Começa o julgamento



O promotor público do Ministério da Magia Carl Andrews estava furioso:

- O que se passa aqui? - perguntou. - Temos três medi-bruxas que vivem juntas e trabalham no mesmo hospital. Uma delas quase consegue fechar o St. Mungus inteiro, a segunda mata um doente por um milhão de galeões e a terceira é assassinada! - Interrompeu-se para tomar fôlego: - E todas são mulheres! Três malditas medi-bruxas! Os jornais a tratam como celebridades. São vistas em todos eles. O Profeta Diário teve a sua primeira página recheada sobre isso. A capa do The Quibbler foi sobre isso. Não me espantaria em nada se pusessem a cara delas em outdoors espalhados pelo Beco Diagonal. Eu sinceramente não suporto mais isso! - Deu um murro na fotografia da mulher da capa da The Quibbler. A legenda dizia: "Dra. Virgínia Weasley, Anjo da Misericórdia ou Discípula de Voldemort?"

- Doutora Virgínia Weasley. - disse o promotor público cheio de asco. Voltou-se para Draco Malfoy, o seu melhor promotor do seu departamento:

- Vou lhe entregar este caso, Draco. Quero uma condenação. Assassinato em primeiro grau! Pena de Morte em Azkaban pelo beijo do Dementador.

- Não se preocupe. - disse Draco Malfoy, com um sorriso sarcástico no rosto. - Cuidarei disso.

Aquela era a chance de Malfoy se vingar dos Weasley e de Harry Potter, é claro.



Sentado no Tribunal Ministerial, Draco Malfoy olhava para a Dra. Virgínia Weasley. "Ela é à prova de júri". Depois,sorriu: "Ninguém é à prova de júri." Era alta e esbelta,com penetrantes olhos castanhos num rosto pálido emoldurado por intensos cabelos vermelhos. Afinal, a Weasley sem graça tinha se tornado uma mulher e tanto. Um observador desinteressado ia considerá-la uma mulher atraente. Outro mais atento teria notado algo mais - que todas as diferentes fases da sua vida coexistiam nela. Notava-se a alegria da infância, sobreposta pela incerteza tímida da adolescência e a sabedoria e dor da mulher adulta. Exibia um aspecto inocente.

Notava-se um ar longínquo, quase misterioso, nos olhos da mulher, um olhar que dizia que a Dra. Virgínia Weasley, bem lá no íntimo, tinha se retirado para um lugar diferente, numa época diferente, longe da fria e assustadora sala onde estava encurralada.

O julgamento iria acontecer no Prédio do Ministério da Magia em Londres. Na Sala 121, onde se julgavam os assassinatos, a cadeira do juiz estava encostada à parede traseira. À esquerda da cadeira encontrava-se a bancada do júri e ao centro estavam duas mesas separadas por uma passagem: uma para o promotor e a outra para o defensor.

O Tribunal estava repleta de jornalistas e de espectadores amantes de acidentes e de julgamentos por assassinato. Relativamente aos julgamentos por assassinato, este era espetacular. Draco Malfoy, o promotor, era por si só um espetáculo. Era um homem magro, de cabelos platinados e olhos cinzentos. Exibia um ar arrogante e o cérebro de um computador. A sua marca registrada, quer no verão quer no inverno, eram vestes extremamente alinhadas.

O advogado de Virgínia Weasley, Colin Creevey, era o oposto de Malfoy, uma pessoa simpática, nada arrogante, que criou a fama de conseguir a absolvição para os seus clientes.

Os dois homens já se tinham enfrentado antes e também estudado em Hogwarts na mesma época e o relacionamento entre eles era de respeito relutante e desconfiança total.

Então, para surpresa de Malfoy, Colin Creevey tinha ido visitá-lo uma semana antes do julgamento começar.

- Vim aqui te fazer um favor, Malfoy.

- E o que você quer?

- Ouça-me com atenção... Ainda não discuti isto com a minha cliente, mas suponho que consigo persuadí-la a confessar sua culpa para reduzir a pena e poupar ao Ministério o custo de um julgamento...

- Está me pedindo para negociar?

- Sim.

Draco Malfoy dirigiu-se à secretária para procurar algo.

- Não encontro o meu calendário. Sabe que dia é hoje?

- Primeiro de Junho. Por quê?

- Por um minuto, pensei que já estávamos no Natal.

- Draco... - Malfoy inclinou-se na cadeira.

- Sabe Creevey, normalmente eu me sentiria disposto a concordar com você. Para dizer a verdade, neste momento eu gostaria de estar no Alasca pescando, mas não estou. A minha resposta é não. Você defende uma assassina de sangue-frio que, por dinheiro, matou um doente indefeso. Vou exigir a pena de morte pelo beijo do dementador. Quero ela desalmada.

- Penso que ela é inocente e eu...

Malfoy soltou uma enorme gargalhada:

- Não, você não pensa nada. Aliás, nem mesmo em Hogwarts pensava. Ficava correndo atrás do Potter, tirando aquelas fotos ridículas. Sua cliente é culpada.

- Só será quando o júri decidir, Malfoy.

- Irá decidir, tenho certeza. - Fez uma pausa. - Irá decidir.

Depois que Colin Creevey saiu de seu escritório, Draco Malfoy pensava na conversa. A visita de Creevey era sinal de fraqueza. Creevey sabia que não tinha chances de ganhar o julgamento. Draco Malfoy pensou nas provas irrefutáveis que possuía e nas testemunhas que iria chamar, e sentiu-se satisfeito. Não havia qualquer dúvida. Virgínia Weasley, a Weasley pobretona iria receber um beijinho do dementador.



Não foi fácil escolher o júri. O caso tinha ocupado as primeiras páginas de todos os jornais bruxos durante meses. O sangue-frio da assassina havia desencadeado uma onda de fúria.

A juíza era Lauren Weshtons, uma inflexível e brilhante bruxa que, segundo constava, era a próxima Ministra da Magia. Sabia-se que era pouco tolerante com os advogados e temperamental. Havia uma regra entre os defensores bruxos de qualquer parte do mundo. "Se o seu cliente é culpado e pretendes pedir clemência, mantenha-se afastado do Tribunal de Lauren Weshtons".

No dia anterior ao início do julgamento, a juíza Weshtons chamou os dois advogados ao seu gabinete.

- Senhores, vamos estabelecer algumas regras básicas. Devido à grave natureza deste caso, estou disposta a fazer determinadas concessões para que a ré obtenha um julgamento justo. Mas estou avisando para não se aproveitarem disso. Entenderam bem?

- Sim, meritíssima.

- Sim, meritíssima.



Draco Malfoy terminava o discurso de abertura:

- E assim, senhores jurados, o Ministério irá provar sem a mínima sombra de dúvida que a doutora Virgínia Weasley matou o seu doente, Neville Longbotton. E não só cometeu assassinato, mas o fez por dinheiro... Muito dinheiro. Matou Neville Longbotton por um milhão de galeões. Acredito que depois de considerarem todas as provas, não será difícil declarar a doutora Virgínia Weasley culpada de assassinato em primeiro grau. Obrigado.

O júri ficou silencioso, imóvel, mas via-se no rosto de cada um deles uma expectativa imensa.

Draco Malfoy voltou-se para a juíza:

- Meritíssima, se me permitir, gostaria de chamar Christian Boot como primeira testemunha de acusação. - Após o juramento da testemunha, o advogado perguntou:

- Você é funcionário do St. Mungus?

- Sim, sou.

- Trabalhava na ala três quando Neville Longbotton deu entrada, no ano passado?

- Sim.

- Pode nos dizer quem era o medi-bruxo encarregado deste caso?

- A doutora Weasley.

- Como descreveria o relacionamento entre a doutora Weasley e Neville Longbotton?

- Protesto! - Colin Creevey se levantou. - Ele está obrigando a testemunha a tirar conclusões.

- Concedido.

- Permita-me que pergunte de outra maneira. Alguma vez ouviu qualquer conversa entre a doutora Weasley e Neville Longbotton?

- Certamente. Não pude evitar. Trabalhei sempre nessa ala.

- Pode descrever essas conversas como amigáveis?

- Não, senhor.

- Verdade? Por que diz isso?

- Bem, lembro-me que no primeiro dia em que o senhor Longbotton deu entrada e a doutora Weasley começou a examiná-lo, ele disse-lhe... - hesitou. - Não sei se posso repetir a linguagem.

- Continue, senhor Boot. Penso que não há crianças neste Tribunal.

- Bem, ele disse que tirasse a merda das mãos dela de cima dele.

- Ele disse isso à doutora Weasley?

- Sim, senhor.

- Por favor, diga ao tribunal tudo o que viu ou ouviu.

- Bem, ele a tratava sempre por "aquele trasgo". Não queria que ela se aproximasse dele. Sempre que entrava no quarto, lhe dizia coisas como "Já vem novamente aquele trasgo!" e "Digam àquele trasgo para me deixar em paz" e "Porque é que não me mandam um medi-bruxo de verdade?".

Draco Malfoy fez uma pausa a fim de olhar para onde a Dra. Weasley estava sentada. Os olhos dos jurados também foram a esta direção. Malfoy abanou a cabeça como se tivesse ficado triste e, em seguida, voltou-se novamente para a testemunha:

- Parecia que o senhor Longbotton era uma pessoa que queria dar um milhão de galeões à doutora Weasley?

Colin Creevey se levantou de novo:

- Protesto! Mais uma vez, ele está pedindo uma opinião.

A juíza Weshtons respondeu:

- Rejeitado. A testemunha pode responder à pergunta.

Colin Creevey olhou para Virgínia Weasley e voltou a se sentar:

- Oh não. Ele a odiava.



O Dr. Arthur Kane estava no banco das testemunhas. Malfoy começou:

-Doutor Kane, o senhor era o medi-bruxo de serviço quando se descobriu que Neville Longbotton tinha sido assass... - olhou para a juíza Weshtons. -... Morto por uma poção. Está correto?

- Sim.

- E que poção foi essa?

- A poção Mortíferus.

- E pode nos dizer o que a poção mortíferus faz?

- Oh claro. A poção mortíferus se aplicada em doses mínimas coloca o paciente em sono profundo, estado de coma como os trouxas chamam. Mas se ministrada em doses altas, mata a pessoa instantaneamente, sem nenhum tipo de dor.

- E, subsequentemente, o senhor descobriu que a medi-bruxa era a responsável.

- Correto.

- Doutor Kane, vou lhe mostrar a certidão de óbito do hospital, assinada pela doutora Weasley. - Pegou um pergaminho e entregou-a a Kane. - Por favor, leia em voz alta.

Kane começou a ler:

- "Neville Longbotton. Causa da morte: Parada Respiratória que ocorreu como resultado de um enfarte do miocárdio originado por uma embolia pulmonar."

- E em linguagem corrente?

- O relatório diz que o doente morreu de ataque cardíaco.

- E o papel está assinado pela doutora Weasley?

- Sim.

- Doutor Kane, foi essa a verdadeira causa de morte de Neville Longbotton?

- Não. A poção Mortíferus foi a causa da morte.

- Então a doutora Weasley administrou uma dose fatal dessa poção e depois falsificou o relatório.

- Sim.

- E o senhor comunicou ao doutor Schober, administrador do hospital, que por sua vez alertou o Ministério.

- Sim. Julguei ser o meu dever. - A voz soou indignada. - Sou medi-bruxo. Não acredito ser possível tirar a vida de outro bruxo, qualquer que seja a circunstância.



A testemunha seguinte foi a viúva de Neville Longbotton.

Parvati Longbotton tinha cerca de trinta anos, cabelos castanhos e um corpo voluptuoso que o vestido preto não conseguia dissimular.

Draco Malfoy disse:

- Sei o quão doloroso deve estar sendo isso para a senhora, senhora Longbotton, mas tenho de lhe pedir que descreva ao júri o seu relacionamento com o seu falecido marido.

A viúva Longbotton limpou os olhos com um enorme lenço rendado:

- Era um homem maravilhoso. Dizia muitas vezes que eu lhe tinha dado a única e verdadeira alegria que ele jamais sentira.

- Quantos anos esteve casada com Neville Longbotton?

- Dois anos, mas Neville dizia sempre que eram como dois anos no paraíso.

- Senhora Longbotton, o seu marido alguma vez lhe falou da doutora Weasley? Que grande medi-bruxa ele pensava que ela era? Ou como ela lhe tinha sido prestável? Ou o quanto gostava dela?

- Ele nunca falou dela. Mas estudamos na mesma época em Hogwarts e ela me parecia realmente uma pessoa boa. Nunca pensei que ela fosse fazer o que fez. Maldita!

- Alguma vez Neville disse que a iria retirar a senhora e aos seus filhos do testamento?

- Absolutamente, não. Ele era o homem mais generoso do mundo. Me dizia sempre que não havia nada que eu não pudesse ter e que, quando morresse... - soluçou, - que quando morresse, eu seria uma mulher rica e... - não conseguiu continuar.

A juíza Weshtons interveio:

- Faremos um intervalo de quinze minutos.

Sentado no fundo da sala do Tribunal encontrava-se Josh Brigs, cheio de fúria. Não acreditava no que as testemunhas estavam dizendo sobre Virgínia. "Trata-se da mulher que eu amo". - pensou. - "A mulher com quem vou casar."

Então, perdeu-se em seus devaneios, pensando no primeiro dia de Gina na cadeia.

**FlashBack**]

Logo após a prisão de Gina, Josh Brigs foi visitá-la na cadeia.

- Vamos lutar. - garantiu-lhe. - Vou arranjar o melhor defensor do Mundo Bruxo. - Veio-lhe imediatamente um nome à memória: Colin Creevey, antigo colega de Gina em Hogwarts. Josh foi visitá-lo.

Aparatou em frente ao escritório de Colin e entrou. Se identificou à recepcionista e foi prontamente atendido.

- Tenho seguido o caso através dos jornais - disse Creevey. - A imprensa já a julgou e condenou pelo assassinato de Neville Longbotton a troco de um punhado de galeões. E mais, ela admite que o matou. Coitado do Neville. - disse atordoado

- Eu a conheço Colin, você também. - disse Josh. - Acredite em mim, em hipótese alguma Gina faria o que fez por dinheiro.

- Uma vez que ela admite que o matou - disse Creevey -, então estamos lidando com um caso de eutanásia. As mortes misericordiosas são contra a lei do Ministério, mas há muitos sentimentos confuso sobre isso. Posso arranjar um caso muito bom sobre Florence Nightingale que ouvia uma voz superior e matou toda sua família, mas a questão é que Gina matou um doente que lhe deixou um milhão de galeões em testamento. E vai ser difícil provar que ela não o matou por isso. O que é que surgiu primeiro, a galinha ou o ovo? Ela soube do milhão antes de o matar, ou depois?

- Virgínia não sabia nada acerca do dinheiro. - disse Josh com firmeza.

A voz de Creevey não era condenadora:

- Certo. Foi apenas uma coincidência feliz. O promotor público apela por assassinato em primeiro grau e quer a sentença de morte. Sabe quem é o promotor encarregado deste caso?

- Não. Quem?

- Draco Malfoy. Parece que ele teve prazer em pegar esse caso. Parece que quer se vingar dos Weasley, Josh.

- Bem, não há nada o que fazer. Aceita este caso?

Creevey hesitou. Era óbvio que Josh Brigs acreditava em Gina. Josh esperava uma resposta.

- Aceito, desde que saiba que é um caso complicado. Vai ser difícil ganhar.

A afirmação de Colin Creevey acabou por ser demasiado otimista.
**FlashBack**



Quando o julgamento recomeçou na manhã seguinte, Draco Malfoy chamou uma série de novas testemunhas.

Uma enfermeira depunha:

"Ouvi Neville Longbotton dizer: "Sei que vou morrer na mesa de operações. Você vai me matar. Espero que a condenem por assassinato."

Chegou a vez de um advogado, Roderick Pelham, testemunhar.

- Quando informou a doutora Weasley sobre o milhão de galeões de Neville Longbotton, o que é que ela respondeu?

- Ela disse algo como "Parece contrário à ética. Ele era meu doente".

- Ela admitiu ser contrário à ética?

- Sim.

- Mas concordou em ficar com o dinheiro?

- Oh, sim. Absolutamente. Ninguém em sã consciência recusaria um milhão de galeões.

Chegou a vez da defesa e agora Colin o interrogava.

- Senhor Pelham, a doutora Weasley esperava a sua visita?

- Não.

- O senhor não lhe telefonou e disse "Neville Longbotton lhe deixou um milhão de galeões"?

- Não, eu...

- Então, quando lhe disse, o senhor estava na verdade cara a cara com ela?

- Sim.

- Em posição de ver a reação dela perante as notícias.

- Sim.

- E quando a informou do dinheiro, como é que ela reagiu?

- Bem... Ela... Parecia surpreendida, mas...

- Obrigado, senhor Pelham. É tudo.



N/A: O que vocês acharam do primeiro capítulo??? Dentro de poucos dias estarei postando mais um capítulo...
Bjs e comentem, por favor!!!

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