Game Over



Cap.8 – Game Over

Por que eu desejo nunca ter jogado?
Oh, que bagunça nós fizemos
E agora a cena final
- Love Is A Losing Game, Amy Winehouse


Talvez ter socado Peter não tenha sido uma das dez coisas mais inteligentes para fazer no momento, porém eu não pude me impedir.
E cara, socar seu amigo traidor é muito bom.
Lílian deu um grito estrangulado e se soltou, sendo agarrada quase que imediatamente por Crabbe. Ou ao menos foi o que ele pensou.
Lil não tinha a mínima intenção de ser presa novamente, então chutou o Comensal um pouco abaixo do da barriga, num lugar não muito agradável. Se é que você me entende.
Enquanto isso eu já havia domado o traidorzinho de bosta e pego sua varinha. Mais ou menos nesta hora eu me lembrei que James ainda estava sem varinha. Crouch Jr. estava sem ação, ainda segurando as varinhas de Lílian e James. James se aproximou do ouvido do garoto (pois ele não chegava a ser um homem) e falou:
- Bu. – No que o cara fez uma careta aterrorizada e aparatou. Fugiu.
- Isso foi patético. – Observou James.
- Tsc, tsc... Tio Voldinho precisa escolher melhor suas companhias. – Lílian fingiu decepção. Todos nós rimos. De gargalhar, apesar de não ter tido tanta graça assim. Na parede vazia à nossa frente, havia surgido uma porta. Nos entreolhamos – eu ainda segurando Warmtail pelo cangote – e entramos, ombro a ombro, pela porta.

Entramos em um pequeno corredor, de onde saíam quatro outras portas. Incerta, Lílian abriu a primeira. Pensando agora, foi uma atitude bem irresponsável de nossa parte, mas na hora foi natural nos aventurarmos pela porta aberta.
Entramos numa sala minúscula e sem janelas. Na parede, manchas vermelhas que eu apostaria minha vida serem sangue.
- Para que vocês usam esta sala? – Questionou James, conjurando algemas mágicas e as prendendo no braço de nosso “prisioneiro”. A resposta dele foi lacônica:
- Tortura.
Senti Lílian estremecer ao meu lado.
- Vamos sair daqui. – Aos nos virarmos para a porta, ouvimos o barulho de mais alguém entrando no corredor. James foi para minha frente, levantando a varinha e olhando atentamente para a porta. Apesar da vontade de erguer minha varinha também, continuei apontando-a para Peter.
- Merda. – Disse Lílian, e eu entendi o que ela quis dizer. A porta do quarto fora trancada.

******

- Ela não abre! – Choramingou Lílian, depois de lançar todos os feitiços que conhecia na porta. Estávamos a uns bons vinte minutos ali dentro, e o máximo que conseguíamos ouvir eram sons esparsos que poderiam indicar uma batalha.
- É óbvio. Se fosse fácil assim, qualquer um poderia sair. – Peter revirou os olhos. Não parecia nem um pouco preocupado.
- Porque não matamos este daí de uma vez? O mundo irá nos agradecer. – Eu peguei minha varinha e andei ameaçadoramente até o traidor. – Av...
- Sirius! Pare! – James abaixou meu braço. – Como pode pensar em fazer isso? Ele é nosso amigo!
- Perdão? Ele é um traidor! – James iria retrucar, porém a porta se abriu e todos nós nos calamos, assustados.
Na porta, um grupo de aurores olhava para nós. Levantamo-nos. Entreguei Peter para um deles, avisando que ele era animago. Fomos interrogados, e quando finalmente acreditaram que éramos quem dizíamos ser, eu já cabeceava de sono.
Porém não poderia ir embora tão cedo, pois Remus Lupin apareceu do meio do nada e ficou perguntando casa detalhe do acontecido. Eu comecei a contar. Quando olhei para trás, procurando Lily e James para confirmar um detalhe qualquer sobre a história, eles já haviam ido embora.
Lupin disse que iria me visitar no dia seguinte, mas eu não prestei atenção. Estava ocupado imaginando se os dois tinham ido para o mesmo lugar.

******

A ruiva selou a carta, prendeu cuidadosamente na pata da coruja e enviou. Pela janela aberta, os primeiros raios da manhã passavam por seus cabelos e os deixavam incandescentes. Se alguém visse a cena, com certeza acharia bonita.
Porém ninguém a vira.
Tendo garantido que sua reportagem fosse publicada no jornal daquele dia, a mulher chegou a conclusão que estava exausta e resolveu dormir.

O garotinho que conhecera e salvara puxava a barra de sua saia.
“Você não cumpriu. Você não cumpriu sua promessa! Você é malvada!”

O garoto começava a crescer e ela começava a ter muito medo dele e começava a correr. O garoto ficou do tamanho de um prédio e começou a correr atrás dela. Lílian começou a gritar desesperada e as pessoas que passavam por ela (Dorcas, Marlene, os Prewett) não notavam sua existência. Até ela esbarrou em James. Ele ficou olhando para cara dela, enquanto ela tentava comunicar desesperada que tinham que sair dali. O homem começou a gargalhar, e Lílian já estava nos últimos estágio do pânico. Então James não era mais James, era Sirius, e nada mais importava, porque Sirius estava ali. E se ele estava ali, nada poderia atingi-la.
Quando tentou abraçá-lo, as mãos da mulher atravessaram o corpo dele. Sirius estava virando fumaça.
“Se você não me segurar, eu vou embora” – Ele disse, com aparência triste, e ela berrou que não conseguia tocar nele, para ele por favor não ir embora, para ele ficar com ela...E a risada de James soou do nada, e depois de um tempo transformou-se nos soluços do garotinho naquela noite fria, e Sirius evaporou.

Ao acordar do pesadelo, Lílian concluiu duas coisas.

1- Ela não cumprira a promessa.
2- Ela não queria que Sirius fosse embora.

Duas horas mais tarde, quando a carta de James chegou, convidando-a para um chá na Mansão Potter, Lílian já estava preparada para sair.

******

O barulho ritmado do relógio, a respiração de si própria e a invariável pergunta “O que ele quer?” aos poucos levavam a mulher à loucura. Até que a porta se abriu, e o dono da casa apareceu no portal.
Com um sorriso, ela foi convidada a entrar, e os dois caminharam em silêncio até outra sala. Ao se sentarem, James falou.
- Toma. – ele estendeu uma pasta para a ruiva, repleta de lembranças em forma de foto. – Você deixou isto aqui, era importante para você, achei que fosse querer de volta.
- Obrigada. – Ela sorriu. O silêncio que se seguiu poderia ter sido cortado com uma faca.
- Precisamos conversar. Por nós e pela Ordem, esta situação não pode continuar.
- Você gosta mesmo dele, não é? – Perguntou James, sem conseguir pronunciar o nome de Sirius. Não parecia nem raivoso nem irônico, talvez um pouco triste. Estendeu uma xícara de chá.
- Sim, eu gosto... – Ela aceitou a xícara, agradecida pelo calor extra. “Fico me perguntando o que faz esta Mansão ser tão fria...” – na verdade, eu o amo.
Silêncio. Beberam alguns goles.
- Quando me falavam de um coração despedaçado, eu achava que era uma situação hipotética. Quando a sobriedade me avisou que minha mulher não me amava, percebi que não. É totalmente possível.
- Só o que tenho a fazer é pedir desculpas. Mesmo que já não espere perdão. Muito sofrimento teria sido poupado caso tivéssemos contado a verdade desde o início. Não tentarei justificar, pois não existem justificações nem explicações boas o suficiente.
- Tente me explicar. Por favor.
Era a hora de ser verdadeira, e ela sabia disso. Apesar disso, a verdade saiu relutante de sua boca. Ela mordeu os lábios antes de começar a falar.
- Eu queria poder dizer a você, com toda a honestidade, que odeio Sirius. Na verdade, eu queria ser capaz de odiá-lo. Achei que casando poderia ao menos me tornar indiferente. Só que isso não vai ocorrer. E é porque eu o amo. Mais do que já amei qualquer outro ser ou a mim mesma. Eu achava que ele me fazia mal. A cada encontro com ele sentia a culpa me corroer um pouquinho mais. Aos poucos matava a parte de mim que te amava. Mentir me tornou podre.
- Não foi só você que mentiu.
- É verdade. Mas somente porque eu pedir para ele. Desde que conversamos sobre isso da primeira vez, Sirius queria te contar a verdade. Eu pedi para ele ficar calado. Acho que tinha medo por ainda te amar, James. Você foi o primeiro cara que gostei de verdade. Vou sempre pensar em você com muito carinho.
- Não era exatamente esse tipo de carinho que eu queria, Lílian.
Como não pode pensar em nada para responder, a ruiva ficou calada e terminou de tomar seu chá.
- Se eu pedisse, você voltaria para mim?
Ela não precisou pensar muito para responder esta pergunta. Aliás, ela saiu quase que automaticamente de sua boca.
- Não. Eu não voltaria.
- O jogo acabou... – murmurou James, e Lílian quase perdeu as palavras que ficariam em sua mente durante um tempo. – Se quiser ficar com ele, seja rápida.

******

Quando a porta da sala se abriu, eu pensei por um minuto irreal que era Lílian. Depois, me lembrei que ela já devolvera a chave.
Além do mais, mesmo que ela pedisse, eu não voltaria. O sofrimento não vale a pena.
- Sirius? – Era minha prima, Andrômeda. Lembrei que ficara de cuidar sua filha, Nimphadora. Naquele momento, minha sobrinha era uma garota de catorze anos e cabelos lisos cor-de-rosa, que batiam em seus ombros.
Quando Andrômeda foi embora, fiquei pensando de modo doentio durante uns cinco minutos em como entreter a adolescente (aliás, desde quando eu virara babá de adolescentes? Eles não deveriam poder ficar em casa sozinhos?). Teria ficado pensando durante mais tempo, porém Remus Lupin apareceu no meio da minha sala de estar no mesmo instante em que uma coruja pousou no beiral da janela.
Meio tonto pelo aparecimento repentino de meu amigo, fiz as apresentações necessárias no momento e virei os olhos para a coruja, certo que olhara errado. Por um instante, eu pudera jurar que aquela era a coruja de Lílian.
Quando a coruja pousou delicadamente em meu ombro e soltou a carta, eu tive certeza que era a coruja dela. A carta continha somente duas frases e a assinatura.

Gostaria de te ver. Estou na Sede. Lílian.

- Remus? – Eu interrompi a conversa que ele mantinha com minha sobrinha. – Você pode cuidar de Nimphadora hoje? Obrigado. – Eu peguei o casaco que estava jogado em uma cadeira.
- Espera, Sirius, onde você vai?! – Remus berrou por mim pela porta aberta, mas eu já saíra do apartamento correndo, esquecido que minutos antes prometera nunca mais voltar para a ruiva.

******

Ao tocar a campainha, eu não estava preparado para a figura que abriu a porta. Lílian estava com um vestido simples branco com detalhes em verde, que combinava com ela. Eu conhecia este vestido há bastante tempo, mas havia me esquecido do quanto ela ficava bonita com ele.
Apesar de tudo, não demonstrei minha surpresa. No caminho até ali, a felicidade e emoção de ter recebido uma carta haviam sumido tão rápido quanto vieram. Assumi naturalmente um jeito defensivo. O que ela queria afinal? Já não havíamos dito todo o necessário?
No íntimo eu sabia que não.
Fui encaminhado até a biblioteca/escritório em que conversamos da última vez. Pensei se ela havia feito isso de propósito, mas provavelmente fora porque era o lugar mais seguro para se conversar, caso alguém da Ordem resolvesse aparecer.
A porta foi fechada e ela falou, passando a mão pelo rosto de modo constrangido.
- Não sei exatamente por onde começar.
- Então nem devia ter me chamado. – Ela não esperara a resposta amarga. Mas se ela achava que eu ia facilitar as coisas, estava muito enganada. Começava a me arrepender de vir tão impestuosamente até a casa.
- Sei que não poderemos voltar a ser como antes. – Eu abri a boca para falar alguma coisa, e ela me calou. – Deixe-me acabar. Eu peço perdão por tudo que aconteceu. James me perguntou se eu voltaria para ele. Eu disse que não.
- Pare de jogar. Eu não quero mais. – Minha voz era fria. Minha mente borbulhava.
- A pergunta de James foi a última jogada. Não estou brincando com nossos sentimentos. Eu queria que nada disso tivesse acontecido. Peço perdão. Eu te amo.
- Lílian. – Eu cheguei mais perto. – Não se pede perdão pelo paraíso. – Eu a beijei, cheio de desejo, e murmurei em sua orelha – Esta foi a última jogada, e eu ganhei.

*****

Quando nós voltamos para o meu apartamento, eu mal tive tempo de ver Nimphadora dormindo no colo de Remus como um bebê, porque Remus aparatou minha sobrinha junto com si próprio assim que viu quem estava comigo.
Seria meio difícil não ver, porque minha mão já caminhava por debaixo da roupa dela.
- Ainda sou um mal? – murmurei, enquanto ela me beijava no pescoço, me lembrando da conversa que tivemos no que parecia uma eternidade atrás.
- Sim, mas um que me faz bem. Pare de falar. – A ruiva selou meus lábios.



Epílogo

- O nome dela é Sofia. – Informou James, mostrando na foto sua namorada. – Ela está tentando entrar na equipe de Curandeiros do Hospital St. Mungus.
- Ela deve ser muito inteligente. – Observou Sirius.
- Fique longe dela, cachorro! – Disseram tanto James quanto Lílian. Eles riram.
Estavam na casa de Sirius e Lílian, sentados no jardim dos fundos da casa. James passara quatro anos na Escócia, servindo como ponte entre os aurores de lá e os da Inglaterra. Lílian continuara trabalhando com seu jornal, que agora ultrapassava todos os outros em popularidade e exemplares.
A ruiva olhou para o seu marido, para seus cabelos negros que batiam nos ombros, para o rosto cansado da guerra e brilhando de esperança.
A poeira baixava no campo de batalha. Todos tinham esperança que Voldemort seria derrotado a qualquer momento.
- Mãe? Ele chegou. – Uma miniatura de Sirius surgiu da porta, trazendo pela mão Remus Lupin.
- Obrigada, Harry. – Remus se sentou.
- Como vai minha sobrinha, Moony? Está cuidando bem dela? – Sirus fazia troça do amigo, que ficou rapidamente vermelho.
- Dora está ótima. Ela quer ser auror, já começou a fazer o curso.
- Quer biscoito? – Lílian tirou um pacote da bolsa e ofereceu para o filho, que se sentou entre a mãe e o pai. O garoto de quatro anos encostou-se no pai e fechou os olhos.
Acariciando sua barriga de grávida, ela teve certeza que aquela era a cena mais bonita do mundo.

N/A: Olá ;) Este é o meu primeiro último capítulo! Eu escrevi rápido, mas ficou bem pequenininho... Espero que tenham gostado da fic tanto quanto gostei de escrevê-la..^^! Obrigada a todo mundo que me acompanhou e teve paciência comigo.

Sofiagw- Obrigada por tudo, e principalmente pela sua fic linda! Não é que você REALMENTE acabou com o James? Espero que não fique chateada por ter usado seu nome...—‘

Beca Black- Até que atualizei rápido...^^... Bom, eu realmente me senti tentada a matar o James, já que não sabia exatamente o que fazer com ele. Espero que você tenha gostado do último capítulo...x)

Lily Logan- Desistiu de mim, moça? Espero que não, porque eu amava seus comentários. Apareça aí um dia desses ;]

Diana Black- Sumiu?Espero que tenha gostado do capítulo, você disse que torcia pelo Sirius...^^

Tati C. – Olá!^^ Desculpe não ter comentado na sua fic ultimamente.. Estou sem tempo, mas tenha certeza que ando lendo, viu?

Beijos a todos que comentaram e leram ;]

B.Black

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