Um presente de Dobby



Na manhã seguinte, tia Petúnia subiu ao quarto de Harry e sussurrou ao seu ouvido:


- Acorde, Harry! Não se esqueça de que vamos sair.


O garoto abriu os olhos, assustado, colocou os óculos e examinou a visão do quarto. Tia Petúnia, sentada na beira de sua cama vestindo seu melhor sorriso de "bom dia", segurando uma bandeja com torradas e geléia, bacon, uma maçã e suco de laranja.


- Trouxe logo o seu café. Coma tudo e não se atrase. Devemos sair de casa antes da oito horas.


O garoto se sentou e comeu o que estava na bandeja.


Quando desceu, tia Petúnia e tio Válter o esperavam na sala. A tia tagarelou e falou:


- Está vendo Válter? Essas roupas ficam horríveis no garoto! O que as minhas amigas falariam se o vissem vestido desse jeito?


Tio Válter fez um muxoxo de desaprovação.


- Vamos, já vai dar oito horas. - ela pegou Harry pelo pulso e o puxou em direção à porta - Adeus querido, até mais tarde e diga ao Dudoquinha que saí... para encontrar uma amiga.


Ela bateu a porta. Tio Válter andava de um lado para o outro da sala. Estava imaginando por que a esposa estaria fazendo essas coisas bobas. Nunca fez isso antes, por que haveria de fazer agora? Será que ela tinha levado tão a sério a ameaça feita por aquele grupo de gente esquisita no mês passado?


Harry observou que enquanto andavam pela Rua dos Alfeneiros, o que tia Petúnia mais temia aconteceu. Todos que estavam fora de suas casas naquela hora, lançavam olhares curiosos e indignados aos dois, já que Harry não era muito exposto aos olhos dos vizinhos. Mas tia Petúnia parecia nem se importar, ao contrário, não parava de sorrir.


Pegaram um trem e foram à várias lojas no centro de Surrey.


Ao anoitecer, voltaram para casa. Quase não deram conta de levar todas as sacolas. Antes de entrar em casa, Harry pensou em perguntar à tia por que estava fazendo tudo isso. Estava muito esquisita. Ele tinha, de qualquer jeito, que descobrir a explicação para aquela maneira dela de agir. Então resolveu arriscar:


- Tia? - falou com insegurança.


- Quê? - respondeu.


- Por que está fazendo tudo isso? É que, vocês nunca se importaram comigo.


- Ora Harry! Você ainda não se cansou de vestir essas roupas velhas do Duda? Já estava mais do que na hora de fazer isso. E o que as pessoas falam quando vêem você com esses trapos?


O garoto resolveu parar de fazer perguntas e apenas baixou a cabeça.


Entraram em casa. Tio Válter, que estava sentado na sala assistindo o noticiário da noite, fez questão de ficar sentado vendo o sobrinho e a esposa se atrapalharem com as compras. Ela ajudou o garoto a subir. Em seu quarto, Harry arrumou as blusas, calças, camisetas, sapatos e pijamas novos, que quase não deram em seu guarda-roupa. Quando terminou, virou-se e deu de cara com uma criatura conhecida.


Dobby, o elfo doméstico, estva parado em seu quarto, em pé, com os braços para trás. Estava com um dos gorros que Hermione fizera e usava uma blusa de mangas compridas tão grande que mais lhe parecia um vestido, além de meias encardidas até a metade de suas canelas finas.


- Olá Harry Potter! Parabéns!


- Dobby? O que faz aqui?


- Vim trazer seu presente de aniversário. Desculpe não ter vindo no dia, é que demorei um pouco para achá-lo, então vim trazê-lo pessoalmente.


Harry correu para a porta e trancou-a. Não precisava que a tia entrasse em seu quarto naquele exato momento e encontrasse uma criatura do mundo bruxo.


- O senhor foi muito bondoso com Dobby, e serei eternamente grato pela sua ajuda, por ter me libertado.


Dobby estendeu as mãos e abriu-a. Havia uma espécie de cordão em suas mãos. Tinha um pingente prateado e o formato de uma corujinha de asas abertas.


- O que é isso? - perguntou Harry, pegando o amuleto das mãos de Dobby e examinando-o.


- É um amuleto, meu senhor. Quando o perigo se aproxima, ele emite uma luz.


- Obrigado Dobby. Deve ter lhe custado muito.


- Oh, não Harry Potter. São muito raros porque são difíceis de se fazer, exigem muita magia, por isso não são vendidos. Este, foi feito há muitos anos atrás por um membro de minha família. A verdadeira família de Dobby. Foi passado de geração em geração. Eu não o usava com medo de que um dos Malfoy o tomasse de mim.


- Este amuleto deve ser muito importante para vocês...


- Eu não tenho mais família, Harry Potter. Então quero dá-lo ao senhor. Vou indo agora que já lhe entreguei seu presente.


- Até a próxima Dobby, obrigado.


Dobby estalou os dedos e desapareceu silenciosamente do quarto de Harry.


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