A Valsa Dos Reflexos



N/Luh: Desculpem a demora, MESMO!
Não vai acontecer de novo!
Bom, pessoal, depois eu ou a Aninha arrumamos aqui, ok?? Nem devia estar aqui! Passei a tarde toda escrevendo xD
Espero que gostem do capítulo! Tá meio sombrio, mas...
OBRIGADA AOS COMENTÁRIOS! Respondo assim que der!
:*




Capítulo 1: A Valsa dos Reflexos.


Essa noite de lua minguante estava linda demais para ser desperdiçada.

Ela podia estar nesse exato momento, estudando, lendo um livro, ou, no mínimo, trancada no quarto sem nenhum contato direto com sua família. Mas não, seu pai tinha que vir com aquela besteira de baile tradicional da família. Baile tradicional só na cabeça dele, porque se quarenta pessoas estivessem no salão, seria um exagero.

O que não era bem proporcional. Pois o salão era enorme. Paredes compridas e grossas de pedras antigas e desgastas pelo tempo, porém que davam apenas um ar medieval na mansão em que ela vivia.

Ah, a mansão Uriel. Seu grande refúgio de todos os perigos verbais que inúmeros lançavam nela por ela ser um tanto quanto diferente das pessoas que habitavam as redondezas. Era uma enorme casa que era cercada por um grande, comprido e largo muro, que mantinha a mansão de pé, depois dos vários ataques e guerras no qual ela presenciou. Uma defesa indestrutível, assim como Elizabeth gostaria que fosse seu coração.

Elizabeth Uriel é o que pode se chamar de ovelha negra da família. Enquanto todos os presentes no salão em que ela estava eram frios, estrategistas e espertos, ela era ingênua, bondosa e poderia até mesmo ser alegre se tivesse um alguém para ficar. Em uma solidão sem amor e sem ninguém, Elizabeth não tinha amigos.

Porém ela puxara num requisito que era um dos mais importantes naquela família: a beleza. Possuía cabelos lisos e loiros que lhe batiam até a metade das costas, fazendo par com olhos negros e expressivos. Sua pele era alva, ou até mesmo pálida, talvez pelos dias em que ela se tranca no quarto sem nem ao menos ver a luminosidade do sol. Como um vampiro.

Um vampiro.

Se havia uma coisa na qual Lisa acreditava eram eles. Esses mitos, esses ídolos. Lisa gostaria de ser como um deles. Ah, como gostaria. Frios, impetuosos, sangrentos. Às vezes ela se pegava os comparando com sua própria família, mas depois repensava e chegava a uma conclusão: os vampiros eram infinitamente melhores.

A crença em vampiros nasceu a milênios de anos atrás, quando o homem descobriu que o sangue é a fonte da vida, e se espalhou pelo mundo todo. Em muitos lugares, como na Romênia - pátria de Drácula -, ela sobrevive ainda hoje. Elizabeth não sabia o porquê, e nem se perguntava o mesmo, mas ela admirava o ato do beber de sangue. E achava que esse era o ponto em comum dos vampiros e dos humanos: o sangue. Para os vampiros, sangue é a fonte de vitalidade. Para os humanos: a maior preciosidade para seu próprio nome.

Ela pegara um cálice de rum do balcão e começara a se deslocar pelo salão. Andava no meio das pessoas, encarava alguns conhecidos, ignorava a família. Olhou para as paredes: eram de pedra. Se tinha uma coisa que Elizabeth não suportava eram essa paredes, sempre machucando suas costas quando ela se apoiava.

Ela se encontrava agora exatamente no meio do salão quando avistou aquilo que fez a noite valer a pena.

Ou talvez não.

De um porte alto e musculoso, ele chamava a atenção das moças a qual ele passava pelo caminho que percorria até chegar nela. Um leve sorriso que ela não soube interpretar tão bem assim: estava na dúvida entre o charmoso e o irônico. Seus cabelos eram escuros e despenteados, lhe dando um ar desleixado que era logo substituído pelo tom de sua pele pálida.

Mas foi quando ele parou na sua frente que ela percebeu que não era o sorriso, o cabelo ou a verdadeira ironia que lhe chamava mais a atenção. Eram os olhos. Não apenas pelo fato de eles serem de uma inigualável mistura de verde, castanho e azul. Mas o brilho deles. Era um brilho surreal, intenso. E praticamente imortal.

O brilho dele seria imortal.

E, o que mais surpreendeu Elizabeth, foi que ele não lhe disse nada. Apenas lhe estendeu a mão em uma leve reverência, ainda com aquele indecifrável sorriso e com um olhar mais intenso.

Elizabeth estava fascinada. A beleza e o charme que aquele homem irradiava era quase que assustadora para ela. Apenas um sorriso já a arrepiava toda.

Ela, delicadamente, postou sua mão direita sobre a palma estendida do cavalheiro, no que, em um gesto rápido e inesperado, ele a puxou para perto de si, com uma mão em sua fina cintura.

Quieto em um momento, intenso no outro. Fascinante.

No leve balançar da valsa que soava pelo salão, que nunca pareceu tão lindo como neste momento, para Lisa, ela apenas olhava para os olhos do desconhecido rapaz. Eles eram hipnotizantes para qualquer mulher, ou a escuridão havia deixado-a muito boba com o passar do tempo. Bom, boba ou não, não importava. O que importava naquele instante para Elizabeth era ele e ela.

- O que uma moça tão bela fazia sozinha aqui, ainda mais no momento da valsa? -Ele lhe perguntou. Sua voz era grossa e inebriante, arrancando um leve suspiro dos entreabertos lábios de Elizabeth. Ele se aproximou mais, com um sorriso mais alargado.

- Qual é seu nome?

Ele soltou uma leve risada e abaixou a cabeça, mas nunca cortando o contato visual. Depois a encarou mais de perto e sorriu como se demonstrasse orgulho do que diria a seguir.

- James Vlack.

Ela inclinou seu rosto para a direita, enquanto um leve sorriso, encantado, brotava de seus avermelhados lábios.

- Vlack? Que nome estranhamente...

O sorriso saíra de seu rosto.

-... Familiar.

Um sorriso maroto se alargara nos vermelhos e finos lábios do moço, enquanto ele se aproximava perigosamente do pescoço da moça.

Ela não conseguia acreditar. Talvez o mito fosse real.

- Muitas coisas são estranhas, Elizabeth Uriel. - Ele sussurrou, no pé do ouvido dela, olhando desejosamente para seu pescoço. Ela estava mais arrepiada que em qualquer momento anterior. Nem ao menos se preocupou com o fato de James Vlack saber seu nome. Seus olhos estavam arregalados, seus dedos tremiam por entre a mão quente do rapaz. Eles não dançavam. Estavam parados na ponta da pista de dança e James a encarava como se dissesse o que desejava.

Elizabeth já sabia o que ele desejava.

- Você já ouviu falar dos Vlack, senhorita Uriel? - Ele lhe perguntou, sutilmente, voltando a guiá-la. A valsa agora estava no auge e sua melodia já era algo mais feroz. - Não? Sim? Oh, tanto faz. Nossa família existe a mais de centenas de milhões de anos de existência e somos descendentes da Transilvânia. E nós somos... Como eu posso lhe explicar...

Ele a rodopiou uma, duas, três, quatro vezes, e depois a jogou em seus braços, a inclinando para frente, ainda com a mão em sua cintura e a outra entrelaçada a dela. Olhou para o espelho sorrindo.

- Anti-Cristianismo. - Ele completou, fazendo-a olhar relutante para o espelho com ele.

Ela percebeu que toda a sua família estava lá, dançando e rindo. Olhou para si própria, que estava mais pálida do que nunca e sobrevoava o ar. Pois onde deveria estar James Vlack, não estava nada.

Ele não tinha reflexo.

Elizabeth gritou no exato momento em que um trovão caiu e iluminou a paisagem da Última Valsa, mostrando sombras que não deveriam estar presentes no salão.

A herdeira da família Uriel, uma família respeitada no mundo todo, olhava com o mais profundo de todos os seus medos para o jovem rapaz, no que ela pode ouvir, no meio da gritaria que se formava, uma exclamação que chamou sua atenção:

- VAMPIROS!

Como ela pode ser tão tola a ponto de esquecer? “Vlack é a pior de todas as famílias que já habitaram a Transilvânia, talvez perdendo apenas para a Draculus. Orgulhosos, irônicos, frios, sedutores”. Lera isso na Bíblia de sua espécie.

Ah, os poderosos Vlack! Irmãos de sangue; companheiros de dor. Nada iria separá-los, nada. Nem mesmo a morte o conseguira.

Elizabeth, sem perceber que James sumira, olhou para o espelho, assustada. Como se olhar para tal lugar fosse salvar sua vida, como se fosse uma esperança. Mas não, a única coisa que ela encontrou ali foi sua morte certa.

Três belíssimas mulheres a envolviam. A ruiva, a loira, a morena. Uma de cada lado e outra atrás dela. Elizabeth olhou para o local que deveria estar a ruiva, em seu lado direito, mas ela não estava lá. Olhou novamente para o espelho.

Não apenas ela, mas as outras duas. Elas possuíam o mesmo sorriso que James.

A morena passou levemente sua mão branca pelo pescoço de Lisa. Ela sentiu. Sentiu que uma superfície fria lhe passara a mão em sua pele mais fria ainda. Mas olhou para seu lado esquerdo: nada. Isso era terminantemente estranho, pois ela sabia que vampiros não tinham reflexo. Mas já elas possuíam reflexos, mas não estavam ao seu lado. A não ser que...

As três mulheres começaram a andar para frente, cada vez se aproximando mais. No reflexo. Como isso seria possível? Então aconteceu algo que quase fez Elizabeth desmaiar.

A loira estendeu a mão e tocou em algo que seria o fim do espelho. Então sua mão saiu de dentro do espelho. Logo em seguida, todas as três estavam fora do espelho e não havia mais reflexo de nenhuma das três.

Por mais pálidas que fossem, Elizabeth não deixou de reparar o quão bonitas elas eram. Era aquela beleza fatal e hipnotizante que só um Vlack seria capaz de ter. Elas usavam longos vestidos pretos, que lhe cobriam ate os pés, com detalhes vermelhos. E todas elas possuíam um mesmo colar. Era de ouro, percebeu Elizabeth. E tinha algo que lhe parecia um “V” no meio, com detalhes em diamantes.

A ruiva estava na sua frente, em uma distância menor que a coragem que Elizabeth poderia sentir naquele momento. Seus olhos eram magníficos. Era um verde que Lisa nunca tinha visto antes, com aquele brilho de morte, de busca. Ela lhe sorriu divertida e tirou pegou em sua mão, como se lhe fizesse um carinho. A ergueu a altura de seus lábios e fechou os olhos, como se sentisse algo. Nesse momento, Elizabeth percebeu que as outras duas estavam cada uma de um lado, tirando seus cabelos do pescoço.

No outro momento, ela fora mordida.

Não sabia explicar qual seria a sensação; mas poderia lhe resumir que era a coisa mais dolorida que já lhe aconteceu. Sentia os caninos em sue pulso direito, e nos dois lados de sua garganta. Ela sentia seu sangue fazer o caminho até os afiados dentes de cada uma, que estavam cravada em suas veias, em suas artérias, em si mesma. Pouco a pouco ela foi perdendo os sentidos, enquanto gritava mais do que já gritou em qualquer momento de sua vida. A ultima cena que Elizabeth Uriel viu foram quatro rapazes de preto e com um sorriso lindo avançando para seus pais.

A lua estava minguante estava bonita demais para morrer, ah, estava.

[...]


Remus Lupin era um lobisomem. Mordido aos seis anos, pelo mais cruel lobisomem da época, Greyback, levava este fardo com muita astúcia e coragem; não se deixava abater, e nunca se rebaixava às pessoas que tinham preconceito contra seu pequeno... “Problema”.

Remus andava calmamente pela ponte que separava Londres de Godric’s Hollow, um vilarejo próximo, onde ficava seu destino, a casa dos Vlack. E, enquanto andava, se perguntava como tivera sorte de arrumar amigos tão bons.

Era um tipo de agregado da família. Simpatizara com os Vlacks, principalmente James e Sirius, desde que os vira pela primeira vez; simpatia essa que era completamente mútua, e muito bem demonstrada.

Continuou andando por uns dez minutos, a capa preta rala e remendada se arrastando no chão, até que finalmente viu a pequena subida na colina que levava até o castelo Vlack, uma grande e secular construção de onde se podia ver a cidade toda, até a grande floresta que ficava mais ao norte. Mas, bom, mudemos de assunto.

Subiu na mesma velocidade, chegando até a cantarolar alguma canção, os cabelos dourados e queimados de sol caindo elegantemente no rosto. Até que, quando estava começando a ficar cansado, passou pelos muros extremamente vigiados e bateu quatro vezes na grande porta de ferro do salão principal do castelo.

Bater quatro vezes na porta dos Vlack é um tipo de código, que serve para indicar que o “visitante” é alguém da família. Isso facilitava a segurança dos moradores.

Quem apareceu na porta foi Dorcas, espiando com seus desconfiados olhos azuis, que logo viraram fendas entre a pele branca, franzidas pelo grande sorriso que curvou seus lábios muito vermelhos.

- Remus! – Exclamou ela, dando um beijo em cada lado da face do homem. – Demorou! Entre, entre, está começando a clarear...

- Então a “missão” foi bem sucedida? – Indagou Remus, fechando a pesada porta e seguindo Dorcas pelo castelo, que estava escuro como breu. – James deve ter adorado isso.

Ela deu uma risadinha.

- Com certeza. Um sucesso. Os Uriel não faziam idéia... – Dorcas fez sua melhor expressão humana. – Mas é claro que foi uma pena fazer isso com a “Lisa”...

A loira gargalhou, enquanto empurrava mais duas pesadas portas que davam entrada ao lugar preferido dos Vlack em todo o castelo: a Sala Vermelha, como a chamavam.

A sala era um cômodo enorme, quase do tamanho de uma casa normal. Sofás confortáveis que iam de um canto a outro, milhares de almofadas cor-de-sangue pelo chão, uma estante cheia de vinhos, vários espelhos e objetos que os vampiros adoravam... Além do conforto, iluminado por várias velas dos tamanhos mais absurdos.

Loue, Beatrice, Lily, Frank, Peter, Sirius e James estavam jogados nos elegantes sofás, segurando taças.

Remus percebeu do que se tratava, e seguiu Dorcas até onde os amigos estavam.

- O poderoso brinde? – Indagou, sorrindo.

O poderoso Brinde era marca registrada dos Vlack; uma espécie de comemoração particular. Só Brindavam quando algo realmente importante acontecia, ou quando precisavam dizer adeus para algo ou alguém.

O brinde era composto por três pequenas fases: a primeira era a do Tesoureiro, onde um vampiro pega o vinho, deposita sangue humano recente e enche as taças dos companheiros.

A segunda era a do Brinde, onde eles completavam o pequeno ritual, com algumas palavras muito antigas. E a terceira e última era a da Bebida, onde, sincronizados, eles bebiam todo o conteúdo de suas taças, sem deixar uma gota.

Dizem que quem deixa uma gota é o próximo a morrer.

E, naquela noite, o Poderoso Brinde era pelo sucesso da morte de Elizabeth Uriel.

- Pegue sua taça, Remus. – James manteve a expressão séria. – Chegou a hora.

O tesoureiro daquela noite era Lily. A ruiva foi até a estante do salão, escolheu uma garrafa de vinho particularmente grande e abriu um pequeno frasco vindo do bolso, contendo sangue humano. Sangue de Uriel.

Olhou para os amigos, e suspirou. As chamas da lareira tremulavam refletidas nos olhos verdes da vampira. E, sustentando um olhar de determinação, ela foi a cada taça e depositou um punhado de vinho.

- Com este vinho banhado de sangue, eu molho minha alma e honro minhas origens. E, por esse vinho, pelo sangue que desliza nesta taça, eu juro nunca deixar de ser, acima de tudo, um Vlack. - Os vampiros falaram, no mesmo ritmo, no que as chamas da lareira rapidamente se apagaram.

- Com este vinho banhado de sangue, eu molho minha alma e assumo minhas origens. E, por esse vinho, pelo sangue que desliza nesta taça, eu juro nunca deixar de ser, acima de tudo, acima de ser lobisomem, um Vlack. – Remus exclamou sua parte do brinde.

As chamas da lareira voltaram, mais fortes que nunca. E, como se fosse combinado, eles viraram as taças no mesmo segundo.

Nunca conseguiram descobrir qual era a sensação e o gosto do vinho dos Vlack’s. Alguns estudiosos atuais dizem que tinha gosto de uva, outros de sangue humano, e outros nem ousavam opinar. Mas nenhum deles conseguiu chegar sequer perto.

Era uma sensação inenarrável, um gosto que poderia levar ao delírio e a alegria, ao veneno e ao doce. Era como uma faca banhada de sangue humano cortando os órgãos internos. E, ao mesmo tempo, era como um passeio no céu e no inferno.

- Aos Vlack’s. – Sirius murmurou, quando a última gota de vinho caiu em sua boca.

- Aos Vlack’s. – Murmuraram, um a um, colocando as taças na mesinha de centro.

Mas um imprevisto aconteceu.

- Aos... – Ele exclamou, para depois de se arrepender, ao ver que havia uma gota de vinho em sua taça...

N/B: Pois é... Sem nota das autoras, mas nota dessa beta aqui, metida a besta. Shu. Bom, como eu sou muito, MUITO fresca para “sangue”, “caninos no pulso”, “artérias” e “veias”, sentirei muitos arrepios ao ler os capítulos... Quem será que vai morrer? O_o Ah, se você não comentar nessa fic perfeita, eu te mato, ok?
Beijos e COMENTEM, seu malas preguiçosos... ho*

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