Cap. Único



Agora ela sabia que não seria mais a mesma coisa. Estava em seu sétimo e último ano em Hogwarts; e ele, já havia se formado. E, naquele castelo, a jovem Lovegood se sentia mais sozinha do que nunca se sentira, em toda a sua vida de garota nem um pouco normal.

Fora apenas uma vez que acontecera. Um beijo, apenas. Mas o suficiente para se que se apaixonasse pelo jovem sonserino. Um caso mal resolvido; um beijo mal terminado.

Ele fugira dela. Mas talvez Luna fosse a primeira – e talvez única – garota que envolvera tanto Draco Malfoy. Ela. A doida da Lovegood. A garota que usava brincos de rabanetes e aqueles amuletos estranhos. A garota que era amiga de Potter, que lutara contra os comensais da morte, lutara contra seu pai. A garota corajosa e inteligente, estranha e completamente retardada, que tinha um pai amalucado que escrevia um jornal para loucos. A Di-Lua, que ele supunha odiar tanto.

E, agora, envolvida pela noite no deserto salão comunal da Corvinal, Luna pensava nele. Talvez ele não poderia ter ficado, olhado sequer mais uma vez para ela...talvez para ele não houvessem escolhas. Estava condenado a servir Voldemort por toda a vida. A não ser que ela agisse rápido...e o resgatasse, por meio do amor.

Mas decidira que viver se lembranças não resolveria sua vida. Ela agora tinha outros princípios. Ele era um fantasma, que teimava em lhe assombrar. E deveria ser passado; certamente ainda não era, mas deveria ser, ela precisava e contava com isso.

O inverno chegara cedo demais, e certamente o coração de Draco já havia virado pedra. Ele nunca sentia nada, conseguia ser indiferente e intenso ao mesmo tempo...mas Luna fora tola, tola em pensar que poderia mudá-lo, fazê-lo amar, uma vez na vida.

Se ele estivesse ali, continuaria indiferente, ela saberia que nada estaria melhor. Mas Luna aprendera a ser indiferente com ele, isso faria bem à ela...

Então ela decidiu sair...sei lá, respirar um pouco...ninguém a veria mesmo!

Saiu da Torre da Corvinal silenciosamente...medindo seus passos, prendendo a respiração...como se qualquer ruído lhe denunciasse. O Saguão de Entrada estava completamente escuro. O imenso portão de carvalho, pesado, abriu com ajuda de sua varinha. E respirou novamente em paz, quando a luz daquela noite fria recaiu sobre seu corpo. E a neblina baixa a envolveu, em sua camisola curta de cetim branco. Seus pés estavam gelados, dentro de umas pantufas de bichinhos, um tanto quanto infantis para uma garota de quase dezessete anos.

A pele alva, tão alva quanto a neve, que começava a cair em pingos finos, sobre a grama verde e bem cuidada dos jardins. Aquela neblina tão baixa a assustou um pouco, e ela apertou contra o peito o medalhão que sempre estava consigo; um amuleto, presente de seu pai. Os cabelos loiros soltos, caindo-lhe sobre a cintura, seus olhos azuis muito atentos a qualquer barulho.

Uma garota indefesa; vestida de cetim delicado; coberta pela luz da lua; inocente...pura e virgem. Medindo seus passos sem medo algum, o sangue corvinal pulsando em suas veias, a mente aberta a ajudava a entender tudo o que a envolvia. De certa forma, ela fazia parte desse cenário obscuro; tão obscuro quanto o canto mais sombrio de sua mente; mas ninguém poderia fazer mal à ela. Não tanto quanto ela mesma já havia se feito.

Uma perfeita dama da noite.

E sozinha. Carregando em si um coração partido em mil pedaços. Estava apenas procurando seu amado; em meio àquela neblina que cobria sua visão.

Então ela ouviu um barulho próximo.

- Draco? – sussurrou. Oh, como podia ser tão imbecil a ponto de fazer essa pergunta. Ele não estava ali, estava longe...

- Quem está aí?

Tropeçando em seus próprios passos, Luna precipitou-se para o vulto negro que surgiu entre as árvores.

- Luna? – então ela soube. Era a voz dele. Draco estava ali! Como ela sempre tinha razão...?

- Draco...

Ele a interrompeu.

- Não diga nada, Luna. Minha Luna...

Ele a beijou então.

Então ela pôde sentir novamente. Uma leve contração no ventre e um frio estonteante na barriga.

Um calor entre seus quentes lábios e os gelados de Draco.

- O que quer de mim? – a inocência clara em sua voz.

- Apenas que seja minha. – a voz segura.

Talvez havia compreendido. Pelo olhar de Draco, ele não estava tramando boa coisa...então ela correu...correu o máximo que pôde. Gritou. Ele a agarrou pelo braço e a voltou para si, beijando seu pescoço.

- Ninguém pode ouvi-la, Luna, não grite; não chore, apenas renda-se à mim.

- Draco...- as lágrimas correndo por seu rosto.

E medo. Muito medo.

Em seu íntimo ela entendeu: não poderia fugir dele, aquele era seu destino, ela era prisioneira dele, e pertencia à ele, apenas.

- Hoje serás minha rainha, Luna.

- Draco, por favor, me deixe ir...estou com frio...

- Está com frio? – ele encarou a face pálida da garota. – Bem vinda ao meu mundo, Luna. Onde só há frio e inverno.

Ela chorava.

- Por favor, Draco... – ele a beijou no pescoço e depois a deitou no chão, ficando por cima dela.

- Não resista, Luna, por favor. Torne as coisas fáceis, e logo tudo isso acabará. – Draco disse. Ela se aquietou. – Entendeu, não é? Não há para onde fugir, Luna. Sabe de uma coisa? – ele disse baixinho em seu ouvido. – Você pertence à mim.

Tudo estava sendo esclarecido...

- Eu te desejo, Luna.

Ela ergueu os olhos.

- Eu te amo, Draco.

Ele riu.

- Amor? – gargalhou. Luna chorava. – É apenas diversão, pequena Lovegood.

- Apenas?
Draco apenas sorriu.

- Está muito bobinha, Luna. É hora de aprender umas coisas.

Riu alto.

Não queria aquilo...não era a hora...a garota estava em desespero...

Ela o desejava; mas não poderia.

Então Draco a beijou vorazmente. Nunca a vontade de tê-la era tanta. Beirava a insanidade; e quando estava prestes a explodir; Draco rasgou a última barreira que o impedia de possuí-la. O cetim rasgou-se, caiu por sobre a neve, e ela sentiu-se envergonhada. Draco se aproximou de sua intimidade e a acariciou de leve, para ver o primeiro ápice da garota.

- Estão você é virgem? – ele sentiu um pequeno remorso. – Bom que serei o primeiro, e único.

Então ela não tinha mais forças, e realmente se entregou, pedindo mais e o fazendo sorrir.

- Nunca esquecerá dessa noite, Luna. Eu te prometo.

Então ele sentiu. Pela primeira vez. Um afeto incontrolável pela garota; uma vontade de sempre tê-la ao seu lado, com seu jeitinho de resolver problemas; teve ciúmes dos outros que ela provavelmente teria, não queria que ela os tivesse; queria acordar todos os dias com o sorriso doce e carinhoso de Di-Lua.

Poderia levá-la para seu mundo? O que seu pai diria? O que Milorde diria? O que a própria Luna diria?

E pela primeira vez, ele amou.

- Venha comigo, minha Luna. – sussurrou ao ouvido dela, depois de seu segundo ápice.

- Para onde? – a voz fraca.

Respirou fundo.

Largaria tudo por ela; largaria seus pais; largaria suas honrarias e glórias; largaria o futuro de trevas que possuiria; largaria seus objetivos de servir Lord Voldemort; largaria o próprio Lorde das Trevas. Por ela.

- Para um lugar onde não existam trevas, guerras e ódio. Apenas eu e você. Gelo e Fogo.

Então ela sorriu.

- Com você, até o fim do mundo.

E se beijaram.

Draco, um rapaz forte e viril, no auge de sua juventude; ao lado da garota.

Luna, uma menina que acabara de perder toda a sua pureza, despida no escuro, na branca neve, naquela madrugada gélida de janeiro.

Então Luna arquejou, se mexeu, e abriu os olhos.

Encarou o escuro céu abobadado de seu dormitório. Estava segura, na Torre da Corvinal.

Em seu leito, suando frio, corpo quente, lençóis molhados e a camisola rasgada aos seus pés. Estava apenas de calcinha.

Fora um sonho? Fora algo tão real...

Por quê ainda podia sentir o calor do corpo de Draco ao seu? O cheiro da grama coberta pela neve?

Foi até a janela; as árvores com um leve tom alvo.

O inverno começara; e, por um momento, a jovem Lovegood poderia dizer que vira, escrita na neve, com letras de gelo, os dizeres:

“Com você, até o fim do mundo.”

FIM.


N/A: E aí, gente? Primeira fic de shipper D/L, espero que tenham gostado! Se sim, comentem! Se não, comentem também! Isso é importante para mim!
Obrigada!
:*

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