O desabafo de Rodolphus



Depois de todo esse tempo, ela ainda esperava por ele. Talvez por isso, era tão importunada pelos dementadores. A todo momento eles apareciam para tirar de Bellatrix a última gota de esperança que ainda restava. Malditos! Ela sabia que todos pagariam o que tiveram feito a ela, com certeza pagariam. Sabia que seu Lord retornaria, ela podia sentir o seu poder. Ela era a única que ainda confiava nisso, ela sabia muito bem. A maioria dos comensais sentiria medo de enfrentar o Ministério, e se declarar comensal. Tolos, ela sentia raiva de todos. Eles pagariam no momento certo, todos pagariam, e agora, apenas um sentimento restava nela: Ódio.

“Mais uma das inúmeras noites que ela passava ao lado de Severus. Ela já perdera a conta de quantas vezes ficavam juntos, talvez mais tempo do que com Rodolphus. Ela gostaria que essa conta nunca acabasse, que ela continuasse a sentir o corpo quente e as mãos ávidas sempre perto de si, mas sabia que um dia isso acabaria. Agora, Severus se mostrava cada vez mais abatido. Milord estava sempre preocupado e Rodolphus não escondia a desconfiança. Bellatrix sabia que teria que tomar cuidado, não se preocupava com Rodolphus, mas sim com Milord. Ele estava estranho, não a procurava mais, eles quase não se falavam. Isso era estranho, porque Milord nutria um sentimento especial por ela. Não amor, ele era incapaz de amar, mas talvez carinho, ou mesmo confiança. Ela não sabia ao certo. Apenas sabia que ele apreciava os momentos ao seu lado e que nunca a deixaria ir. Ela também nunca iria, estaria sempre ao lado de seu mestre Mais do que era de Severus, ou mesmo de Rodolphus, era ela dele. Completamente dele.
Ela se encontrava no colo de Severus. Eles apenas estavam lá, aproveitando cada momento que podiam ficar juntos, mas de repente, ela ouviu um leve barulho, ela concluiu que vinha do corredor. Levantou rapidamente, num movimento que alarmou Severus, que ainda não havia percebido. Lentamente, ela encostou o ouvido na porta. Eram passos, leves e vagarosos. Alguém andava no corredor. Ela sentia medo agora, e se fosse Rodolphus?! Ela não poderia sair dali, enquanto aqueles passos não houvessem cessado. Mas para sua sorte, eles haviam cessado. A pessoa que estivera por lá, com certeza já havia ido.
- Terei de ir – ela se virou tristemente para Severus – quem passou, seja lá quem for, poderá voltar.
- Mas...- ele parecia hesitar, mas acabou percebendo que era o mais sensato a se fazer – tudo bem. – ele havia abaixado a cabeça tristemente, concordando silenciosamente.
- Entendes não é? Se for Rodolphus, as conseqüências poderão ser horríveis.
- Entendo – ele disse dando um último beijo em Bellatrix, que já se preparava para ir.
Ela havia tomado muito cuidado ao sair. Reparou se não havia mais ninguém no corredor e tomou muito cuidado para ser totalmente silenciosa. Agora ela se encontrava na cama, ao lado de Rodolphus. Ele dormia profundamente, e ela não conseguia dormir. Olhava tristemente para o rosto adormecido de Rodolphus. Lembrou de como um dia, se sentiu atraída por ele. Um dia eles foram felizes, logo depois do casamento, ela sentiu admiração por ele. Mas ela não sentia mais, ele havia se tornado fraco aos olhos dela. No começo, ele a dominava, mas agora ele apenas a admirava como ela havia feito, há muito tempo atrás. Seria ele o dono dos misteriosos passos? Ela não sabia dizer, mas com certeza ele teria que ser muito rápido para voltar ao quarto por outro caminho que não passasse por aquele corredor. Ele não aparataria, pois a casa era toda protegida com feitiços anti-aparatação. Ela se sentia curiosa para saber quem havia passado por lá, mas ao mesmo tempo, não gostaria que isso acontecesse, pois sabia que esse seria o momento em que a sua relação com Severus seria descoberta. Mas o sono já se aproximava, e ela não se sentiu tentada a resistir. Poucos minutos depois ela já se encontrava adormecida, e dormia profundamente, ao lado de seu marido.

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Naquela manhã, ela apenas acordou normal. Não via nada de especial em seu rosto, mas sabia que aquele “normal” seria fantástico para muitos homens. Ela analisou seu rosto no espelho. Os traços finos, a pele branca, os olhos negros. Os cabelos, levemente cacheados, estavam presos num coque, com alguns fios soltos. Reconheceu todos os traços dos Black em seu rosto. Seus olhos, profundos e extremamente negros, poderiam levar homens à paixão imediata. Ela sabia disso, e tinha confiança em seu poder. Ela se olhou novamente, não negava que era bela, como seu próprio apelido sugeria. Ela sempre foi diferente de suas irmãs. Talvez elas é que fossem diferentes, ela não sabia ao certo. Narcisa, com sua perfeição irritante se parecia mais com uma bonequinha de luxo. Sempre preocupada com a aparência, se sentia frustrada, pois vivia à sombra da irmã mais velha. Andrômeda, com toda a sua bondade, e olhos castanhos, era extremamente comum. Não via nada de extraordinário nela, talvez por isso ela tenha se juntado aos trouxas. Ela pensou com desdém na irmã do meio, e decidiu tirar esses pensamentos da cabeça. Já perdera tempo demais no espelho, e sabia que não poderia se convencer que a beleza era sua única virtude. Ela possuía muito mais.
Ao descer para o café, não teve nenhuma surpresa. Tudo se encontrava como deveria estar e apenas Avery tomava café. Sabia que Rodolphus ainda estava na cama, e Lucius havia saído de viagem para visitar Narcissa na noite anterior. Onde estariam os outros e principalmente, onde estaria Severus? Enquanto descia as longas escadas, viu que outra figura adentrava no aposento. Milord estava com uma expressão de extrema preocupação, mas quando a viu, sorriu. Não sorriu verdadeiramente. Foi mais um sorriso de satisfação, como se ele soubesse que a veria ali. Ele a olhava atentamente, talvez admirando a sua beleza, ela presumiu. Os dois se sentaram para tomar café, como de costume.
- Presumo que já tenha aprontado seu vestido, Bella – ele disse, com um tom indiferente.
- Vestido? Para que vestido mestre? – ela perguntou intrigada – Temos novos planos que eu ainda desconheço?
- Não – ele se virou para ela ligeiramente surpreso – Hoje temos um baile, na casa de mais um desses aristocratas nojentos – ele disse com desdém.
- Eu havia me esquecido – Bellatrix exclamou ligeiramente surpresa.
- Não tem importância – mais uma vez, ele a olhava indiferente – Não importa o que você vista, você não precisa de muito para ser apreciada – ele acariciou levemente a face dela. Ela esperava uma expressão maliciosa, mas ao invés disso, viu em seus olhos um tom sarcástico.
- Obrigada, mestre – ela disse, ligeiramente intrigada – É necessário mesmo? Temos de ir?
- Infelizmente – ele respondeu num tom entediado – Sei que você como eu, odeia esses bailes. Mas, precisamos do apoio deles contra o Ministério, será de grande ajuda.
- Claro, mestre – ela disse relutante – Estarei pronta. Agora, se me der licença... – ela já se levantava da mesa. Já havia tomado seu café e resolveu seguir para seu quarto.
Mas ela havia se esquecido da presença de Rodolphus. Abriu a porta lentamente, e o viu deitado, olhando para o teto. Isso era realmente estranho. Rodolphus não era de perder tempo, preferia se ocupar com algo útil.
- O que houve Rodolphus? – ela perguntou intrigada, indo se sentar ao lado dele na cama.
- Estou apenas pensando Bellatrix – ele disse indiferente à presença dela.
Ela continuou a olhá-lo, como quem quisesse uma resposta mais convincente.
- Pensando – ele disse se apoiando nos cotovelos, para olhá-la nos olhos – se você se portará como minha esposa.
- Se refere à hoje à noite? Claro que irei Rodolphus. Sempre me porto muito bem na frente daqueles... – mas ela parou no meio da frase, percebendo a expressão de indignação no rosto de Rodolphus.
- Se algum dia, me verá como seu marido – ele olhou sinceramente nos olhos dela, uma sinceridade irritante.
- Eu o vejo como meu marido! – ela disse, num tom ligeiramente ofendido – Olhe em meu dedo – ela estendeu a mão esquerda para ele – Não vês uma aliança? É a prova de que és meu marido.
- Se um dia, eu serei seu marido, por trás de toda a máscara que nós mantemos na frente de todos. Estou cansado Bellatrix, cansado de sempre ser subestimado por você, cansado de ver, que você também está cansada de mim.
Ela estava em silêncio, estupefata com o que ouvia.
- No começo, você me admirava, e eu realmente, passei a gostar de você. Na verdade, olhe para você. Uma Black, rica e poderosa, uma mulher linda, a mais linda de todas que eu já vi. É corajosa, e não tem medo do que lhe possa acontecer. Qualquer homem cairia de quatro por você. E eu, eu tive a sorte de ter você. Muitos matariam por ter você ao lado, para dormir com você. Eu não fiz nada disso, e mesmo assim te ganhei. Achei no início que seria o homem mais feliz. Invejado por muitos, e com uma mulher perfeita ao meu lado. Mas não, ao invés disso vejo uma mulher que me ignora, que se recusa a se portar como minha esposa, não na frente de todos, mas quando estamos sozinhos. Mesmo que não tivéssemos amor, pensei que ao menos, poderíamos ser amigos. Ou mesmo companheiros. Mas você se recusa a isso, se recusa a fazer nossa convivência um pouco melhor. Eu te amo, Bella. Realmente, te amo, mas sinto que você não me ama. Sinto que estou sozinho, como quem ama um quadro, que está em sua estante, o admiro todos os dias, toco nele, durmo com ele, mas ele continua lá, indiferente, como se meu amor fosse a coisa mais banal.
Ele agora olhava sinceramente o rosto dela, que mostrava uma expressão admirada. Ela nunca pensou que ouviria isso de seu marido. No fim, ele tinha razão, ela admitiu isso, relutante. Mas ela não o amava, nunca o havia amado. Toda a admiração que pudesse ter sentido, agora desaparecera.
Num gesto inesperado, ele a tomou nos braços e a abraçou carinhosamente. Bellatrix se sentia admirada, com todas essas ações de Rodolphus, mas fechou os olhos, e correpondeu ao abraço. Sabia que no fundo, bem no fundo, não odiava o marido, sentia um pequeno carinho por quem esteve ao seu lado todo esse tempo, mesmo que obsoleto.Ele lhe dava segurança, e se mostrava extremamente apaixonado. Ela sabia que ele também era desejado por muitas mulheres. O casamento deles foi considerado o casamento de perfeições. Duas pessoas perfeitas por fora, que não deixam transparecer os seus defeitos. Eram seres humanos ,que possuíam sim, defeitos, apenas usavam uma máscara, o que fazia que eles parecessem perfeitos.
- Rodolphus – ela disse com a voz embargada de emoção, como nunca havia feito antes – sabes que amor, não poderei lhe dar.
- Teremos mais do que amor, teremos companheirismo e lealdade – ele lhe disse, enfatizando a palavra “lealdade”.
Ela desviou ligeiramente o olhar. Agora se sentia culpada por enganar o marido, mas sabia que daqui a poucos momentos, ela não sentiria mais nenhuma culpa.
Ele lhe beijou docemente, e Bellatrix sentiu um gosto levemente salgado em seus lábios. Ele havia chorado. Isso a deixou assustada. Não era mais o homem com quem ela havia se casado, era diferente. Estava mais fraco, talvez enfraquecido pelo amor. Ela teve medo, será que ficaria enfraquecida pelo amor que nutria por Severus? Ela não teve tempo para pensar na resposta, pois Rodolphus já se encontrava beijando avidamente seu colo, ele a tocava com ansiedade. Naquela manhã, eles passaram juntos, e isso só serviu para os unir.



N/A: tá aíi o quartoo capítuloo.
desculpem a demoraa..
e esperoo que gostemm.
comenteemm!! infelizmente sem comments euu nãoo vou postar o quinto..
PRECISO DESESPERADAMENTE saber o que estão achando..nem se for para acabar com a minha fic...comentemm..pleasee!!

o.o

bjoo.!
e brigada a todos que leram..

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