Capítulo Único



“This is the story of a girl
Who cried a river and drowned the whole world
And while she looked so sad in photographs
I absolutely love her
When she smiles”

( Esta é a história de uma garota
Que chorou um rio e afogou o mundo inteiro
E enquanto ela parecia tão triste em fotografias
Eu a amo completamente, quando ela sorri )



Me lembro como se fosse ontem do dia em que a conheci. Encontrava-se nos gramados, deitada de barriga para baixo lendo um livro. Seu livro preferido. O livro que por tanto tempo a vi recolocar na prateleira da biblioteca, mas não o colocando por inteiro, como se hesitasse em devolver aquela preciosidade a um lugar no qual só ficaria mais empoeirado e desgastado do que já estava. Sempre acabava por pega-lo de novo, um sorriso por nascer nos lábios vermelhos e finos que possuía... Lábios de mel. Acho que posso contar como o dia mais feliz da minha vida, o dia em que Marlene McKinnon me beijou pela primeira vez.

“Flashback”

- Vamos, Lenezinha... – Ela abriu um grande sorriso, adorava a forma como ele a fizera gostar daquele apelido criado por Alice, o qual por tanto tempo odiou, fazendo-a por vezes ralhar com a amiga. – Adivinhe quantos dedos tem aqui. – O garoto escondia a mão direita por trás das costas, impedindo-a de ver o número exato. – Se acertar, ganha uma bala.
- Você é ridículo, Six. – Como odiava aquele apelido, mas vindos da boca dela pareciam-lhe como o doce canto dos passarinhos logo de manhã, contemplando o belo sol que nascia em sua frente. – E sabe muito bem que eu prefiro pirulitos com aquelas pequenas bolas de chiclete dentro. – Ele soltou uma gargalhada, pousando a mão direita sobre os cabelos negros levemente revoltados, caindo-lhe com suavidade sobre a testa, deixando-o com um ar um tanto sexy. Bagunçou os próprios cabelos e voltou-se para mirar os olhos da amiga.
- Sei disso, Mc. Mas estava em falta, sabe?
- Puxa, Black. – Deu-lhe um sorriso no canto da boca. – Não era você que prometeu me dar tudo que eu sempre quis?
- Claro, isso antes de te conhecer direito e saber o quão mala você é, Marlene!

Sirius começou a correr, correr com a neve sob seu pés, abafando os sons dos passos. Marlene, em alguns segundos, deu-se conta de que o maroto corria e foi atrás dele. Ele começou a rir, o cachecol entrelaçado firmemente no pescoço doía-lhe por vezes.

Ficava cada vez mais perto de Marlene, os pés enrijecendo com o frio da neve, fazendo-o assim deter-se e se virar para a frente, agarrando a garota que corria descontroladamente pela cintura, e jogando-a num montinho de neve ali perto.

- Puxa, Sirius. Você prometeu que não abusaria de mim pelo menos até sairmos do colégio. – Debochou ela ofegante. Ainda estava um pouco surpresa pela repentina parada de Sirius, ele não costumava se deixar ganhar.
- Talvez isso aconteça mais cedo do que você imagina. – Deitou-se ao lado dela com um sorriso maroto nos lábios, examinando cada centímetro do rosto de Marlene McKinnon. A grifinória possuía belos e grandes olhos azuis, eram diferentes dos dele, os quais eram frios e cinzentos. O cabelo sedoso como uma pétala e negro como breu até as costas, caindo-lhe com charme pelos ombros e a pele macia, branca como a neve em que se encontravam. As bochechas eram rosadas, lembrando as de uma criança feliz que acabara de pular muito. Perfeita. Era assim que ele a enxergava. Simplesmente perfeita. Uma versão feminina dele. O par perfeito para Sirius Black... Marlene McKinnon.
- Do que está falando? – Assustou-se, não esperava ouvir aquilo da boca do maroto. Era quase que uma alucinação. Falara aquilo na brincadeira, e os dois eram tão amigos desde o 4º ano.
- Ah, Lene... Lenezinha. – Murmurou ele com um sorriso nos lábios, acariciando-lhe o rosto com carinho. As mãos grandes dele a aqueciam. Como sempre quisera as mãos dele pelo seu corpo, passando por cada centímetro como se fosse o corpo dele próprio. Ela sempre gostara dele, isso ninguém poderia negar. Mas apenas suas melhores amigas sabiam da verdadeira paixão de Marlene por Sirius: Emmeline Vance, Lily Evans, Dorcas Meadowes e Alice Hale. Sempre a incentivaram a declarar-se, alegando cegamente que o maroto sentia o mesmo por ela. Duvidava. Se ele sentia mesmo aquilo por ela, porque nunca se declarara? Quantas chances já tivera? E mesmo assim, se ele a queria, era apenas como objeto sexual. Não sentia um pingo de sentimento verdadeiro por ela que não fosse amizade, e o que importava?
Sirius Black nunca a amaria.


”How many days in a year?
She woke up with hope but she only found tears
And I can be so insincere
Making the promises never for real
As long as she stands there waiting
Wearin' the holes in the soles of her shoes
How many days disappear?
You look in the mirror, so how do you choose?”

(Quantos dias no ano
Ela acordou com esperança, mas só encontrou lágrimas
E eu posso ser tão insincero
Fazendo para ela promessas nunca reais
Contanto que ela esteja lá esperando
Usando seus sapatos com buracos nas solas
Quantos dias desaparecem?
Você olha no espelho, então como você escolhe? )


- Sirius... O que... – Ele depositou seu dedo nos lábios vermelhos dela, fazendo-a calar-se.
- Me responda uma coisa. – Sussurrou com um certo receio na voz, mirando a neve. Evitava colocar os olhos nos dela. Era como se toda a verdade pudesse ser extraída em um só olhar. Ela não falou nada. Calou-se. Queria ouvir o que ele iria dizer. Queria sentir cada palavra. Ele estava receoso. Poderia simplesmente... Perguntar? Era o que James o aconselhara. Não que ele fosse o melhor conselheiro do mundo, levando em conta o fato de ter levado sete anos para convencer Lily a sair com ele. Mas ele não brincaria com os sentimentos do amigo. Sabia que ele realmente amava Lene, e não poderia deixar essa oportunidade passar. – Você...
- Se eu o quê, Black? – Levantou a sobrancelha. Há quanto tempo que ela não o chamava assim? Desde que haviam virado amigos.
- Você me ama? – Perguntou num tom quase mudo, como se aquilo o sufocasse, não queria ouvir a resposta dela. Sabia que a resposta dela seria não. E aquilo não podia acontecer. Ele a amava.
- Se eu o quê!? – Engasgou. Como ele podia perguntar aquilo assim? Deste jeito?
- Você me ama, Marlene McKinnon? – Tornou a perguntar, e fixou os olhos cinzas nos azuis dela. Tinha que saber... Precisava... Ela não parou para pensar. Sabia a resposta. Era sim. É claro que ela o amava!, mas porque ele perguntava aquilo? Será que ele...
- Seria mais fácil eu demonstrar, Sirius Black.

“Your clothes never wear as well the next day
And your hair never falls in quite the same way
You never seem to run out of things to say”

( Suas roupas nunca vestem tão bem quanto no dia seguinte
E seu cabelo nunca está do exatamente do mesmo jeito
Mas você nunca parece ficar sem ter o que dizer )


Nesse momento, ela tirou o dedo de Sirius que ainda permanecia em sua boca e o trouxe para mais perto dela pela nuca, bagunçando de leve os cabelos negros do rapaz. Fixou os olhos nele. Percorriam cada centímetro do rosto dele, mirando os olhos diretamente nos dele. A mão livre foi parar um pouco acima da cintura dele, não iria escorregar mais, disso ela sabia. As duas mãos do garoto foram para as costas dela, puxando-a para cima de si e colando os corpos dos dois. As mãos dela foram parar na nuca dele, retirando o cachecol dele e vislumbrando o pescoço másculo de Sirius, entregando-o ao gelo. Jogou o cachecol para o lado e depositou as mãos na nuca dele novamente, aproximando os lábios vermelhos dos carmesim dele. Então eles se tocaram. Foi como se o mundo debaixo do corpo de ambos caísse, um beijo doce e apaixonado, que tornou-se mais atrevido quando a língua do maroto pediu passagem e ela cedeu, explorando cada centímetro de sua boca...

“Fim do Flashback”

Um passado que já fora feliz.
Lembranças...
Eram só as lembranças que permaneciam em sua memória...

“ How many lovers would stay?
Just to put up with this sh** day after day
How did we wind up this way?
Watchin' our mouths for the words that we say
As long as we stand here waitin'
Wearin' the clothes of the souls that we choose
How do we get there today?
When we're walkin' too far for the price of our shoes “

( Quantos amantes ficariam?
Apenas para aguentar essa merda, dias após dia!
Como ficamos em círculos desse jeito?
Observando nossas bocas para as palavras que dizemos
Enquanto estivermos aqui esperando
Usando as roupas de almas que escolhemos!
Como chegaremos lá hoje?
Se estamos andando muito longe para o preço dos nossos sapatos! )


“Flashback”

A neve caía sob a aldeia de Hogsmeade com leveza, contornando cada pequeno alojamento que lá jazia. Um dia de neve,... Um dia de neve como o primeiro que haviam passado juntos.

- Então, Lene, quais são seus planos para quando sairmos de Hogwarts? – Sirius olhava a então namorada com um sorriso maroto nos lábios, típico dele. Marlene olhou-o, devolvendo o sorriso e tomando um gole da bebida quente que haviam pedido.
- Ah, Sirius, você sabe que meu sonho é ser uma auror, não é?
- Não falo disso. – Comentou aproximando os lábios do pescoço dela e beijando-os, provocando um arrepio na garota.
- Se não fala disso, então o que seria? – Perguntou levantando a sobrancelha. Sirius estava cada dia mais misterioso naquele último mês, escondia coisas dela e vivia dando desculpas esfarrapadas para suas repentinas escapadas do colégio. – Meu amor, você ‘tá estranho ultimamente... – O tom de voz dela mostrava um certo receio, o maroto apenas mirou-a por alguns segundos e soltou uma gargalhada rouca.
- Marlene, eu não estou ficando com outras meninas, se é o que está pensando.
- Não penso isso! Mas eu me preocupo com você... Tem feito coisas que não costumava fazer...
- Você sabe que me mudou. E eu nunca faria nada para te magoar, Lene.
- Então conte-me o que tem feito! – Exclamou como se fosse uma criança querendo saber um segredo do qual os pais escondiam.
- Quer mesmo saber? – O tom de voz dele continha o mesmo mistério dos últimos tempos, mas havia alguma coisa a mais... Uma certa alegria e ao mesmo tempo divertimento com tudo aquilo...

“ Your clothes never wear as well the next day
And your hair never falls in quite the same way
You never seem to run out of things to say “

( Suas roupas nunca vestem tão bem como no dia seguinte
E seu cabelo nunca está exatamente do mesmo jeito
Você nunca parece ficar sem ter o que dizer )


- É óbvio!
- Então venha comigo.

Ele deu-lhe a mão e ela a aceitou, levantando-se imediatamente da cadeira em que momentos antes se achava sentada. Um sorriso nervoso crispou nos lábios de Marlene McKinnon, nervoso e suave. Sirius não escondia nada dela... Quer dizer, quase nada. Atravessaram o chão coberto de neve com certa dificuldade, iam em direção à um local onde a garota nunca fora, um lugar que era especial.
A neve caía pouca por lá, e as árvores que não haviam sido destruídas pelo frio deixavam uma boa sombra. Os raios do sol refletiam nas folhas, deixando a impressão de um local... Mágico.
Sirius parou. Marlene parou de súbito junto com ele, e o maroto virou-se para ela com um sorriso no canto da boca.
- Sirius, o que...
- Shhh... – Outra vez. O mesmo gesto de cala-la. Ela sorriu levemente e beijou o dedo do namorado, levando-o a expandir o sorriso. Ele ajoelhou-se, os olhos cinzas fixos no rosto branco dela que contrastava com a neve. A mão direita chegou até um bolso no casaco, e de lá ele tirou uma pequena caixa em formato de coração... Ele a abriu. Um anel jazia no centro da caixa. Um cristal ficava ali, seu brilho era intenso, a pedra preferida de Marlene. Um floco de neve caiu no centro e se expandiu, deixando apenas gotículas de água como uma lembrança. – Marlene McKinnon, casa comigo?

“Fim do Flashback”

“This is the story of a girl
Who cried a river and drowned the whole world
And while she looks so sad in photographs
I absolutely love her”

( Esta é a história de uma garota
Que chorou um rio e afogou o mundo inteiro
E enquanto ela parecia tão triste em fotografias
Eu a amo completamente )


Ela aceitara. Ela aceitara casar-se com ele! Como a vida podia ser tão injusta? A vida dela acabara uma semana antes deles ficarem juntos para sempre. A vida que ele sempre sonhara junto dela.
Lembranças...
Era tudo que restava...
Apenas lembranças, para sempre.
Ele nunca veria Marlene sorrir de novo para ele...
Nunca mexeria no cabelo dela e nem sentiria o doce perfume que ela sempre colocava...
O corpo dela nunca seria dele novamente...
Os lábios dos dois nunca se tocariam, jamais.
Marlene estava morta, e isso era inevitável.
Como ele a deixara ir?
A vida dela acabara...
E a alma dele fora enterrada junto dela naquele caixão.

“This is the story of a girl
Whose pretty face she hid from the world
And while she looks so sad and lonely there
I absolutely love her…

When she smiles. “


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N/A: Gente! Espero que vocês tenham gostado da fic. (:
Ela foi um dos meus maiores xodós, e se gostarem dessa, eu pretendo escrever mais.
Obrigada a todos que leram!
Custa deixar um comentáriozinho? :P

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