Adeus ao Número Quatro



Harry Potter e o Príncipe Mestiço



Capítulo I

—Adeus ao Número Quatro —




A época em que o verão atingia seu auge de calor em toda a Grã-Bretanha. Gotas de suor eram derramadas a cada minuto por todos os seus habitantes. As pessoas que saiam nas ruas faziam isto apenas por pura necessidade ou para se refrescar em parques aquáticos ou passar férias em regiões mais frias. Uma família simples que residia em Surrey, os Dursley, se enquadravam na primeira opção. Somente o chefe da família saía de sua casa no bairro Little Whinging, para compras. Em seu trabalho, tirara férias para poder permanecer com seu filho, que se tornara campeão-mirim de boxe de Surrey recentemente e que logo iria para a competição estadual. A única mulher da família, era a que fazia tudo o que a casa e a família precisavam. Limpava, cozinhava, passava, lavava, estes eram os afazeres da Sra. Petúnia Dursley.


A Sra. Petúnia era uma mulher alta e loura, tinha cara ossuda, um pescoço muito maior que o comum e normalmente seus cabelos nesta época eram presos em um rabo de cavalo no alto da cabeça. Seu filho, Dudley era robusto, louro como a mãe e um pescoço muito pequeno e levava o apelido de Duda. O “patriarca” dos Dursley, Válter, era grande, o dobro de seu filho, porém tinha cabelos negros e uma enorme bigodeira. Porém os três não eram os únicos habitantes da sua casa na Rua dos Alfeneiros, número 4. Havia uma quarta pessoa, que não levava o nome de Dursley no nome, nem Evans, o nome de solteira de Petúnia. Este garoto se chamava Harry Potter.


Um garoto de corpo quase esquelético, dando a impressão de uma pessoa subnutrida, cabelos negros sempre despenteados, olhos verdes esmeralda cobertos por óculos redondos, aparência macilenta e doentia, que lhe faziam parecer um enfermo com anemia. Seu parentesco com os Dursley era muito próximo, sua mãe, Lílian Potter era irmã de sangue da mulher da casa, fazendo de Válter e Petúnia tios de Harry.


A história do por que ele ter de morar com os tios é muito triste. Quando era apenas um bebê, um certo homem voltou-se para o lado negro. Seu nome: Lorde Voldemort. Ele usava o lado negro da magia, e queria conquistar todo o planeta Terra. Seu poder crescia a cada momento, assim como seus seguidores. Nada parecia impedir, até um certo momento.


Alvo Dumbledore, diretor da renomada escola de magia Hogwarts, ouviu a profecia feita por Sibila Trelawney, que dizia o destino do Senhor das Trevas e um garoto. Um seguidor de Voldemort, conhecido como Comensal da Morte, ouviu uma parte da profecia, mas ele foi descoberto e fugiu, sem saber da profecia completa. Quando Voldemort foi atrás do garoto da profecia, algo aconteceu. Uma fração de poderes foi passado para garoto, por intermédio de uma cicatriz em forma de raio. Mas antes de tudo isso acontecer, o Lorde das Trevas matou os pais de Harry. E graças ao laço de sangue de sua mãe, que executara um feitiço que lhe protegera, com Petúnia, só assim ele continuava protegido.


E esta é sua infeliz história. E durante os cinco anos anteriores, muita coisa aconteceu também, o que não será citado aqui. Sua longa história é foi feita em apenas dezesseis anos, uma história que tenderá a crescer muito mais.


Naquele exato momento, Harry Potter estava em seu quarto, extremamente calado. Olhava para o teto, extremamente pensativo. O que entravam e saiam de sua cabeça eram muitas coisas. Desde quando descobriu que era bruxo até a sua recente perda do padrinho, tudo o que acontecera nestes últimos cinco anos passavam pela sua cabeça em uma rápida sucessão.


Perguntava-se o motivo de ele ser o garoto da profecia. Havia uma segunda opção, mas não tinha de ser ele! Às vezes tinha vontade de ressuscitar seus avós trouxas para matá-los de novo (por que diabos tinham nascidos trouxas?). Se fosse puro-sangue tinha chance de não passar por tudo isso, de ser feliz e livre. Mas pensou em Neville, a segunda opção. Para ele já era bastante difícil tendo pais insanos. “Mas pelo menos ele tem pais!” — pensou Harry para si mesmo. Sacudiu a cabeça, como podia pensar algo assim de um amigo que lhe ajudou e que sempre o apoiou? Por um momento sentiu-se sujo.


Harry sentia-se abatido, pensava coisas horríveis de seus próprios amigos, somente bruxos do lado negro tinham estes pensamentos egoístas. Estaria ele virando um comensal da morte? Não, não. Seria uma ameaça para os seus próprios amigos, uma ameaça para ele mesmo. Por que pensava nisso? Estes horríveis pensamentos simplesmente entravam na sua cabeça e ficavam presos dentro dela!


Por que os humanos tinham estes sentimentos? Simplesmente não podia entender! Por que tanta complicação? Os humanos deveriam ser mais fáceis de entender, com toda certeza!


Felizmente, a sua tia interrompeu seu “questionário interior” lhe chamando para almoçar. Levantou-se da cama, e percebeu que seu corpo estava cheio de suor. Trocou de roupa e desceu. Quando chegou a cozinha de Tia Petunia, somente ela estava presente. Na mesa havia uma grande porção de macarronada à puttanesca fumegando e muito cheirosa.


Ia perguntar onde estavam seu tio e primo, mas quando abriu a boca, não soltou nenhum som. Não queria levar uma “patada” de tia Petunia, como acontecera todas as vezes que fizera esta pergunta. Sentou-se em seu lugar habitual, de costas para a televisão de Duda que ficava na cozinha. Porém, não tocou na comida.


- Você vai ficar só olhando o almoço ou vai comê-lo? – perguntou Tia Petúnia, fazendo-o lembrar a Professora McGonagall. – Ou vai esperar para comer frio? Eu não preparo as coisas à toa!


- Estou esperando tio Válter e Duda, não foi sempre assim? – perguntou Harry em tom de desafio. – A senhora sempre me pediu para esperar!


Tia Petúnia olhou-lhe novamente, lembrando-o novamente sua professora de Transfiguração, fitando-o com severidade. As coisas haviam mudado muito na Rua dos Alfeneiros número 4. As atitudes de seus moradores haviam mudado, principalmente em dois, Harry Potter e Petúnia E. Dursley. Os últimos acontecimentos obrigaram os dois de mudar de comportamento. Harry estava muito mais distante dos Dursley do que já tivera, no máximo saía para jantar e almoçar. Certas vezes até nem saía do quarto, mesmo com fome, permanecia no mesmo, quieto. E sem contar que fazia apenas três dias que ele se localizava na casa dos tios.


- Mas nessa ocasião você não esperará. A não ser – e olhou mais severamente ainda – Que queira morrer de fome, sim?


Um pouco, bravo, se serviu em uma quantidade exagerada, mais do que realmente precisava. Começou a comer com ferocidade, ignorando os olhares de desaprovação de Tia Petúnia. Mas ela nada podia falar. Estava agindo igualmente ao seu filho Duda, que na verdade parecia mais um porco do que um humano.


Quando terminou, fez outro prato, maior ainda que o primeiro, e atacou o mesmo como um animal. Tia Petúnia até virou o rosto, não podia suportar ver tanta barbaridade e era exatamente por isso que Harry estava agindo assim. Estava querendo incomodar sua tia Petúnia e além deste motivo, fazia exatamente dois dias que Harry não colocava nem um grão de arroz na boca.


No exato momento em que terminou, sua tia ordenou que parasse, pois não era só ele que iria comer. – Válter e Duda também vão comer em casa! Só estão ligeiramente atrasados. — justificou sua Tia Petúnia. Harry não pretendia fazer outro prato, já estava cheio o suficiente. Colocou o mesmo na pia vagarosamente, como uma jamanta. Estava cheio de comida, não podia fazer movimentos muito bruscos. Foi voltando para seu quarto, quando sua tia lhe chamou a atenção mais uma vez.


- Quê? — perguntou atrevido, olhando para sua tia como um mal-criado.


- Não saia da casa. Vou sair para compras roupas para você. — respondeu-lhe Tia Petúnia, ignorando os atos de Harry. – Não toque em nada, estamos entendidos?


Harry murmurou em concordância e voltou para o quarto, lentamente. Quando chegou no seu recinto, jogou-se na cama, pensando em dormir tranqüilamente, por horas e horas. Mas não foi o que o fez, estava cansado, sabia disso, mas seus olhos batalhavam para se fechar, e quando conseguia, o sono não vinha.


“Harry... Harry...” – uma voz lhe chamou distantemente, mas não parecia vir nem de sua cabeça, nem de fora dela. “Venha Harry... Venha...” – a voz foi ficando mais baixa como se tivesse distanciando.


Perdera a vontade de dormir no exato instante, sentou-se e tentou apurar o ouvido, para saber de onde a voz vinha. Quando ouviu mais uma vez, depois de passados uns três minutos, pode perceber que ela simplesmente vinha de todas as direções, como fizesse pressão sobre ele.


A tentativa de ouvi-la mais uma vez, foi em vão. A voz se aquietou. Harry sentindo-se completamente acordado, levantou-se, pensando em fazer alguma coisa, tinha de fazer qualquer coisa. Mas o quê? Perguntou para si mesmo. Não podia tocar nos itens de seus tios, não podia sair de casa...


Repentinamente, sua cicatriz deu uma fisgada forte, muito forte. A última vez que lembrara de tal dor fora quando Voldemort o possuíra. A cabeça de Harry começou a doer muito fortemente. Era naqueles momentos que às vezes sentia falta de ser um bom Oclumente. Não agüentou se manter lúcido, desmaiou aonde estava.



***



Estava em lugar muito escuro, que pode perceber que cuja única fonte de iluminação era a luz das estrelas no céu, que eram muito poucas. Não havia lua. Forçando os olhos, pode ver que estava em um gramado, com vários mausoléus de cemitérios, dando ao lugar uma aparência sinistra. Pode ver que quatro se destacavam das demais, com quatro estátuas na parte superior. Não reparara de começo como eram altas, muito superiores a todas as outras daquele cemitério.


- Lumos!


Uma luz surgiu em algum lugar perto de sua mão. Agora pode olhar detalhadamente a paisagem. A grama era amarela, seca. As flores à sua volta estavam murchas, e as poucas árvores que existiam por perto só tinham folhas secas. Um cemitério moribundo.


- Milorde... Você finalmente veio... Pensei que iria me deixar aqui por toda a eternidade. — uma voz fria que não conhecia disse aos seus pés. Quando olhou para quem falara, não acreditou que não gritara.


Um homem muito macilento, mais branco talvez que Voldemort. As unhas estavam encardidas e quebradas, seu cabelo era muito ralo, crespo e amarelado. Em certos pontos do corpo, podia ver carne apodrecida saindo do próprio corpo. Usava roupas sujas em tons frios, muito rasgadas. Parecia exatamente um morto - vivo.


- Não, Noxxius, você não foi abandonado, você é um dos meus mais fiéis seguidores... – disse, mas não com sua voz, mas com uma voz fria e aguda, que conhecia muito bem. Voldemort. – Quero ver o túmulo do General, por favor, meu servo fiel. Tenho assuntos muito importantes a tratar...


- Sim, minha alteza, o Imperador... – disse Noxxius, que naquele momento levantou. Tinha olhos profundos e muito vermelhos. Sua boca estava suja de sangue, dando a terrível impressão de que comera carne da própria vítima.



***



Acordou muito suado, estava no chão de seu quarto. Suas costas estavam muito doloridas, pois provavelmente batera na quina do armário ao cair. Seus óculos, bem diante dele, foi apanhado e colocado como primeiro ato. Levantou-se,e apoiou-se no armário. Sacudiu a cabeça e olhou pela janela. A noite já caíra e as estrelas já podiam ser vistas no céu.


Começou a refletir sobre a visão que acabara de ter. Estranho, muito estranho. O que significava aquele cemitério, não fazia sequer idéia. “Deveria perguntar para Hermione?” – pensara, mas logo descartara a hipótese, pois a amiga provavelmente o repreenderia por não praticar Oclumência.


Dizer que não praticara Oclumência, era mentira. Mas dizer que sonhos estranhos continuam acontecendo, isso é verdade. Todas as noites, respirava profundamente, tentando apenas se concentrar no som de sua respiração. Quando achava que se livrava de qualquer emoção, dormia. Perguntava-se sempre na manhã seguinte por que tivera um sonho, mesmo tendo praticado.


Estranhou também o fato daquele “homem” tê-lo chamado de Imperador. Até onde sabia, Voldemort era conhecido como Lorde, e não Imperador. O que significava? Não fazia idéia, mas uma vontade dentro dele crescia para descobrir o que era. Exatamente por que, não podia responder, mas era uma vontade que ele tinha de saciar, de alguma forma.


Percebeu que a casa estava muito quieta. Talvez os Dursley não haviam voltado, talvez já era madrugada e todos estivessem dormindo. “Mas não estou ouvindo os rugidos de Duda”. – pensou, apurando os ouvidos, desnecessariamente. Os roncos de Duda eram tão audíveis que talvez a Senhora Figg poderia identificar se o garoto dormia ou não.


Saiu de seu quarto, e silenciosamente, desceu às escadas. Encontrou todo o andar de baixo apagado, o que achou realmente muito sinistro, pois nunca presenciara um dia em que nenhuma luz ficara acesa nos recintos do térreo.


Ouviu um estalido forte, como um tiro. O som inconfundível de alguém aparatando ou desaparatando. Imediatamente, puxou a varinha que ainda estava presa no cós de sua jeans. Abriu a porta da casa de número quatro, que não estava lacrada. Olhou para o fundo da rua com dificuldade por causa da névoa que havia naquele.


Vários outros trouxas haviam saído de suas residências na calada da noite, querendo saber o que perturbara seu sono. Mas como se uma magia fosse lançada sobre as casas, todos começavam a cair, como se desmaiassem. Somente ele persistiu, e pode reparar que algumas silhuetas vinham em sua direção. Segurou a varinha de forma a deixá-la em riste, tenso.


- Oi, Harry! – disse uma voz feminina que conhecia, e que o fez afrouxar a mão se tranqüilizar, a medida que se aproximavam. – Beleza?


- Tudo bem, Tonks. – respondeu muito mais calmo e agora guardando a varinha no cós da jeans. – O que fazem aqui?


Um homem ao fundo cujo rosto ainda não podia ser visto por causa da névoa, veio a frente de todos. Era Remo Lupin.


- Ordens de Dumbledore. E você? Como está? – indagou Lupin, com um enorme sorriso. Ao ver a mesma expressão no rosto de Harry, ficou mais feliz ainda. – Que bom muito bom!


- Podemos entrar Harry? Não podemos partir imediatamente. – desta vez foi Quim que disse, atrás de Tonks.


Balançando a cabeça afirmativamente, deu espaço para todos entrarem, sendo o último, fechando a porta. Ligou as luzes, e percebeu que os presentes eram todos os que estiveram na Rua dos Alfeneiros, número quatro há quase um ano antes. – Querem alguma coisa? – ofereceu Harry à todos.


- Eu mesmo preparo o chá. – disse uma bruxa que lembrava vagamente, que se chamava Emelina Vance. A mulher se dirigiu a cozinha e começou a enfeitiçar o que julgou necessário.


- Vocês podem me dizer quais são as ordens de Dumbledore? – perguntou Harry aos membros da Ordem, na esperança de que recebesse um “sim”.


- Haverá uma reunião – disse Moody, com seu olho mágico coberto por um tapa-olho pirata. – E Dumbledore pediu que você comparecesse. Disse que é muito importante.


Harry se aquietou, achara estranho que fosse convocado para uma reunião, talvez nem fosse tão importante, pois não podia se meter nos assuntos da Ordem, pois era muito novo, como dizia a Sra. Weasley.


Emelina Vance lhe pegou de abrupto com uma bandeja de chá na frente dele. Pegando uma xícara, começou a tomar vagarosamente, pensativo. – Harry? – chamou Lupin, trazendo-o de volta à realidade. – Sim? – perguntou educadamente para o amigo que antes fora seu professor. – Já estamos quase saindo.


- Como vamos? – indagou curioso.


- Chave de Portal. Autorizada, é claro. – completou Lupin, tirando do bolso uma esfera azul muito bonita, que chamara a atenção de Harry. – Ela será ativada em cinco segundos. Eu e você vamos de chave, o resto vai de aparatação.


Ele e Lupin seguraram juntos a bolinha e logo sentiu a ruim, mas comum sensação de que um gancho lhe puxara por dentro do umbigo e logo seus pés não estavam em cima do chão do número quatro da Rua dos Alfeneiros.


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