De Volta ao Castelo de Hogwart



CAPÍTULO 7: De Volta ao Castelo de Hogwarts (edD 07)



Plataforma 9 1/2. Harry embarca no Expresso de Hogwarts. O trem já estava cheio, ele olha em todas as cabines. Chegando na última, encontra Rony e Gina, sozinhos.

- E aí, Harry! - exclama Rony, levantando-se do banco. - Sentaí, pensei que não ia vir mais...

- Tava muito movimento lá fora. Não podia deixar os trouxas me verem.

Harry se acomodou no banco, disse “oi” pra Gina.

- Soube de Hermione, Harry?

- O quê?

- Ué!... Sei lá, ela... Não nos avisou de nada. Não me mandou carta, pensei que tinha tefelonado pra você...

- Telefonado, Rony. Não, ela não disse nada, eu já estou ficando preocupado.

- Será que aconteceu alguma coisa de ruim?...

- Não, não... Nesse caso alguém nos diria... eu acho.

- No Profeta saiu algo dizendo sobre o julgamento dela, sem dizer quem era, e que iam decidir sobre Hogwarts ou Azkaban, mas até aí a gente também sabe.

- Será que... Ela foi expulsa? - perguntou Harry, meio com medo.

- Abandonar Grifinória. - murmurou uma voz baixinha. Rony e Harry olharam. Gina ainda estava estática no lugar. Eles olharam para cima, nos maleiros. Era Dobby, pegando carona. - Ela teve de abandonar a Grifinória.

Rony e Harry deram um pulo e quase um grito, enquanto Dobby implorava silêncio.

- O que você está fazendo aqui, Dobby? - perguntou Harry, enquanto Rony fechava a porta da cabine.

- Dobby passou as férias de Hogwarts com o Expresso... Ajudando a colocar carvão.

De fato, as marquinhas das mãos de Dobby, vindas do teto, da greta da janela denunciavam a fuligem.

- Então... Como você soube do julgamento de Hermione? - perguntou Rony, voltando a olhar o elfo.

- Dobby soube... Porque perguntou para Dumbledore, Dobby deixava Hogwarts no dia... Dumbledore muito bom, Dobby pergunta sobre a Srta. Granger e Dumbledore responde.

- Podia ser mais direto? - pediu Harry, fazendo gestos para que ele continuasse.

- AH! Menina Granger fez coisa muito errada, sim, deveria ser expulsa de Hogwarts... Ia ser expulsa de Hogwarts, mas professora McGonagall, com o coração muito maior que o erro da aluna... E deixou que a Srta. Granger ficasse em Hogwarts!

- Que poético. – comentou Gina, apática.

- Jura?! - exclamou Rony. - Expulsa!? Como... McGonagall conseguiu?

- Ah, McGonagall salvou, pedindo para Dumbledore voltar para ser diretor de Hogwarts! Ela pediu pra ficar na Grifinória de novo, para ajudar, sabe?...

- McGonagall... RENUNCIOU!? Renunciou para que Hermione não fosse expulsa de Hogwarts?

- Granger não foi expulsa de Hogwarts, não, não, mas teve que abandonar Grifinória, e mudar de casa, sim, sim, para continuar em Hogwarts...

- O QUÊ??!! Mas... Ela foi...

TOC, TOC. Após duas batidas, a portada cabine se abriu e o carrinho carregado de doces apareceu. Os garotos olharam de repente e, ao voltar os olhos para o maleiro, Dobby tinha desaparecido pela greta da janela, com medo. Voltaram a sentar e compraram alguns docinhos.

- Eu não acredito... - resmungava Rony, comendo devagar um feijãozinho que descobriu ter gosto de pitanga. - Hermione... Não vai mais estudar com a gente na Grifinória?

- Você viu... - murmurou Harry, olhando o chão. - Dobby disse... McGonagall renunciou a diretoria para Dumbledore, para amenizar a pena de Hermione... Quer dizer... Ela agora voltou a ser diretora da Grifinória, e Dumbledore, de Hogwarts...

- Meu Deus...

- Em... Que casa será que ela vai ficar?... - perguntou Gina, muito sem ânimo.

- Sei lá. Sonserina é que não é. - disse Rony com firmeza. - Eles nunca aceitariam uma filha de trouxas... Sorte dela.

- Seria bom se ela ficasse na Corvinal... - suspirou Harry, olhando as pastagens que se moviam. Rony ergueu o dedo muito convicto e completou.

- Não mesmo, ela não é oriental... - em seguida caiu na gargalhada. - Sacaram?! Rimou, Corvinal, oriental. Caiu a ficha, Harry?

Harry olhou com jeito de que a melhor forma de demonstrar o quanto ele gostou da piadinha seria com o movimento de erguer o dedo médio na cara de Rony, mas ficou quieto. Gina balançou a cabeça. Neville apareceu na porta.

- Ah! O... Olá! Oi, pessoal... - Neville olhou decepcionado pela cabine. - Ah... Ué? Hermione... Cadê ela? Foi ao banheiro?

- Não, Neville... - resmungou Harry, olhando Rony. - Bem... Ela não está com a gente...

- Não?! - gemeu Neville, quase se desesperado. - Mas... Eu precisava dela! Para me ajudar numa última tarefa de Poções! Ai... Eu... Vou ser morto pelo Snape!

- Relaxa, Neville... Ela deve aparecer lá em Hogwarts... Deve ter perdido o trem... - disse Harry, parando em cada palavra para olhar Rony e ver o que ele achava da desculpa.

Neville soltou um suspiro muito decepcionado e dirigiu-se a sua própria cabine. Assim que saiu, três caras muito conhecidas apareceram na porta. Malfoy à frente, de braços cruzados, olhando Neville, que ia embora.

- Tsc, tsc. Idiota. Ele ainda precisa do auxílio daquela cabeça enorme sangue ruim para passar de ano... Como vai fazer falta. - em seguida olhou com desprezo para o trio, que fechou a cara na hora. - Eu percebi a falta dela... A cabine de vocês continua fedendo... Mas o cheiro de sangue podre desapareceu. Hum... Olha... - Malfoy ergueu a cabeça e respirou o ar do trem. - Nenhum vestígio de sangue ruim em todo o trem... Isso não é demais? - quando Draco desceu o rosto para olhar, as varinhas de Harry e Rony já apontavam o queixo dele. - Opa! Opa! Calma, minha gente... Não é necessária a violência... Só vim aqui lhes dar uma palavra de apoio por perderem a melhor aluna da escola... Digo isso em relação à Grifinória, é lógico.

- Pois já falou além da conta, Malfoy! - sibilou Harry. - Cai fora!

- Ok, ok, não estou mesmo a fim de sujar minhas mãos. Bem, de qualquer forma, talvez aquela menina desse uma ótima bruxa, se não fosse sangue ruim, afinal, ela matou um Comensal com o “Avada Kedavra”, e acho que isso ajuda um pouco a melhorar o lado dela.

- Eu também sei fazer... - resmungou Harry. - Quer ver?
Draco deu um sorrisinho cínico e deu as costas, saindo com os capangas. Rony ainda vigiou até que desaparecesse, para voltar a sentar, bufando de raiva.

- Já faz parte, né? - resmungou. - Ter de aturá-lo todo ano.

- No fundo ele deve sentir falta... - respondeu Harry, com cara de enojado. - Bem, vamos nos vestir, estamos chegando.

- Boa! Quem sabe agora a gente vê a Hermione.

Os alunos desceram do trem de tardezinha. Ainda na multidão, Harry e Rony procuraram por Hermione nos fundos, entre os outros alunos, mas nada. Em seguida correram até Hagrid, que chegava para chamar os novatos.

- Hagrid! Hagrid!... - Hagrid virou-se para os garotos, com a lanterna na mão, meio espantado com os garotos. Harry e Rony perguntaram em coro. - Em que casa Mione ficou?

Hagrid parou espantado sem saber como a notícia foi parar nos ouvidos dos garotos. E deu de ombros.

- Bem... Não sei, garotos. Talvez a gente se encontre no Salão, não é? Eu espero... Bem, vou indo. Até.

Os dois se despediram desanimados e foram para as carruagens. Procuraram pela amiga, mas nada ainda; e terminaram de chegar em silêncio, aborrecidos, achando que ela havia desistido pelo fato de ter de mudar de casa.

Nas escadas que davam acesso ao Salão Principal, Harry e Rony olhavam para a multidão que subia as escadas, mas nada de Hermione. A turma do segundo ano em diante da Sonserina chegava devagar, quando McGonagall os recepcionou. Todos acharam estranho não encontrar Dumbledore, mas, enfim, só foram se espantar ao se sentar e ver Dumbledore à frente das mesas, como diretor novamente. Rony e Harry se sentaram, acenaram discretamente para Hagrid e para Leah, sentada no lado oposto a Snape, com sua habitual cara de concha.

- Ah, estou morrendo de fome! - resmungou Rony. - Cadê esse povo que não chega?

Dumbledore ergueu um pouco a cabeça para ver o que acontecia no fundo. McGonagall, à porta, separava os alunos dos últimos anos da Sonserina e Lufa-Lufa, que chegavam atrasados. Rony procurava ansioso.

- Saco! Hermione não está na Corvinal! Você tá vendo ela na Lufa-lufa?

- Não... Mas... Ainda falam alguns alunos dos últimos anos. Que povo devagar... - resmungava Harry, olhando o pessoal.

Eles viram que McGonagall deixou um grupo de alunos para trás e se dirigiu para frente do Salão novamente, enquanto Dumbledore abaixava a cabeça para a posição habitual. Gina olhava os que restavam. De repente, deu um soco imediato no ombro de Rony.

- Ai! Que foi, Gina?... - Rony passou a mão no ombro, enquanto Gina se agarrava no braço dele, apontando com a cabeça. Harry ergueu o olhar e travou no mesmo lugar, junto com Rony, que abria a boca. Os últimos alunos chegavam, misturados com Sonserina e Lufa-Lufa. Malfoy andava na frente, conversando com os colegas, sem sequer notar uma garota particularmente familiar nas suas costas. Rony começou a tremer o queixo sem saber o que dizer, e sussurrou:
- Her... mione... Hermione está na Sonserina.

Harry piscava os olhos, incrédulo. Malfoy, como se fosse algo muito natural, sorria e olhava pra trás, conversando animado. Hermione andava a passos ligeiros e firmes, olhando pra baixo, evitando encontrar o olhar de alguém. Pansy Parkinson olhou Hermione em estado de choque e a acompanhou, transformando a expressão de espanto para um ódio terrível. Aos poucos, a mesa da Grifinória parava estática, acompanhando a ex-colega se dirigir para a mesa oposta, Sonserina. Rony sentiu que pularia no pescoço de Malfoy quando ele, sorrindo, gentilmente esperou Hermione se aproximar e cedeu seu lugar na mesa para ela, que se sentou, com parte da mesa de Sonserina ainda meio espantada. Antes de sentar, Malfoy fez questão de olhar Harry e Rony com um sorrisinho irritante.

Os dois amigos se olharam. Rony aprecia que ia chorar boquiaberto, e os dois viraram-se para os professores. Dumbledore parecia satisfeito com a reação dos Sonserinos à chegada de Hermione, já que apesar de visivelmente espantados e contrariados, não a atacaram no jantar, e Hagrid estava sem piscar desde a hora que Hermione entrara. Olhou os garotos e balançou a cabeça, em profunda agonia, parecia que tinha voltado para Azkaban. Em seguida, Harry olhou para a mesa da Sonserina, enquanto Rony, de costas para a mesa dos ‘rivais’, afundava a cabeça nas mãos e na mesa. Harry olhou os alunos da Sonserina, que agora parecia não ver mais que Hermione estava ali, de verde e prata, como eles. À exceção de Parkinson, lógico. Parou os olhos em Malfoy, sorridente e tagarela como se tivesse ganhado a Taça das Casas, e procurou qual o motivo dessa alegria, afinal, Hermione era Hermione... Ele ainda olhou alguns instantes, quando o olhar de Hermione esse levantou e encontrou o seu. Harry virou um pouco a cabeça para ficar de frente para a amiga. Ele ficou olhando-a com uma cara de quem vê alguma coisa muito interessante pela primeira vez, enquanto Hermione tinha uma cara de quem queria sair dali correndo e sentar-se à mesa da Grifinória, ou sumir e nunca mais aparecer. Ficaram um tempo quase sem piscar, até que Harry deu um sorriso e um discreto aceno com as pontas dos dedos, da mesa oposta.

A atenção foi desviada para McGonagall, que iniciava a chamada dos alunos novatos. Rony já não agüentava de ansiedade, comeu como um porco no jantar, completamente descontrolado. No lugar de Hermione, antiga monitora de Grifinória, estava um garoto que parecia ter uns dezenove anos, mas ainda estava no sexto ano, loiro e cheio de sardinhas.

A Cerimônia de Seleção se arrastou até que a atenção voltou-se novamente para Dumbledore. Ele se pôs de pé, deu as boas vindas e apresentou Leah Málaga:

- Alunos, essa é a senhora Leah Málaga para ocupar o cargo de professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, vocês devem conhecê-la do parque de diversões de Londres, o Parque Arlong, ele possui uma infra-estrutura voltada para a população bruxa porque o parque é da propriedade da Sra. Málaga. Tenho certeza que ela será uma ótima professora, e tem minha total confiança.

Leah agradeceu com um aceno de cabeça para os alunos, enquanto Snape a olhava insatisfeito com o canto do olho.

Já na mesa da Sonserina, de frente para Malfoy, Parkinson debruçava o rosto sobre o braço, olhando Hermione com desdém.

- Bem que senti um cheiro desagradável pela mesa da nossa casa... Há um sangue meio estragado por aqui. Haveria uma explicação pra tal absurdo?

- Vá reclamar com Snape, Pansy - resmungou Malfoy, meio de mau humor. - Foi ele quem resolveu colocá-la na Sonserina. Paciência.

Malfoy não parecia muito animado com a presença de Hermione, enquanto Parkinson abriu a boca, incrédula, ao perceber a indiferença do garoto. Olhou Hermione com raiva e saiu da mesa pisando duro. Malfoy resmungou entre os dentes.

- Não vai jantar? Ninguém enfeitiçou sua comida, Granger. Pelo menos não agora, já que ninguém esperava ver você aqui.

- Não estou com fome. - respondeu Hermione, tão seca quanto ele.

- Devia aproveitar. – riu Malfoy, tomando suco – A partir de amanhã talvez seja meio arriscado, tentar se alimentar perto dos sonserinos.

O jantar terminou e Harry e Rony correram até o portão encontrar com a turma da Sonserina antes que os monitores separassem as turmas.

- Mione! - gritou Harry, ofegante no meio dos alunos. - Então...

- Desculpem... - sussurrou, levantando os olhos para os garotos. - A gente se fala amanhã, tá?...

Os dois continuaram parados no lugar enquanto ela se afastava. Draco passou sorrindo cinicamente para os dois.

- O que deu nela? - resmungou Rony. - Desde quando...

- Ela deve ter um motivo, Rony, vamos embora pra torre... - ponderou Harry, puxando o amigo.

Quando os dois chegaram na sala comunal da Grifinória, Neville, Colin, Gina e outros garotos esperavam a dupla ansiosos.

- Vocês... Viram??? - indagou Neville, espantado. - Hermione... Era ela... Na Sonserina!

- Jura? - rosnou Rony, sem paciência. - Eu nem reparei... - Harry o cutucou, bravo.

- Vimos ela sim, Neville. Deve ter acontecido alguma coisa. Amanhã a gente vai se falar.

- Será que foi conseqüência do pré-julgamento que a gente viu? - perguntou Gina.
- Pode ser, Gina, quer dizer, só pode.

Harry virou-se para escutar uma opinião de Rony, que se jogou no sofá bufando.

- Malfoy filho da mãe, ele não odiava Mione? Por que foi tão bonzinho com ela no jantar? Vai ser puxa saco dela agora? Vai ser amiguinho?

- Calma, Rony. - tentou acalmar de novo Harry, que se continha ao máximo, porque também queria sair chutando e xingando todo mundo - A gente ainda não sabe de nada, amanhã temos aula de Poções. Antes dela a gente se fala... Vamos dormir logo.

Na manhã seguinte os alunos do sétimo ano da Grifinória desceram às masmorras para a aula de Poções com Snape. Rony e Harry se atrasaram propositalmente para entrarem junto com os sonserinos. Todos entraram enquanto os dois continuaram na porta, procurando a amiga. Até que ela apareceu, ainda cabisbaixa no fim do corredor, carregando as habituais dúzias de livros no braço.

- Mione! - chamou Rony. Ela parou na porta e olhou os dois, que vieram sorrindo ao seu encontro. Retribui o sorriso, meio tímida, mas quando estavam a poucos passos e já abriam a boca para dizer algo, alguma coisa entrou na frente dos dois... Eram Crabble e Goyle. De trás deles, uma voz muito irônica resmungou:

- Não seria boa idéia atrasarem o 1° dia de aula... Especialmente na de Poções. - era Malfoy, de braços cruzados. - Querem começar o ano com chave de ouro, perdedores?

- Escuta aqui, Malfoy - resmungou Rony, cerrando o punho e ignorando a altura e largura dos dois “seguranças” - Dá um tempo. Sai da frente que a gente quer falar com a Mione!

- Mione?... Ah, com a Granger? Sinto muito, rapazes, mas a primeira lição que ela aprendeu na nova casa foi: “não converse com inferiores, pode fazer mal para sua imagem de superior”.

- Engraçado como você não tem palavra, não é, Malfoy? Você detestava Mione, ofendia quase todo santo dia... Você mesmo não dizia ter nojo de “sangue ruins”?

Malfoy ergueu as sobrancelhas com espanto e sorriu cínico. Rony ficou da cor dos cabelos.

- Não tinha, Malfoy?!

- Ela?... Sangue ruim?

Harry e Rony olharam Hermione, que deu de braços sem entender a reação do “amiguinho”. Ele continuou se fingindo de rogado.

- Eu disse isso? Quando foi? - Crabbe e Goyle riram. Harry puxou o casaco de Rony quando ele deu o primeiro passo pra socar Malfoy.

- Ah, seu... - rosnou Weasley.

- Creio não ser um bom começo de ano um tumulto em minha aula... - Snape parou ao lado da turma, com a costumeira voz de enterro, fuzilando Harry e Rony com o olhar. - Ocupem logo seus lugares, antes que eu retire pontos da Grifinória. E quanto a vocês quatro - resmungou levantando o olhar e dirigindo-se aos sonserinos (inclusive Hermione) -, entrem logo.

Harry, Rony e Hermione se olharam. Ela novamente deu de ombros e esperou os dois entrarem para em seguida ir atrás. Muito sem graça para sentar junto aos alunos da Sonserina, Hermione achou melhor arriscar seu antigo lugar, ao lado de Harry e Rony. Harry ficou contente em ver que a amiga ainda procurava sua companhia, mas Rony ainda tinha “o facão na mão”. Snape deslizou até encostar-se à frente da mesa e começou a esfregar as mãos vagarosamente, parecia procurar palavras certas.

- Bem... Creio que neste ano vocês tenham uma capacidade avançada o suficiente para aprender poções um pouco mais, digamos... Interessantes... é claro, para aqueles poucos que não sejam completamente desprezíveis e ignorantes...

Ele voltou a caminhar de um lado para o outro. Havia algo de diferente no tom de voz que ele usava, e todos pareciam estar estranhamente hipnotizados pela aula, já que ninguém gostava muito de Poções.

- Existem poções muito difíceis de serem fabricadas, mas que, ao serem corretamente feitas, podem trazer mudanças muito interessantes ao bruxo... podem lhe dar novas habilidades, melhorar seus poderes... durante um curto tempo - várias bocas se abriram na sala. Ele continuou - Há uma habilidade que muitos de nós gostaríamos de ter... Na natureza existem substâncias brutas que nos conferem... esses poderes, mas de forma passageira ou momentânea. Por exemplo, um inseto Gira-Gira... Qual é o efeito do seu veneno???

Ninguém ergueu a mão. Snape voltou a andar pela sala, e parou defronte Hermione e Harry.

- Srta. Granger?

- Ahn... - começou ela, meio sem jeito. - O veneno do gira-gira... Pode fazer com que o bruxo picado acabe flutuando alguns instantes...

- Ótimo. Cinco pontos para Sonserina.

Ela continuou na mesma, ignorando o zumbido da Grifinória, e concluiu baixinho:

-... O ferrão dele também é usado para fabricar Delícias Gasosas.

- Iergh! - gemeu Harry ao seu lado, virando o rosto para a amiga. - Jura? Nunca mais como isso.

- Por que você acha que eu nunca comi delícias? - riu.

- Você podia ter avisado, Hermione... - resmungou Harry.
Rony tinha bufado e encostado o queixo na mesa quando Snape tinha dado os pontos para Sonserina. Com Hermione ganhando 5 pontos a cada resposta correta, a Taça das Casas já era da Sonserina desde o momento em que a garota havia apertado o nó da gravata verde e prata. O fato de ela não erguer mais a mão não ajudava, Snape fazia questão de chamá-la.

- Interessante, não? - espetou Rony, sem tirar a cabeça da mesa, olhando a amiga, meio azedo. - Quando você estudava com a gente, na Grifinória, Snape nunca dirigiu a palavra a você. Agora toda hora... Você nem precisa se dar ao trabalho de levantar a mão, né?

- Por favor, Rony - gemeu Hermione, com os olhos cheios de água. - Não me culpe...

- Ah, não? Coitadinha...

Harry deu uma cotovelada na barriga de Rony e olhou ele com a mesma cara que Hermione fazia quando alguém pedia cola para ela na prova. Depois só voltaram a olhar Snape quando ele indicou para que os alunos guardassem as coisas, pois a aula terminava:

- Antes que a aula termine gostaria de comunicá-los que em breve Dumbledore libere alguma sala de aula... Para a volta do Clube dos Duelos - os alunos foram se agitar quando ele cortou. - Mas não se animem, é só uma idéia. Não há nada certo. E não esqueçam das redações para a semana que vem.

Os alunos saíram mais animados que o habitual. Subindo as escadas que davam para o pátio, Harry correu para alcançar Hermione, enquanto Rony, ainda turrando, caminhava a passos lentos olhando o teto.

- Hermione! - chamou Harry. - Será que... Podemos conversar enquanto vamos para a próxima aula?

- Anh... Harry - respondeu Hermione. - Sabe... Eu não tenho a próxima aula... Eu estou indo pra biblioteca...

- Não... Tem? - estranhou. - Como não tem?

- Bom... Você sabe, desde o terceiro ano... Eu tenho feito créditos a mais... Então, acabou que... Messe ano eu devo ter quase dois terços do horário vago...

- Jura? Puxa... Então... Temos um horário inteiro para conversar sem se preocupar com o professor... Será que você pode?

- Como? - ela torceu o nariz. - Harry! EU tenho o horário vago! Você não!

Harry riu e deu de ombros. Eles pararam de caminhar, e ele parou na frente da amiga, dando de braços.

- Quem se importa?

Hermione riu, balançou a cabeça e continuou a andar, com os braços pesados de livros.

- Vá pra sua aula, Harry Potter! Você não vai começar cabulando por minha causa.

- Eu acho que é mais um bom motivo para eu faltar. - sorriu Harry.

Hermione apertou o passo e abaixou a cabeça para o amigo não a vir corar. Harry voltou a correr atrás dela.

- É... É sério, Mione! Eu e o Rony ficamos preocupados, você não deu notícias! Por favor, eu só...

Ela parou tão bruscamente que Harry tropeçou. Hermione suspirou profundamente.

- Tá bom, tá bom! Você me convenceu, Sr. Potter - em seguida ela olhou para trás procurando Rony, mas não havia ninguém. - Onde... Cadê o Rony?...

- Ah, você sabe... Ele é assim mesmo. Deve ter ido pra aula de birra.

- É... Acho que ele... Não quer mais papo comigo, não é?

- Bobagem, você vai ver, daqui a pouco ele volta às boas. Vamos agora, antes que alguém nos veja.

Harry deu dois tapinhas no ombro da amiga e foram juntos para a biblioteca. Chegando lá, eles sentaram numa mesa mais afastada, para poderem conversar com calma.

- Então, Mione... - começou Harry. - Dobby nos contou o que aconteceu no seu julgamento... A história da McGonagall, da sua expulsão...

- Ah, contou?... - espantou-se, mas ainda sussurrando.

- Mas, o que nós não entendemos... Porque você foi pra Sonserina?... Justo a casa que mais implica com os bruxos filhos de trouxas... Eles sempre te azucrinavam.

- Bem, é... Foi uma longa história, Harry... Não entrei na Sonserina por minha própria vontade... À noite, depois do julgamento, eu estava arrasada por ter saído da Grifinória e antes de voltar pra casa passei numa praça, um pequeno parque perto de casa, para poder esfriar a cabeça... E... Eu não sei por quê, ou de onde vieram, mas... Apareceram... Alguns caras... Já era madrugada. Eu acho que eram dementadores, Ou...

- Dementadores?!

- Shh, Harry! - resmungou Hermione. Ela não estava contando a história como tinha sido, por medo. Então, tentava enrolar - Eu não sei ao certo... Só sei que... Eu estava sem a varinha, não tinha como escapar... Eles estavam querendo me matar, não sei por quê...

- Ah, por isso o machucado? - Harry olhou a mão direita de Hermione, coberta por gazes. Ela a escondeu envergonhada.

- Ah, isso? É... Sim, foi quando eu caí... Quem me salvou foi Snape... E Málaga...

- O que eles estavam fazendo lá? Que estranho!

- Não, eu tinha voltado com a Leah, era ela quem ia me levar em casa. Eles devem ter sentido alguma coisa e vieram atrás de mim, foi a sorte... Eu estava me sentindo mal, fraca, eles me levaram para casa. Quando acordei, Snape já havia dito ao meu pai que eu iria estar na casa dele no próximo ano em Hogwarts... Não vou negar que gostaria de estar na Lufa-Lufa ou na Corvinal, porque tinha medo de não ser aceita na Sonserina...

- É, mas parece que eles adoraram a idéia, né?

- Não... Não é bem assim. Ninguém me dá papo, boa parte dos alunos é chata. As meninas me odeiam. Mais agora, elas têm de dividir o quarto comigo.

- Pura inveja das mocréias. - riu Harry, cruzando os braços. - Mas... E quanto ao Malfoy? Ele parece bem...

- Malfoy é outro, Harry, ele finge que me paparica só pra vocês ficarem com raiva. Ele nem lembra que eu existo. Melhor assim.

- Bem... Não é de se espantar uma atitude dessa do Malfoy. Espero que você sobreviva até a formatura...

- O que fazem aqui em horário de aula, garotos? – a mão de Leah pousava no ombro do casal, que estava sentado lado a lado. Os dois ergueram a cabeça e viram a nova professora, com um sorriso sem muita expressão no rosto, que lembrava muito a expressão contínua da Mortícia Adamns. - Acredito que estejam cabulando...

- Ca... cabulando? - gaguejou Hermione, olhando Harry. - Nós... Só estamos...

- Não se preocupem - riu. - Não vou dedurar ninguém. Foi até bom encontrar os dois aqui perdidos, vamos para minha primeira aula? Devem faltar uns quinze minutos para o sinal, mas quero estar lá esperando os alunos. Vamos?

- Claro, claro.

A professora deu as costas e saiu da biblioteca sem fazer barulho algum. Os dois garotos seguiram-na, meio distantes.

- Ela é estranha - sussurrou Harry.

- Ela é demais - animou-se Hermione.

- Demais?

- É... demais. Puxa, é uma honra conhecer uma bruxa do escalão dela... Sem exagero... O poder dela é quase inimaginável.

- Mesmo? Como você pode saber?

- Como eu sei?... - Hermione arregalou os olhos e vacilou. - Sei lá, é... Só impressão... Mas eu gosto dela... Ela me ajudou muito nesse meio tempo..

- É... ela parece ser uma boa pessoa, mas é estranha.

Leah os levou para uma sala muito, muito grande, e escura, num lado do castelo que não conheciam direito. As portas de entrada eram pesadas e de madeira com desenhos cuidadosamente talhados. Devia ser a metade do Salão Principal de Hogwarts. Um tapete vermelho longo ia até o fim da sala, num altar onde havia no alto dos quatro degraus um trono do tamanho da poltrona de Hagrid, de madeira negra, cheia de pontas e almofadas vermelhas e aveludadas. Em cada lado do tapete havia uma longa mesa de madeira, lembrando muito as do Salão Principal, com bancos inteiriços. Nas paredes havia colunas grandes que iam do chão ao teto. Armaduras, espadas, lanças, machados, escudos, várias armas e armaduras enfeitavam as paredes do salão. Na parede oposta, entre as colunas, levantavam-se grandes vitrais coloridos mosaicos que desenhavam bruxos, cavaleiros e batalhas contra dragões e criaturas mágicas. Grossas e pesadas cortinas tampavam os vitrais que, ao se abrirem, davam vista para os campos de Hogwarts e, ao longe, via-se o campo de Quadribol, no horizonte uma linha verde escura, a Floresta Proibida. À medida que Málaga caminhava até o altar, com os garotos atrás, estalava os dedos e cada uma das cortinas se abria, os vitrais também se abriam, deixando o sol entrar e iluminar o enorme salão. Só após ele se clarear, Harry e Hermione perceberam que nas colunas e nas paredes também havia dragões e serpentes em alto relevo. Málaga subiu no altar e virou-se animada para os dois.

- Gostaram do lugar?...

- Ah... Claro - murmurou Harry, olhando a amiga - Muito legal. Um pouco de calafrio a primeira vez que entramos, mas...

- Ah, que bom, Potter! Bom mesmo!

Nesse instante os alunos que faltavam apareciam na porta, com o zelador, Filch, à. Eram os alunos do 7° ano da Grifinória e da Sonserina, novamente juntos.

- Obrigada por trazê-los aqui, Sr. Argos - agradeceu Málaga, que foi respondida apenas com um resmungo. Os alunos entraram, acanhados e espantados com o lugar. - Entrem, entrem. Por favor, ocupem os lados de fora das mesas, deixem o corredor vago. Os alunos podem se sentar misturados.

Leah disse isso ao ver Hermione e Rony trocarem um olhar ainda meio desconfiado. Deu um empurrãozinho nos garotos, para que fosse ao encontro de Rony, no lado que ficava à esquerda do altar e de frente para a janela.

Harry achou melhor colaborar com o mau humor de Rony e se sentou entre ele e Hermione. No fim, ficou, no mínimo, interessante. A mesa lotada de grifinórios achando ótimo ter um único sonserino sentado no meio. Leah se prontificou à frente do altar.

- Em primeiro lugar gostaria de me apresentar decentemente, sou Leah Málaga, e fui convidada por Alvo Dumbledore para lecionar Defesa Contra a Arte das Trevas em Hogwarts. Porém pelo que me consta... Não há muito que ensinar. - Leah deu um risinho decepcionado, acompanhada apenas por um sorriso dos alunos. - Então, pedi a Dumbledore que reabra e junte o Clube dos Duelos às minhas aulas.

Todos ergueram as cabeças contentes. Ela pigarreou e continuou.

- O principal motivo para essa decisão tem um nome, que vocês conhecem muito bem, e continuam com medo de dizê-lo. Voldemort - o sorriso se desfez em todos. - Eu sei, vocês preferem não nomeá-lo. Entendo e respeito. Bem, o fato é que ele está de volta, já deve fazer uns três anos, vocês bem sabem. E é necessário preparar vocês, as novas gerações de bruxos, para que possam ter consciência do perigo que ele representa... E para que possam ter condições melhores para enfrentá-lo. É por isso que vamos unir as duas matérias. Vocês devem estar totalmente preparados para... Um eventual... Confronto direto com ele e seus seguidores.

Ao notar o medo dos alunos, Málaga resolveu mudar de tom e andar pela sala, tentando dispersar o pânico.

- Tudo bem, chega de rodeios. Vou ser clara e objetiva. Minha principal obrigação aqui em Hogwarts é evitar que vocês sejam atraídos pelo poder do mal, que é muito, muito doce e atraente... - Leah parou no meio do corredor e virou-se para Malfoy, Crabbe e Goyle séria, e eles engoliram um sorrisinho. - Todos sabem que os servos do Lorde eram os Comensais da Morte, dos quais podemos lembrar que os pais de Crabbe, Goyle e Malfoy faziam parte, assim com Severo Snape. Com a queda do Lorde, eles voltaram ao normal, esquecendo a influência das trevas em suas mentes. Por outro lado... - Málaga deu às costas e fitou os alunos da Grifinória. Malfoy cruzou os braços, incomodado. - Os bruxos que davam suas vidas para combater os seguidores das trevas eram os chamados Aurores, como o ex-professor de vocês, Alastor Moody. Mas existiam outros bruxos de uma grandeza muito, muito maior... Eram bruxos dos dois lados, cujo poder poderia se igualar ou até mesmo superar os dos seus mestres... Eram os maiores bruxos de todos os tempos... - Málaga desceu os olhos e passou sobre Harry e foi parar em Neville, que se encolheu ao sentir as orelhas esquentarem. Ela fez um breve silêncio, deu um mínimo sorriso, completando e estalando os dedos das mãos. - E é essa historinha que preciso lhes contar agora... Por favor, eu peço que não se apavorem...

*

N.A 1: Vocês devem estranhas algumas coisas na EdD: eu misturo coisas da versão nacional e da inglesa. Tenho até o livro 4 em português, mas os três ultimos livros li em inglês e não tenho (nem terei!) em portugues. Então, ás vezes vocês vão dar de cara com, por exemplo, Bellatrix, que na versão BR virou Belatriz. Usarei o nome dela e de outros personagens no original. Já Mione, por exemplo, eu mantenho. É o apelido carinhoso da Hermione, que a Lia Wyler colocou nos primeiros livros. Aliás, uma das unicas coisas boas da tradução BR. Então... não liguem. =P

N.A 2: Estou sem internet, então será mais difícil de atualizar. enfim...

N.A 3: Feliz 2008 pra todo mundo! Até ano que vem.



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