Fazendo Biscoitos - parte 2

Fazendo Biscoitos - parte 2



Fazendo Biscoitos




Depois daquela tarde tumultuada e cheia de imprevistos, fora um pouco difícil para Harry e Hermione agirem normalmente perante os Granger. Fazer biscoitos tinha se demonstrado uma atividade muito interessante para os dois, mas eles sabiam que mais cedo ou mais tarde teriam que conversar sobre o que acontecera na cozinha.




Não era todo o dia que Hermione tinha a chance de beijar um dos seus melhores amigos. No momento, quando ambos estavam tão próximos e envolvidos, as coisas ao seu redor pareceram simples e maravilhosas, mas agora, afastada de Harry e podendo refletir racionalmente sobre o ocorrido, ela percebia o quanto aquilo poderia causar problemas.




Hermione não conseguia parar de pensar no que Harry dissera depois de se beijarem: "Eu acho que estou gostando de você!". Bem, não é todo dia que um menino se declara, e aquela situação era um pouco inédita para ela que só tivera um pequeno romance com Vítor Krum. O que ela poderia responder? Me sinto atraída por você, mas não consigo identificar se isso é amor ou apenas paixão? Mas, qual era basicamente a diferença entre amor e paixão? Ela não sabia, só sabia que aquele beijo tinha sido bom demais para o que sentia ser uma mera paixonite adolescente.




A verdade é que ela não via a hora de se beijarem novamente. Tudo parecera tão mágico com os braços dele a envolvendo em meio aquele monte de vasilhas sujas e massa para biscoito. Poderiam dizer o que quisessem, afirmar que um beijo durante diversas tentativas de assar biscoitos não era nada romântico, mas aquele momento tinha sido inesquecível, e a cozinha da casa dos Granger nunca mais seria a mesma!




A mesa de jantar daquela noite ficara subitamente quieta e com um leve clima de constrangimento. Hermione mal conseguia se concentrar no seu prato sentindo a perna de Harry roçar na sua. Ele se sentava a sua frente, parecendo entretido com uma folha de alface, mas se observassem bem, poderiam perceber facilmente que de minuto em minuto seus olhos pousavam em Hermione, fazendo-a ficar cada vez mais inquieta.




Depois de um certo tempo tentando ignorar o bruxo de olhos verdes a sua frente, ela não pode evitar de ficar aliviada por se levantar da mesa para ir ajudar a mãe com a louça. Não que a companhia de Harry fosse desagradável, mas enquanto eles não resolvessem os assuntos pendentes, seria um pouco difícil ficar trocando olhares nada amigáveis na frente dos pais dela.




Naquela noite o tempo passou com uma certa dificuldade. Hermione tentou ficar o máximo de tempo possível ao lado da mãe, e quando finalmente viu que não tinha mais opções e que teria que retornar para sala e enfrentar novamente aquela situação incomoda, ela decidiu fingir cansaço para poder subir para seu quarto e se trancar em um ambiente seguro.




Desejando boa noite para um Harry surpreso pela sua súbita sonolência, e dando um beijo no rosto do pai, ela avançou pelas escadas como se fugisse de alguma coisa. Não via a hora de poder ficar sozinha para poder pensar melhor sobre os acontecimentos daquele dia.





* * *





Toc. Toc. Toc.





Demorou um certo tempo para que Hermione pudesse finalmente acordar e perceber que havia adormecido deixando acidentalmente a luz do quarto ligada. Fora despertada por um breve e estranho barulho, que primeiramente se confundira com parte do sonho que estava tendo, e que agora, se encaminhando para janela um pouco zonza, percebia ser alguma coisa batendo ou sendo lançada em sua janela.




Esfregando os olhos para que pudesse despertar, ela afastou a cortina tentando vasculhar o que poderia estar causando aqueles sons irritantes. Tudo o que viu foi uma profunda escuridão acompanhada por 'cri cris' de grilos um tanto empolgados. Desistindo de tentar solucionar aquele mistério, ela fez menção de retornar novamente para cama, quando algum objeto semelhante a uma pedra tornou a atingir a janela fazendo um nítido barulho.




Desistindo de simplesmente olhar através do vidro, e resolvendo tirar aquela barreira para que pudesse colocar a cabeça para fora e flagrar o engraçadinho que estava fazendo aquela brincadeira idiota, ela finalmente abriu a janela, quase sendo atingida por outra pedrinha traiçoeira.





- Me desculpe! - ela pode ouvir e identificar a voz de Harry antes mesmo que pudesse enxergá-lo naquela escuridão. - Pensei que você ainda estivesse dormindo.





Aquela situação era um pouco fantástica para a cabeça de Hermione e ela demorou alguns minutos para responder, tentando encontrar os motivos para estar conversando através da janela com o amigo que beijara naquela mesma tarde. Ele deveria estar dormindo, na cama que tinha no quarto ao lado do seu, e não agindo como um adolescente trouxa tacando pedrinhas na janela para acordá-la.





- O que você está fazendo ai embaixo no meio da noite? - ela sussurrou em resposta inclinando o corpo sobre o batente afim de poder vê- lo melhor. Ele parecia um ator de cinema com um casaco pesado, os cabelos balançando ao sabor do vento e algumas outras pedrinhas na mão.





- Pensei que poderíamos dar uma volta.A noite está tão bonita.





Ela quase se desequilibrou ao ouvir aquilo. Dar uma volta? Sair no meio da noite para passear como se fosse uma deliquente juvenil? Aquilo poderia ser compatível com a personalidade esportiva de Harry, mas não tinha nada haver com a sua seriedade diante das regras. Não que ela nunca tivesse fugido de casa.





- Harry, já passa da meia noite! Você deveria estar no seu quarto dormindo como uma pedra. E aliás, como é que você foi parar aí? - perguntou Hermione cochichando e olhando para os lados receosa. Seria um tanto catastrófico se algum vizinho encherido presenciasse aquela cena.





- Da mesma maneira que você vai descer para dar uma volta comigo! - ele respondeu com um meio sorriso. - É só descer pela escadinha que tem ao lado das janelas, não é difícil.





- Você é maluco! - Hermione disse se esquecendo por alguns instantes que seus pais estavam dormindo no quarto ao lado e que poderiam acordar a qualquer momento. - Eu não vou sair sorrateiramente do meu quarto a uma hora dessas. Se meus pais acordarem eu estarei encrencada.





- Vamos, Mione! Prometo que estaremos de volta antes das quatro da manhã!





Ela arregalou os olhos e ele pareceu Ter visto, porque começou a rir baixinho.





- Você não poderia simplesmente Ter batido na porta do meu quarto como uma pessoa comum e Ter feito essa proposta maluca?





- E perder o lado romântico da coisa? Não, nem pensar! E agora desce logo se não terei que dar uma de Romeu e escalar a sua janela para te tirar do quarto a força.






Ele realmente parecia estar decidido a dar aquele passeio noturno, e Hermione percebeu isso no momento em que ele ameaçou subir para buscá-la. Mas o que realmente a fez descer pela escada do lado da janela, correndo o risco de se estatelar no chão, não foi a ameaça que ele fizera, e sim a simples palavra romântico que ele utilizara para justificar parte daquela loucura.




Aquilo tudo não era nada novo para ela. Quantas vezes não escapara com algumas amigas no meio da noite para fazerem algumas coisas levadas? Mas ela não pulava janelas, não era do seu feitio se arriscar a cair e quebrar um braço. Não gostava de quebrar regras, e sempre evitava fazê-lo. No entanto, quando era mais nova, vivia escapulindo pela porta dos fundos, não era nada demais, apenas um grupo de crianças sapecas aprontando nas ruas de uma cidade interiorana para comemorar o aniversário de alguma coleguinha. O problema agora se devia ao fato dela estar escapulindo pela janela para dar um passeio nada inocente com Harry. Tudo bem que ele era inteiramente confiável e que ganhara a simpatia de toda a sua família, mas nenhum pai gostaria de ver a própria filha descendo para ir de encontro a uma pessoa a qual ela provavelmente beijaria quando surgisse uma oportunidade.




Desligando a luz do quarto e trancando a porta, ela se aventurou na descida pela escada. Se sentiu como uma criança fazendo uma coisa errada e embora isso devesse faze-la repensar sobre aquela decisão, aquilo só dava um toque especial. Tomando cuidado para não escorregar, ela sentiu depois de um tempo as mãos de Harry em sua cintura, ajudando-a a atingir o chão. Levando em conta todo o suspense que aquela situação causava, aquilo só fez ela ficar mais tensa.





- Bem, estou aqui! - disse por fim quando eles se olharam pela primeira vez em terra firme. Era uma coisa muito idiota para se dizer num momento daqueles, mas ela não tinha nenhuma outra idéia do que falar.





Harry abriu um breve sorriso olhando-a de uma maneira estranha. Ela sentiu um súbito calor dominar o seu corpo e soube que antes mesmo de começarem o passeio já iriam se beijar. Ele olhava fixamente de seus olhos para seus lábios e ela sabia que era só tentar desviar olhar para dar uma espécie de permissão para que ele continuasse com o próximo passo. Vendo que aquilo iria durar um bom tempo e que eles continuariam ali, parados debaixo da janela dela, ela finalmente resolveu quebrar o clima, embora isso acabasse com a expectativa do beijo.





- E então, aonde vamos?





Harry pareceu sair subitamente de um transe. Seus olhos perderam aquela estranha intensidade e passou a agir normalmente, sem movimentos lentos ou aquelas súbitas trocas de olhares.





- Eu não conheço muito bem a cidade, Mione. Que tal você me mostrar um lugar bonito? Ou talvez o seu esconderijo? - ele acrescentou com uma expressão traquinas. - Adoraria conhecer o seu quartel general.





Hermione retribuiu o sorriso e os dois se afastaram da casa andando lado a lado. Ela sabia o que poderia mostrar para ele. A árvore no campo do fazendeiro Smith. Era a lembrança mais preciosa que tinha daquela cidade. Não era uma árvore especial ou alguma coisa relacionada a um acontecimento importante da sua vida. Era simplesmente um refúgio que ela encontrara para pensar nos seus problemas e contemplar o céu. Ficava em um pasto, um pouco longe da entrada da cidade, mas a uma distância que poderia ser vencida com facilidade e ela estava disposta a mostrar um pedacinho do seu mundo para Harry.





- Há muito tempo que eu não caminho assim, despreocupado! - ele comentou olhando para o céu. - Todos esses problemas com o mundo bruxo... tantas responsabilidades... Queria poder passar as minhas noites assim, aproveitando o sereno.





Ela o observou por algum tempo naquela posição e só foi aí que percebeu que ele estava vestido. Não que ela pensasse que ele saíra completamente nu, mas ele fora mais esperto do que ela que vestia um ridículo pijama do Frajola. Tentando disfarçar o súbito mal humor ela apenas murmurou um palavrão, bem baixinho, para que ele não ouvisse, mas Harry estava atento e logo ela percebeu que ele a fitava com uma expressão confusa.





- O que você disse? - ele perguntou desviando os olhos do céu e a encarando na penumbra das ruas.





- Nada! Apenas acabo de descobrir o quão idiota eu sou.





Ela o viu franzindo o cenho e soube que ele não havia entendido o comentário. E se limitando a apontar para o próprio corpo percebeu a súbita expressão divertida que se formou no seu rosto.





- Ora... é um charmoso pijama de gatinho! - Harry disse com uma saída estratégica.





Hermione fez uma expressão emburrada e ele riu pegando na sua mão. Ela percebeu que Harry utilizara aquele momento para tocá-lo e se sentiu mais a vontade ao perceber que ele também estava se sentindo um pouco nervoso.





- Da onde você tirou essa idéia de passeio noturno? - ela perguntou se concentrando no contato de suas mãos.





- Bem... eu estava deitado, olhando para o teto e entediado. Então eu me lembrei que você estava no quarto ao lado e que poderíamos dar uma volta por aí. Me vesti, escapei pela janela e comecei a tacar pedrinhas para te acordar. Agora aqui estamos nós, indo para algum lugar que você considera especial ou algo do gênero.





- Pensei que mal conseguiríamos ficar um do lado do outro depois do que aconteceu a tarde.





- Como assim 'depois do que aconteceu a tarde'? - ele perguntou voltando a olhar para ela. - Eu acho que termos nos beijado torna mais do que imprescindível que fiquemos juntos.





- Você fala como se tudo fosse tão simples. - Hermione retrucou olhando para o chão. Os dois já estavam a uma certa distância da rua onde os Granger moravam e logo, logo ela sabia que teriam que pular a cerca e entrar no pasto.





- E o que há de complicado? O primeiro passo que é o mais difícil nós já demos, não há mais nenhum obstáculo a ser vencido. Ao menos que você não queira tentar nada comigo.





- Não, claro que eu quero. - disse Hermione indignada. Ficar com Harry, conversar com ele e passearem daquela maneira era tudo o que ela mais queria. Mas isso significava uma coisa: namoro, e ela ainda tinha algumas dúvidas com relação a isso.





- Esqueça esse assunto, Mione! Mal começamos a aprofundar um relacionamento diferente de amizade e você já quer discutir relação. - ele exclamou arrancando uma risada dela. Realmente, de vez em quando ela tinha que aprender a relaxar.





E foi isso que Hermione fez, esqueceu suas preocupações e dedicou a sua atenção a viver o momento. Ela sabia que horas atrás os dois tinham concordado no quesito de que uma conversa era necessária, mas agora ficava bem mais fácil permanecerem calados contemplando a paisagem e se concentrando um no outro.




Os dois aproveitaram cada minuto daquela noite especial. Como dois ladrões de gado, eles invadiram o pasto do fazendeiro Smith e apostaram corrida até a árvore de Hermione. Tudo estava sendo como um sonho e ela não queria que aquela noite acabasse.




Ficaram ali, no meio do nada, observando o céu e prestando atenção nos sons ao redor. Por incrível que pareça não se beijaram, apenas permaneceram com as mãos entrelaçadas e firmemente unidas. Estavam no paraíso.




Mais tarde, quando retornaram para ocuparem novamente seus quartos, o sentimento que havia entre eles parecia Ter ficado mais forte e uma certa intimidade acabou com a insegurança de se aproximarem um do outro.





- Acho que finalmente a diversão acabou! - Harry disse quando já estavam novamente debaixo da janela dos quartos, prontos para subirem. - Foi uma noite maravilhosa, Mione.





- Sim... inesquecível! - ela respondeu olhando para ele com a face um pouco corada, não de vergonha, mas de ansiedade. - Pena que não pude te mostrar como é bom Ter uma vaca furiosa te perseguindo no meio da noite.





- O quê? - ele perguntou rindo. - Já aconteceu isso com você!





Ela concordou com a cabeça se divertindo com aquele relato.





- Margarida, a vaca do Smith, tem uma certa antipatia por mim, e toda vez que eu invado o pasto para ir até a árvore ela costuma me seguir fazendo um 'muuu' raivoso.





- 'Muuu' raivoso? - perguntou Harry incrédulo. - Hermione Granger e seu lado obscuro.





- Contos de uma cidade de interior. - ela respondeu com uma expressão simpática. - Mas... vamos voltar para as nossas camas? Já deve ser muito tarde.





Harry concordou com a cabeça se aproximando para beijá-la. Hermione inclinou tranqüilamente a cabeça para o lado esquerdo e fechou os olhos. Novamente a sensação de leveza a dominou e ela sentiu como se flutuasse. Harry afundou os dedos no cabelo dela e a envolveu pela cintura. Sentindo os lábios de Harry pressionarem o seus ardentemente ela percebeu o quanto ele era carinhoso, enquanto se beijavam ele acariciava lentamente seus cabelos, fazendo movimentos circulares.





- Agora eu posso responder aquele "Eu acho que estou gostando de você!" que você me disse. - murmurou quando o beijo terminou.





Hermione quando disse aquilo pode ver claramente as bochechas de Harry corarem.





- E qual é a resposta? - ele perguntou meio sem jeito fazendo Hermione achá-lo muito bonito naquele momento.





- Eu também acho que estou gostando de você! - respondeu encarando-o, enquanto ele ria de leve. Parecia Ter ficado mais solto e aliviado com aquela resposta.





Hermione sabia que tinha feito a coisa certa dizendo aquilo para ele. Se ela não se arriscasse, nunca saberia se realmente sentia alguma coisa por ele, e aquela noite não deixou nenhuma dúvida para que ela refletisse. Harry se tornara mais que um amigo, e ponto final.





- Eu acho melhor subirmos então. - ele disse repentinamente.





Ela o olhou e sentiu uma vontade estranha de convidá-lo para ir para o seu quarto. Mas, não poderia fazer isso. E se seus pais acordassem e os encontrasse se agarrando? "Droga, Mione, quem disse que vocês vão se agarrar?", uma voz gritou na sua cabeça e ela teve que considerar aquele pensamento. Mas o problema é que perto de Harry ela não sabia se controlar, e ele não costumava ser nenhum pouco racional. Nos poucos anos que conviveram juntos já sabia que tudo o que ele fazia na vida era impulsivo, e que só depois refletia sobre as conseqüências.





- Hermione, o que foi? - ela ouviu a voz de Harry soar um pouco distante e percebeu que aquela distância não era física. Mais uma vez ela começara a pensar e pensar se esquecendo do mundo ao seu redor.





- Não é nada Harry, eu estava apenas pensando. Você tem razão, é melhor subirmos.





Harry concordou com a cabeça e ficou parado embaixo da escada observando-a subir. Em poucos minutos Hermione entrou no quarto, fechou a janela e a cortina, sem antes deixar de acenar com a mão para ele. Apagando as luzes e finalmente se estirando na cama sentindo as pernas um pouco dormentes, ela experimentou a sensação de se recordar do que acontecera algum tempo atrás. Tinha sido maravilhoso estar na companhia de Harry Potter, eles tinham que repetir aquilo mais vezes.




Em poucos minutos ela começou a entrar lentamente em um estágio de total tranqüilidade. Podia ouvir o barulho lá fora e sua própria respiração. Estava cochilando quando um barulho na sua janela tornou a acordá-la naquela noite.




Se levantando mais uma vez e esperando se deparar com Harry ainda parado em baixo de sua janela, ela quase caiu para trás quando afastou a cortina e viu o rosto do bruxo encarando-a atrás do vidro. Controlando seus pensamentos, ela abriu a janela um pouco perplexa e pode ver melhor os olhos dele sem o vidro embaçado atrapalhando.





- Você não deveria estar no seu quarto? - perguntou cruzando os braços sobre o peito. - Louco! Você é um louco!





Harry sorriu tentando cativá-la. Ele se segurava com um certo esforço, tendo que olhar para baixo de vez em quando para verificar se não iria cair.





- Posso até ser, mas acho que não conseguiria dormir depois do que aconteceu essa noite.





Hermione revirou os olhos em sinal de desaprovação. Ela sabia que teria que convidá-lo para entrar, no final aquele conflito interno que ocorrera minutos atrás dentro de si não servira para nada. Harry acabaria dentro do seu quarto no final.





- Como é que é então? - perguntou um pouco impaciente. - Vai ficar aí, se segurando enquanto corre o risco de adoecer?





Harry entendendo o recado subiu mais um degrau e atravessou a janela. No momento que ele pôs os pés no quarto de Hermione não pode evitar sorriso. Ele sabia que Hermione não era uma garota normal, e seu quarto fazia seu estilo, tão parecido com uma biblioteca.





- Isso aqui faz bem o seu estilo. - comentou observando as duas instantes repletas de livros que ocupavam uma parede inteira.





- Você já havia me dito isso. - ela disse relembrando o comentário que ele fizera depois de entrar no quarto dela pela primeira vez.





- Mas vale a pena repetir!





Aquela observação fez Hermione sorrir ao encará-lo nos olhos. Era estranho Ter um garoto no seu quarto e sentado na sua cama no meio da noite, mesmo esse garoto sendo Harry.





- E então? Sobre o que podemos conversar? - perguntou Hermione se sentando ao lado dele.





- Que tal falarmos sobre o que aconteceu entre você e o Krum no quarto ano?





Hermione corou com aquela sugestão. Não queria falar sobre o que acontecera entre ela e o Vítor, mas se negasse a fazer aquilo tinha quase certeza de que Harry ficaria bravo.





- Nós éramos, e somos, apenas amigos. - respondeu com convicção na voz e observando Harry estreitar um pouco os olhos.





- Ele era apaixonado por você.





Hermione não ficou surpresa com aquela revelação, quantas inúmeras vezes Vítor não a paquerou, mas nunca em sua vida poderia imaginar que Harry sabia disso.





- Bem... - disse sem jeito. - Eu sei disso, ele me disse depois do Torneio Tribuxo. Foi meio constrangedor, mas eu superei. Mas porque você está interessado nisso? - alfinetou.





- Eu tenho o direito de conhecer o passado amoroso da minha garota.





- Sua garota? - Hermione perguntou de forma irônica.





- Sim, minha garota!





E Harry sorriu com o seu próprio comentário, se aproximando subitamente para beijá-la. Hermione ficou tensa a princípio, mas logo tentou relaxar. Era estranho estar na sua cama beijando-o, na realidade assustador. Não queria perder o controle logo ali, não seria nada agradável que aquilo acontecesse logo no seu primeiro encontro.




Mas aqueles receios desapareceram quando Harry se afastou e se deitou na cama, com a cabeça virada para a janela. Ela o observou por alguns instantes indecisa sobre o que fazer, mas se juntou rapidamente a ele quando este a puxou pela mão fazendo-a repousar ao seu lado.




Colocando a cabeça sobre o peito de Harry e se concentrando na batida do seu coração, ela finalmente ficou em paz. Eles não precisavam dizer nada para tornar explícito o que sentiam. Aquilo era maior que eles, aquela força que os unia era algo feito apenas para ser vivido e não explicado.




Dessa forma agradável, os dois adormeceram. Harry fazendo um suave cafuné na cabeça de Hermione, e ela vivendo aquele momento em silêncio. Bastou fecharem os olhos para tornarem a pensar que aquilo era um sonho, mas se estes pensamentos começassem a reinar em suas mentes, era só mover as pálpebras e ver que a pessoa mais importante de suas vidas estava ali, ao seu lado.

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