Quinta



Quinta-feira
Ao acordar, contudo, Lily notou que as cortinas estavam estreitamente abertas. Olhou para a cama ao seu lado e viu que Marianne permanecia dormindo profundamente. Talvez tivesse sido o vento. Então se levantou para as fechar novamente, pois não queria correr o risco de ser observada por ninguém. Foi então que encontrou uma rosa sobre o parapeito da janela.

Uma rosa amarela cujas bordas das pétalas eram vermelhas. A fizera lembrar da flor que tinha visto Potter dar à garota na noite anterior, parecia bem semelhante, mas com a distância a que vira tudo não podia ter certeza.
Não entendeu o que aquela rosa fazia ali, quem a teria colocado, para quem seria, ou qualquer outra pergunta que viesse a sua cabeça, por isso achou melhor esconder a rosa antes que Marianne acordasse.

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Marianne percebeu que não havia possibilidade dela fazer dupla com James naquele terceiro dia de arrumação pro festival, pelo fato de os dois serem menores de idade, então fez de tudo para que os quatro ficassem juntos.

E conseguiu.

Entretanto, fazia parte do plano ficar a sós com Sirius Black para convencê-lo de convidar Lily para ir ao festival com ele. Logo chegaria a sexta-feira e ambos sabiam que na última hora restavam apenas péssimos partidos. As garotas mais atraentes já teriam par e Sirius Black não poderia nem ficar sem par, nem sair com qualquer garota.

Sendo assim, James viu mais uma oportunidade de conversar a sós com Lily. Contudo, para sua surpresa, antes mesmo que pudesse dizer qualquer coisa, Lily começou a falar.

- Potter, eu pensava que a política dos Marotos era: usa saia, está dando mole, vou convidar pra sair. Então, por que você não nunca saiu com a Marianne?

Aquela garota era bem direta, James tinha de admitir. Adorava isso, mas achou tal pergunta muito estranha.

- Por que eu nunca saí de novo com ela, você quer dizer? – perguntou ele.

A expressão boquiaberta de Lily fez James perceber que Marianne nunca havia lhe contado que eles já tinham saído. Provavelmente ela estaria em apuros depois daquilo. Será que as duas realmente tinham um caso e por isso Marianne não contou que saíra com um garoto?

De repente Lily começou a rir.

- Eu não posso acreditar! Vocês já saíram?

- Sim, tem cerca de um ano, foi nas férias do ano passado. – respondeu James.

- Por Merlin, por que ela nunca me contou isso? – perguntou-se Lily, mas ao olhar para James, a resposta a atingiu – É claro... Eu detesto você e não teria aprovado.

- Obrigado pela parte que me toca. – disse o outro sorrindo.

- E vocês não saem com a mesma garota mais de uma vez? – continuou, ignorando-o.

- Depende da garota. Algumas merecem uma segunda saída, outras não.

- E Marianne está em qual das duas listas?

- Existem três listas, minha ruiva. – disse ele, aproximando-se perigosamente dela – A lista das que saímos e chega, a das que sairíamos de novo, e a lista na qual só há você.

Lily apenas levantou uma sobrancelha, como quem questiona uma criança que disse que o céu era roxo com bolinhas cor-de-rosa.

- Você não respondeu a minha pergunta. – retornou após algum tempo de silêncio.

James se afastou e a encarou profundamente. Depois cruzou os braços e recostou-se na árvore ao seu lado.

- Você quer que eu saia com ela, não é mesmo?

- Sim. – respondeu Lily sem pensar duas vezes.

- E você não iria sair comigo, né?

- Não. – respondeu com a mesma firmeza.

- Certo. – disse James, ainda encarando-a – Eu vou convidá-la pra ir ao primeiro dia de festival comigo.

Lily sorriu triunfante. Entretanto, logo desfez o sorriso, pois percebeu que o olhar fixo de Potter dizia que havia uma condição.

E havia.

- Se você me prometer que não vai beijar ninguém nesse dia. Pode sair com quem você quiser, pode ir aonde quiser, mas eu vou saber se acontecer alguma coisa entre você e algum cara.

Boquiaberta e revoltada, Lily teve vontade de bater nele, de estuporá-lo, de pular no pescoço dele, mas nada pôde fazer, pois Marianne e Sirius vinham em sua direção.

Sorrindo ironicamente, planejando armar alguma coisa mais tarde, a ruiva apenas estendeu a mão para selar o acordo.

- Fechado.

- Fechado. – respondeu ele com o mesmo sorriso.

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- Ahhh! Lily! Deu certo! Eu vou ao Festival com James Potter! – gritava uma saltitante Marianne.

- Ele vai ouvir! – censurou Lily.

- Eu só sinto muito por você ter de aturar Sirius Black, mas é só por uma noite, e vai ser divertido, somos nós quatro! Até o momento em que eu desaparecer com ele, é claro... – terminou entre risinhos.

- Na verdade, Mari, eu preciso te contar uma coisa. É que... Eu não vou sair com o Black, não vai ser necessário, afinal, ele já te pediu pra sair com ele, eu enrolei o Black e não o deixei me convidar, agora quando ele convidar eu vou recusar.

- Mas Lily! – desesperou-se a morena – E se ele desistir de mim pra querer sair com você?

- Ele não vai desistir. – a certeza com que veio a resposta da ruiva deixou Marianne um tanto quanto desconfiada – Não vai desistir porque eu já falei pra ele que não vou, definitivamente, sair com ele, e que mesmo que ele me convidasse pra ir ao Festival com ele, eu diria não.

- Hum, eu entendi... – disse Marianne, entre desconfiada e aliviada, até mudar completamente para feliz – Ahhhhhhhhhh! Eu vou ao Festival com James Potter!

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- Por que você fez isso? Ou melhor, por que você vai fazer isso? – perguntou Sirius, fechando a janela para não ter de ouvir aquilo.

- Por que eu fiz um acordo com a Lily. – respondeu James calmamente – Eu saio com a amiguinha dela na primeira noite do Festival e ela não vai beijar nenhum outro cara nessa noite.

- Ah, mas que droga, então por que eu vou querer sair com ela?

- Você queria sair com ela? – James perdera toda sua calma.

- Marianne tinha me convencido. – Sirius socava o próprio punho – Disse que na segunda noite sairia comigo.

- Hum... Elas tinham um plano. – James pensava alto – Mas eu mudei os planos. Isso é muito bom. Assim as coisas ficam em nossas mãos, elas perdem o controle. Sirius, mantenha o seu acordo com a Marianne. Duvido que a Lily vá contar para a amiguinha o que ela prometeu a mim. Ela é orgulhosa demais pra isso. – ele riu ao dizer isso – Depois fala de mim. – em seguida se voltou sério para Sirius – Convide-a esta noite. Se ela aceitar, você a vigiará pra mim e ao mesmo tempo terá como cobrar de Marianne sua parte na promessa.

- E se ela não aceitar?

- Aí nós vamos precisar ir ao porão de minha mãe fazer alguns feitiços...

- Pontas! Você não pode enfeitiçar uma garota! Isso é contra as regras dos Marotos!

- Quem disse que eu preciso enfeitiçá-la? – respondeu James com seu sorriso de “eu-sou-muito-esperto” – Eu só quero vigiá-la.

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- Vamos, eles estão na rua. – disse Lily enquanto ainda olhava pela janela.

- Ainda não estou certa desse seu plano. – Marianne nunca vira sua amiga agir assim antes. Não que Lily fosse tão boazinha a ponto de não sentir raiva e sede de vingança, mas aquele brilho nos olhos verdes da amiga era diferente. Era maligno.

- Não será nada demais. Apenas mais um fora dado publicamente. E depois, vamos arranjar outro partido pra mim, pra sexta à noite. – respondeu com simplicidade.

As duas desceram e se juntaram a um grupo de garotas que conversava na calçada. Volta e meia passava um garoto voando em sua vassoura, em algum tipo de jogo de rua. Ao ver que eles haviam dado uma pausa, Lily levantou-se e caminhou sozinha em direção à casa de Marianne, dando a Sirius a oportunidade de fazer o convite. Ele não desperdiçou a oportunidade.

- Evans! – gritou ele ainda ao longe, voando e parando ao lado dela. – E aí, ruiva, já tem par pro Festival sexta-feira?

- Não, Black, ainda não. – respondeu simplesmente.

- Ótimo! Então poderá ir comigo! James e Marianne vão às 8h, podemos ir com eles, que tal?

- Não. Obrigada, Black, passar bem.

Dito isto, Lily continuou seu caminho, entrou na casa da amiga, subiu até o quarto e, com as luzes apagadas, foi observar o impacto da parte inicial de seu plano. Da janela, pôde ver que ambos, Black e Potter, estavam furiosos. Então viu a segunda parte de seu plano passar voando em direção à varanda de Marianne. Daniel. Um jovem bruxo a quem vinha admirando desde o momento em que pusera os pés no povoado.

Desceu correndo as escadas e logo estava do lado de fora. Sentou-se na cercania da varanda e, conforme o combinado, esperou Marianne chegar. No momento em que Daniel voava de volta, passando por elas, Lily dizia para Marianne que ainda não tinha com quem ir ao Festival na sexta.

- Daniel! – gritou Marianne, com toda a sua cara de pau.

O rapaz freou a vassoura, deu meia volta e desceu ao lado delas, porém na rua.

- Sim, Mari?

- Daniel, querido, eu sei que você tem muitas pretendentes – começou ela, entre risos, enquanto Lily nem precisava fingir que estava envergonhada – Mas você já convidou alguém pra ir com você ao Festival?

- Ah, Mari, você sabe que eu terminei um namoro longo faz pouco tempo, eu tava pensando até em ir sozinho, não convidei ninguém não.

- Poxa, minha amiga Lily não conhece ninguém aqui, a não ser os garotos de Hogwarts, mas ela não se dá bem com eles... Enfim, eu vou com um garoto na sexta, não queria que ela fosse sozinha, entende? O que você acha?
Lily ficou corada quando Daniel olhou bem dentro de seus olhos verdes.

- Concordo plenamente. Sua amiga jamais poderia ir sozinha. Então se ela me der a honra de ir comigo, eu ficaria imensamente feliz. – disse com um sorriso sincero.

‘Isso é que era homem’, pensava Lily enquanto tudo o que conseguia fazer era sorrir de volta, além de se derreter, é claro.

Um estrondo foi ouvido, vindo da casa em frente. Parecia que a porta havia se fechado violentamente.

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- Isso significa que vamos ao porão? – perguntou um irônico Sirius, ao ver o amigo na sala com fumaça saindo pelos ouvidos. – Calma, cara, ela só tá jogando contigo...

- Pois ela me fez uma promessa, e terá de cumpri-la. – disse um decidido James, descendo as escadas.

O porão era uma mistura de biblioteca com sala de aula de poções. James foi direto a uma das estantes de livros e retirou um exemplar, abrindo-o
sobre um apoio para leitura em pé.

- Você está com o seu espelho? – perguntou ao Sirius, enquanto retirava o seu próprio espelho do bolso.

- Sim. – respondeu Sirius – Por quê?

- Porque eu vou precisar dos dois.

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