Os uniformes perdidos

-Mamãe! Onde está o meu uniforme? – tudo bem, sei que uma garota nunca se descuidaria de suas roupas, afinal,elas são como nossa alma e demonstra nossos sentimentos, mas porque só agora senti falta de MEU UNIFORME?! Devo estar ficando maluca ou esta pilha de livros está rindo de mim.
-Ora, Alice, você mesma colocou em seu malão assim que entrou no seu quarto, ontem. –Informou mamãe em um tom de deboche que não me agradou nadinha.

Não sou uma garota totalmente normal, afinal, sou uma bruxa, 1,67 de altura, sem atributos, louca e completamente chata. Deve ser por isso que todos em Hogwarts não me suportam,tudo bem que tem os Marotos e as Meninas,mas,poxa,que garoto olharia para uma garota pálida e chata?! Além de tudo, não participo de um time de quadribol ou de algum clube da moda, sou contra todas essas futilidades juvenis.

Tropecei ao caminhar na direção do malão e o que encontrei foi o duro chão abaixo de mim, a dor era alucinante. Ao bater a testa meus sentidos ficaram embaralhados,até que meu pai resolveu piora-la:
-Licinha, já estamos atrasados!Onde já se viu, você se atrasar para o trem?
-Papai, já estou indo, meus uniformes e a varinha decidiram brincar de esconde-esconde comigo hoje. –resmunguei mal-humorada, massageando minha testa.
-Deveria passar algo aí, tá ficando inchado.
Por fim ele me deixou a sós com meu malão e uma imensa montanha de bagunça. Me ergui e respirei fundo, colocando as mãos na cintura. Onde elas poderiam estar?Um único lugar que não procurei... Ora,o quarto de meu irmão.Bem,ele não pode ter pego,só tem seis meses de vida.Tudo bem,já sei onde estão.
-AHÁ!Encontrei vocês!Estão de castigo por um mês, mocinhos... -Não é à toa que Marlene diz que sou meio estranha ás vezes.


Oh, vida!Existe algo mais entediante do que ouvir músicas românticas como aquela?Minha família não é a mais normal de todas. Mamãe fora uma Hippie fervorosa que decidira amar tudo e qualquer coisa que fosse viva e, meu pai, bem, ele fora um Punk, que odiava qualquer coisa vindo dos humanos. Engraçado como é o destino, pessoas completamente diferentes casarem-se.
-Mamãe!O Farol estava vermelho!
-Na verdade, estava mudando para o amarelo,a amável cor da energia que move todos os seres vivos. -Respondeu ela,com seu habitual sorriso debochado.
Não agüentei e dei uma gargalhada. Não pude evitar. As bobagens que mamãe fala são engraçadas e meio sem nexo. Entretanto, de tudo que ela faz que me envergonha, a pior foi quando eu estava com meus amigos em casa...
**Flash back:
-James!Me dá meu livro! –Pedi.Enquanto tentava a todo custo tirar o livro das mãos dele.
-Licinha, só se você admitir que eu sou o homem mais perfeito do universo.
-Magina, James!Você é o mais IMPERFEITO, afinal, assanha esses cabelos ridículos o tempo todo! –Resmunguei irritada, desistindo da idéia de tentar retirar o livro das mãos dele.
Sentei-me na grama do jardim, com a expressão fechada e o típico biquinho de criança mimada. Ele haveria de ceder,não tinha como deixar de me entregar o bendito livro.
-ALICE CORNELIA FLYNN! –A conhecida voz de mamãe soou de uma maneira irritada, porém ainda doce.
-Fale!
-VENHA TIRAR SUA CALCINHA DO BANHEIRO NESTE MOMENTO!-Berrou em plenos pulmões da janela.
Enrrubeci quase que imediatamente, afinal, todos meus amigos estavam ali. O riso foi geral,o que me deixou mais encabulada,ergui-me de cabeça baixa e corri para dentro de casa,morrendo de vergonha.
Fim do Flash Back .

A estação de King Cross surgiu mais a frente, o carro parou em uma vaga absurdamente longe da entrada da estação. Abri a porta do carro e desci,esticando os braços de maneira a ajeitar a postura. Fitei à minha volta reparando em uma cabeleira absurdamente vermelha transitando entre os carros, discutindo com uma garota com um rosto de dinossauro.

-Lílian! –Berrei, atraindo a atenção de todos que passavam ali naquele momento, além de estourar os tímpanos de um pobre menino que estava em minha frente.

Lílian Evans, uma de minhas melhores amigas. A mais estudiosa entre todas,e também a mais responsável e compreensiva em assuntos sentimentais,em minha opinião a mais bonita também,afinal,aqueles exóticos olhos verdes brilhantes combinavam perfeitamente com a pele alva e contrastava com os cabelos vermelhos como fogo.

-Lice! Como vai amiga?-Abracei-a, sorrindo de maneira alegre. Assim como ela,afinal,sempre era difícil nos encontrarmos na estação ou em qualquer outro lugar no primeiro dia de aula.

-Estou ótima!Quanto tempo! Como vai a titia Evans?
-Bem, mas não pode vir me deixar aqui, então à chata da Petúnia me trouxe. -Com um gesto muito incomodado apontou com a cabeça na direção da mulher de cara amarrada,entendi,no primeiro momento que a vi,o motivo de estar tão...tão,sonseriana.

-Ah,entendo,é por isso que ela está com aquela cara de dinossauro?

-Não, esse é o rosto dela mesmo. -Esclareceu a ruiva,gargalhando ao término de sua frase,fazendo-me acompanhar o riso com ela.
-Licinha, querida, quer que eu vá contigo ou vai ficar bem com a Lily?-Finalmente minha mãe deu sinal de vida, depois de ficar admirando as roseiras próximas ao portão.

-Vou com a Lily, mesmo, obrigada, mamezita. Eu te amo!Vemos-nos no Natal, se Merlin desejar! –Abracei minha mãe, me despedindo da mesma, logo colocando meu malão em um carrinho e prendendo Artems na coleira.
Definitivamente sou meio estranha, onde já se viu prender um gato em uma coleira para cachorros?Coitadinhos, ter de ficar naquela prisão de gatos deveria ser horrível, com certeza, é melhor ficar ali comigo caminhando livremente entre as trouxas. Lílian,assim como eu,é filha de trouxas,mas minha mãe é bruxa,diferente da dela.Sou uma mestiça,enquanto ela uma trouxa com sangue mágico.Somos os opostos,ela é perfeita e eu,uma garota normal.

-Espero que Marlene não esteja se agarrando com Siri... -não deu tempo de completar a frase,Lílian e eu já obtivemos a visão habitual de Lene enroscada com Sirius.

-Boca Santa, hein, Lily? –Caçoei. Pelo visto este ano seria inesquecível, afinal, seria o último.

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