Ciência



“Eu sabia que te encontraria aqui.”



Uma sombra surgiu no livro de Hermione.



“Rony, você está bloqueando a luz.” Ela disse, sem levantar a cabeça.
A sombra desapareceu e o sol mais uma vez bateu nas paginas do livro que estava no seu colo. Ela o ouviu sentar no banco ao seu lado, suspirando lentamente.



“Eu não acredito em você”, Ele disse. “Nós temos menos de uma semana para o fim das férias de verão, e você está aqui fora, lendo um livro idiota. Por vontade própria”.



Hermione bufou. Realmente, o que ele esperava? Era um mistério para ela como ele ainda conseguia ficar chateado sempre que a via lendo no tempo livre. Ele nunca iria ficar acostumado com isso? Mas ele sempre a convencia. Sempre.



“Francamente, Rony, seria melhor se eu gastasse os últimos dias de verão como você? O que é, só para deixar claro, fazendo nada”.



“Bom, francamente, Hermione” ele disse em um tom igual ao dela “Acontece que ''fazer nada'' é um passatempo tragicamente menosprezado. Nunca recebeu o reconhecimento que merece”.



“De você já”.



“Certamente. Um fato que eu me orgulho. Eu acredito firmemente que não tenha ninguém no mundo é melhor que eu em fazer nada”.



“Infelizmente, é provável que tenha razão”.



A resposta dele para isso foi um incoerente grunhido, acompanhado por um silêncio no qual ela podia quase escuta-lo inclinar sua cabeça para trás, deixando o sol cair em seu rosto.



Eles estavam sentados num banco de madeira no jardim nos fundos da toca. Era aqui que Hermione gostava de vir quando sentia que tinha condição para ler, ou algumas horas para ela própria. Porque não importava quanto ela adorava a vida da casa dos Weasley, o barulho constante e atividade faziam ela ficar louca às vezes, então era bom saber que tinha um lugar que ela podia ter um pouco de paz e silêncio, e quando podia escutar seus próprios pensamentos. Ela vinha aqui tantas vezes durante suas várias visitas a Toca, que e os outros sabiam que quando ele vinha, ela queria ficar sozinha, e eles a deixariam o tempo que quisesse.



Bom, todos exceto Rony. Nesse verão ele insistia em segui-la sempre que vinha ela aqui e tentava empenha-la em vários tipos de conversa. Na maioria das vezes, ela conseguia faze-lo ir embora com um eficiente momento de silêncio, mas outras vezes ele ficava onde estava, sentado mudo ao seu lado enquanto lia, e a acompanhava de volta para a casa. Apesar da hostilidade óbvia dele sobre ela ter seu tempo sozinha, ela viu que não podia ficar nervosa com ele por isso. Na verdade, ela até gostava de tê-lo sentado ao seu lado, não dizendo nada, somente mantendo sua companhia silenciosamente e deixando sair um comentário casual sobre quanto legal o clima estava, ou apontando um gnomo escondido nos arbustos. Não parecia estranho ter ele ali. Na verdade, parecia bem natural. E, em certa proporção, seguro. O mundo estava diferente, hoje em dia, e segurança era algo que ela raramente sentia agora. Mas com Rony, ela sentia. E era definitivamente um bom sentimento.



“Então, o que você está lendo que é tão cativante?”



Hermione suspirou com a interrupção da sua leitura e levantou o livro, fazendo com que ele pudesse ver a capa.



“Princípio de Newton”, Ele leu e franziu a testa para ela. “Newton? Ele não é o cara que escreveu ''Animais Fantásticos''?



Hermione não pôde evitar o sorririso. “Não, Rony. Esse é Newt Scamander. Não Newton.”




Rony sacudiu os ombros. “Newton, Newt, tanto faz. Autores bruxos são os mesmos pra mim.”



“Autores bruxos? Newton não era um autor bruxo, Rony”.



“Não?”.



“Não mesmo. Ele era trouxa. Um físico”.



“Um o quê?”.



“Um físico. Uma pessoa que estuda física”



A cara de Rony estava completamente vazia, e foi só quando Hermione lembrou como a Ciência trouxa era uma coisa dificilmente falada no mundo mágico.



“Deixa pra lá.”Ela disse. “Você não deve ter ouvido falar dele”.



Eles ficaram em silêncio, e Hermione retornou para seu livro. Sua mãe tinha lhe dado um ano atrás, no seu aniversário de quinze anos, mas ela ainda não tinha começado a ler até essa manhã.



Era uma leitura fascinante. Hermione sabia um pouco sobre Newton e suas teorias por ouvir seus pais em conversas cientificas na mesa de jantar. E sua estante de livros, quando voltara, incluía o estranho livro dado para ela por vários parentes atentos com sua sede de conhecimento, mas ela nunca sentara para ler um livro antes focado em física. Era, em vários modos, um abridor de mentes.



Ter ido para Hogwarts foi uma coisa que ela sabia que nunca iria se arrepender, não importasse o que acontecesse. Deu a ela muito em temos de conhecimento também como experiências, e mais importantes amigos. Mas não importava quanto experiente ela fosse depois de sete anos na escola, não tinha escapatória o fato de ela ter crescido numa casa trouxa, e vivido por um longo tempo no mundo trouxa. Por anos agora, ela tem recebido várias informações contraditórias das duas direções no mesmo tempo, e às vezes ela achava um pouco difícil saber em que acreditar. Para Rony, era fácil. Ele ridicularizava trouxas que andavam por ai, cegamente acreditando em tudo que viam e não por um momento parando para pensar se era possível que tinham outras forças no mundo. Na mente dele, bruxas e bruxos tinham tudo entendido e suas verdades eram universais.



Mas para Hermione, era um pouco mais complicado. Durante cinco anos, ela estudara em Hogwarts, ela vira e aprendera tanto, e era claro que o mundo mágico tinha conhecimentos que os trouxas nem sonhavam em entender. Mas ela escutava seus pais tendo discussões sobre forças elementares e teorias cientificas e grandes mentes trouxas que tinham feito enormes impressões no mundo, e ela pensava que tinha uma grande quantidade de conhecimento ali também, conhecimento que bruxas e bruxos nem se importavam em acessar, como se ele imediatamente tomava-os por mentiras. E ela tentava olhar isso através de olhos de alguém que nunca viu a Profa. McGonagall transformar uma cadeira em uma cesta de frutas; Que nunca viu um estudante mover um sofá com uma sacudida de mão; E seria fácil para entender como trouxas podiam “acreditar cegamente” tudo que era os ensinado. Tudo fazia muito sentido, Então porque eles não acreditariam?



“Peraí,” Rony de repente disse. Hermione virou o olhando, o questionando. Os olhos dele apertaram e os lábios franziram, como se tivesse percebido algo. Lentamente, ele virou para olha-la.



“Eu conheço esse cara.” Ele disse.



Hermione franziu a testa. “Quem?”



“Esse Newt. Eu o conheço.”



“Newton.” Hermione corrigiu. “E eu acho difícil você conhece-lo, vendo que ele viveu a mais de 300 anos atrás.”



Rony deu um olhar tipo Não-seja-tão-sabe-tudo. “Não quis dizer que o conheço, tipo, pessoalmente. Mas eu conheço coisas sobre ele. Ele não é quem viu uma maçã cair e inventou um monte de leis idiotas sobre de grevidade ou algo assim?"



Gravidade, Rony, não grevidade.” Hermione disse. “E elas não são idiotas.” Ela adicionou, imaginando seus pais, passionalmente conversando sobre as teorias e idéias de Newton.



Rony bufou. “Claro que são”



“Quem disse? Você?”



“É, eu! E todos os bruxos e bruxas do planeta!”



“Você é tão cabeça oca, Rony. Só porque você acha que é idiota, você automaticamente assume que todos também acham.” Ela estava começando a se irritar.



“ Você está dizendo que acredita em tudo isso?”



Ela sacudiu os ombros. “Não tudo. Mesmo porque ele já morreu há trezentos anos. Mas eu acredito que seja importante manter uma mente aberta sobre as coisas.”



Rony parecia incrédulo. “Como você pode dizer isso?”



“Dizer o quê?”



“Hermione, você é uma bruxa!"



“E...?”



“Depois de tudo que aprendeu sobre magia e como é feita, como você pode acreditar em qualquer coisa que os trouxas considerem verdade?”



“Eu só não acho que uma opinião prevalece a outra.” Hermione disse. “Por que você acha tão ultrajante de mim por mostrar interesse na ciência trouxa? Meus pais a estudaram por anos na escola, e eu teria o feito se não fosse chamada para Hogwarts.”



“Bem, você foi chamada para Hogwarts. E você sabe de coisas que seus pais nem sonham em entender.”



“Sim, e eles sabem de coisas que nós nem sonhamos em entender!”

Hermione disse em voz aguda. “E eu não gosto de como você apropria eles a serem menos inteligentes do que você só porque ele não tem habilidade para fazer magia!”.



“Hermione, eu não quis dizer...”



“Quis, sim! Você acredita que qualquer um que não seja bruxo ou bruxa é por algum motivo um ser humano inútil! Um pobre e desencaminhado idiota que está satisfeito em olhar para baixo e tem opiniões que não poderiam ter nenhum fundamento com realidade!”



Rony pareceu verdadeiramente envergonhado. “Eu não quis dizer isso”, Ele disse. “Saiu errado. Desculpa.”



“Como tem que sair então?” Hermione vociferou, não querendo perdoa-lo rapidamente.



Ele sacudiu os ombros. “Não sei, eu só...” Ele virou para encara-la. “Olha. Tudo que eu quero dizer é que é difícil pra mim de aceitar tudo que os trouxas tomam por fatos, vendo que eu, bem...” Ele parecia estar lutando para encontrar as palavras certas, provavelmente com medo de ela vociferar com ele de novo. “Toda a minha vida eu fui ensinado que magia tem resposta para tudo. E eu acredito nisso. Então, eu não posso realmente, sabe... Aceitar qualquer outra explicação para as coisas.”



Hermione se viu se amolecendo com suas palavras. Ele realmente estava tentando não aborrece-la mais do que já tinha feito. “Eu entendo isso, Rony, eu realmente entendo”.Ela disse. “Mas para os trouxas é o mesmo. Só que para eles, Ciência tem resposta para tudo.”



Para isso, Rony pareceu céptico. “Para tudo?”



“Sim.”



“Você acredita que sim?”



Ela sacudiu os ombros de novo. “Não sei. Talvez. Eu acho que tem tantas respostas quanto à magia. E eu acredito que suas respectivas explicações de como tudo funciona não só podem, mas devem ser estudadas paralelamente umas as outras, pois eu acho que não só cientistas podem aprender com magos, mas magos também podem aprender com cientistas.”


Rony não aprovou nem desaprovou. Ao invés, ele ficou em silêncio e virou seu olhar para um gnomo se escondendo no matagal, levando Hermione a acreditar que a conversa terminara. Mas ela nem tinha aberto seu livro e achado a pagina certa quando ele falou de novo.



“Então, e Você-Sabe-Quem?”.



A pergunta veio tão inesperadamente que Hermione não estava certa de como responder. O que ele queria dizer? Parecia muito com uma divertida conversa, que introduzia perguntas, algo como “Então, qual é a sua opinião sobre aquele carinha, o Voldemort?”, mas considerando o tom de Rony, o medo deste desde que nascera, ela não pensava que era isso que ele queria dizer.



“Quê que tem ele?” Ela finalmente disse, embora não parecia mais confusa.



Rony retornou a olha-la. “O que sua ciência diria sobre ele?” Ele perguntou. “Como ela explicaria... Tudo isso?”



Apesar da quente, e ensolarada tarde em cima deles, Hermione sentiu um arrepio, sabendo o que ele queria dizer com “tudo isso”.



“Eu não sei. Eu acho que eles não têm uma explicação para isso, vendo que ele, sabe...não é trouxa.”



“É, mas devem ter coisas ruins acontecendo no mundo trouxa, não deve?”



“Claro que sim.”



“E o que a ciência diz sobre isso?”



Hermione começou a se sentir um tanto inconfortável. “Eu não sei. Não muito. Cientistas não estudam realmente as pessoas e suas ações.”



“Bem, então quem estuda?”



“Psicólogos.”



“Mas os cientistas devem ter uma explicação porque que existe mal no mundo. Não devem?”



Hermione se mexeu no assente, aborrecida. “Como eu saberia?”



“Mas você disse. Alguns minutos antes, que a ciência tem resposta para tudo.”



Agora ela se viu ficando entediada com ele novamente. “Bem, talvez não tenha!” Vociferou. “Quem se importa? Como se a magia tivesse uma explicação para o mal também!”



“É claro que tem.” Ele disse, parecendo irritantemente confiante.



“Ah, é? Sua amada magia tem uma explicação do porque Voldemort, sem se importar, mata e tortura pessoas?”



Rony levantou o dedo indicador para ela. “Primeiro, você sabe que eu odeio ouvir esse nome em voz alta. Segundo, é sua amada magia também. E terceiro...” aqui, ele abaixou a mão e se inclinou para trás contra o banco. “... Sim, tem uma explicação.”



Hermione levantou suas sobrancelhas. “Que é...?”



Ele sacudiu os ombros. “Ele é maligno.”



Hermione apertou os olhos. “Ele é maligno?” Ecoou. “Essa é a sua brilhante explicação?”



“É.”



“Mas isso não é uma explicação! É só um... fato óbvio!”



“É. Também como uma explicação do porque ele faz as coisas que faz.”



Hermione balançou a cabeça, incrédula. “Você dificilmente prova algo com isso, Rony.”



“Claro que provo. Magia tem resposta para tudo. Enquanto a ciência não.”



Ah, ela devia ter batido nele! “Se você considera isso uma resposta legítima do porque uma pessoa louca efetua más proezas, então...então...então eu te garanto que qualquer cientista poderia ter vindo com uma resposta um milhão de vezes melhor que a sua!”



“Como você quiser.” Rony disse e olhou para longe. Um pequeno, irritante, sorriso apareceu nos seus lábios.



“Não faça essa cara de idiota! Eu repito: Você mal provou qualquer coisa com isso. Especialmente que magia tem resposta para tudo!”



“Ela tem.”



Hermione bufou. “Você está tão convencido que está certo, mas não parece vir nenhum argumento decente!”



“Só me dê um minuto, que vai vir até mim.” Ele olhou com os olhos semi-cerrados para o sol. “Ok. Vamos tentar de novo. O que a sua preciosa ciência diz sobre isso?”



“Isso o que?”



“Isso. Eu e você. Conversando.”



Alguma coisa palpitou no estômago dela quando ele disse “Eu e você”, como se eles fossem na verdade um “Eu e você”. Um “Rony e Hermione”. Um par. Um casal. Mas ela, rapidamente, voltou a si.



“O que você quer dizer com “O que minha ciência diz”?”



“Eu falei sério.”



“Bem, eu...” Ela ainda não entendera a pergunta.



“Faça um relatório cientifico da situação para mim. Me faça entender.”



Ela apertou os olhos para ele, então respirou fundo, aceitando subentendidamente o desafio. “Está bem. Um relatório cientifico. Bem, primeiro, eu iria antes descrever nós como dois humanos, sentados em um banco de jardim, compartilhando pensamentos e opiniões em uma, mais ou menos, maneira civilizada. Então, talvez, a descrição física de nós iria seguir, onde explicaria nossas espécies, e as outras espécies a nossa volta.”



“Só que não iria incluir os gnomos,” Rony interrompeu. “Porque gnomos não aparecem em seus, sabe... livros científicos.”



Hermione atirou a ele um olhar entediado, antes de continuar. “Certo. Onde eu estava? Tá. Seguido disso, iria provavelmente explicar também sobre quais condições nós estamos debatendo.”



“Que significa...?”



“Que significa a condição do tempo, a temperatura, pressão, e assim por diante...”



“Certo.”



“E finalmente, iria ter, provavelmente, uma desenho nosso no banco, mostrando as várias forças agindo contra nós.”



“Tais como...”



“Gravidade. E a força normal.”



“O que é, se posso perguntar, a força normal?”



“Nesse caso, o banco.”



“E existe uma força anormal também?”



“Rony!” Ela exclamou, frustrada. “Porque você me faz explicar um relatório cientifico se você só vai tirar sarro?”



“Está bem, Está bem, desculpa!” Ele disse, levantando sua mão como se fosse para evitar qualquer possível, ataque físico. “Não precisa ficar aborrecida.” Ele sentou para trás e descascou uma lasca da pintura de um braço da cadeira, então, cuidadosamente transformou-a em pó com seus dedos. “Eu só acho que parece meio triste.”



Ela bufou. “Eu sei, você quer dizer triste, como patético... Bem, deixa eu...”



“Não” Ele interrompeu. “Não patético. Simplesmente... Triste. Trágico.”



“O que tem de trágico nisso?”



Ele deu de ombros. “Num sei. É só que... Do jeito que você disse, eu acho. De jeito que você descreveu. Como se nós fossemos duas criaturas sentadas num banco e sendo... - o que você disse?- sendo agidos por um monte de forças. Como se não tivesse propósito para isso.”



Hermione franziu a testa. Pareceu tão mal assim? Quando ela pensou no que dissera, ela percebeu que pareceu mesmo triste. Mas essa era a ciência. Sem palavras bonitas ou sentenças glamurosas. Só fatos frios e duros. Era para ser assim.



Rony olhou para longe, seus dedos ainda trabalhando para livrar o braço do banco das lascas da pintura. “Acho que, eu só espero que tenha mais. Que tenha, não sei... uma razão. Eu acho que é isso que eu quero acreditar. Ou tenho que acreditar. E com magia, sempre tem uma razão. Mesmo se ela é ruim, ou pequena, ou óbvia, ainda tem sempre uma explicação.”



Hermione o estudou, através de suas palavras. Aquele era mesmo Rony, sentado ali? Dizendo o quanto ele precisava para acreditar que tinha uma razão para tudo? Na verdade, compartilhando esses sentimentos com ela? Ela concluiu que, sim, era justamente Rony, compartilhando certos sentimentos com ela, e ela se viu, de repente, dominada por um sentimento de tão infinito afeto, que ela teve que fechar os olhos e respirar bem fundo para parar sua mente de rodar.



“Então, o que a sua magia diria?” Ela perguntou calmamente, seus olhos ainda fechados, não atenta ao fato de que ela falara até que as palavras sairam.



“Perdão?”



Ela abriu os olhos e o encarou. “Que explicação iria dar?”



“Pro quê?” Ele perguntou, mas ela podia notar que ele sabia.



“Para isso. Eu e você.” Ela estava prestes a dizer ''conversando'', como ele tinha dito, vendo que isso era mais do que somente uma conversa regular agora. Os dois sabiam disso.



“Uma explicação?” Ele perguntou. “Você quer uma explicação mágica para isso?”



Ela concordou com a cabeça, esperando, e assistindo-o respirar fundo e fechar os olhos. Parecia para ela quase como se ele estivesse se preparando mentalmente para algo. Ela franziu a testa, por algum motivo perplexa. Mas quando ela foi perguntar se ele já tinha pensado em alguma explicação boa, ele virou para encara-la, e o infamiliar, intrigado olhar nos seus olhos, eficientemente preveniu a pergunta de escapar dos seus lábios.



Bem devagar, ele levantou uma tremida mão, e Hermione assistiu, se olhos bem abertos, quando ela chegou perto de seu rosto. Ele iria mesmo...?



Parecia que sim. Os dedos tocaram a bochecha dela, de leve, bem levemente, e a sensação foi tão irresistível que ela se viu comprimindo seus olhos em uma desesperada tentativa de manter seu controle de não abandona-la. Mas estava provado que não conseguira, quando ele acabou com qualquer esperança que ela tinha de recuperar sua compostura em pedaços, ao colocar sua mão inteira no rosto dela. Era espetacularmente aconchegante e de algum modo áspero sobre sua pele.



Hermione quis desesperadamente saber o que era isso, o que ele estava fazendo, mas percebeu que ela não conseguia abrir os olhos, então ela manteve-os bem fechados, pensando como eles poderiam continuar a ser amigos depois disso, e foi neste momento que ele a beijou.



Foi um suave, impossivelmente gentil beijo, mas fez a cabeça de Hermione rugir e seus ouvidos zumbirem. Seus olhos ainda estavam fechados, mas ela podia sentir o quanto perto Rony estava dela, ela sentiu seu calor contra seu corpo todo. A mão na bochecha se moveu para atrás de sua cabeça, quando o beijo ficou levemente mais intenso, e parou no seu pescoço, como se ele quisesse puxar cela ainda mais perto dele.



Mas então, quando ela estava se acostumando; sentada numa distancia insignificante de Rony, com a mão dele em seu pescoço e seus lábios nos dele; Ele parou. Ela se viu em pânico, quando a mão no seu pescoço se distanciou para longe e os momentos que passaram, o calor tão evidente na frente dela desapareceu. Será que ela tinha feito algo errado? Será que ela beijava tão horrivelmente que ele pensava que não valeu a pena?



Abrindo os olhos, ela viu que ele estava sentado há vários, penosos centímetros de distância de novo, sua cabeça virada para longe. Ela sentiu um amontoado surgir em sua garganta. Ele não tinha gostado. Ela beijava muito mal, sim. Agora, ele provavelmente estava se arrependendo de ter tentado, e imaginando como que ele iria sobreviver da tensão que estava pra existir entre os dois no futuro.



Mas aquele mal estar em sua garganta não teve tempo de chegar até seus olhos em forma de lágrimas, pois neste momento, ele tornou a olhar para ela, e ela viu que suas bochechas estavam tão coradas quanto as dela. Nos seus olhos tinha algo adoravelmente parecido com vergonha, e ele lhe deu um pequeno, quase apologético sorriso antes de falar.



“É magia, sabe...”



E Hermione sabia. Ela entendeu completamente. O que ele queria dizer com que a magia tinha resposta para tudo, porque ele precisava sentir que tinha uma razão; Ela entendeu exatamente o que ele quis dizer e o que ele sentia. Mas era impossível pra ela dizer isso, para colocar em palavras, então, ao invés ela deu um sorriso tremido e concordou com a cabeça. Felizmente, ele entendeu. Que ela entendeu.



E ela sentiu que ele devia ter entendido, pois suas bochechas coraram mais ainda e ele, rapidamente se levantou, de repente muito embaraçado.



“Certo.” Ele disse, olhando para tudo menos para ela. “Eu devia provavelmente... ahm...ver se a mamãe precisa de ajuda com qualquer coisa. O jantar... Ou algo assim.”



Hermione fez que sim com a cabeça. “Deixa eu ver se ela precisa de ajuda também.” Ela disse com a voz fraca.



Rony balançou a cabeça. “Acho que está tudo bem. Você pode ficar aí, sabe, continuando a ler, e alguém vai vir aqui para te avisar que o jantar está pronto.”



Sem dar qualquer tempo para ela alegar, ele foi embora com longos passos, suas mãos em nos bolsos e seu olhar fixado no chão. Hermione olhou para baixo o livro, que ainda se encontrava em seu colo. Pegando-o, ela estudou a capa por um momento, antes de coloca-lo no banco ao seu lado. Ela levantou os joelhos e repousou sua cabeça neles, fechando os olhos e respirando fundo. Seu coração ainda não tinha se recuperado; Ainda estava batendo feito louco dentro de seu peito. E seu rosto ainda estava quente.



Ela não ia mais ler hoje, isso era certo.


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Comentários (4)

  • Andye

    Que perfeito... Nota 1000

    2013-04-22
  • Bruna Santos

    CARAMBA. '-' Sério, uma das MELHORES que já vi. AMEI AMEI AMEI 

    2012-11-21
  • Sarah_Lee

    AMEEEEEEEEEEEEEEI, que lindo!

    2012-02-05
  • Leeh GW

    Linda *--* você escreve muito bem, viu?

    2011-10-11
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