Capítulo único



N/A: o diário mais fulgaz de Draco Malfoy. xD



Capítulo Único


27/05

Já faz tanto tempo. Nem lembro mais onde começou aquela briguinha à toa com Potter. O incompreendido e maluco Potter. Também, não mandei ele se achar só porque tinha a cabeça rachada, ou melhor, só porque ele tem, já que ele, de modo irrelevante para mim, está vivo.

Confesso, após esses dez anos desde que nos conhecemos, que eu não era flor que se cheire. Mas será que eu tive tanta culpa? Eu era apenas um garoto rico que veio de séculos de família de sangues-puros. Era esperar demais que eu não fosse um pouco arrogante. Você não seria?

Tudo ia normal na minha vida de sonserino até minha família se meter em tudo de novo. Depois de três meses tentando fazer a Pansy sair do meu pé aparece meu pai, dizendo que devo ser comensal. Atrevi-me a perguntar o porquê, ao que ele respondeu:

“É seu destino. Você é um Malfoy e não pode negar seu lorde.”

Tá bom, eu vou morrer por um cara mestiço que decidiu mandar nos outros?! Tudo bem a parte de mandar nos outros, mas daí a ser mestiço...

Lá estava eu, com a missão de matar Dumbledore. Chega uma hora que você tem que escolher entre ser covarde e fazer a coisa errada. Eu decidi pela primeira. Não matei Dumbledore, o que soa bonito.

Após meses vivendo como comensal inoperante, dei graças a Deus quando o cabeça-rachada-Potter deu uma de suicida (uma das várias) e desafiou Você-Sabe-Quem. Para a minha sorte, Potter venceu. Para o meu azar, com a minha varinha. Gostava dela, apesar de ter certeza de que alguma coisa nela estava diferente. Talvez eu nunca descubra o quê.

Meus pais pediram perdão publicamente, claro que isso não era o suficiente, por isso meu pai usou o resto da influência que tinha para não ser preso, juntamente com minha mãe. Eles agora vivem numa propriedade um pouco menor que a anterior.

Quanto a mim, trabalho no ministério como chefe do departamento de jogos e esportes mágicos. Eu recebo pra ver o Potter se exibir em copas, mas aprecio o meu trabalho, mais ainda quanto eu ganho.

E estou noivo... Essa parte eu iria esquecer se ela não tivesse acabado de aparecer na minha lareira.

“Você está linda” Eu elogiei talvez um pouco insinceramente, mas acho que ela tem tanta certeza disso que nem se importou com a insipidez do comentário.
“Você também”.

Não acredito que vou me casar com ela.

Na realidade isso tem dedo do meu pai, como quase todas as coisas pouco agradáveis da minha vida, exceto talvez a mansão e o dinheiro. Vanessa Malfoy é minha prima em segundo grau e tão rica e metida quanto todas as minhas primas. Quando digo todas não são nove ou dez, são três. A verdade é que as famílias de sangue-puro casam tantos primos e têm tão poucos filhos que estão fadadas ao desaparecimento.

A não ser é claro que eu diga: “Vanessa, foi mal. Mas eu quero casar com uma sangue-puro pobretona que me dê uma penca de filhos. “ Mas claro que não direi isso, pois me faz lembrar a pobretona Weasley, que provavelmente terá sua dúzia de filhos com o Cabeça-Rachada. Entre a Weasley e a aniquilação total dos Malfoy, eu prefiro a segunda opção.

Minha mãe me carrega para todo lado. Meu casamento será o acontecimento do ano. E eu só tenho vinte e um anos. Como é que eu digo para ela que eu ainda não estou pronto para conhecer a mesma mulher tão... completamente, se é que você me entende? Traí-la?! Eu não gostaria de descobrir a fúria da minha noiva, pois ela tem fala mansinha e fria. Não é bom mexer com gente assim.

Não posso continuar agora. Tenho que levar Vanessa para escolher os últimos detalhes e só depois volto para casa. Sim, eu comprei uma casa para mim. É grande e clássica, escura como eu gosto.


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28/05

Algo estranho aconteceu. Não sei se posso escrever isso. Malfoys têm longas experiências com chantagens. E esse pergaminho é uma prova do meu crime. Sei que está tudo confuso, mas até eu estou. Crime? Paixão... Merda, que paixão! Seria muito simples se não fosse o fato da Vanessa não ter nada a ver com meu crime. Eu encontrei uma mulher.

Definitivamente muito incomum. Tinha os cabelos castanhos caindo em cachos e os olhos também castanhos. Ela era alta e magra, e tinha o queixo e o nariz finos. Ela era a mulher mais linda que eu já vi. Só há uma complicação... ela não é Vanessa .

Tá, nunca fui fiel, admito. Mas se depender dela, nunca vai acontecer nada entre nós. Por dois motivos. O primeiro é que eu sou noivo e todo mundo sabe disso, logo, ela sabe. Por ser bastante prática e digna, não vai sair comigo. O segundo é que eu já tinha conhecido ela antes. E ela é a melhor amiga do meu pior inimigo:

Hermione Granger.

Uma sangue-ruim que, além de tudo, era nerd. Estou apaixonado por uma sangue-ruim...

Estou com problemas.

Um breve resumo. Eu saio da loja onde deixo Vanessa escolhendo a cor das velas do casamento.

Motivo: Vanessa quer sorvete.

Resposta que eu queria dar: Sou seu noivo, não seu elfo.

O que ela diria: Lucio e Narcisa vão adorar saber que você foi grosseiro e que eu estou desistindo do nosso casamento.

O que eu, sabendo disso, digo: Volto já.

Resumi-me a um... Panda. E eu nem a amo.

Tem uma mulher na minha frente na fila. Ela derrama um pouco de sorvete na manga da minha camisa ao retirar-se do balcão. É o dia.

“Desculpe-me.” Ela ergueu a face. Estreitou as sobrancelhas. “Draco?”

Ela estava tão aturdida que nem me chamou de Malfoy. Aproveitei para olhá-la bem. “Granger”.

“Se foi você, bem feito.” Ela saiu.

“Não espera.” Eu a interrompi. O sorvete de Vanessa estava derretendo.

“O que foi?”

“Nada, eu só quero... ficar olhando para seus olhos.”

“Você está bem Malfoy?” ela ergueu as sobrancelhas. “Eu sou a Granger, esqueceu? Não somos amigos.”

Alguma coisa acordava em mim ao ouvi-la falando em seu melhor tom de deboche. Eu havia acordado pela primeira vez.

“Quer se casar comigo?” Sim, eu perguntei, não por vontade própria, é claro.

Ela não respondeu, mas eu levei sorvete no resto da camisa.

Aqui estou eu. Prestes a se casar, com a camisa imunda e apaixonado pela... Realmente estou com problemas.

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17/06

Sei que faz três semanas que não escrevo, mas não estou com vontade depois dos últimos acontecimentos. Não casei. Resolvi falar isso na véspera do dia do casamento. Minha mãe, claro, disse o que eu suspeitava.

“Ah, vai casar sim! Deserdo-te se não casar amanhã.”

Tem outras horas que você tem que escolher entre ser covarde e fazer a coisa certa.

“Ótimo, não sou mais um Malfoy então. Há muito que não moro mais em sua casa e eu vivo bem com o que eu ganho.”

Papai enlouqueceu.

“Não pode fazer isso!”

“Já fiz.” Fui ver Vanessa. “Desculpe, querida. Você é linda e insossa. Mas estou apaixonado por outra. Uma que não tem a altura de seu sangue, mas te supera em temperamento e mente. Adeus”

Nunca recebi tantos berradores no mesmo dia. Mas eu só conseguia pensar em uma coisa: descobrir o endereço da Granger. E descobri.

O fim desses acontecimentos vocês já desconfiam. Não sou mais noivo e Granger não me quis.

Tá ficando cada vez melhor.


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29/06

Claro que não desisti. Sou um Malfoy não é? Ou era...

Soube que Weasley vai visitá-la. Ele passa tardes inteiras lá. Quando eu penso que... Não, eles são amigos. Penso na Granger quando acordo e quando eu vou dormir. Fui expulso da casa dela, desde então só tenho mandado flores. Ela soube hoje que eu fui deserdado, mas talvez não saiba o motivo.

Vou chamar a Granger pra sair. Será que ela vai queimar as flores em praça pública?

Posso estar amando. Mas isso é quase impossível. Talvez nunca o tenha feito. Malfoys não amam. Mas eu sou um Malfoy?


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5/07

Mamãe pediu desculpas por me pressionar. Apesar de Lucio não querer mais me ver por uns tempos, fiquei mais aliviado. Tinha muita gente me perguntando sobre minha deserção.

Falei com a Granger. Disse que a deixaria em paz se saísse comigo uma vez apenas. Ela topou.

E saímos. Dançamos e eu a fiz rir. Disse que voltaria no outro dia, para vermos um filme. Ela topou. Inacreditável, foi o que Blaise disse. Concordo.

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20/07

Saímos faz duas semanas. Fiz a pergunta de novo.

“Quer se casar comigo?”

Ela riu muito.

“Seus pais vão adorar...”.

“Eu terminei meu noivado, eu neguei meu nome, fiquei menos rico, vou enfrentar novamente meus pais para dizer que a família de sangue-puro deles será maculada porque eu vou me casar com você, Hermione, e vou ter um monte de filhos sem sangue-puro e eu não ligo a mínima, porque você vai ser minha, finalmente.”

Não sei de onde vieram as palavras, mas deram certo, porque ela me beijou.

Estou noivo, agora de quem eu mais amo.

Hermione teve problemas com o Cabeça-Rachada e o Weasley, mas nada que não tenha solução.


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03/09

Não se pode ter tudo não é? Papai enlouqueceu, dessa vez literalmente. Ele não suportou a idéia de sujar nossa família. Mamãe ficou ao lado dele e me deserdou, pra valer. Não sou mais membro da família.

Mas às vezes temos que fazer alguns sacrifícios. Tenho três filhos e depois de dez anos de casamento, sinto que finalmente acertei.

Temos que decidir se somos covardes ou se somos errados. Eu não sou nenhum dos dois. Também não sou um Malfoy.

Sou apenas...
Draco.




N/A: minha primeira short, resolvi fazer com um capítulo só porque agora que a Meg está invadindo minhas fics, nada pode demorar muito :P espero que tenham gostado ;)

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Comentários (3)

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