Esclarecimentos e pequenos des

Esclarecimentos e pequenos des



Lily e Laila, no Saguão de entrada, esbarram em duas garotas, ambas torcedoras da casa Lufa-Lufa, por estarem com a cor amarelo-canário no rosto.

--Desculpa! –fala Laila, notando quem era—Ah... como vai você, Lisa?

A garota com os cabelos cor de âmbar, se virou e encarou Laila, com um sorriso tímido.

--Depois dessa derrota humilhante, não muito bem.—ela mira Laila—Posso fala com você... a sós?

--Claro.—Laila responde confusa, olhando para Lily, que continuou a subir a escada.

Lisa e Laila saíram do tumulto de torcedores, uns amargurados e outros berrando em plenos pulmões a vitória, indo para uma sala vazia. Lisa fechou a porta e se virou para encarar a outra.

--Por que você está brigada comigo?—quis saber Lisa.

--Brigada? –Laila fica ainda mais confusa. Será que Lisa não via que estava evitando confusões e desentendimentos?

--Sim. Recordo-me do ano passado, quando você me ignorava e me destratava. Quero saber o por que disso. O que fiz para merecer tal desprezo? – Lisa, que era uma garota muito meiga e sensível, olhou para Laila como se fosse chorar.

--Bem... isso foi ano passado, como você mesma disse. No quarto ano eu estava um tanto... idiota. Sabe, imatura, crendo que tudo girava ao meu redor, que eu era a única que sofria, a única que sentia... enfim, meu ego estava completamente alterado.

--Ah...—Lisa se controla para não chorar – Olhe, sei que não somos as melhores amigas, mas sinto falta das nossas conversas estranhas, dos absurdos que contávamos uma a outra... da diversão.

Laila olha para Lisa com um brilho estranho no olhar. Era tempo de contar-lhe a verdade.

--Ok. Vou te contar o que houve. Lisa, você sabe que eu e o Sirius, no primeiro e segundo ano, éramos inseparáveis? –Lisa assentiu com a cabeça—Então... todos diziam que éramos ‘o’ casal de Hogwarts, que ninguém nos superava, só, talvez, Lily e Tiago. Bem... eu acreditava nisso.—Laila olha para Lisa, que a ouvia com toda atenção agora – Eu acreditava que era especial, por ser a melhor amiga, mulher, dele, por estar sempre com ele, algo que nenhuma garota naquela época havia conseguido. Algumas sentiam inveja da nossa intimidade, tentavam nos prejudicar, mas não permitíamos isso. Até que, nas férias do segundo para o terceiro ano, eu descobri o que realmente sentia... –passa a fitar o chão, constrangida – eu o amava. – Lisa olha pela janela – Foi aí que tudo desandou.

‘Assim que embarcamos no trem, como de costume, tentei contar a Sirius o que havia descoberto, na esperança de ter chances. Claro que não tive coragem, e fiquei adiando. Até que você apareceu.

Era de se esperar que, não sendo assim tão crianças e inocentes, um garoto passasse a encarar uma garota de maneira diferente. Eu esperava que fosse eu a diferente, mas... ele te procurou. Fiquei possessa, parei de fala com o Black e com você.

No quarto ano, ainda com ódio de ambos, tramei várias vezes como destruir aos poucos o Sirius, então comecei piorando a fama de desordeiro aqui em Hogwarts. Claro que por ser tão talentoso e inteligente, nada de grave aconteceu, e agradeço muito a Deus por isso.

No mesmo ano, eu também acabei me afastando de todos, menos da Lily, Lua e Lice, que, no meu ponto de vista, não representavam ameaça alguma quanto ao Sirius.’

Laila senta-se à mesa do professor, observando a tempestade lá fora, notou o silêncio no Saguão. Decerto, a festa na torre já começara.

Levou alguns minutos para que Lisa absorvesse tudo o que fora dito, mas falou, finalmente:

--Sirius não me procurou. –Laila volta-se para encarar a menina, que parecia estar desabafando—Fui eu quem o chamou para ir à biblioteca, e contei o que sentia. Ele primeiro disse que se sentia jovem demais para gostar de verdade de alguém, mas insisti que ele não precisa me amar, apenas ficar comigo, nem que fosse por pouco tempo. Então ele disse que me daria um beijo e nada além disso. Foi quando você deve ter chegado.—olhou de esgueira para garota, que se encontrava séria, mas calma—Como você vivia dizendo que eram apenas amigos, nunca pensei que te prejudicaria, e... eu também sempre gostei dele...

--E queria tentar. –Laila termina a frase com uma voz cansada—eu sei, Liz. É assim mesmo, quando se gosta de alguém. Não culpo mais ninguém por tudo que já aconteceu. É passado. E mesmo que você ainda goste dele, e eu sei que gosta, não me sentiria tão desgostosa quanto antes. Me acostumei. –fala com simplicidade, se levantando e andando em direção à porta.

--Se acostumou com o fato dele ser o garoto mais cobiçado?—brinca Lisa, e Laila sorri para amiga e diz:

--E também que ele jamais será de nenhuma que o quer. O jeito despojado e a vontade de ser livre que o Sirius possui não permite que ele tenha alguém, pois ele é imprevisível. Se quiser mesmo conquistá-lo, aprenda essa valiosa lição. – se retira do aposento, dando um sorriso de lado e piscando.

Laila seguia para a torre sozinha, quando viu Remo passando agitado.

--Aí está você! –diz ele abraçando a menina—Estava te procurando! Onde esteve? Lily disse que tinha saído com...

--Lily já foi te mandar atrás de mim? –fala a garota risonha e cansada. Por que Lily se preocupava tanto? Laila já não tinha mudado de postura?—Como está a festa?

--Ótima! Mas só estava faltando uma das melhores artilheiras que já jogou para o nosso time. –pisca.

--Uma das melhores não. ‘A’ melhor! –ergue os braços e sorri, seguindo com Remo até o buraco do retrato.

O Salão Comunal estava repleto de estudantes com os rostos pintados de vermelho e dourado, bandeiras com o leão, símbolo da Grifinória, e muitos, mas muitos, doces e cervejas amanteigadas.

--Uau! Onde conseguiram isso para a festa? –perguntou Laila, admirada com a algazarra.

--Sabe como eu e os marotos somos organizados com festas, não?—fala Remo, e assim que terminou de dizer a frase, Tiago e Sirius entram com duas caixas, uma de mais doces e outra de cerveja.

Laila e Remo seguem os dois até uma poltrona vazia onde eles despejam as caixas. Laila repara em uma coisa...

--Espera um minuto! Essas caixas são da Dedosdemel e do O Três Vassouras! Mas... como conseguiram pegar isso...? – ela estava abismada. Os garotos trocam alguns olhares de inconfundível orgulho, e Tiago respondeu prontamente:

--A Cozinha tem muita dessas caixas. Como acha que comemos sobremesas?

--Ora. Pra mim, eram os elfos que... –mas Laila se calou. Não adiantaria continuar a perguntá-los, pois eles não responderiam –Vamos dar uma voltinha, Remo? –a menina pega na mão do maroto e sai andando.

--Saindo com a Laila agora, lobinho safado? – fala Sirius um pouco perigoso, no que Remo apenas revira os olhos e segue a amiga.

--Aluado gosta é da Lua, Almofadinhas. –diz Tiago tirando uma cerveja da caixa, tirando a tampa e bebendo.

--Sei disso. Estava brincando.

Laila e Remo passam a festa toda conversando animadamente sobre os estudos, a partida, os exames sempre mencionados pelos professores, as carreiras que gostariam de seguir.

Sirius e Tiago ficaram, como sempre, acompanhados por garotas interessadas em cada palavra dita pelos dois, deixando uma Lílian Evans bastante enciumada e uma Luanna risonha.

No final da comemoração, lá pelas três da manhã, Lua, Lily, Lene, Endora e Alice se retiram, deixando apenas Sirius, Tiago, Remo e Laila na sala.

-- Vamos dormir, Pontas. –boceja Sirius se levantando da cadeira e seguindo para a escada que levava ao dormitório dos garotos.

-- Vamos. –responde Tiago sonolento, seguindo o outro. Vira-se para Laila e Remo –Vocês vão ficar aí?

-- Só mais um pouco, Pontas. –responde Remo, fitando os olhos castanhos escuros de Laila, enquanto a mesma sorria para ele, e Tiago sobe a escada.

--Acho que bebi quentão demais! –fala Laila sorrindo.

--Então, era isso que tinha naquela garrafa marrom? –fala Remo sorrindo também.

Os dois se aproximam.

--Diga-me, Remo, com amigos tão saidinhos como os seus, você nunca teve vontade de sair com alguma garota? –fala Laila sentando-se colada com o maroto, que pega na sua mão.

--Já sai algumas vezes, mas nada que eu realmente quisesse para mim. E você? Fiquei sabendo do Ed.

--O Ed é super, embora não seja o que eu almejo.—sorri desgostosa.

--E o que você almeja, Lalita? –fala o garoto, olhando atentamente aqueles olhos castanhos sedutores, e passando a mão no cabelo dela, que sorriu com as carícias feitas por ele.

--Um maroto. –falando isso, se aproximou perigosamente de Lupin e roçou seus lábios nos dele.

Remo, tomado por uma loucura momentânea, enlaçou Laila pela cintura e a trouxe para perto, tomando-a para si, beijando-a como jamais fizera.

O beijo era tão quente e carregado de vontade que ambos não escutaram uma pessoa descer as escadas.

--Remo! Laila!

Os dois pararam de se beijar instantaneamente e se deparam com um Tiago estarrecido. Que tinha dado nos dois para se beijarem?

--Pontas! Eu... nós... –Remo tentou explicar, mas Tiago levantou a mão como se o mandasse calar.

--Que houve para... isso acontecer? –perguntou olhando de um para outro.

--Foi... vontade e... sei lá... coisa do momento... –Laila tentava pensar, mas era difícil com o gosto do beijo de Remo ainda nos seus lábios. Ele era tão acolhedor e fofo que...

--Eu quis beijá-la, e gostei.—diz o garoto encarando Tiago, que pos usa vez pareceu ainda mais espantado.

--Olha... vamos voltar à realidade, ok? Remo gosta da Lua, e a Laila do Sirius. Não tem cabimento você querer... –começa Tiago, que parecia querer explicar algo para duas crianças muito obtusas.

--Cale-se, Tiago. Sei perfeitamente que amo Sirius, mas isso não me impede de beijar quem quer que seja. Nem a mim nem ao Remo. Lua...—Laila se calou. Sabia que a prima amava o menino. O que fizera?

--Olha, Lalita... eu quis e você também... então não há nada de errado nisso. –mas Remo saiba que havia. Sirius nunca aceitaria o fato de Laila preferir ficar com ele.

Tiago mirava os dois, esperando que ambos se conscientizassem do tamanho do deslize, mas o que conseguia ver era Remo lutando para conter a fera despertada em seu peito e Laila indecisa. Isso não estava lhe cheirando nada bem.

--Eu... tenho que conversar com a... Lua... agente se vê, Remo.—Laila se aproximou perigosamente dele, novamente, mas resistiu a vontade e deu um beijo no rosto. Remo a fitou, segurando sua mão e disse:

--Tenho que falar com o Sirius também. –Remo solta a mão de Laila que sobe a escada pra o dormitório feminino, e se levanta.

--O que você vai falar com o Almofadinhas, Aluado? – pergunta Tiago completamente confuso e apreensivo.

--Que vou com a Laila em Hogsmead. Quer dizer, vou convidá-la.

--Por Merlin, Remo! –Tiago não compreendia mais nada. Remo sempre quis a Lua, e agora agarra a prima? O mundo virou de cabeça para baixo e ele não sabia? – E a Lua? E o Sirius?

--Não sei. — diz o garoto sincero, subindo a escada.

--Não... – Tiago pára no meio da escada e suspira—Claro que não sabe... está bêbado! – Tiago se agarra nisso fielmente. Remo não estava falando coisa com coisa, nem ele nem Lalita.

Aluado já não sabia se aquilo era efeito da bebida ou se queria mesmo desistir da menina que sempre amou durante todos os anos que esteve naquele colégio.

Laila se deitou na cama, refletindo em como Remo poderia, e era, melhor que Sirius, e como contaria a Lua, sua prima e uma das suas melhores amigas, que ficou com o maroto. Mas esses pensamentos logo eram afastados pelas lembranças recentes de como Remo a tratara bem, como ele era atencioso e perfeito, de um jeito que o Black jamais seria.

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