Eclipse de uma paixão.



Hermione começou a falar...
- Eu não sei direito. Mas durante o terceiro ano comecei a notar ele, comecei a ver coisas que nunca tinha visto antes. Percebi que ele implicava com o Harry,mas não era uma má pessoa. Ele era simplesmente o melhor quando se tratava de preparar poções, e sabia ensinar muito bem. E... bem, se você soubesse como falar com ele, como perguntar as coisas, ele era até bastante educado e atencioso. Durante o terceiro ano, quando eu tinha o viratempo, esperava a aula dele acabar e ficava lá, perguntando um monte de coisas sobre ingredientes, preparo de poções... Nós ficávamos conversando... Ele sempre dizia que eu era uma ótima aluna, uma garota inteligente. Acho que acabamos nos tornando amigos sem perceber. Foi tudo muito espontâneo. Mas, como o Harry sempre o detestou, pedi a ele que mantivéssemos nossa amizade em segredo. Ele achou a idéia divertida, e concordou.
Até o dia em que precisei da ajuda dele para um trabalho de DCAT, que o Lupin tinha pedido. Pedi que ele me ajudasse, e viramos uma noite juntos, estudando e rindo. O Severus sempre soube ser fascinante quando queria. Mas nunca me deu nenhuma indireta, nenhuma cantada. Simplesmente me tratava como uma boa amiga. Foi só quando voltei para o dormitório, naquela manhã, que percebi que estava apaixonada por ele. Passei o dia inteiro com suas piadas sarcásticas na cabeça, rindo sozinha... e lembrando do rosto dele, da voz, do jeito de se mexer... Acabei tomando coragem e escrevi uma cartinha para ele, agradecendo pela ajuda. Mandei por uma coruja, e ele respondeu. Virou a nossa pequena brincadeira. Escrevíamos um para o outro todos os dias, mesmo nas férias, até o quinto ano, quando a Umbridge começou a interceptar as correspondências.
Mas eu nunca tive coragem de me declarar. Ele sempre me ajudou em tudo, em todos os planos para ajudar o Harry, era por isso que eu sabia que ele não era mias um comensal da morte. Sempre que ele tinha uma hora vaga, me mandava um sinal, um aviso para que nós nos encontrássemos. Todos os domingos, em Hogwarts, passávamos a tarde ou a noite juntos, na sala dele. E durante as férias antes do quarto ano, ele me convidou para passar um fim de semana com ele. Eu disse aos meus pais que ia para a casa de uma amiga e fui. Foi tão maravilhoso, Gina! Eu não tinha olhos para mais nada, e ele também parecia estar se divertindo muito. Eu fiz o café da manhã, sem usar magia, e ele ficou só me observando e rindo. Fizemos um longo passeio por uma floresta que tinha perto da casa dele e de noite ficamos deitados no chão vendo as estrelas e as constelações. Ele me mostrou um monte de livros... Ele tem uma biblioteca em casa... Tudo parecia um sonho.
“Durante o quarto ano, continuamos a nos encontrar em segredo, e tudo ficou do mesmo jeito de sempre. Até o dia em que estávamos a sós na masmorra, numa tarde de domingo, e eu contai a ele que o Victor tinha me convidado para o baile de inverno.
‘Você respondeu o quê?’ – ele perguntou.
‘Eu disse que não podia.’
‘Por quê? Eu achei que ele fazia sucesso com as moças...’
Eu fiquei toda vermelha e falei, meio sem-graça:
‘Eu gosto de outra pessoa. E sei que ele não vai poder me convidar. Então, eu prefiro ir sozinha.’
Aí ele me olhou durante um bom tempo. E eu olhei firme para ele. Eu só pensava: “Não é possível que você ainda não tenha reparado...” O Snape ainda não tinha me contado que sabia ler pensamentos. Até hoje não sei se ele leu os meus ou não. Reparei que ele tinha ficado um pouco vermelho. Aí ele falou:
‘Sabe, se essa pessoa gostar mesmo de você... e realmente não puder te levar, vai ficar feliz de te ver indo ao baile com o Victor. Eu acho que você merece se divertir, ir em boa companhia... ‘
‘Mas eu só quero essa pessoa. Eu não quero mais ninguém, mesmo que eu não tenha nenhuma chance com ele...’
Aí o Severus me abraçou forte e falou no meu ouvido:
‘Mas eu não posso te levar no baile, minha querida...’
Eu nem acreditei no que ouvia. Ainda abraçada com ele, olhei para seu rosto com ar de surpresa. Ele respondeu:
‘Eu não sou cego, nem burro, Hermione. Eu já percebi. Mas me pergunto o que você já percebeu...’
‘Eu... eu não sei, eu sempre achei que era só uma criança para você...’
Ele me deu um sorriso lindo. Caloroso, confortante...
‘Você sempre foi uma grande amiga. E, naquele final de semana que passamos juntos na minha casa, percebi o quanto você tinha crescido... E notei que gostava de você muito mais do que eu gostaria de uma amiga.’
‘E por que você não veio falar comigo? Por que continuou me tratando como amiga?’
‘Por que eu ainda sou seu professor. E não pode haver nada entre a gente, não enquanto você estiver estudando aqui. Eu sei que ainda faltam três anos pra você se formar, mas eu vou te esperar. E, se até lá você ainda quiser me dar uma chance... eu vou ser o homem mais feliz do mundo.’
‘E durante esses três anos, Severus? Vamos ficar afastados?’
‘Claro que não... vamos continuar nos encontrando, conversando, nos escrevendo... Mas eu não vou tocar um dedo em você. Isso seria trair a confiança de Dumbledore. Por favor, meu anjo... Não peça algo que eu não vou poder te dar.’
Eu olhei para ele. Eu estava chorando, e ele estava com os olhos cheios d’água. E então eu soube que ele me amava. Eu soube que um dia nós íamos ficar juntos. Ele estava mais bonito do que nunca. Ficamos abraçados durante um tempo enorme. Foi muito romântico.
Nas férias antes do quinto ano, passamos uma semana inteira juntos. Ele me levou para as montanhas, ficamos em um chalé no meio do nada. Éramos só nós dois e a natureza. Nadamos juntos no rio, eu sempre cozinhava para ele... é engraçado, o Severus é ótimo com poções, mas ele simplesmente não sabe fazer comida! Não sem magia... Era quase como se estivéssemos casados, só que não tinha nada físico entre nós. Durante a noite, contávamos um para o outro coisas das nossas vidas e até fizemos um duelo, eu contra ele. A única coisa que eu não gostava era de dormir em um quarto separado do quarto dele. Mas eu não reclamei. Eu não queria pedir nada que ele não pudesse me dar. Mas nós nos amávamos cada vez mais.
Durante o quinto ano, quando a Umbridge começou a vigiar as correspondências, ele inventou um sinal de comunicação... ele fazia um passarinho de papel, sabe? Desses de origami... e o enfeitiçava para que ele voasse até mim. Aí eu sabia que ele estava à minha espera na masmorra... E eu ia encontrá-lo. Não tínhamos muito tempo juntos, mas quando eu estava a sós com ele, tudo ficava maravilhoso. Era uma coisa tão boba, aqueles passarinhos de papel... mas eu guardei cada um deles. Eu tenho todos, até hoje. Ele foi à sede da ordem durante as férias de inverno, umas duas vezes, só para me ver. E quando nós fomos para o ministério, no fim do ano, eu não tive tempo de avisar... mas soube que íamos vencer quando ele chegou. Eu sempre me sentia segura quando ele estava por perto. Ele sempre me protegeu...
Nas férias antes do sexto ano, mesmo com tudo tão sombrio e deserto por causa do Voldemort, eu consegui passar só 4 dias junto dele. Fiquei preocupada, afinal, os comensais podiam querer ir até a sua casa para se vingar... Mas ele me garantiu que não iríamos correr nenhum perigo no chalé das montanhas, para onde tínhamos ido no ano anterior. E, de fato, ninguém perturbou a gente. Na última noite que fiquei lá, ele acendeu a lareira. Ficamos sentados no chão, olhando para as chamas e conversando. Até que ele falou:
‘Bem, já está tarde, e vamos levantar cedo amanhã... Vamos dormir?’
‘Eu queria dormir com você hoje...’
‘Hermione, querida, nós tínhamos concordado que...’
Aí eu interrompi ele, meio zangada e disse:
‘Eu sei, eu sei. Você não vai tocar em mim até eu me formar. Mas eu não estou pedindo nada demais. Eu só queria dormir na mesma cama que você. Não vai acontecer nada de errado, nada físico. Eu só queria dormir e acordar do seu lado. Não é nada tão absurdo!’
Ele sorriu, carinhoso, e respondeu:
‘Está bem, minha pequena. Não sou tão chato assim... E seria maravilhoso poder dormir do seu lado.’
Aí, ele me pegou no colo e subiu as escadas. Eu não conseguia parar de sorrir. Me sentia flutuando, no céu. E aqueles olhos negros brilhavam como se estivessem em chamas. Eu sabia que ele não queria só dormir. Ele sabia que eu não queria só dormir. Mas não iríamos estragar aquele momento lindo discutindo. Nós dois também sabíamos que não iria acontecer nada. Não naquela noite. Mas eu não me importava de esperar... Nem ele. Nós nos amávamos.
Ele me pôs na cama, tirou a blusa e deitou ao meu lado. Ficamos um tempo ainda deitados, olhando para o teto no escuro, e conversando. Depois dormimos abraçados. Foi a melhor noite da minha vida. a que guardo com mais carinho. Acordei antes dele. Fiquei olhando ele dormir. Tão tranqüilo... passei a mão pelo rosto dele e vi que seus lábios estavam entreabertos. Não resisti e beijei seu rosto. Depois, desci, preparei o café da manhã e levei para ele, na cama. Duas horas depois eu já estava a caminho de casa, longe dele... Mas estava feliz porque sabia que só faltavam 2 anos para ficarmos juntos.
Quando as aulas começaram, ele estava muito feliz por ter finalmente conseguido o cargo de professor de DCAT. Fugi na noite do primeiro dia de aula para ir até ele, e passamos uma boa parte da madrugada dançando para comemorar. Eu também fiquei muito feliz por ele, claro. Durante o resto do ano, continuamos a nos corresponder e a nos encontrar sempre. Até o dia...
Um dia antes de acontecer tudo aquilo, do Dumbledore morrer, ele me chamou para um encontro, como sempre, à noite na masmorra. Quando cheguei lá, ele estava muito perturbado, mas não queria me contar o que tinha acontecido. Ele me falou, muito nervoso:
‘Eu vou fazer algumas coisas... Que eu preciso fazer. Eu não posso te explicar agora, mas um dia você vai entender. Hermione, você precisa confiar em mim. Você confia em mim?’
‘Claro...’
‘Então, não me julgue. Nunca. Prometa que haja o que houver, você vai esperar para ouvir de mim o que aconteceu. Quais foram os meus motivos. Prometa que não vai ficar com raiva de mim sem me ouvir antes. Promete?’
‘P-prometo, mas...’
‘Por favor, não fala perguntas agora. Eu não vou poder responder.’
Eu concordei, com um mau pressentimento no peito. Olhei para ele preocupada, e ele me puxou de leve, me envolveu nos braços... e me beijou. Foi a melhor coisa do mundo. Ficamos nos beijando por algum tempo, e quando paramos ele me falou algo que nunca tinha dito antes.
‘Eu te amo, Hermione.’
‘Eu te amo, Severus.’
Ele sorriu, meio triste, e disse:
‘Agora você tem que ir. Não esqueça da sua promessa. Eu não saberia mais viver sem você.’
Eu queria perguntar por que ele me beijou, mas não pude. Estava emocionada demais. Ele me abraçou e me beijou mais uma vez e falou:
‘Vá.’
Eu fui. Essa foi a última vez que nos falamos. Acho que ele já sabia o que podia acontecer... E agora eu não sei, não sei se ele é inocente ou culpado, mas eu queria muito ouvir o lado dele dessa história. Queria que ele me dissesse porque matou o Dumbledore... E eu nem sei se ele ainda está vivo...
Eu não poderia contar isso para o harry ou o Rony, eles nunca entenderiam...

- Mas eu entendo, Mione. – falou Gina. – Eu sei o que é amar alguém... Eu espero que ele esteja vivo, e que ele te procure...
Hermione sorriu. Estava bem mais calma agora, depois de ter dito a verdade para alguém.
- Obrigada por entender, Gina.
- Tenta dormir um pouco... tenta não ficar muito triste.
Hermione deu um sorriso triste.
- Eu vou tentar...
Gina saiu do quarto da amiga e fechou a porta. Hermione apagou a luz e fechou os olhos, tentando dormir. Depois de algum tempo, ouviu um barulho familiar. Sobressaltada, sem acreditar no que estava acontecendo, levantou rápido, foi para perto da janela do seu quarto, que estava aberta, e abriu a mão. Um passarinho de papel, pousou na palma de sua mão. Ela leu o que estava escrito chorando de felicidade.
‘Te amo.
S.S.’
Hermione sorriu.

Fim

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Comentários (1)

  • Alannys Prince

    Maravilhosa, essa fic tem as bases do namoro santo, lindorespeito acima de tudose me permite essa ousadia, mas fiquei curiosa com o desenrrolar da historia, faz uma continuação vai.   

    2013-12-26
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