Um novo aliado




Capítulo seis: Um novo aliado

- Não vai!

- Vou, sim!

- Não vai!

- Droga! Eu já disse que vou e está acabado! – Cho esbravejou, olhando furiosa para Neville que cismava em discutir com ela sobre sua viagem para a Toca. Sua chegada na casa dos Weasley estava planejada para aquela tarde, mas, do jeito com que Neville implicava, seria difícil concluir seu plano.

- Não vai, não! Você está louca, por acaso? – Neville retrucou, retirando as roupas da mala que Cho arrumava.

- Não, estou perfeitamente sã, muito obrigado – ela respondeu, recolocando na bolsa a muda de vestes que Neville jogara de volta ao armário.

- Pois não parece! – o homem novamente virou a mala de cabeça para baixo enquanto Cho escolhia cuidadosamente um de seus vestidos de festa. As roupas caíram sob a cama, espalhando-se sobre os lençóis.

- Você quer parar com isso? – Cho irritou-se, apontando a varinha para as costas de Neville que imobilizou-se, olhando para ela como quem olha para um deficiente mental particularmente lento.

- Só quando você parar de ser tão infantil e crescer um pouco – ele disse enquanto a amiga arrumava seus pertences com um feitiço, fechando a mala antes que Neville pudesse desfaze-la de novo.

- Eu já estou bem crescidinha, não sei se você reparou – Cho disse azedamente, seguindo até sua penteadeira para apanhar um par de brincos.

- Fisicamente, mas não mentalmente! – Neville aproximou-se dela, tentando dissuadi-la da idéia maluca que queria pôr em prática imediatamente – Você está se comportando como uma colegial, Cho! Tome vergonha nessa cara e deixe de agir como uma criança!

- Estou recuperando a minha infância perdida às custas de minha vida adulta conturbada, Nev – ela revelou enquanto atarraxava os brincos atrás das orelhas. Voltando-se para ele, continuou com um sorriso – E quer saber, Nev? Eu estou adorando! Confesso que nunca agi impulsivamente em toda a minha vida, porque é isso que os corvinais fazem, eles pensam duas vezes antes de agir. Mas agora finalmente eu entendi que não posso mais viver assim. Sabe, eu nunca me deixei guiar pelo coração, por isso acabei perdendo o grande amor da minha vida. Acho que já está na agora de eu compensar toda essa minha vida de reflexão e agir uma vez sem ter refletido antes.

- Mas, Cho, você vai perder o Harry para sempre se fizer o que está planeando fazer. Qual reação você espera que ele tenha quando souber que você tentou acabar com o seu casamento? Que ele sorria e vá correndo para os seus braços? Pois eu vou lhe dizer uma coisa pela última vez: Ele-nunca-vai-te-perdoar! Você vai perdê-lo de uma vez por todas, nem amigos vocês serão mais, nem a amizade dele você terá... – Neville argumentou, pondo-se na frente da amiga na tentativa de impedir sua passagem.

- E quem disse que eu quero a amizade dele? – Cho penteou os cabelos com pressa, lançando um olhar decidido para o amigo – É pior ser só amiga dele, vendo-o derreter-se pela aquela cachorra da Weasley, do que ser seu pior desafeto e poder respirar aliviada durante a noite, sabendo que fiz de tudo para acabar com aquele casamento. Você não entende, Neville? Das duas maneiras acabarei perdendo-o, mas eu prefiro a última, pois saberia que ainda tenho uma chance dele enxergar-me novamente. Se ele souber de tudo que fiz para ficar com ele, saberá que pode contar comigo para o que der e vier, saberá que eu o amo mais que tudo, saberá que eu estarei sempre esperando-o de braços abertos, pronto para acolhê-lo quando...

- ... quando ele se cansar da Gina? – Neville terminou a frase por ela, mirando-a pesaroso.

- É, quando ele se cansar da Weasley. E eu tenho certeza que isso ocorrerá, mas cedo ou mais tarde. Mas eu sinceramente espero que seja mais cedo, por isso que estou insistindo nesse plano maluco. Eu não quero que ele se machuque, Nev, não quero que ele se dê conta que ainda me ama, estando casado com a Weasley.

- É aí que você se engana, Cho... – Neville suspirou, cansado de tanto repetir, em vão, o mesmo discurso – Como você pode ter tanta certeza que você é o amor da vida do Harry? Como pode afirmar com tanta convicção que Gina não é a mulher certa para o Harry, que eles não serão felizes juntos?

- Simples: Porque o destino de Harry não é ficar com a Weasley, o destino dele é ficar comigo! COMIGO! Entendeu? EU sou o grande amor da vida dele! EU, EU!

- Mas e se não for? Se o destino do Harry for a Gina? – Neville perguntou cautelosamente – Você não pode lutar contra o destino. Ninguém pode.

- Eu não posso lutar contra o destino, mas posso lutar contra esse casamento. E é isso que eu o farei, a qualquer custo – ela disse em tom de fim de conversa.

- Até mesmo se esse custo for a destruição da vida da Gina? – ele olhou-a seriamente. Cho ergueu as sobrancelhas – Porque, se eu conheço bem a Gina, sei que ela se desesperará se perder o Harry novamente. Pode até fazer uma besteira se o seu casamento acabar...

- Bobagem. A Weasley é forte, isso eu tenho que admitir. Não se deixará abalar só por causa disso... – ela afirmou sem certeza.

- É, mas esse “só” para ela significa muita coisa. São os sonhos dela, Cho. Você estará despedaçando os planos, os desejos dela, por causa de um mero capricho seu – repreendeu-a rudemente.

- E esse “mero capricho” que você me atribui significa muito para mim. E eu não quero mais discutir sobre isso.

- Fico espantado diante da sua frieza quanto a destruição da vida da Gina – Neville pareceu realmente decepcionado com a amiga.

- Bom, Nev, você tem de aprender que, às vezes, uma vida tem de desmoronar por um momento para que outra volte a se erguer, entende? – Cho encantou a alça da mala com um feitiço de levitação, fazendo-a flutuar atrás de si.

Neville suspirou desanimado, desistindo de tentar persuadir a amiga a guiar-se pela razão ou invés das emoções descontroladas. Sacudindo a cabeça, ele deixou-se afundar da cama de Cho. Ela parou a sua frente, sorrindo-lhe animadamente.

- Eu desisto. Eu desisto, Cho. Não agüento mais. Faça o que você quer fazer logo. Só espero que você saiba o que está fazendo.

- Eu sei, Nev. Pode ficar tranqüilo que eu sei onde estou me metendo – ela disse confiante.

- Como eu posso ficar tranqüilo sabendo o que você pretendo fazer? – Neville soltou uma risada pelo nariz – Mas o que eu posso fazer? Apenas posso te desejar boa sorte e esperar que tudo dê certo pra você, que você se dê bem, que encontre o que procura.

- Isso quer dizer que você está torcendo por mim? – Cho sorriu espantada – Mas eu pensei que você fosse contra!

- E ainda sou – ele afirmou – Só estou torcendo pra que você aprenda uma lição com toda essa situação, Cho.

- E eu vou! – ela segurou as mãos dele, que ergueu os olhos curioso – Eu vou aprender a saborear o beijo do Harry novamente. Só de lembrar já me dá até um arrepio! Ai, que beijo bom!

Neville revirou os olhos enquanto a amiga suspirava sonhadoramente. Feliz, ela inclinou-se para dar um beijo estalado na bochecha do amigo, tentando transmitir-lhe o máximo de confiança possível. O bruxo olhou-a ligeiramente constrangido, dizendo tristemente:

- Pena que eu não vou estar lá. Queria poder saber que fim levou os seus planos...

Cho afastou-se do amigo, sentando-se ao lado dele com uma expressão pensativa. Até que seus olhos iluminaram-se e ela remexeu os bolsos à procura de sue espelho comunicador.

- Quanto a isso eu acho que posso dar um jeito – ele olhou-a interrogativamente, fazendo-a sorriu ao mostrar-lhe o pequeno espelho – Você ainda tem o par dele? Aquele que eu te dei quando trabalhamos juntos na recuperação do campo de quadribol?

Neville pensou por alguns instantes, tentando se lembrar. Mordendo o lábio inferior, ele forçou sua péssima memória, vasculhando o fundo de sua mente a resposta para a pergunta da amiga. Com um sorriso, disse, lembrando-se:

- Sim, sim! Eu o guardei em algum lugar se precisasse usa-lo numa emergência ou coisa parecida. Apesar do que, se houvesse realmente uma emergência, eu nem saberia onde o coloquei. Deve tê-lo enfiado em algum lugar, mas agora não estou conseguindo me lembrar, como sempre...

- Ótimo! Faça um feitiço de localização no seu quarto e encontre-o o mais rápido possível. Se você andar com ele sempre no bolso facilitará a nossa comunicação. Lembra-se de como usá-lo, certo? – Cho perguntou, obtendo sua resposta na expressão desconcertada que o amigo fez – O.k., quando precisar falar comigo diga ao espelho o meu nome, você aparecerá no meu e eu poderei falar no seu, lembra?

- Ah, lembrei! – Neville exclamou, o rosto redondo iluminando-se – E prepare-se para ouvir umas, hein, Srta. Cho Chang? Estarei de olho em você!

Cho abriu um sorriso maroto, duvidando das palavras do amigo enquanto o abraçava com força. Mostrando-lhe a língua de forma zombeteira, ela despediu-se animadamente:

- Me deseje sorte.

- Já está desejado. Bom, até mais tarde.
Neville despediu-se com um aceno de cabeça, indo embora com a desculpa de que já estava atrasado para suas aulas vespertinas. Cho respirou fundo tomando coragem, mas assim que abriu a porta do quarto, ouviu uma voz arrastada soar no corredor:

- Olhe por onde anda, Longbottom, seu retardado.

“Draco” – Cho reconheceu a risada do colega de trabalho enquanto ouvia-o rindo de sua própria piada. Esticando o pescoço, ela pôde vislumbrar os cabelos platinados de Malfoy, postado imponentemente em frente a Neville, que tinha o rosto corado de vergonha.

- Desculpe, Draco. Esses sapatos me fizeram tropeçar, pareciam estar enfeitiçados com uma azaração do Tropeço, ou algo assim...

Os olhos cinzentos de Draco brilharam maldosamente.

- Você por acaso está insinuando que eu tenha algo haver com isso, Longbottom? Tsk, Tsk, Tsk, que feio! Acusando os outros sem provas! Seus pais não te deram educação, não? Ah, esqueci que eles nem tivera tempo para isso! Estarem enterrados vivos num Hospital para Malucos toma muito do tempo deles, não é mesmo?

O rosto de Neville empalideceu para depois corar furiosamente com uma rapidez incrível. Draco soltou uma risada maliciosa, cruzando os braços. Assim que Neville ergueu os punhos furiosamente, Cho pressentiu o perigo e logo tratou de dar um passo para frente, deixando com que os dois professores a vissem. Encostando sua mala na parede, ela andou rapidamente até ambos, colocando-se entre os dois, voltada para Draco. Sorrindo falsamente, disse num tom angelical:

- Draco, querido, ainda bem que te encontrei, meu amor!

Malfoy ergueu as sobrancelhas, encarando Cho como se ela tivesse ficado doida. Esta, por sua vez, olhou-o insistentemente, fazendo caretas significativas em sua direção. Ele descruzou os braços, seus lábios crispando-se num sorriso irônico. Estreitando os olhos, Cho apontou o dedo para a porta de seu quarto, mandando-o silenciosamente entrar no cômodo.

Durante toda essa troca de olhares, Neville fitou Draco raivosamente, mas logo sua raiva deu lugar a outro sentimento, não menos intenso que o anterior, a curiosidade. Ele percebeu que Cho estava dirigindo ordens e ameaças visuais a Draco que, estranhamente, parecia estar sendo obrigado a obedecer, apesar de parecer muito tentado a mandar Cho ir para um lugar não muito agradável.

- Nós terminamos isso depois, Longbottom – ele resmungou irritado, olhando de soslaio para Neville que o encarou surpreso.

Soltando um muxoxo, Draco girou nos calcanhares, andando até o quarto que Cho o apontara. Neville observou-o até a ponta de sua capa desaparecer, com um rodopio negro, na abertura da porta. Cho sorriu, tentando despistá-lo assim que ele olhou-a interrogativamente.

- Bom, te vejo mais tarde, Nev. Tenho que ter uma conversinha à sós com o Malfoy.

- Mas... – Neville começou, mas antes que pudesse terminar sua frase, a amiga já passava por ele com pressa, dando um tapinha amigável em seu ombro.

Cho conduziu sua mala até dentro do quarto novamente, fechando a porta com um baque. Atraído pelo barulho, Draco olhou-a, encostando-se na janela. Ela depositou sua bolsa sob a cama, suspirando. Erguendo os olhos para Malfoy, disse em tom ameaçador:

- Eu não quero mais saber de você tratando o Neville daquele jeito, ouviu, Malfoy? Se não...

- Se não o que? – Os olhos de Draco lampejaram, cheios de ódio. Cho sorriu mortalmente, andando sedutoramente até o loiro que engoliu em seco, erguendo o queixo em desafio.

- Se não... – ela sussurrou provocante, parando entre as pernas de Malfoy que forçou uma expressão de repulsa no rosto. Percebendo a reação dele, Cho sorriu arrogantemente, erguendo uma das mãos para acariciar as bochechas pálidas que logo tornaram-se ligeiramente avermelhadas – Se não eu conto tudo, Draquinho. Tudo...

Draco tentou fingir indiferença diante das palavras da bruxa, mas seus olhos arregalados o denunciavam. Fechou-os, tentando raciocinar enquanto sentia as pontas dos dedos da mulher deslizarem suavemente por sua pele. Não deixando-se abalar pela provocação, ele segurou o pulso dela com força, a expressão tornando-se ameaçadora.

- Não ouse tocar em mim, Chang. Eu não sou o Potter Idiota para ficar babando por você.

E dizendo isso, ele empurrou-a para trás, fazendo-a tombar sob a cama. A mulher olhou-o com raiva por entre as mechas escuras de seu cabelo, perguntando-se o porquê de Dumbledore já não o ter despedido.

Estava mais que claro para todos que Malfoy sempre seria aliado do partido das Trevas, sempre seguiria os passos do pai. Cho nunca acreditara na repentina mudança de Draco aos olhos do mundo mágico. Na verdade, quase ninguém acreditava, somente Dumbledore parecia ter fé no bruxo. Cho não entendia o porquê daquele excesso de confiança por parte de Dumbledore, mas sabia muito bem que ele não era nenhum idiota e devia ter seus motivos para acolher Draco. Mas, mesmo confiando nos instintos do diretor, Cho sabia que Malfoy nunca aliara-se de verdade a Dumbledore, somente fingia-se assim para conseguir o que queria.

Afinal, Draco tivera de demonstrar fidelidade a Ordem da Fênix e a seus participantes, pois só assim poderia reerguer-se após a morte definitiva do Lord das Trevas. Depois da morte de sua mãe, Narcisa, na guerra de Voldemort x Dumbledore, Malfoy nunca mais fora o mesmo. Passara a ser mais frio, mais sombrio, mais competente. E quando seu pai, Lúcio, fugiu do país, após ter sido expelido um novo mandado de prisão ao patriarca da família Malfoy, Draco teve de começar tudo do zero.

A fortuna bloqueada pelo Ministério, sem ser aceito em trabalho algum com sua ficha suja, sentindo na pele a dor causada pelos olhares de desconfiança seguindo-o onde quer que fosse. Cho chegou até a ouvir, em meio as fofocas do Profeta Diário e do Pasquim, que ele tinha passado por maus bocados, tendo de se hospedar em abrigos bruxos ou arrombar casas trouxas para não dormir na rua.

Até que, quando a sua situação tornou-se realmente feia, quando Draco já tinha atingido o nível de desespero absoluto, totalmente falido, ele teve de recorrer a ajuda de Dumbledore que recebeu-o junto ao corpo docente de Hogwarts, alimentando-o, vestindo-o, reerguendo-o diante ao mundo mágico.

Entretanto, mesmo depois de ter passado por tantas dificuldades, Malfoy continuava como sempre: Irônico, sarcástico, agressivo, desagradável. Talvez demonstrasse suas opiniões e queixas um pouco mais sutilmente que antes, é verdade, mas ainda era insuportável para a maioria das pessoas. Apesar de que o seu eleitorado de mulheres aumentara brutalmente com o passar dos anos. Se anteriormente contava somente com a paixão de Pansy Parkinson, agora tinha o dobro de garotas (loucas, na opinião de Cho) interessadas por ele. Estas alegavam entre suspiros que ele havia assumido um ar encantador de “Bad Boy” assim que intensificaram-se suas investidas junto a mulherada.

- Ficou muda de repente, Chang? – Draco caçoou, tirando-a de seus pensamentos.

Sacudindo a cabeça, ela apoiou os dois braços para trás, na cama, mirando-o perturbada. Malfoy riu sarcasticamente, atravessando o quarto até a porta, mas antes que pude alcançá-la, Cho saltou a sua frente, barrando-o. Erguendo apenas uma das sobrancelhas claras, ele tentou afastá-la com a mão, mas ela segurou-a, prendendo-a junto a outra. Ele riu, puxando as mãos com o intuito de livrá-las do aperto, mas a mulher impediu-o, intensificando o aperto.

Com um movimento de pernas muito bem executado, Cho derrubou-o no chão, sentando-se sob sua barriga. Draco fez uma careta ao sentir suas costas baterem com força contra o chão, para depois sentir o peso do corpo da bruxa em cima de seu estômago. Surpreso, ele deixou o queixo cair assim que viu os olhos de Cho brilharem em tom travesso. Engolindo em seco, tentou inverter as posições, mas ela não deixou, imobilizando-o completamente.

- Sabe, Draco – Cho disse suavemente, movendo sua varinha até o pescoço de Malfoy, que gelou ao sentir o pedaço de madeira pinicar a pele sensível de sua nuca – Minha família tem descendência oriental. Meu avô me ensinou a apreciar a beleza das artes marciais. Você deveria aprender também, querido, assim poderia saber se defender quando alguém o atacar, poderá prever seus movimentos, assim como eu fiz com você, meu amor.

Malfoy tentou lutar contra a paralisação, mas de nada adiantava, ela o havia pegado de jeito. Utilizando-se de sua última alternativa, ele cuspiu do rosto dela, crente que a mulher iria enojar-se e sair gritando. Mas, ao contrário do que imaginava, Cho apenas fechou os olhos, sacudindo a cabeça de um lado para o outro, para depois cuspir de volta no rosto dele. Contraindo a face numa expressão de imensa incredulidade e revolta, Draco enrugou o nariz, demonstrando seu nojo. Cho riu.

- O que você quer de mim, Chang? – ele disse com a voz tremendo de raiva.

- Quero que me ouça com atenção – ela disse seriamente. Ele resmungou, mas acabou fixando seus olhos nos dela, notando o quão irritada ela estava – Eu não quero saber de você incomodando o Neville, entendeu?

Draco riu desdenhosamente.

- Defendendo o Longbottom, é, Chang? Não sabia que gostava de manteigas derretidas...

- Não seja ridículo. Ele é meu amigo, mas eu acho que essa palavra não consta no seu dicionário, não é mesmo? Você nunca teve amigos verdadeiros pelo simples fato de você ser um babaca completo.

Malfoy estreitou os olhos, inclinando a cabeça para trás. As mexas loiras de sua franja escorregaram para a frente, deixando a mostra sua testa repleta de finas rugas de preocupação e nervosismo. Com um sorriso, ele retrucou:

- Você não pode falar nada de mim, Chang. Eu sei muito bem que aquelas que diziam-se ser suas amigas te abandonaram quando você ficou pobre, exatamente como aconteceu comigo. Então, lave a boca antes de me insultar novamente, porque você é duplamente pior que eu.

Cho mirou-o com um olhar penetrante por alguns segundos, mas pagou caro por seu lapso de concentração quando Draco livrou-se de seu aprisionamento, empurrando-a fortemente para o lado. Ele ergueu-se com o apoio da cabeceira da cama, respirando com dificuldade. Cho, por sua vez, desabou sob o colchão, fitando-o raivosamente.

- Você me paga, Malfoy – ela disse entredentes. Draco riu – Você vai me pagar por isso...

- Não, não vou – ele aproximou-se, entrelaçando as mãos atrás das costas – E sabe por quê?

- Porque suas fãs me matariam se eu o fizesse? – ela arriscou ironicamente, provocando um ataque de risadas em Draco.

- Não, porque você precisa de mim, assim como eu preciso da sua... cooperação.

- Pois eu não vou mais cooperar com você, Malfoy – Cho disse determinada – Eu vou contar o que você anda aprontando, vou te desmascarar, dizer o que você planeja fazer...

- E vai contar pra quem? Para o seu Potter Precioso? – Draco disse desdenhoso – Sinto muito informá-la, mas ele anda meio ocupado com os preparativos para o casamento com a Weasley Pobretona, sabe...

Cho fuzilou-o com o olhar, erguendo-se da cama e dando um forte empurrão no peito dele, o que ocasionou mais risos para Malfoy, que estava obviamente divertindo-se muito com a irritação da mulher. Com a voz mais arrastada que nunca, ele prolongou ao máximo as palavras venenosas que pronunciara:

- Dor de cotovelo, Chang? É, eu sei como é. O Potter Perfeito vai se casar com a Weasley Perfeita e os dois vão viver a sua vida perfeita, na sua casa perfeita, com seus filhos perfeitos. Dá para acreditar nisso? Eu daria tudo para acabar com a felicidade daquele casal imundo.

Repentinamente, os olhos de Cho brilharam, intrigando Draco, que perguntou desconfiado:

- O quê?

Ela sorriu misteriosamente, dizendo:

- Eu acabei de ter uma idéia fabulosa. E você vai me ajudar, se não quiser ser despedido quando descobrirem suas falcatruas.

Draco cruzou os braços de novo, erguendo uma só sobrancelha.

- Por que eu tenho a impressão que isso tem haver com o Potter?

- Porque você tem um ótimo instinto, meu amor. E é exatamente por isso que eu preciso de você. Chegou a hora de você provar que eu fiz um bom investimento ficando de boca fechada, Draquinho, chegou a hora de você deixar de ser inútil e começar a agir um pouco...

Malfoy cerrou os dentes, segurando-se para conter um palavrão que teimava em querer escapar de seus lábios. Teria de ouvir tudo em silêncio, não podia atrever-se a ser desmascarado, não agora. Não agora que ele estava tão próximo do poder máximo, o braço direito do novo partido das trevas que erguia-se em frente aos seus olhos. Teria de ser paciente, esperar a hora certa para poder finalmente atacar, pois nesse hora poderia desfrutar dos prazeres da imortalidade. Poderia finalmente se vingar de todos que odiava, e, certamente, Potter era o primeiro de sua lista negra...

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