Chegando em South Beach




(Trying To Find My Away, Lifehouse)

Capítulo 1 – Chegando em South Beach


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“And I don’t know why

-- E eu não sei por quê --
I can’t keep my eyes off you
-- Não consigo tirar meus olhos de você --”
(Lifehouse – You And Me)



O garoto abriu os olhos lentamente, desejando que mais uma onda de sono o invadisse, e ele pudesse mergulhar por mais uns minutos que fosse naquele mundo sem preocupações, ao invés de ter que finalmente acordar. Tinha a roupa surrada no corpo, muito suja e com grandes rasgos espalhados, fruto da transformação em lobisomem que havia sofrido na noite anterior. Nem lembrava, na verdade, de como havia parado em sua cama; provavelmente, seus pais o carregaram até lá depois que todo aquele terror houvesse passado.

Ele piscou os olhos mais algumas vezes, e levantou-se vagarosamente. Agora a lua cheia finalmente havia passado, e ele poderia passar pelo menos algumas semanas sem essa preocupação martelando sua mente. Caminhou pelo seu quarto, observando de esguelha alguns móveis e objetos, para certificar-se de que não havia quebrado nada, até que encarou seu reflexo no espelho. Seus cabelos castanho-claros estavam bagunçados, e caíam-lhe um pouco pelos olhos, atrapalhando sua visão. Ele, então, segurou alguns fios para trás, e pôde observar com mais clareza seus olhos cor-de-mel, que possuíam um brilho tímido e doce ao mesmo tempo. Seu rosto estava um pouco pálido, podendo-se ver com clareza a pequena cicatriz logo acima de uma de suas sobrancelhas, ganhada no dia de uma de suas piores transformações em lobisomem. Mas, mesmo assim, o rapaz não deixava de ter um rosto bonito, bem desenhado, com as feições delicadas e ao mesmo tempo rudes. Era o tipo de garoto que tinha a sua própria beleza, mas não usufruía dela – ou nem sabia que, de fato, a tinha.

O garoto acabou resolvendo tomar um bom e relaxante banho, antes de descer para tomar café. Pegou uma muda de roupa em seu armário, saiu de seu quarto e foi andando lentamente pelo corredor, até chegar quase ao banheiro, que ficava entre o seu quarto e o de seus pais. Deu uma rápida olhada para a porta do quarto deles, e percebeu que já estava aberta – seus pais já haviam acordado. Adentrou, então, o banheiro, ligando em seguida a água fria que saía fracamente do chuveiro. Mal acordara, e já começava a sentir os indícios de gotículas de suor formando-se em sua testa, como prova inegável de que o verão tinha chegado com tudo.

Depois de refrescar-se um pouco debaixo do chuveiro, e ficar limpo novamente, ele se vestiu e desceu para o primeiro andar da velha casa. Esta, por sua vez, era demasiadamente grande, com dois andares, uma boa cozinha e uma confortável sala de estar, mas possuía um ar rústico, com a decoração bastante simples, lembrando por muitas vezes a de uma fazenda.

-- Bom dia, pai. -- murmurou o rapaz, para o homem que andava de um lado para o outro da sala estar, carregando algumas coisas para a varanda da velha casa.

-- Você está se sentindo melhor, Remo? -- perguntou o homem, largando o que ele trazia nos braços em um lugar fora da casa, e voltando para, provavelmente, buscar mais coisas. Ele tinha a pele um pouco mais morena, assim como os cabelos, que eram num castanho muito escuro. As feições do rosto, porém, lembravam muito as do filho, e ambos possuíam um corpo alto e um tanto magro.

O garoto assentiu, murmurando que sim, e encaminhou-se para a cozinha. Esta, como ele pôde perceber, estava uma completa confusão. Uma mulher loura, muita bonita, se movimentava de um lado para o outro: da dispensa, onde se encontrava a maior parta da comida, às panelas borbulhando no grande fogão. Ela tinha a pele muito branca, quase como a neve, e as bochechas ligeiramente rosadas, fazendo com que seus belos olhos cor-de-mel se destacassem com facilidade naquele rosto tão delicado e bonito. Os olhos eram exatamente iguais aos do garoto que, agora, puxava um banquinho junto à mesa para se sentar: naquele tom suave e ao mesmo tempo marcante, com o ar doce e ao mesmo tempo firme.

-- Por que você e o meu pai estão nessa agitação toda hoje? -- Remo perguntou, enquanto levantava o pano azul quadriculado que cobria uma cesta posta pela mulher no meio da mesa, e pegava uma fruta para comer.

-- Como por que, meu filho? -- rebateu a mãe do garoto, com outra pergunta. Tirou a cesta de cima da mesa, antes que Remo comesse toda a comida posta especialmente nela, e rumou até a porta da cozinha, onde seu marido a esperava. -- Aqui está, Oliver. -- ela disse, entregando a cesta para o homem.

-- Obrigado, Martha. -- ele falou, dando um rápido selinho na esposa, enquanto se encaminhava novamente para a sala. -- Aprece o Remo, querida, ele mal acordou ainda!

O garoto, mais uma vez, não entendeu o que o pai quis dizer com isso, e muito menos porque ele não parava de carregar malas, entre outras coisas, para fora da casa, ou porque sua mãe resolvera fazer uma quantidade extremamente exagerada de comida naquele dia.

-- Você está se sentindo bem? -- Martha perguntou, referindo-se à transformação da noite anterior, no que ele assentiu, ainda observando as coisas fora do lugar pela cozinha. -- Que bom. Já fez as suas malas, querido?

-- Malas?! -- Remo exclamou, com a expressão agora completamente confusa. -- Que malas, mãe?

-- Filho, nós vamos viajar para a casa da sua tia, esqueceu? -- falou a mulher, parando de correr pela cozinha e encarando o garoto, com as mãos apoiadas na cintura.

Remo, então, pareceu enfim despertar, como se sua memória desse um estalo, e ele lembrou daquela insuportável viagem que seria obrigado a fazer com os pais. Já tinha combinado, no último dia do sexto ano em Hogwarts, que passaria a maior parte das férias na casa de Tiago, um de seus melhores amigos, junto com outros dois garotos, mas não poderia mais cumprir seus tão esperados planos. Teria que se despencar para uma praia bastante longe de onde morava, ficar na casa de sua tia insuportável cujos filhos ele não tinha nem notícias havia, no mínimo, três anos, e ainda sem o menor contato com qualquer um de seus amigos. Realmente, aquele não seria um bom verão.

-- Não, eu esqueci. -- murmurou Remo, emburrando a cara.

-- Então vá logo, menino! -- Martha exclamou, gesticulando impaciente. -- Você sabe como o seu pai detesta atrasos.

Remo bufou, e acabou levantando-se, rumando irritado para o seu quarto. Abriu a porta com força, e foi logo atrás de um pedaço de pergaminho, para enviar uma carta a Tiago avisando que, infelizmente, não poderia passar as férias em sua casa. Após isso, com um grande pesar, o garoto teve que arrumar com rapidez suas malas. Não que precisasse de muito tempo, na verdade. Tacou de qualquer jeito algumas mudas de roupa, sem nem olhar direito o que estava pegando. Afinal, iria para um fim de mundo mesmo, e provavelmente mal pisaria na rua. Em seguida, pegou as coisas mais básicas, como escova de dente e etc, e foi descendo com suas malas já feitas pela grande escada de madeira de sua casa.

Ao voltar novamente para o primeiro andar, cerca de meia hora depois, sua mãe terminava de ajeitar a cozinha, enquanto seu pai já colocava as últimas coisas em um carro um tanto velho, que parecia ter sido tingido por um azul bastante desbotado.

-- Ah não, pai! -- Remo exclamou, ficando ainda mais irritado, quando viu o meio de transporte que usariam.

Oliver virou-se para trás, com um largo sorriso estampado no rosto, enquanto abaixava-se para pegar as coisas do filho. Levou-as em seguida para a parte de trás do carro, colocando tudo na mala, e em seguida fechou-a com um estampido.

-- Eu não posso aparatar, vassouras não dão para carregar as bagagens, e a lareira de sua tia está quebrada, sabe-se lá porque. E, além disso, com esse bruxo maluco a solta, o Voldemorg, ou alguma coisa assim, é perigoso chamar atenção, já que sua mãe é bruxa, mas eu não. -- explicou o pai do garoto, enquanto entrava no carro que havia alugado, sentando-se no lugar do motorista e apoiando ligeiramente as mãos no volante. -- Anda, entra aí, filho! Não sei porque você detesta tanto andar de carro... Sua mãe sempre adorou! Inclusive, ainda me lembro da primeira vez que ela entrou em um antigo carro meu e...

-- Não, pai... Por favor, não começa essa história pela milésima vez. -- pediu Remo, meneando ligeiramente a cabeça, enquanto sentava no banco de trás do velho carro.

Martha chegou logo depois, terminando de fechar a casa, e enfim a família Lupin pôde pegar a estrada.


[...]


A viagem fora bastante longa, exaustiva, ainda mais com Remo resmungando praticamente todo o percurso sobre o quanto aquelas férias seriam entediantes, e no quanto ele preferia estar na casa de um de seus amigos. Mas depois de quase dois dias na estrada, a família Lupin finalmente conseguia avistar, um pouco mais adiante, a pequena cidade onde passaria as férias. O lugar não parecia ter muitos estabelecimentos, assim como casas: era uma cidade onde apenas bruxos conheciam e habitavam, e na maioria das vezes só iam exatamente pelo mesmo motivo dos Lupin – passar as férias.

Enquanto Oliver dirigia calmamente pelas pequenas e estreitas ruas da pacata cidade, Remo pôde observar as casas de madeira por onde passavam, assim como pequenos e discretos estabelecimentos que raramente apareciam. Seu pai pegou um atalho e passou para a rua mais movimentada da cidade, a que se estendia por toda sua orla. Remo pôde, então, finalmente ver a praia, e a cidade não pareceu mais tão desabitada assim. A areia estava cheia de toalhas, cangas ou outras coisas do tipo, com várias pessoas sentadas ou deitadas sobre elas, apenas jogando conversa fora, apesar da tarde já estar começando a chegar ao fim. O mar, um pouco mais ao longe, parecia estar mansinho, com pequenas e calmas ondas estourando na beira.

Remo virou seu olhar para o outro lado da rua, e observou por um longo momento o bar pelo qual seu carro agora passava. Estava lotado, com vários jovens apoiados no balcão ou sentados nas pequenas mesas distribuídas ao ar livre, conversando animadamente, enquanto alguns garçons andavam apressados de um lado para o outro. As paredes do local eram em um azul bem claro, com a decoração simples, porém cheia de belos detalhes, como cavalos-marinhos de madeira espalhados pela parede e vários desenhos de peixes feitos com conchas, e uma placa bem grande escrito “Bar de South Beach” estava pregada bem na frente.

O garoto sentiu o velho carro alugado virar para a direita, e depois entrar em uma pequena vila. O chão era todo de pedra, e várias casas se espalhavam ao longo do lugar, até que, finalmente, Oliver estacionou em frente ao que parecia ser a penúltima casa da vila. Com o barulho do carro chegando, logo alguns bruxos apareceram na varanda, e outros desceram para ajudar a levar as malas para dentro da grande casa. Seus pais saíram do carro, sorrindo animados para a família de Martha, que vinha recebê-los.

-- Minha irmã, que saudade! -- exclamou uma das bruxas que aparecia na porta, com os abraços abertos. Suas bochechas eram avermelhadas como duas maçãs, e ela tinha os cabelos louros platinados da mesma exata cor que os da mãe de Remo, com a diferença de que a mulher possuía os quadris mais largos e era bem mais gorda do que ela.

-- Há quanto tempo, Sarah! -- disse Martha, sorrindo com seu jeito bondoso e recebendo o abraço de sua irmã.

-- Por Merlin, aquele ali é o Remo? -- o marido de Sarah perguntou, quando foi ajudar Oliver a retirar as malas do carro, e avistou seu sobrinho. O homem corpulento tinha os cabelos lisos e castanho-escuros presos em um curto rabo-de-cavalo, e seus olhos grandes e expressivos eram em um negro petrificante.

-- Ele mesmo, Matt. -- respondeu o pai de Remo, animado.

-- Como ele cresceu! -- Matt exclamou, iniciando uma conversa empolgada com Oliver, enquanto os dois homens levavam as malas para dentro da casa.

Remo sorriu timidamente para o tio, mas perguntou-se por dentro porque diabos os adultos tinham a mania de fazer aqueles comentários manjados e totalmente dispensáveis. Mas, antes que ele se lamuriasse mais, foi surpreendido por um trio de rapazes que atravessavam sorridentes a porta da casa, e caminhavam em sua direção.

-- Primo! -- exclamou o mais alto dos três, abraçando Remo e dando dois tapinhas em seu ombro.

George já havia se formado em Dumstrang há dois anos, e havia completado na semana passado 19 anos. Era alto e magro, com os cabelos louros iguais aos de sua mãe, e os olhos negros iguais aos do pai. Era um bom rapaz, cujo Remo lembrava-se de se identificar muito; era brincalhão, mas sem passar dos limites, e bastante estudioso.

-- Hey, George! -- disse Remo, retribuindo o abraço do primo. -- E aí, como vocês estão? -- ele continuou, dirigindo sua pergunta agora a todos os três garotos.

-- Ótimos! -- foi a vez do mais novo entre todos os jovens responder, com a expressão animada. -- Erik está namorando há oito meses, sabia?!

Aquele era Miles, um jovem sempre de bom humor e com seus 15 anos recém-completados. Possuía os olhos amendoados e os cabelos castanhos bem escuros, e tentava deixá-los crescer, para ficarem iguais aos do pai, em sua fase de “rebelde”. Mas, no fundo, era um ótimo garoto, sempre gentil com os outros e pronto para qualquer tipo de aventura. Tinha uma certa fixação pela natureza e em preservá-la ao máximo, que chegava até a ser engraçado, e sempre procurava aprender um pouco sobre tudo – sua mais nova meta, inclusive, era aprender a tocar violão.

-- Ah, não acredito! -- exclamou Remo, rindo. -- O cara mais galinha de Dumstrang, encoleirado?!

-- Ei, que calúnia é essa, Reminho? -- Erik se defendeu, enquanto pendurava-se nas costas do primo e dava um cascudo nele.

Erik tinha exatamente a mesma idade de Remo, 16 anos, e assim como ele, também cursava o 6º ano, mas em Dumstrang. Junto com Miles e George, era filho de Sarah e Matt, sendo portanto o irmão do meio. Possuía os cabelos dourados bem curtos e arrepiados, e junto com seus olhos castanho-claros, Erik era considerado por grande parte do sexo feminino um rapaz muito bonito. Por andar na maior parte do tempo de camiseta, apenas para deixar seus braços musculosos à mostra e exibir seu belo físico, e possuir um jeito um tanto convencido, acabava tendo um ar esnobe. Era um garoto extrovertido, que costumava fazer amigos muito fácil, e tinha bastante jeito com garotas. Remo lembrava-se do primo como, no fundo, uma boa pessoa, mas com algumas atitudes que ele não apreciava muito.

-- E quem é a coitada que, provavelmente, já tem vários chifres pela cabeça? -- perguntou Remo, divertido, no que Erik meneou a cabeça.

-- Dessa vez estou tentando tomar jeito, primo. -- falou o garoto, enquanto os quatro adentravam, finalmente, a grande casa. -- Ela virá aqui mais tarde, junto com uns amigos, e apresentarei vocês.

Remo, então, pôs-se a observar por breves instantes aquela casa onde há tanto tempo ele não pisava. O lugar era realmente grande, espaçoso, e possuía uma decoração simples e rústica, porém na medida certa, com o clima praieiro exatamente igual à pequena cidade. O chão era de madeira, assim como a maior parte dos móveis, e a sala de estar era, de longe, o maior cômodo da casa. Tinha dois sofás e uma poltrona distribuídos em volta a um tapete de rendas, com a brisa fresca vinda da janela que ficava logo à direita sempre batendo e enrolando as pontas do tapete.

À esquerda, um pouco mais para o lado, vinha uma grande mesa retangular, com uma toalha quadriculada em branco e vermelho, e uma cesta de frutas no centro, servindo de arranjo. Após o fim da mesa, tinha uma espécie de balcão de madeira, com três banquinhos embaixo, fazendo ligação com a cozinha, e atrás da mesa vinha a grande escada que levava ao segundo andar. Os primos de Remo o chamaram, para mostrar o quarto em que ele ficaria, e os quatro foram caminhando para a escada de madeira, que rangia alto ao menor passo dado sobre ela.


[...]


A noite já recaía sobre toda a cidade de South Beach, mas parecia não ter conseguido afugentar o calor. O céu estava limpo de nuvens, com a lua minguante reinando sobre ele e, por ser uma cidade não muito habitada, milhares de estrelas podiam ser facilmente vistas, completando o espetáculo cintilante.

Remo acabara de sair do banho, e estava largado apenas de short em sua cama, completando o teto e perdido em alguns pensamentos, quando a porta de seu quarto foi aberta. Um garoto corpulento e sorridente adentrou-o, indo até a mala do primo, que ainda não havia sido desfeita, pegando a primeira camiseta que achou e tacando-a em cima de Remo.

-- Veste isso e vamos descer! -- Erik exclamou, no que Remo olhou-o com cara de quem não estava nem um pouco a fim de levantar. -- Deixa de preguiça, meus amigos estão aqui, quero te apresentar logo a eles, assim amanhã podemos sair todos juntos!

Remo revirou os olhos, como que se dando por vencido, e vestiu a camiseta verde-musgo que seu primo tinha tacado para ele. Mal conseguiu calçar seu chinelo, e Erik já o puxava com impaciência para fora do quarto, descendo rapidamente as escadas para o primeiro andar em seguida.

Três garotos estavam largados pelo chão da sala de estar, com as costas ligeiramente apoiadas no sofá. O primeiro deles, e provavelmente o mais alto, ria abertamente de alguma coisa, e seu belo sorriso parecia combinar perfeitamente com seus olhos verdes e os cabelos muito negros. Possuía um físico invejável, e era o único dali que poderia tirar o título de Erik de o mais bonito de South Beach. O segundo possuía a pele muito pálida, fazendo com que seus olhos castanhos se sobressaltassem muito, acompanhados dos cabelos louros e cacheados do rapaz. O terceiro, melhor amigo de Erik, tinha os olhos expressivos, em um azul-celeste, o cabelo castanho bem curto, e era o mais moreno entre todos ali na sala.

Um pouco mais ao fundo, Remo avistou duas garotas sentadas nos pequenos bancos ao lado do balcão que fazia a ligação com a cozinha. Uma delas estava de lado, falando sem parar, e seus longos e lisos cabelos louro-escuros estavam presos em um alto rabo-de-cavalo. Ela tinha a pele bem clara, e parecia, ao longe, ter os olhos esverdeados, dando-lhe a aparência de uma boneca. A garota no banco ao lado, ouvindo-a falar, estava de costas, e tudo o que Remo conseguiu ver foram os seus cabelos castanho-escuros caindo com algumas ondas até um pouco abaixo de seus ombros.

-- Esses são Tyler, Jack e Steven. -- apresentou Erik, apontando para os amigos sentados no chão. Os três sorriram amigavelmente, no que Remo assentiu, sorrindo também. -- E aquelas duas são Jenna e Catherine. -- ele completou, apontando para as meninas sentadas nos bancos.

Quando as duas amigas ouviram seus nomes sendo pronunciados, viraram-se em direção ao centro da sala de estar, onde os rapazes estavam, e Remo não conseguiu mais prestar atenção no que seu primo dizia. Seus olhos encontraram imediatamente os de Catherine, praticamente perdendo-se neles, e os dois ficaram ali, apenas se encarando silenciosamente por alguns momentos. Remo agora pôde perceber que a garota tinha também uma franjinha de lado, dando-lhe um ar descolado. A franja deixava alguns fios caírem pelo canto de seu olho, mas sem conseguir tirar o brilho alegre e ao mesmo tempo misterioso que reinava sobre ele, que era em um negro muito incomum. Sua pele parecia ser macia, e agora começava a ficar um pouco mais bronzeada, graças ao sol, e seus lábios eram grossos e em um vermelho vibrante.

Remo pensou que se os seus amigos de Hogwarts, Tiago e Sirius, estivessem ali, provavelmente abririam um largo sorriso maroto, iriam até ela e beijariam sua mão, dizendo algo suficientemente galanteador. Mas ele não conseguiria fazer isso, ainda mais com aquela beleza estonteante o deixando completamente atordoado.

Foi então que a morena, junto com sua amiga, aproximou-se tranqüilamente dele e de seu primo, com um largo e belo sorriso brilhando em seus lábios.

-- Pode me chamar de Cath. -- ela disse, estendendo sua mão para ele.

-- Remo, muito prazer. -- respondeu ele, sorrindo de volta para a garota e apertando sua mão.

Em seguida, Erik passou um de seus braços musculosos pelos ombros delicados de Catherine, aproximando-a um pouco mais dele, e a beijou. Remo arregalou os olhos, e demorou um pouco para entender o que estava acontecendo.

-- E aí, o que achou da minha namorada? -- Erik perguntou ao primo, com um largo sorriso estampado em seu rosto.

Foi então que a ficha caiu, e Remo lembrou-se das palavras de Miles, contando que o primo agora estava namorando. Ele piscou os olhos algumas vezes, e sentiu suas bochechas arderem, enquanto buscava o que responder.

-- Ela é... é... -- Remo tentou dizer, embolando-se um pouco com as palavras. -- Linda.

-- Podemos jogar xadrez de bruxo, ou vocês querem demorar mais algumas horas?! -- disse Jenna, um pouco impaciente.

Os amigos de Erik riram, pois já estavam acostumados com esse jeito da menina. Após isso, Tyler pegou o tabuleiro em cima do sofá e colocou-o no chão, no que logo todos foram sentando em volta dele. As partidas acabaram adentrando a madrugada, e aquele jogo de xadrez, Remo Lupin jamais viria a esquecer.





N/A: E aí está o primeiro capítulo! Serviu mais como uma apresentação dos personagens, sem muitos acontecimentos agitados, mas mesmo assim espero que vocês gostem. Costumo mandar e-mails avisando sobre a atualização da fic, então quem não quiser receber, me avise. Como todos devem saber, Remo/P.O. não é lá um shipper muito procurado, então quem estiver lendo e puder comentar depois, ficaria muito grata.

Obrigada por tudo, e muitos beijos!

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