FERIAS COM OS AMIGOS



FERIAS COM OS AMIGOS


“Até que enfim essa maldita coruja chegou.” - pensou Tom ao ser acordado com um barulho de bico batendo no vidro. Era uma grande coruja marrom, que trazia no bico uma carta escrita em pergaminho, com um brasão em verde.

Tom estava de volta ao orfanato, de volta às pessoas que ele odiava, de volta à mesmice do dia-a-dia de um garoto normal. Naquele dia, completava-se duas semanas que ele havia saído de férias. Estava apenas aguardando a chegada dessa coruja para ir ao Beco Diagonal comprar seus materiais e, quem sabe, ficar por lá o resto das férias, com o senhor Burke.

Riddle fez sua higiene matinal, arrumou-se e desceu para tomar um rápido café antes de partir.

- Bom dia, esquisito. Por que está com essa cara feliz hoje? Ficou retardado de vez, foi? – Perguntou Albert.

Desde muito novo, Tom acostumara-se com as crianças se distanciando dele. Mas também havia aquelas que, apesar de tudo o que acontecia de estranho ao redor do garoto, ainda tinham coragem – falta de cérebro – de arranjar briga com o pequeno menino. Albert era uma delas.

Tom daria de tudo para poder sacar sua varinha e lançar no menino todos os feitiços que conhecia. Gostaria de transformá-lo em uma massa disforme e bizarra, o que nem o mudaria tanto, levando-se em conta que o menino era gordo como um porco, com olhos vesgos e levemente corcunda.

- Bom dia, massinha. Tudo bem com você? Lógico que não, não é? Afinal, você é feio! Muito feio!!! E é burro. Passará o resto de sua vida no orfanato. E, quando for velho demais para estar aqui, você será pedinte e morrerá de fome. Porque ninguém terá coragem de estender a mão para alguém como você! – disse Tom sarcástico. – Ah, e estou feliz por saber que não sou como você.

O ataque verbal não teve o mesmo gosto que atacar o garoto com feitiços, mas ainda assim, fazê-lo ver o quão insignificante era, foi extremamente aliviador para o pequeno Riddle.

Tom deixou Albert para trás e foi comunicar à Senhora Cole que sairia para resolver assuntos do colégio. Andou até a pequena estação do povoado e pegou um trem com destino a Londres.





“Como é bom ser superior.” – pensou Tom ao entrar no Beco Diagonal.

Tinha muito o que comprar. Começaria o terceiro ano e com ele novas matérias agora. Seria, certamente, um ano muito bom para o aprendizado do garoto.

Tom foi a Floreio e Borrões, onde comprou todos os livros que precisaria. Deu uma passada na loja de ingredientes para poções, onde refez seu estoque que estava meio baixo. Comprou algumas vestes maiores, de segunda mão, é claro. E, por fim, foi à Travessa do Tranco, onde esperava encontrar o velho senhor Burke.

Riddle entrou na loja, ouviu o sininho tocar e aguardou que o dono da loja aparecesse.

- Ah, é você! Sim, sim, eu o esperava novamente. Mas tardou a aparecer, por que? – Perguntou o senhor, enquanto saia do fundo da loja.

- Olá. Pois é, não foi escolha minha. Acontece que a maldita coruja de Hogwarts demorou a vir. E tive que esperá-la, afinal, não tenho dinheiro para fazer várias viagens ao Beco Diagonal.

- Sim, compreendo. E o que me conta, menino? Aprendeu algo novo que valha a pena? Descobriu sobre sua família? – perguntou curioso ao garoto.

Tom nunca soube explicar exatamente o porquê, mas achou que não seria boa idéia contar ao velho sobre sua verdadeira origem. Não que achasse que o velho duvidaria, ou que faria algo contra seu plano de abrir a câmara secreta, mas o simples fato de imaginar que ele um dia poderia entregá-lo, ou pôr tudo a perder o fez esconder sua descendência de Slytherin. Claro que os amigos também poderiam fazer isso, mas eles tinham medo de Tom, coisa que o senhor Burke não tinha. Ainda.

- Ah. Sim. Descobri. Minha mãe é mesmo bruxa, de uma família nada conhecida. Sou o último descendente. – Disse Tom, usando a oclumência aprendida com o velhor Burke.

- Humm, certo. Ao menos sabe que não é de uma família suja, não é!? E conte-me, como andam os estudos, a magia negra, tudo.

Riddle e o senhor passaram um bom tempo conversando e discutindo experiências mágicas, até que alguém abriu a porta.

- Bom dia. – disse um senhor alto de porte fino, cabelos escuros, assim como os olhos, e com um garoto muito parecido com ele.

- Ah, Senhor Black. E trouxe o filho. Que boa surpresa. Este aqui é Tom, seu filho deve conhecê-lo. – Começou o sr Burke.

- Ah, sim. Eu mesmo já o conheci. É um grande garoto, muito educado e inteligente. Terá futuro.- disse o senhor Black, cumprimentando o menino.

- Obrigado pelos elogios senhor.

- Nos dêem licença crianças. Tratem de ir conversar enquanto tratamos de negócios. – disse o senhor Black.




- E aí, Slytherin? Que bom que nos encontramos. Esperava vê-lo apenas em Hogwarts. Alguma novidade? – perguntou Orion Black.

- Lógico que não. Estive enfurnado com os trouxas imundos até agora.

- Nossa, deve ser horrível isso. Ficar tanto tempo entre pessoas de sangue ruim. – disse Órion pensativo – Hum. Por que você não vem passar o resto das férias conosco? – disse Black animado.

- E eu posso? – perguntou Tom esperançoso.

- Lógico que sim! Deixe-me falar com o papai.

O senhor Black aceitou de imediato. Seria muito útil a ele que seu filho mantivesse amizade com um garoto como aquele.

- Faremos assim – disse o Senhor Black após saírem da loja. – você irá ao orfanato, avisa à trouxa que não voltará para aquele lugar imundo. Pegará suas coisas e, então, às 18 horas você pega esse pergaminho. Vou transformá-lo em uma chave de portal que o levará à nossa casa, correto?

- Sem problemas, senhor. Até mais tarde então. – disse Tom feliz.

- Até. – Despediram-se os Black.






Tom não teria aulas com o senhor Burke, como planejara. Ao invés disso investiria em outra coisa, que também seria de muita utilidade ao seu futuro: contatos.

Riddle nunca havia passado um tempo na casa de algum amigo, isso por que nunca os tivera. Estava extremamente feliz, pois conheceria a vida de bruxos puros-sangues ricos. Passaria menos tempo do que esperava com os trouxas imundo!

Ao chegar ao orfanato, Tom correu para fazer seu malão. Após guardar tudo, sentou-se em sua cama com o pergaminho à mão, esperando a hora chegar.

Às 18 horas em ponto, Riddle sentiu uma fisgada no umbigo e foi tirado da cama.

Ao abrir os olhos, estava no saguão de entrada de uma mansão gigantesca.

O local era incrível. Não incrível ao modo de Hogwarts, mas de uma forma assustadora. Era escura, e fria. As paredes pintadas em verde com tapeçarias e quadros que aparentavam muitos anos de idade. Os detalhes da arquitetura eram talhados em formatos de cobras.

- Olá, garoto. – Disse uma voz grave. – Quem bom que chegou. Pedirei a um elfo doméstico que leve suas coisas para cima. Agora venha jantar. – Disse o senhor Black

Tom concordou. Deixou suas malas no saguão e seguiu o senhor. Entraram em um grande salão que tinha uma mesa gigantesca, embora houvesse apenas duas pessoas sentadas. Cumprimentou seu amigo Orion e a senhora Black.

Foi um belo jantar, mas não se comparava ao banquete de Hogwarts. Em nenhum momento alguém abriu a boca para falar algo. Comeram totalmente quietos e, somente quando o senhor Black pousou seu garfo, após a terceira repetição do pudim de chocolate, os garotos foram liberados para se retirar.

- Venha Servolo. Vou te mostrar meu quarto. É lá em cima! – disse Orion correndo com Tom atrás dele.

Nem mesmo o quarto de Hogwarts era maior do que aquele. Não era belo. Eera igualmente frio e escuro, como a casa, mas era gigantesco.

- Uau! É maior que o orfanato onde moro.- comentou Tom assombrado.

- É, ele é legal. Mas, e aí? Algo novo sobre a magia das trevas para me contar? – Perguntou Black curioso.

- Bem, não tive muito tempo para aprender. E nem consegui livros novos. Mas ainda tenho muito do que sei para ensinar a vocês e aos garotos. Estive pensando e acho que seria melhor ensiná-los um pouco de oclumência. Para evitar que alguém descubra o que fazemos, entende?

- Sim, certamente seria melhor.Podemos começar ainda hoje! – Disse Black entusiasmado.

- Não. Prefiro com todos juntos. Seria melhor para treinar e me pouparia muito trabalho. – falou Tom.

- Não seja por isso. Posso chamá-los para vir aqui em casa. Talvez papai até os deixe passar um tempo aqui.

- Seu pai deixaria tanta gente passar as férias aqui? Não seria muita gente para alimentar? – Perguntou Tom desacreditado.

- Papai não me nega nada. Depois das ótimas notas que consegui, graças a sua ajuda é claro, tudo o que eu peço ele faz. Comida não é problema, Slytherin. Você esquece que aqui não é como no orfanato onde viveu? Temos de tudo à vontade. – Comentou Black presunçoso.

- Então está certo. Vá pedir ao seu pai... – Ordenou Tom.


Não demorou muito para Black voltar com a resposta positiva. O senhor Black conhecia o pai de todos os amigos de Tom e aprovava as amizades. Logo, aceitou que se reunissem todos na mansão.

Os meninos mandaram cartas a todos os amigos. Depois disso foram à biblioteca da mansão, que Tom insistia em ver depois que soube de sua existência.

- Ah, aqui é muito chato! Só você, no mundo inteiro, para gostar de um lugar como esse. Só tem livros! – comentou Black aborrecido.

- Você é que não vê a beleza disso. Cada livro desses traz um pouco de conhecimento, um pouco de magia e, com isso, um pouco de poder. Quanto mais aprendermos, quanto mais soubermos sobre tudo, mais seremos poderosos. E, para atingir o maior poder possível, não podemos nos ater a apenas o que nos é ensinado na escola. – Disse Tom sem tirar os olhos das dezenas de estantes.

- É verdade, Tom. E você devia ouvi-lo Órion. – Disse uma voz vinda de trás de uma das estantes. - Muito sábias as suas palavras, garoto. Aprovo cada uma delas. Pode pegar os livros que quiser daqui, quantos forem. Pode, inclusive, levá-los para Hogwarts. Depois o Órion os devolve. – disse o senhor Black.

- Uau! Muito obrigado, senhor! – comemorou Tom radiante.

- De nada, garoto. Veja se consegue colocar algo na cabeça do meu filho. Ele já me contou que o ajudou muito na escola. Veja o que pode fazer por ele na vida também. – disse o patriarca dos Black enquanto se retirava do local.

- Farei o possível.

“Incrível as idéias desse menino. Sabe mais do que eu quando tinha a idade dele. Tão jovem e tão ambicioso. Incrível que não descenda de uma família nobre.” – pensava o Sr Black.

Tom passou mais um bom tempo vendo os livros da biblioteca, enquanto Órion se punha a observar deitado em um sofá. Quando Órion caiu no sono, Tom viu que estava mesmo na hora de se recolherem.





Lestrange e Avery chegaram à casa dos Black três dias depois. Dias os quais que Tom e Órion passaram sem fazer nada de mais. Tom punha-se a ler e Órion em raros momentos o acompanhava, pois preferia voar com sua vassoura. A casa tinha um cômodo extremamente grande, onde voar não constituía um problema. Tom não achava que vassouras eram grande coisa. Para ele, as vassouras e o quadribol nada mais eram do que perda de tempo. Afinal, quando fosse mais velho, aprenderia a aparatar e não precisaria depender de nada para se locomover..

Com a chegada de Vicente e Claudius, a rotina não se alterou tanto. Tom continuava a passar bom tempo com os livros e Órion ainda gastava seu tempo com vassouras e quadribol, só que agora acompanhado por Avery e Lestrange. O diferente era que, um pouco antes de dormir, os meninos se retiravam ao quarto onde Tom ministrava aulas para eles.

- Mas Slytherin, você tem certeza de que o ministério não ficará sabendo que estamos usando magia fora de Hogwarts? – perguntou Black com medo.

- Pela ultima vez, SIM! Já lhes disse. O ministério confia que os pais proíbam seus filhos de fazerem magia fora da escola, mas não tem como saber se eles cumprem ou não. Eles captam magia na casa, mas poderia ser do seu pai, da sua mãe, de um elfo, de algum amigo deles, sei lá. O que é bem diferente de magia feita no orfanato onde vivo. Lá, eles saberiam que fui eu, entenderam? – informou Tom já aborrecido. – E sabem de uma coisa? Cansei-me de usar esse nome, Slytherin.

- Achávamos que gostava dele. – disse Avrey inseguro.

- Eu gosto, mas não é meu. Sempre que alguém o usa pensa em outro bruxo, não em mim. Queria ficar marcado na história por algo meu, não pelo nome do meu antepassado, por maior que ele tenha sido. – Disse Tom chateado.

- Ah, compreendo. Mas fará o que? Como devemos chamá-lo agora? – perguntou Lestrange.

- Por enquanto, não sei. Buscarei algo novo. Podem continuar me chamando de Slyhterin. – falou Tom pensativo. – Mas voltemos ao assunto, fechar a mente. Libertem-se de todos os pensamentos e sentimentos. É como se criassem uma máscara que os tornassem invulneráveis, entendem?

- Invulne o quê? – Perguntou Avery com cara de bobo.

- Invulnerável idiota. Quer dizer intransponível. – explicou Tom.

- Ahhhh. – Claramente ainda não compreendera.




As aulas foram extremamente úteis. Com o fim das férias chegando, e Avery finalmente tendo entendido o significado da palavra invulnerável, os garotos passaram a dominar, ou pelo menos enganar, o uso da Oclumência. Não eram, nem de longe, tão bons quanto Tom, mas nem tinham essa pretensão. Sempre foram inferiores em tudo, já estavam se acostumando.

Os garotos acordaram cedo no dia do embarque para Hogwarts. Iriam através do Pó de Flu, meio mágico de transporte que Tom desconhecia. Era irritante para o garoto, mas tinha que admitir, tinha medo desse transporte. Era estranho, como poderia sair em uma lareira na plataforma nove e meia tendo entrado em uma na casa dos Black?

Depois de um momento de medo, Tom pegou o pó, jogou nas chamas e disse, em alto e bom som: PLATAFORMA NOVE E MEIA.

Dera certo, estava na plataforma. Via o familiar trem vermelho jogando fumaça para o céu. Estava, enfim, voltando para o lugar que mais gostava: Hogwarts.









N.A.: É, é isso ai... espero que esteja bom, não o reli... tava meio sem saco... ieuhiuehe

Já repararam que sempre escrevo as mesmas baboseiras nas N.As? pois bem vou parando por aqui para evita-las.

Comentem, votem, farao um autor feliz (essas baboseiras eu não pude esquecer).

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Gabriel Gebara

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