, acostumada.
Ele não entendeu e fez menção de perguntar, mas ela o interrompeu.
- Feitiços que dão errado. – Sorriu e se pôs de pé.
Scorpius foi até o portão com a moça ao seu encalce.
- Porque não aparatamos logo que caímos? – Ela indagou.
- Porque simplesmente não se pode aparatar nem desaparatar em Hogwarts, você deve ser meio retardada. – Ela fez menção de abrir a boca para retrucar e ele apenas levantou a mão, deixando ela brava. Bateu durante dez minutos nos portões e uma mulher veio até o portão e o abriu.
- Sr. Malfoy, meia hora atrasado, terei de descontar cinqüenta pontos de sua casa. – Disse a mulher rabugenta. Ela tinha cabelos muito negros, com os olhos da mesma cor e uma aparência um tanto rígida.
- Sra. Lauren, foi um acidente, quando fomos sair o trem começou a andar, e não deu tempo, então saltamos e... – Scorpius disse correndo.
- Sem desculpas mal-feitas Sr. Malfoy, mal chegou ao colégio e já está dando prejuízo à sua casa. Muito bom trabalho. – Disse a professora fazendo graça. - Entre e sente-se à sua mesa, depois o levarei à sala da diretora.
- Sim, senhora. – Disse ele de má vontade, revirando os olhos. – Vamos. – Virando-se para a garota.
- Ah, não, a Srta. Geheimnis vem comigo. – Scorpius não entendeu que a Prof. Lauren estava se dirigindo à menina loira. Logo depois de olhar à sua volta, viu a professora revirar os olhos e a menina sorrir para ele.
- Hun, ok, então eu vou para o salão. Até mais Geheimnis. – Disse ele se virando para a menina e sorrindo.
Scorpius foi correndo para entrar antes de a porta ser fechada. Ele foi andando pela escadaria, viu muitos alunos novos, e se perguntou se a menina não deveria estar ali. Continuou e quando chegou ao salão muitas cabeças se viraram para ele, e ele pôde sentir o olhar de desaprovação de muitos colegas, e professores. Todos estavam comendo, não podia ter se atrasado tanto, geralmente a diretora fazia o discurso antes da comida. Parecia que algumas coisas iriam mudar em Hogwarts esse ano. Sentou-se e depois dos alunos e professores voltarem a se concentrar em suas jantas, foi logo conversar com seu melhor amigo, se é que podia chamá-lo assim.
- Jason, não abra a boca, e depois tu me conta como chegou. – Disse ao ver o amigo abrir a boca. – Vem, tenho que te contar. - Os dois saíram correndo da mesa, abaixados e seguiram pelo corredor. Scorpius ia falando enquanto andavam.
- Voltaremos antes de McGonagall dar os avisos, algo me diz que vai ser o melhor em alguns anos, porque ela deixou para depois da comida.
- Ixe, to vendo que o Scorpiuszinho aprontou uma. Quem você tava pegando? A Ransey? Eu gosto dela, é gostosinha. Mas ela tem namorado, é melhor você não chegar muito perto. – Ele ia debochando de Scorpius - Ouvi dizer que o namorado dela é lobisomem, sabe né...
- Cala a boca Jason, que merda. Eu to tentando colocar os pensamentos em ordem.
- Tudo bem amiguinho, me conte agora, como foi que você se atrasou? – Disse Jason ficando sério.
- Eu conheci uma garota...
- Qual o nome dela? – Ele falou com os olhos quase comendo Scorpius de tanta ansiedade.
- VOCÊ NÃO CONSEGUE SEGURAR A LINGUA UM MINUTO? ME DEIXA ACABAR ANTES DE A MCGONAGALL COMEÇAR A FALAR! – Jason ficou quieto na hora, olhando o amigo assustado.
- Eu ainda não sei o nome dela, só sei que o sobrenome é Geheimnis. Engraçado, eu já ouvi esse nome, mas não lembro onde. – Disse Scorpius tentando se lembrar aonde havia visto aquele sobrenome.
- Hun, tenho permissão pra falar agora? – Disse Jason olhando com cautela.
- Calma, tem mais. Ela não conhecia nem o que era Quadribol, realmente, mas acho que trouxa ela não era. Não tinha cara de sangue-ruim – tenho que parar de falar disso, ficarei igual ao vovô – Mas de qualquer jeito, ainda não foi selecionada, e não será junto com o do primeiro ano.
- Agora eu tenho permissão pra falar? – Olhando para Scorpius, chateado.
- Fala. – Falou Scorpius seco, ainda absorto em seus pensamentos.
- Eu acho melhor a gente entrar, a McGonagall começou a falar – Disse rindo.
- Idiota, achei que era uma coisa construtiva, vamos. – Os dois voltaram para o salão em silêncio, sentaram-se e a diretora começou a dar os avisos.
- Boa noite alunos. Espero que tenha apreciado o jantar. – Ela fez uma pausa. -Primeiramente, gostaria de informar que este ano a torre de Astronomia está fora da lista de lugares permitidos aos alunos. Qualquer aluno que for a tal lugar irá ser punido, correndo o risco de expulsão. – Ela fez uma pausa, vendo que os alunos não reclamavam, continuou - Em segundo lugar, informarei que qualquer produto da loja de logros Weasley serão totalmente proibidos nesta escola. – Depois desse aviso, muitos alunos abaixaram a cabeça e resmungaram, outros xingavam baixinho - E por fim, mas não menos importante, teremos uma aluna transmitida de outro lugar à nossa escola. Espero que sejam simpáticos com ela, e façam-na se sentir em casa. Por hoje é só, os monitores os guiaram para seus devidos dormitórios. Os horários das aulas estão disponíveis no quadro de informações situado no quarto andar. Boa noite a todos. – E dizendo isso os professores e monitores se levantaram e seguiram.
- Sr. Malfoy, a diretora disse que não vê-lo hoje, ela também disse que entende o que houve. – Disse o monitor-chefe de sua casa, Scorpius assentiu e se virou. O monitor continuou: – Alunos da Sonserina, venham comigo - E prosseguiu com os demais alunos.
Scorpius foi seguindo ele, junto a Jason, mas procurando por Geheimnis. Jason o cutucava freqüentemente, mas sem sucesso, o amigo estava fora de si.
- CARA, olha pra mim – Disse Jason parando Malfoy – Amanhã cedinho a gente acorda, eu vou com você na biblioteca e a gente procura sobre ela. Pô relaxa cara, você tá paranóico já com ela, mal a conheceu. – Acrescentou um sorrisinho.
Mas mesmo assim Scorpius a procurou com os olhos, qualquer garota que fosse loira ele examinava, queria vê-la antes de dormir. Mas sem sinal dela, foi direto para a cama, tinha sido um longo dia, e muitas novidades. Ficou pensando como a menina fora parar ali. Por um segundo sentiu nojo de si mesmo, não era sempre, ou melhor, era nunca que um Malfoy, poderia sentir tal sentimento de simpatia por uma garota, ainda mais sem saber se era sonserina ou sangue-puro. E foi pensando nisso que Scorpius caiu no sono. Afinal tinha sido um dia e tanto.
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N/A: Hey guys, essa é a minha primeira fic, fazem anos que eu tnto escrever ela, e agora deu! Então, comentem, dêem opniões, elas serão muito bem vindas, beijos :*

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