Vampiros



Nas próximas semanas Harry se acostumou com sua estranha rotina. Acordadava e tomava café sozinho, sem ver um criado sequer. Quando voltava suas coisas já estavam arrumadas, com todos os papéis do Conde, que ele precisaria, em cima da mesa. Almoçava, igulamente sozinho, e quando voltava da caminhada, e saía do banho, seu jantar já esperava na saleta, sendo que ele nunca ouvia o ruído de ninguém.
O próprio Conde, aparecia muito pouco, e Harry ficava grato por isso. Não sabia se gostava muito dele. Nas poucas vezes em que aparecia, era para avisar Harry, que os dois jantariam juntos na sala de jantar, para conversar sobre sua riquesa e seus investimentos.
Mas, sempre, no final de todas as refeições, o Conde fazia alguma pergunta, para Harry, sobre sua vida, e principalmente sobre sua noiva. O rapaz já começara a ficar com um pouco de ciúmes. Mas, estando Hermione muito longe dali, não tinha com o que se preocupar.
Mas, uma coisa o incomodava realmente. As três mulheres. Depois de sua primeira noite no castelo, elas simplesmente sumiram. Harry não via vida, naquele castelo, tirando ele mesmo, e o Conde. Por isso, sentia-se muito sozinho, e cada vez mais, sentia falta das três.
Uma noite, quando já fazia uma semana desde o último jantar com o Conde, Harry não agüentou. Pôs um sobretudo e uma calça por cima da roupa de dormir, e resolveu que ia encontrar Parvati, Cho e Luna.
Silenciosamente, pegou um candelabro, e um canivete, só para se sentir mais seguro, e abriu a porta vagarosamente, esperando qe ninguém a ouvisse rangindo. Olhou o corredor, apenas a luz da lua migüante, muito fraca, o iluminava, deserto e silêncioso.
Harry respirou fundo, saiu, e fechou a porta. Por que será que o Conde não queria que ele saísse, do quarto depois que anoitecesse? O que poderia haver de tão horrível?
Continuou andando, sem ouvir nada. Então sentiu uma arrepio. Parecia que os olhos das pinturas o seguiam. Então, lembrou-se de alguém falando, numa época que parecia à muito tempo: “Lá há toda a espécie de feras, prontas para morde-lo na jugular, e sugar todo o seu sangue”..Já estava começando a voltar para seu quarto, quando ouviu uma voz cantando. Parou. A voz era tão bonita e inebriante, que Harry resolveu descobrir de quem era. Talvez fosse de uma das três mulheres.
Andou por três corredores, e parou em frente à uma enorme tapeçaria, no final, que retratava um campo de batalha. A voz parecia que saía da lá.
_Isso está muito esquisito. Melhor voltar.- Harry murmurou.
Mas, estava tão fascinado pela voz, que não consegiu se encontrolar, e afastou a tapeçaria, que revelou uma porta de madeira. Cada vez mais surpreso e curioso, Harry abriu a porta, e viu que esta dava em uma escada de pedras, muito comprida.
_Seja o que Deus quiser.- murmurou, antes de começar a descer as escadas.
Desceu pelo que pareceu, até o subsolo do castelo. Já não sentia frio ou medo, aquilo estava enlouquecendo-o. Precisava descobrir quem cantava. Finalmente parou. Ali, no final da longuíssima escada, só havia uma porta. Estendeu a mão para abri-la, mas antes que pudesse faze-lo, a porta se abriu, a voz vinha de lá de dentro. Mesmo sentindo-se um coelho, prestes a entrar na toca da raposa, Harry entrou. E quando o fez, a voz parou, e a porta fechou-se.
Assustado, olhou em volta, mas não viu ninguém. Só alguns móveis, e uma pintura muito grande, no fundo do aposento. Segurando com muita força seu candelabro, e tremendo dos pés a cabeça, se aproximou do quadro. Quando viu o que ele retratava, deixou cair o objeto.
Ali estava, em trajes medievais, o Conde, segurando a mão de sua noiva Hermione. Os dois sorriam radiantes. Tremendo cada vez mais, ele se aproximou, tentando ver na penumbra, as velas nas paredes, pouco iluminavam. Forçou a vista. Não havia dúvidas que aquela era Hermione e o Conde, embora este estivesse diferente. Estava sorrindo, feliz, e não parecia sombrio, nem assustador. Apenas um jovem apaixonado.
Procurou o nome do pintor, para tentar entender, o que os dois estavam fazendo ali, juntos e vestidos daquela maneira. Então, sentiu seu coração pulsar com muita força, e uma coisa terrívelmente amarga, em sua garganta, se espalhando em seu corpo. Caiu sentado. No canto, em baixo do artista, estava a data: 14-04-1188.
A respiração falhando, Harry levantou-se em um salto, e começou a correr disparado para a porta. Mas, antes que chegasse lá, bateu em alguma coisa, e foi jogado ao chão novamente. Olhou para cima, desesperado. Era o Conde.
_Olá, senhor Potter. Estava esperando-o.- Harry não conseguia falar, então, viu que ao lado do Conde, estavam Parvati, Cho e Luna, o olhando vorazmente.- Sabia que o senhor não resestiria à voz dessas três lindas damas.
_O que está contecendo?- Harry conseguiu encontrar voz, sabe-se lá onde.- O que o senhor faz com minha noiva naquela pintura?
Então o Conde riu, e o sangue de Harry pareceu congelar nas veias.
_Sua noiva!- o Conde exclamou, parecendo enlouquecido.- Deixe-me contar-lhe uma história, senhor Potter. Talvez assim o senhor corrija sua frase. À mais ou menos 700 anos, dois jovens nobres se apaixonaram em um baile de máscaras. Foi paixão à primeira vista, sabe? Como se se conhecessem à muito tempo. E acabaram ficando noivos.
“Só que vieram as cruzadas, e o jovem teve que ir, era muito católico, e queria lutar pelo que acreditava, embora seu coração estivesse esmigalhado, com a idéia de deixa-la. E na partida, ele negou-lhe o beijo, que ela pedira, dizendo que voltaria, a qualquer custo. E ele o fez. Enfrentou as piores coisas, nunca tirando-a da cabeça, apenas isso lhe dava forças.
Mas, quando voltou, soube que o inimigo havia feito uma armadilha, que resultou no suícidio da amada. Cego de ódio, ele culpou e desafiou Deus, que deu-lhe um castigo. O pior de todos castigos que poderia dar naquele momento.
O jovem transformou-se em um ser amaldiçoado, que só poderia andar nas sombras e se alimentar de sangue. Deu-lhe asas também, e uma vida imortal. Uma maldita vida imortal, para que nunca mais, pudesse vê-la! ”
O queixo de Harry caíra. Aquelas pessoas só poderiam ser loucas. Que maluquisse era aquela de vida imortal? Mas, e o quadro? Mesmo assim, sobreviver de sangue, era muita doidera na sua opinião. Eles precisavam de um médic... então, uma voz apareceu pela segunda vez, em seus ouvidos: “Lá há toda a espécie de feras, prontas para morde-lo na jugular, e sugar todo o seu sangue. Cruzes e alho é tudo que pode afugentá-los.”
Começou a procurar desesperado, pela cruz em seu pescoço. Então lembrou-se de tê-la tirado para tomar banho.
_Vejo que entendeu, senhor Potter. Ah, e obrigado, por finalmente me ajudar a achar minha noiva.- e o Conde sorriu maldosamente, então, anunciou - Meninas, estou partindo hoje à noite.
_Ah...!!!- as três lamentaram.
_E vai demorar?- Parvati perguntou, parecendo muito triste.
_Um pouco. Vou buscar minha Hermione, para ficar conosco, durante toda a eternidade.
Então, Harry sentiu a raiva subindo até sua cabeça, e ficando de pé, gritou:
_Não vai não, por que eu não vou deixar!
O Conde caiu na risada, e virou-se ameaçador para Harry, que nem assim teve medo.
_Eu demorei muito tempo para encontra-la. E não é você, que vai tira-la novamente de mim. Ninguém vai nos separar dessa vez, ninguém!- então, respirando com força, para retomar a calma, virou-se para as três mulheres.- Vocês podem ficar com ele, arranjarei outro contador.
_Muito obrigada, mestre!- as três agradeceram derretidas.
O Conde começou a andar para a porta, Harry começou a correr para impedi-lo, mas como um raio, as três entraram em sua frente.
_Acho que não, agora você é nosso.- Parvati sorriu maliciosa.
_Totalmente nosso.- Cho acrescentou, Luna apenas passou a língua nos lábios.
A porta se fechou com um batida, e Harry deviou seus olhos para essa, quando voltou a olhar as três mulheres, suas pernas bamberam, e ele começou a tremer. Elas o encaravam com os olhos vermelhos, e com os caninos alongados, prontos para uma mordida.

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