Voar Sempre é a Melhor Saída
Lílian adentrou cabisbaixa na Sala Comunal. Ia subindo as escadas quando ouviu alguém chamá-la.
-Que aconteceu, Evans? – perguntou Tiago se aproximando dela com um sorriso de galã das nove.
-Sai Potter. – rosnou ela
-Lily? Que houve? – perguntou Remo aproximando-se da ruiva
Sem dizer nada ela entregou um pergaminho com os resultados dos exames finais para ele e fixou o olhar em algum ponto do teto.
Remo observou o resultado dos exames da garota. Em todas as matérias havia um enorme “O”, com exceção de “Aulas de Vôo”.
-Você tirou “D” nas aulas de vôo? – perguntou Sirius incrédulo
Ela fuzilou-o com o olhar
-Mas eu nem tenho essa matéria! – Exclamou Tiago sem entender
-ÉqueeunãoconseguiaprenderdesdeoprimeiroanoeeusouobrigadaafazertestestodososanoseseeunãoconseguirtirarpelomenosumAeuvouserreprovada – Ela falou muito rápido e com o rosto levemente rosado; a melhor aluna do sexto ano corria o risco de reprovar em uma matéria, não em qualquer matéria: Vôo.
Apenas quem não conseguia passar no teste do primeiro ano, era obrigado a cursar a matéria até que conseguisse uma nota de aprovação. Até que conseguisse, iria repetindo o teste ano após ano, mas para os que não passavam haviam aulas extras que eram mantidas em “segredo”, por ser um tanto... Constrangedor para os alunos.
-O QUÊ?! Rebobina e fala! – Falou Sirius.
Lílian suspirou frustrada e abaixou os olhos envergonhada, mas Remo explicou para os outros dois como funcionava o esquema.
-Mas Evans, você ainda tem o próximo ano... – Tiago tentou acalmá-la e surpreendentemente o ar de galão egocêntrico havia sumido de sua voz por algum tempo.
-Não, eu não tenho.
-Por quê?
Ela não queria responder, estava envergonhada demais, respirou fundo e olhou para o maroto que ficou um tanto assustado ao ver o olhar fragilizado que tomou lugar em seu olhar.
-Por que eu não posso tentar passar em um teste de vôo no ano dos N.I.E.M.’s.
-Mas você vai, bem... Você tá reprovada?
-Tecnicamente eu deveria.
-E...?
-Mas a McGonagall me falou que eu poderia prestar um último exame daqui a uma semana. Ela falou que eu sou uma excelente aluna e que não deve ter uma reprovação de vôo no currículo. – ela falou tudo isso sem se gabar pela sua brilhante inteligência.
-Oras... Se anime então! – Tiago falou animado para ela
Ela apenas levantou uma sobrancelha para ele.
-Só que ela falou que eu não posso ter mais aulas com nenhum professor até lá, porque ela já está me dando uma chance a mais e não pode deixar que eu tenha aulas.
-Mas se você prat – ele começou a falar, mas foi interrompido com uma explosão da garota.
-POTTER! SE COM A AJUDA DE UM PROFESSOR POR CINCO ANOS EU NÃO PASSEI NESSE MALDITO EXAME CINCO VEZES – ela berrava tentando aliviar toda a raiva e o desespero que tomava conta dela – COMO EXATAMENTE VOCÊ ESPERA QUE EU PASSE NUM EXAME DAQUI A UMA SEMANA SEM UM PROFESSOR?!
Remo, Sirius e Tiago olhavam assustados e boquiabertos para ela.
Mas Tiago abriu um sorriso enorme e passou o braço pelo ombro da garota.
Ela olhou incrédula com atrevimento dele e lançou-lhe um olhar ameaçador.
-Isso mesmo! Seus problemas se acabaram-se! – ele falou com uma voz engraçada N/A: Organizações Capivara! Seu Creysonssioooon! – N/A2: eu não resisto
Inconscientemente ela riu
-O quê?
-Isso mesmo! Você não passou nos exames porque não teve um bom professor! Não se preocupe, Tiago Potter é a sua salvação!
Ela olhou debochadamente para ele.
-Ah é?
-Sim senhora! Em uma semana você vai se tornar a melhor jogadora de quadribol dessa escola!
Ela gargalhou irônica.
-Tá bom. Só porque eu to totalmente desesperada, atirando pra todo lado, eu vou aceitar a sua ajuda.
-Larga de mentira Lílian, é e eu vou te chamar de Lílian sim! Porque eu sou seu professor e eu te chamo como eu quiser – ele falou triunfante
-Nem vem, se for começar com abuso e tentar me agarrar, muito obrigada, mas eu dispenso! – ela falou se afastando dele
-Tem certeza? – ele falou irônico – Você quer mesmo uma reprovação em Vôo no seu currículo brilhante?
Ela pareceu apavorada
-N-Não... – ela balbuciou – Eu juro que você me paga – bufou a ruiva
Ele aproximou sua boca ao ouvido dela e sussurrou – Não querida, eu é quem estou fazendo um favor. Se alguém vai pagar alguma coisa aqui, esse alguém é você.
Ela não teve nem tempo de responder nada, pois ele sorriu e falou antes de subir para o dormitório masculino.
-Amanha ás 8 horas no campo de quadribol!
-Potter! Amanha é sábado! Você quer que eu acorde às 8h?
-Você quer passar no exame?
-Lógico!
-Amanha 7:30. Você precisa de disciplina.
Ele piscou debochado para os amigos.
-Ah! Durma bem, ruivinha.
Ela cerrou os punhos e rosnou baixinho “Respira fundo Lílian. Assim que isso acabar ele te paga.”.
\/
Dormitório masculino
-Você é mau, Pontas – falou Sirius gargalhando
-Há! Vamos ver quem manda agora. – ele respondeu batendo na palma de Sirius.
-Juízo Tiago. Quando isso tudo acabar, a Lílian pode querer dar o troco... – falou Remo sorrindo
-Veremos. – Ele deitou-se e falou antes de se virar e dormir
\/
-Atrasado, Potter. – Falou Lílian sentada no sofá às 7:32, quando Tiago descia as escadas.
Ele revirou os olhos.
-Ok, vamos Lílian. Você ainda tem muito o que aprender.
-Prepotente.
-Líliann... – ele falou como um professor que briga com um aluno bagunceiro
\/
-Não Lílian, você tem que dizer com força! – falou ele com toda a paciência, ao contrário dela...
-NÃO DÁ!
-Tá vendo? É por isso que você não consegue. Você erra a primeira vez e já quer desistir!
-Primeira vez? Tem meia hora que eu to aqui feito uma retardada dizendo “suba”, pra uma vassoura!
Ele riu
–É, não é bem a primeira vez. Mas vamos, tenta só mais uma vez, se você não conseguir agente pula essa parte e eu já te ensino a montar.
Ela respirou fundo. Olhou significamente para a vassoura e falou ameaçadoramente para ela:
-Eu – não – vou – ser – humilhada – por – uma – vassoura – idiota! – ela sibilou e gritou bufando para Tiago – PÁRA DE RIR!
-Ok, ok... Desculpa. Vamos, você está indo bem. – ele se controlava ao máximo para não rir.
Ela estreitou os olhos.
- SUBA! –Se concentrou ao máximo e ordenou para a vassoura.
Com um impulso a vassoura subiu para a mão de Lílian, que sentiu-a vibrar em sua mão.
Ela olhou com os olhos arregalados para Tiago que sorria. Ela parecia uma criança que havia lido a primeira palavra.
-Consegui! Consegui! Eu consegui!
-Isso aí, parabéns! – ele achou graça nesse ânimo dela.
-Pronto! Agora eu já posso montar? – ela tinha um brilho no olhar
Ele riu
– Pode, vem.
Aproximou-se dela e disse:
-Isso, passa a perna esquerda pelo cabo da vassoura. – ele observou-a passar a perna receosa por cima do cabo da vassoura – Pronto. Isso mesmo. Agora dá um pequeno, pequeno, impulso com os pés.
Ela olhou-o com medo.
-Vai, eu tô aqui do seu lado.
Ela fez um sinal afirmativo com a cabeça.
Deu um impulso, mas a vassoura arrancou de uma vez.
-AAAAAI! – Ela berrou
-Calma! – Tiago pulou e agarrou o cabo da vassoura com a mão forçando-a a voltar para o chão. – Calma. Respira.
Ela respirou
-Você tem que perder esse medo! Assim toda vez você vai cair.
-Você acha que eu tenho medo porque eu quero? – rosnou ela
-Ei! Peraí, tá vendo? Você já tá aí toda estressada.
-Desculpa... –ela sussurrou
-Tá, mas por hoje chega, ok? – ele incentivou-a sorrindo
Ela afirmou com a cabeça e deu um sorriso
-Obrigada...
-Sabia que você me amava – ele fez uma cara de convencido e sorriu
-Você é tão previsível... – ela rolou os olhos.
-Vamos. – falou ele
Eles caminharam juntos até o castelo.
\/
No dia seguinte...
-Lílian! Impulsiona mais devagar!
-Não dá!
-Lógico que dá! Como você acha que eu, o Sirius e todos os jogadores de quadribol voamos?
-Sei lá... Só sei que eu não consigo. Vou me conformar com essa reprovação e pronto. – ela desceu da vassoura bruscamente após a quinta vez que ela impulsionava muito forte e Tiago a trazia de volta.
-Eieieiei! Que é isso? Você consegue tirar “O” em todas as matérias e vai desistir de mandar em uma simples vassoura? – ele estava determinado a fazê-la passar naquele exame.
Ela sorriu.
-Eu nunca pensei que uma vassoura pudesse ser tão poderosa...
-Ela não é. Você é que não confia em si mesma.
-Tá... – ele voltou para a vassoura. Respirou fundo – Lá vamos nós! -
Mais uma vez ela impulsionou forte demais e mais uma vez Tiago a trouxe de volta.
Ela simplesmente olhou para ele com um olhar de “Eu falei.”.
-Ó, posso fazer uma coisa?
-Eu to aceitando até injeção na testa...
-Ah é? Qualquer coisa? – ele falou atrevido, não perdia uma.
-Potter...
-Tava brincando. Mas vem cá, você deixa eu montar com você? Talvez você sinta menos medo ou qualquer coisa assim...
-Egocêntrico...
-Ah é? Então vai, monta aí. To acostumado a te puxar de volta mesmo – ele rosnou. Já estava se irritando com essa implicância dela.
-Desculpa, tava brincando. – ela estendeu a mão para ele. – Vem.
Ele tinha ainda uma expressão emburrada no rosto, mas montou na vassoura atrás dela. Porém interiormente ele vibrava de alegria.
Ele se curvou com os braços ao seu redor e segurou o cabo da vassoura perto das mãos dela.
-Vai, dá um impulso devagar.
-Tá.
Ela impulsionou devagar, mas ainda assim forte.
Tiago curvou-se para obrigar a vassoura a descer e acabou “abraçando” a garota. Ela sentiu certo arrepio com esse contato e ele ao notar isso sorriu.
Ao voltarem à superfície...
-Você tá empurrando o seu pé. A única coisa que você tem que fazer é levantar um pouco os pés, você tá descontando todo o seu medo.
-Chega dessa humilhação. Não é possível que eu não consiga sequer impulsionar uma vassoura.
-Também acho. Vamos.
Ela deu um levíssimo empurrão e sentiu a vassoura parar um pouco acima do ar.
Ela tinha os olhos fechados e abriu-os lentamente ao sentir seus pés flutuarem um pouco acima do chão.
-Deu certo? – ela perguntou devagar
Ele riu divertido
-Deu. Tá vendo? É isso aí!
-Obaaaaa! Consegui!!!!
-Hahaha... – ele se divertia muito com o jeito dela
-E agora? Qual é o próximo passo? – ela começou a se animar, a sensação de voar, ou pelo menos estar com os pés flutuando a alguns centímetros do chão, era muito boa.
-Bom, agora você tem que dar um impulso mais forte pra você poder subir sem cair.
-Agora eu tenho que dar o impulso forte é? Ah, então tá fácil! – ela falou debochada – Não é possível que eu seja tão idiota pra agora não dar conta de fazer isso.
Ele riu, não achava que ela pudesse ser assim tão divertida.
-Ok, mas então, pode – ele começou a descer da vassoura para que ela pudesse tentar, mas ela segurou o braço dele antes que ele pudesse descer. Ele fez uma cara confusa
-Fica aí... – ela falou um pouco tímida
-Hã?
-Acho que eu fico, bem, com menos medo quando você tá junto comigo na vassoura. – ela procurou um ponto ao longe e passou a fixá-lo de forma interessantíssima.
-Oh, eu sempre soube que você me amava – ele fez uma cara de galã, vendo que ela estava envergonhada e quebrou aquele clima estranho que pairava no ar; mesmo estando com uma felicidade inexplicável explodindo dentro do seu peito.
-Você não perdoa uma, hein?
-Em relação a você? Ah não ruivinha, qualquer coisa vindo de você que não seja um tapa ou um “Sai Potter!”, já é um progresso – ele deu um estalado beijo na bochecha dela sem a menor cerimônia – Agora vamos.
-Já tá cheio de intimidade... – ela falou com uma falsa reprovação na voz, mas rindo, virando-se para frente e respirando fundo – Ok, vamos lá. Você acabou de fazer isso umas duzentas vezes Lílian.
Ela fechou os olhos e sentiu Tiago pousar levemente as mãos em sua cintura.
Deu um impulso mais forte com o pé, a vassoura levantou vôo rapidamente e quando ela deu por si estava com os olhos arregalados e soltando as mãos do cabo da vassoura.
Logo em seguida sentiu que ele colocava as mãos dele sobre as suas e pressionava mãos dela no cabo da vassoura com as dele por cima.
- NUNCA solte as mãos do cabo enquanto você estiver levantando um vôo tão rápido.
Ela fez uma cara debochada – Mas você, o Black e todo o resto do time levantam vôo agitando as mãos e cumprimentando a torcida.
-É, mas nós não estamos aprendendo a voar e a maioria voa há anos. Então a Srta., pare de dar uma de entendida e concentre-se porque você está a mais de 10 metros de altura acima do chão.
-EU O QUÊ?! – ela olhou para baixo e viu o quanto estava alto – desce, anda, pelo amor de Merlin me tira daqui.
-Nem vem, esse seu medo é psicológico. Você tava aqui dando uma de entendida toda tranqüila há poucos segundos enquanto você se encontrava a essa mesma altura.
-Não importa, o que importa é que eu quero descer!
-Você pode me bater, mas não vai descer não, porque você sabe muito bem que estava super tranqüila conversando comigo sem esse medo e só porque olhou pra baixo agora tá ai toda nervosa.
-Eu te odeio, Potter – ela falou emburrada.
-É, eu sei que sim. Mas anda. Segura no cabo da vassoura e encurva ela um pouco pra direita.
-Você tá doido? Agente vai cair!
-Que vai cair o quê, Lílian! Você acha que eu jogo como?
- “É, mas eu jogo há anos e não estou aprendendo a voar” – ela imitou a voz dele – vai ver é por isso! – e mostrou a língua para ele se divertindo
-Engraçadinha – ele riu debochado – tá, mas vai, faz a curva devagar. Lílian, eu to aqui. – ele falou isso um pouco sério
Ela assentiu com a cabeça e pressionou o cabo da vassoura um pouco para direita.
A vassoura começou a se mover para a direita lentamente e ela abriu um sorriso enorme no rosto – EU CONSEGUI! CONSEGUI! Tá virando e eu continuo viva!
Ela falava isso como uma criança que estava aprendendo a andar e tinha acabado de atravessar 30 centímetros de uma cadeira até o sofá da sala.
Ele riu
– Isso, tá ótimo! Mas você fica lindinha assim, toda empolgada.
Ela virou o rosto um pouco para trás e revirou os olhos para ele; mas assim mesmo tinha uma empolgação enorme tomando conta dela.
-Juro que você parece uma criança aprendendo a andar. – ele falou rindo
-De certa forma eu estou aprendendo a voar, o que é meio muito mais difícil, mas a diferença é que eu sou um pouquinho mais velha que uma criança de dois anos.
-Vendo por esse ângulo... Você tá bem atrasada mesmo. Agora vamo agilizar isso, faz uma curva pra esquerda agora.
-Ok.
Ela pressionou o cabo para a esquerda agora e a vassoura começou a girar para a esquerda.
-Viu! Acho que vou me candidatar aos Tornados! – ela gritou
-Tornados?! – ele fez uma careta – Vai pro Chuddley Cannons, é bem melhor.
-Não, obrigada. Mas eu vou jogar no meu time mesmo.
-E desde quando você Srta. Eu Odeio Quadribol torce para algum time?
-Ah, desde sempre – ela falou displicente – mas é que eu sou, digamos, um pouco orgulhosa pra admitir que gosto de quadribol
-Pouco?
-Acha fácil admitir que gosta de quadribol quando você tenta passar num teste de Vôo desde os onze anos de idade? – ela falou levantando uma sobrancelha – É muito mais fácil dizer que odeia, nem que seja pra justificar esse deprimente fato de eu não saber voar.
-Não saber? O que você acha que você está fazendo?
Ela olhou em volta e viu que eles estavam percorrendo o campo em uma velocidade baixa.
-Sabe – ela virou o rosto para trás e sorriu – não te culpo, voar é muito bom.
Ele riu e colocou uma mecha teimosa para trás de sua orelha.
-Posso fazer uma coisa? – ela perguntou
-Só pedir, ruivinha.
-Nem tanta intimidade, Potter. Chama só de Lílian por enquanto.
-Só se você me chamar de Tiago.
-Então pronto, Tiago. Agora responde, posso fazer a coisa ou não?
-Diga.
-Posso abrir os braços?
-Vai lá.
Ela sorriu e respirou fundo. Olhou para frente e começou a levantar os braços lentamente. À medida que seus braços iam levantando, um sorriso de liberdade ia se formando em seu rosto. Mas quando seus braços estavam mais ou menos na metade do caminho ela sentiu-se desequilibrar e soltou um gemido de medo, então sentiu as mãos firmes de Tiago segurarem sua cintura.
Ela olhou para ele e ele fez um aceno de incentivo com a cabeça para que ela continuasse.
Ela virou para frente e recomeçou a levantar os braços novamente.
Eles então ficaram totalmente estendidos e ela sentiu-se inexplicavelmente feliz.
Sentiu seus cabelos esvoaçarem e um vento delicioso bater contra seu rosto, ela tinha um sorriso enorme no rosto. Então fechou os olhos e voltou as mãos para o cabo da vassoura.
Virou-se para Tiago e disse:
-Obrigada.
-Às ordens! Já quer descer?
-Apesar de eu estar amando, sim. Por hoje já foi um imenso progresso.
-Realmente! Você aprende rápido.
-Até parece que eu não sei que você tá dizendo isso pra me agradar e dar um jeito de me agarrar, né? – ela riu e jogou-se um pouco para trás para dar meio que um empurrão nele. Logo em seguida voltou-se para frente e olhou para trás rindo para ele.
-Assim você me decepciona, tava crente que a minha tática ia funcionar... – ele fez uma carinha irresistível de cachorrinho abandonado.
-Nem vem com essa cara...
-... Que você não resiste – e ele deu uma piscadela típica dele
-É, eu não resisto – ela revirou os olhos – mas tá, como eu faço pra descer?
-Chuta, vamos ver se você consegue seguir um raciocínio lógico – uma expressão desafiadora tomou conta de seu rosto.
Ela fez uma cara pensativa levando a sério o desafio.
-Bom... Tanto pra virar pra esquerda quanto pra direita eu tenho que pressionar o cabo para os lados, pra descer é só apontar para bAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA – ela havia pressionado o cabo de uma vez para baixo e a vassoura iniciou um mergulho particularmente muito rápido.
Tiago habilmente debruçou-se sobre ela e segurou o cabo da vassoura puxando-o para cima e fazendo com que a vassoura começasse a parar e voltar ficar plana.
-...aixo...- ela completou o que estava dizendo num suspiro assustado
-O raciocínio é esse mesmo, mas não precisa ser de maneira tão brusca. – ele riu fazendo cosquinha nela
-Pááára! – ela tentava não rir, mas era praticamente impossível.
Ele parou e disse
-Anda, pressiona ela UM POUCO pra baixo.
Ela assentiu com a cabeça e fez o que ele havia dito.
Lentamente a vassoura começou a ir para baixo, e quando ia chegando ao chão ele avisou “Agora puxa um pouco pra cima pra ela parar”.
Ela o fez e eles finalmente voltaram ao chão.
-Isso aí! Tá bem melhor. – ele falou sorrindo.
-Modéstia a parte, até eu to impressionada.
Ambos riram e juntos voltar ao castelo, rindo e conversando... Como pessoas normais, civilizadas e que se divertem muito juntas.
\/
Assim transcorreram-se os últimos quatro dias, eles riam muito, ele dava em cima dela, a incentivava e ambos divertiam-se muito.
Um dia antes de seu teste, eles haviam acabado de chegar do campo de quadribol por volta das 18h.
-Ufa! Voar é realmente muito bom, mas me mata... – ela disse isso cansada e se jogou no sofá.
-E você nunca participou de um jogo realmente difícil... – ele falou sorrindo e se sentou em uma cadeira de frente para ela.
Ele passou a brincar com o pomo – que ele nunca largava -, deixando voar cada vez mais alto e apanhando-o logo em seguida.
Ela de repente viu-se olhando para ele...
“Ele é tão, diferente... Do que eu imaginava, ou do que ele aparentava...”
-Eu sei que eu sou irresistível, meu bem... Mas eu prefiro que você faça ao invés de ficar apenas olhando – ele falou isso andando como um falcão conquistador em direção a ela ao notar que ela o observava.
-Pode ir parando... – ela falou se levantando e desviando dele. Suspirando ele jogou-se no sofá onde ela estivara deitada há poucos segundos.
Ela se dirigiu para uma mesa e começou a organizar uns livros que outros alunos provavelmente haviam deixado lá.
“Que eu sou doido por ela não é novidade, mas que eu nem de longe imaginava que ela fosse assim tão divertida... Isso é uma descoberta inédita.”
-Preparada para o teste amanhã? – ele perguntou sentando-se na mesa onde ela organizava os livros.
-Ah, eu tô bem mais confiante... Só que sei lá. Eu já fui reprovada cinco anos e essa é literalmente a minha última chance... – ela baixou os olhos e sussurrou – Dá medo...
-Ei... – ele levantou o queixo dela com a mão – Você sabe que você consegue...
Ela sorriu e disse:
-Huhum, melhor eu dormir então. Boa noite! – ela se virou para subir, mas sem nem reparar no que estava fazendo ela simplesmente virou-se de volta para ele e disse – Ah! Ia me esquecendo... – e deu-lhe um beijo na bochecha – Obrigada. Até amanhã.
Ela o ouviu dizer:
–De nada... Boa noite!
Quando ela já estava no pé da escada, com um sorriso meio bobo no rosto ouviu-o dizer animado.
-Vou torcer por você!
Ela só virou para ele e sorriu antes de continuar subindo as escadas.
\/
No dormitório feminino...
Enquanto entrava no dormitório vazio e dirigia-se ao banheiro, havia um sorriso estampado em seu rosto.
Deixava a água escorrer por seu corpo e pensava em todas as aulas que tivera com Tiago.
Pegou-se sorrindo sozinha enquanto lembrava de suas quedas, de quando ele a puxava de volta. Do dia em que ela voara sozinha pela primeira vez enquanto ele voava ao seu lado com outra vassoura, lembrou-se do quanto havia se divertido, do quanto ele a divertira.
“Assuma Lílian... Ele é muito legal.” Ela pensou e sorriu enquanto se deitava e puxava as cobertas.
-Dê-me sorte Merlin... – ela pediu enquanto fechava os olhos e pensava no teste.
\/
-Ahhh! Durma Lílian! Por favor! – ela quase choramingou de raiva enquanto mudava de lado pela milésima vez
Ela se levantou de novo e olhou as horas: 01h e 45m.
-Você é doida! – murmurou para si mesma enquanto vestia uma calça de moletom e um suéter e se dirigia para fora do quarto.
Ela desceu as escadas e foi em direção ao buraco do retrato quando parou e se lembrou:
-Como você espera treinar sem uma vassoura?
Ela olhou ao redor e viu que Tiago havia esquecido sua vassoura na sala.
-Com licença, Tiago – ela falou para o nada e apanhou a vassoura, passando em seguida pelo buraco do retrato.
Ao chegar ao campo de quadribol ela olhou para o céu que estava cheio de estrelas, não pôde conter um sorriso.
-Vamos lá! – ela respirou enquanto montava na vassoura e dava um impulso. Sentiu seus pés abandonarem a superfície e um vento bater em seu rosto enquanto avançava para o céu estrelado.
Em um determinado momento ela puxou o cabo da vassoura e fez com que ela parasse no ar.
-Bom, nos testes a primeira coisa que eles pedem é para dar uma volta no campo em uma velocidade média. Vamos lá.
Ela curvou-se um pouco para direita e curvou-se no cabo da vassoura para que ela atingisse uma velocidade um pouco maior.
-VRUUUUUUUUM – Tiago acordou assustado com um vento brusco que entrara pela janela do quarto. Levantou-se e foi até a janela.
Ao colocar os óculos pôde distinguir um vulto esvoaçante num tom avermelhado movimentar-se pelo campo de quadribol. “Será?!” Ele perguntou-se se corria o risco de ser Lílian voando àquela hora da noite.
-Só conferindo. – ele murmurou e apanhou um moletom, pois ventava muito lá em baixo.
Ao procurar por sua vassoura, viu que havia esquecido-a na Sala Comunal, mas ao chegar lá procurá-la viu que ela não se encontrava ali. “Ela deve estar usando a minha vassoura, ela não tem a chave do vestiário e nem uma vassoura.”
Voltou para o quarto e apanhou as chaves do vestiário, pois somente os capitães as possuíam.
Ao chegar ao campo foi direto para o vestiário e apanhou a vassoura. Quando estava saindo lembrou-se de algo: O pomo. Havia esquecido o seu lá em cima.
-Afinal, o que é mais uma detenção?! – ele riu e apanhou o pomo da caixa de bolas que pertencia à escola. Não era permitido, mas desde quando Tiago se preocupara com regras?
Com a vassoura e o pomo nas mãos, ele se dirigiu para o campo.
“Tiago, você pode virar professor. Quem visse nunca acreditaria que aquela ali voando seria Lílian Evans.” – Ele pensou ao observar que a garota havia melhorado consideravelmente e sem dúvida, ela passaria amanha no teste.
Ele pegou a varinha e murmurou um feitiço para o pomo.
Soltou-o e inconfundivelmente enfeitiçado o pomo voou diretamente para o lugar em que a garota estava.
-Mas o quê...?! – ela viu o pomo e pensou “Tiago”. Quem mais seria? Porém... O que ele estaria fazendo ali? Como ele i soubera i que ela estava ali? – Vindo dele... – ela falou sorrindo e apanhou o pomo que pairava em sua frente.
Em seguida percorreu toda a extremidade do campo até ver um pontinho parado perto de uma árvore. Virou a vassoura e foi ao seu encontro.
-Ora ora... Será que eu terei de dar uma detenção a alguém que não é monitor e está fora da escola a esse horário? – ela falou com uma cara malvada e divertida.
-Poxa, você o faria com o seu herói? – ele fez aquela famosa carinha de pidão.
-Herói?
-Você sabe que se não fosse pelo perfeito, lindo, maravilhoso, competente, paciente... – ele falava isso tudo com uma voz convencia e os olhos fechados
-... Modesto... – ela interrompeu
-Oh, obrigado por lembrar – ele riu – Mas sim, se não fosse por mim você ainda estaria desesperada e talvez na biblioteca fuçando todos os livros possíveis para ver se conseguia aprender alguma coisa.
-Tá tá tá – ela revirou os olhos e falou com uma careta entediada e divertida – obrigada, vai.
-O quê? – ele fez um sinal de concha com a mão no ouvido – será que eu estou ouvindo Lílian Evans agradecer alguma coisa?
-Não abusa...
Ele riu
-Mas, o que você achou? – ela perguntou apreensiva
-Sobre...?
-Como eu estou? Digo, voando...
-Ah... – ele pensou em encher o saco dela, falar que tava horrível e tal. Mas era muito importante para ela... De fato era o tipo da coisa que mudaria seu currículo e para ela era muito importante. Ao contrário do que ele pensava, mesmo gostando muito dela, ela não era apenas um CDF certinha, ele vira o quanto ela é divertida, mas ainda assim ela achava que tinha que provar ao mundo que mesmo tendo nascido trouxa era capaz tanto ou mais que os outros. E ele a respeitava muito por isso. – Tá ótima. – ele falou sinceramente e sorrindo.
Ela sorriu e deitou-se sobre a grama com os braços abertos. Ele ficou observando-a.
-Eu acho o céu fascinante... - ela falou baixinho, mas o suficiente para que ele ouvisse e deitasse ao seu lado.
-Eu também, mas o que mais me deixa fascinado no céu são as estrelas.
Ela virou o rosto para ele, que continuava olhando para o céu.
-Por que as estrelas?
Por alguns segundos ele continuou olhando para o céu e virou seu rosto para ela dando de cara com o brilho de seus olhos verdes.
-Não sei... Só acho que elas são lindas demais... Algo inalcançável e tentador...
-Hum...
-Acho que eu tenho uma queda por coisas inalcançáveis... – ele falou sorrindo e tornando a virar-se para o céu de novo
-Como assim?
-Você.
-Eu?
Ele virou-se para ela
–Para mim você é inalcançável e tentadora.
Ela sentiu seu rosto arder com as palavras dele. Para que ele não percebesse o quanto aquilo a abalara ela tornou a virar-se para o céu.
-O céu me fascina porque ele é de uma imensidão inexplicável, mas é acolhedor em toda a sua extensão. Não sei por que, mas ele me passa uma segurança incrível... – ela falou meio que como um desabafo, mas também para mudar o rumo da conversa.
Ele virou-se para ela ao mesmo tempo em que ela se virava para ele.
-Mais um motivo para você não se preocupar com o teste de amanha – ele sorriu de um modo que ela sentiu-se estranhamente segura.
-Por quê?
-Se o céu te passa toda essa segurança, pense que você vai estar nele amanhã e que nada, nada, te acontece ali.
Ela sorriu
– Nunca tinha pensado por esse lado...
-Eu estou aqui para isso, querida. Para te fazer pensar nos melhores lados de tudo. – ele sorriu divertido e se levantou estendendo a mão para ela – Agora vamos, já está muito tarde e você precisa descansar para se sentir bem amanha.
Ela pegou sua mão e se levantou dizendo.
-Eu vou estar no céu. Nada me acontecerá lá. – ela sorriu e ambos se dirigiram de volta para o castelo.
\/
Ao chegarem na sala comunal...
Ele a acompanhou até o pé da escada do dormitório masculino.
-Eu vou acordar para ir com você até o teste, ok?
-Não... Eu vou me sentir nervosa...
-A minha presença te intimida? – ele sorriu com aquela pinta de galã
-Quando eu penso que você tá mudando, você vem com essas suas cantadas... – ela falou rindo e deu um murrinho no peito dele.
Ele riu
-Ok, se você não quer que eu vá tudo bem... Mas quando você receber o resultado me avise.
-Sim senhor. Agora, boa noite... – ela deu-lhe um beijo na bochecha e um sorriso formou-se nos lábios de Tiago.
-Boa noite... – ele observou-a subir as escadas e com as mãos no bolso e um sorriso enorme do rosto, se dirigiu ao seu dormitório.
\/
-TIAGO! – Lílian gritou quando avistou-o virando um corredor.
Ela correu até ele e o rapaz virou-se para ver quem o chamara – mesmo que ele já tivesse reconhecido a voz. Ele parou ao ver que ela corria em sua direção.
Ela pulou em seu pescoço gritando com alegria:
-PASSEI! Ele abraçou-a pela cintura e começou a rodar com ela nos braços.
-Parabéns! – ele falou ao pousá-la no chão. – E aí? Como foi?
-Perfeito... Eu estava apreensiva no início, mas me lembrei do que você disse sobre o céu... E tudo correu bem.
Ela pulou em seu pescoço de novo e falou com uma alegria enorme na voz:
-OBRIGADAAA! Você é o melhor professor. Tire “E”!!! Excede as Expectativas! – Ela se separou dele e pegou seu rosto com as mãos – MUITO – OBRIGADA! – Ela falou isso tão empolgada que nem notou o quão próximo eles estavam.
Sem pensar ela simplesmente puxou-o mais para perto e pressionou seus lábios contra os dele, só para sentir o calor que os envolviam. Ao separar-se dele ela abriu os olhos e antes de beijá-lo de novo falou sorrindo:
-Muito obrigada.
Ela o beijou e sentiu que ele a girava no ar, sentia que ele sorria junto aos seus lábios. Ao se separarem de um grande beijo cheio de paixão, alegria, gratidão e principalmente: O gosto do “finalmente” explicito dele, mas que ela só agora admitira que o queria muito.
-Acredita que eu te amo agora? – ele perguntou olhando nos olhos dela sorrindo
-No fundo acho que eu sempre acreditei... – ela sorriu e beijou-o de novo. – Mas sabe...
Ele ergueu as sobrancelhas em sinal de curiosidade
-Eu nunca pensei que você pudesse ser tão, hum... Perfeito.
Ele acariciou as bochechas dela com o polegar e falou rindo:
-Eu sempre soube que voar é sempre a melhor saída.
Ela riu.
-É, sou obrigada a admitir, é muito bom.
Ele passou o braço pelos ombros dela, e ela pelas costas dele. Ela suspirou feliz e deixou que sua cabeça caísse no ombro dele. Caminharam juntos até os jardins desertos que só Tiago e os marotos conheciam...
FIM
N/A: Wow! Como vão?
Primeira T/L... Que acharam?
Eu AMEIR escrever... Massss... por ser a primeira e tal, tenham piedade e considerem a inexperiencia :)
Ahhhh... comentem vai, fico fofa
hehehe
hum, beijinhos
Marcelinha Black Weasley
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!