Chuva de Verdades



SCOTLAND


O que Draco jamais pensou, é que um dia poderia vir a render-se ao mesmo fascínio de Gina que tanto atraíra outros. Estupidamente deixou-se capturar pelo excesso de paixão. A ruiva tinha estado com ele todo o tempo, ela o estava conhecendo cada vez mais, tinha ciência de seus jogos e ele sabia que tudo aquilo que sentiam, não iria permanecer por ali, iria passar além de meros encontros casuais. O amor era algo que a ruiva e a morena o haviam ensinado.

Não foi fácil para ele assumir seus sentimentos por Gina. Descobrira tudo uns meses depois de começar o namoro com Hermione. Foram meses de negação, enquanto sua alma ardia ao simples brilho no olhar da ruiva. Até que não teve mais como fugir de uma realidade que estava estampada diante dos seus olhos, e só não conseguia vê-la, como também amava essa realidade. E mesmo assim, mesmo conhecendo o sentimento que abrigava em seu peito, demorou a declará-lo.

_Casa comigo? –pergunta uma voz era pouco mais que um sussurro, um fôlego suave, como o ronronar de um felino.
O perfume que ela exalava penetrava em seu íntimo, entorpecendo ainda mais sua mente.

_Sim. –sussurra completamente imersa pelas sensações.

Os lábios muito próximos aos dela e seu corpo inteiro ardendo em chamas fúlgidas, clamando para saciar um desejo que permanecera adormecido por meses incontáveis e que agora mostrava-se fora de qualquer controle que um dia pudera ter exercido sobre ele.

Pôde sentir Gina estremecer levemente sob o toque de seus dedos, a respiração morna como uma carícia. Mesmo sem tocá-la, sua mente imaginava o gosto doce dos lábios macios, fazendo com que seus próprios lábios tremessem em antecipação. O sangue corria desvairado por seu corpo, e não soube explicar como ou quando aconteceu, mas subitamente se viu sentindo a extensão do corpo colado ao seu. Os seios lisos roçando seu peito, as coxas femininas tocando as suas em um contraste perante a delicadeza dela e os seus músculos firmes, os quadris sensualmente pousados sobre os seus, fazendo-o mais consciente de sua excitação crescente.
O ronronar suave do zíper sendo aberto foi abafado por um gemido dela ao sentir as mãos de Draco subitamente em sua coxa, massajando-a com sensualidade e provocando um prazer que quase a levou ao delírio.
A calça escorregou livremente até o chão, no mesmo ritmo que a água da chuva lá fora desabava do céu carregado de nuvens espessas.

_Eu te amo!
Ela o calou com os lábios, recusando-se a interromper um momento daqueles com qualquer palavra. Para o que estavam a fazer não precisavam de palavras, convenções ou regras. Seus corpos falavam por eles, e ambos sabiam já terem ultrapassado o ponto sem volta.

Podia sentir as pernas amolecendo enquanto o corpo estremecia em espasmos simultâneos aos de Gina. Ela não sabia ao certo se ‘gritava’ ou ria, decidindo-se por cravar os dentes nos ombros firmes do loiro, enquanto se segurava a ele com mais força, dançando em um compasso que apenas eles conheciam.

Então iniciaram mais uma vez, alcançando o prazer sublime uma vez após a outra até que seus corpos não mais conseguissem se mover.
Por fim ele rolou em cima da cama deitando ao lado dela, virou-se e a viu estendida, pensando sabia lá ele no que, talvez nos sentimentos turbulentos com as feições relaxadas e os olhos fechados. Ela era muito bonita, mas não fora a beleza da ruiva que o encantava. Era todo o conjunto, toda a gama de experiências vivenciadas pelos dois e que acabaram por construir entre eles algo mais forte do que aceitavam admitir.

_Voltamos hoje a tarde? –pergunta ela.

_Não me apetece. Minha vontade é ficar aqui para sempre com você.

_Também eu, mas só fico descansada quando contar tudo a Hermione.

_Eu vou fazer isso, assim que chegar vou a casa dela. Só espero que ela não se sinta magoada. –diz fitando os olhos dela.

_Se ele te amar não vai sentir-se magoada. –fala vagamente. Sabia que a morena não amava Draco, pelo menos até ao ponto de se casar com ele. O que mais a preocupava era que a amiga podia sentir-se vulnerada e mais uma vez traída, mesmo sendo uma traição diferente daquele que havia acontecido a cinco anos atrás.

Notando a inquietação dela, Draco beijou-lhe o rosto e esta chegou-se perto ele, deixando-se adormecer sobre o peito dele.


***************************LONDRES

Hermione escutou alguém tocando a campainha e desceu para abrir. Deparou-se com o loiro à sua frente. Mandou-o entrar. Olhou os olhos azuis acinzentados e o que viu a encheu de uma angústia ainda maior. Aqueles olhos reflectiam a dor, angústia e vergonha que pesavam sobre a alma do loiro.
Sentaram-se na sala. A morena não sabia como iniciar o diálogo.

_Draco… _ a voz dela, repleta de preocupação fez com que ele desejasse desaparecer. Os olhos castanhos dela esquadrinhavam os seus, fazendo-o baixá-los envergonhado. Era como se a Hermione pudesse desnudar sua alma, e a inocência que via no olhar da mulher, apenas o lembrava de sua própria perfídia.

_O que está acontecendo?

_Hermione eu…

Ele calou-se mais uma vez. Como falar? Como dizer a uma pessoa doce e gentil como ela, a traição que lhe fizera? Como rasgar sua alma e derramá-la diante de uma pessoa que só lhe trouxera felicidade, sabendo que suas palavras a devastariam muito mais do que uma estocada de uma lâmina.

_Eu…_tentou o loiro mais uma vez.

Ela entendia-o, ele queria contar-lhe algo, algo importante e não conseguia, o mesmo estava acontecendo com ela. Ainda não tinha coragem de despejar que o insidiara. Pôde perceber os olhos dele se fechando, em busca de coragem. Gostaria de falar algo que facilitasse para Draco abrir seu coração, mas decidiu permanecer em silêncio. Se o interrompesse agora, talvez ele não continuasse, por isso preferiu segurar a própria ansiedade e dar tempo para ele encontrar forças em si mesmo e expor sua aflição.

_Hermione...você sabe o quanto é importante para mim?

_Sim, eu sei. _ respondeu com um sorriso.

_E sabe também..._ ele estava vacilante, ainda com medo de falar o que realmente o preocupava. _...que eu jamais iria querer magoá-la, ou fazê-la sofrer de jeito algum, não é?

_Sim, Draco, eu sei exatamente como você se sente.

_Não, você não tem como saber.

_O que quer dizer com isso? _ uma interrogação desconfiada passou pelo rosto dela.

Ele respirou fundo mais uma vez, criando coragem para falar. Ela merecia a verdade...toda a verdade.

_Eu jamais deixei de te ‘amar’, Hermione, mas...mas...

Ela pôde perceber as pequenas lágrimas que brotavam dos olhos dele, rolando por sua face assim como deveriam estar rolando em seu coração. Tudo era tão claro agora. Como eles puderam não ter visto isso antes?

_Nessas semanas…Enquanto estivemos longe um do outro, aliais sempre estivemos distante um do outro, eu..eu...

_Você se apaixonou por outra pessoa, Draco?
Os olhos dele abriram-se em espanto.

_Sim...eu imaginava._ disse ela melancolicamente.

_Mas...o que te fez pensar que..._ perguntou ele, confuso.

Ela virou as costas para ele, tentando controlar o tremor na própria voz, dominar as emoções e as verdades que revolviam furiosamente em seu íntimo.

_Eu não sei como, eu apenas...soube.
Voltaria a ver o sorriso da morena? Voltaria a receber o olhar carinhoso da mulher a quem cedera a alma, apenas para depois tomá-la de volta? A ideia de uma vida sem a presença dela o amedrontava.

_Hermione, eu...não queria...nunca quis. Eu nunca menti à você. Todo o amor que eu sentia, continua intocado, porém transformou-se em amizade, e só...quando eu notei, outra pessoa já havia penetrado em meu ser e eu não consegui lutar contra.

_Quem é ela?

_Isso realmente importa?

_Sim, importa.
Ele hesitou um instante, dizendo por fim o nome de Gina. Hermione abriu os olhos pasmo.

_Gina? Então toda a viajem…Eu não, nunca pensei...eu achava que ela...

_Eu jamais pensei em me apaixonar por ela. Tampouco ela tentava me conquistar, mesmo nunca tendo esquecido o que eu sentia em relação a você. Acho que... ela te considera demais, Hermione. A verdade é que Gina te ama como a uma irmã, e jamais faria algo deliberadamente para te magoar.

_Foi algo inevitável. Acho que desde o início fui eu quem me coloquei no meio de vocês. _ não havia raiva na voz dela, e mesmo os olhos haviam substituído a confusão por compreensão e aceitação.

_ Não. _Ele pegou as mãos dela entre as dele. _Você foi um sopro de alegria em nossas vidas. Antes de te conhecer eu não sabia o que era a verdadeira amizade e o significado de companheirismo. Eu era um arrogante e egoísta que só enxergava o meu próprio objetivo e que passaria por cima de quem quer que fosse necessário para alcançá-lo. Você me ensinou a maior de todas as lições: a amar. E mesmo que passem mil anos, eu jamais irei te esquecer, Hermione. Eu admiro e honro toda a sua compreensão. Espero que encontre alguém que te faça verdadeiramente feliz como merece.

_Eh, eu já encontrei, mas o perdi.

_Lamento...

_Não foi você. É alguém a quem chamo de admirador.
Ele franziu o cenho. Então Hermione viu-se obrigada a relatar toda a história.

_Ele não mereceu uma mulher como você.

Fitaram-se. A verdade toda já estava dita. Seus corações estavam bastante mais aliviados. Em um impulso abraçaram-se. O loiro acariciou os cabelos castanhos em busca de conforto para ambos. Permaneceram abraçados, no mais completo silêncio, por um longo tempo. Gentilmente soltou-se dos braços dele.

_A sua felicidade não está ao meu lado. Você e Gina nasceram para estarem juntos. Ela te entende, te aceita e morreria por você se assim quisesse.

_Hermione…
Ela sorriu delicadamente.

_O que tivemos foi especial e eu jamais esquecerei. Nenhum de nós esquecerá. A amizade é algo que não se perde, e o nosso estará sempre vivo em nossos corações e nossas lembranças. Mas nossa separação era inevitável.

Ele abaixou a cabeça.
_Não Draco, a culpa não é sua. Eu te conheço, sei que não faria nada que me magoasse. Mas esta é a sua felicidade e não deve se culpar por estar correndo em busca dela. Você e a Gina são perfeitos. Só não se esqueça de me convidar para madrinha do casamento. _fala sorrindo com alegria pela primeira vez depois de tanto tempo.

NO FINAL DA TARDE

A ruiva chegou a casa de Draco e encontrou este vendo tv.
_Oi. - cumprimenta ela dando um selinho. _Então? –pergunta sem conseguir ocultar a sua ansiedade.

_Falei com Hermione e contei-lhe tudo.

_E ela? Como reagiu? –pergunta meia receosa de perder a amiga.

_ Como apenas ela poderia reagir. Como um anjo inocente que nos abençoou e amou ainda mais a ideia. E disse que quer sair madrinha do nosso casamento.

A ruiva sorriu, pensando na amiga. Hermione sempre seria Hermione, uma pessoa adorável que abdicaria do que fosse preciso desde que pudesse levar alguém a completa felicidade.
Sentiu os braços do loiro envolvendo-a, e recostou a cabeça no peito dele. Ainda era difícil acreditar que ele estava ali, com ela, dizendo que a amava depois de tudo aquilo.
Ele apoiou o queixo na cabeça de Gina, aconchegando-a mais em seus braços. Nem em seus mais loucos sonhos teria imaginado que encontraria a felicidade ao lado da mulher com quem ‘crescera’ e que o atormentara com sua paixão infantil. Mas agora não conseguia imaginar lugar melhor para estar do que nos braços daquela que o amara por toda a vida e que finalmente o fizera compreender que sempre tivera tudo o que quisera bem perto, mas que fora incapaz de enxergar por tanto tempo, que quase a perdera.
O loiro pensou mais uma vez na morena, adorava como uma irmã, ela ensinara-o a viver, o verdadeiro significado da palavra amor e da generosidade e enfim, a encontrar o verdadeiro Draco Malfoy dentro de si.


*******************************************

A música enchia o ambiente, como se pudesse demonstrar por si só todos os conflitos que passavam pelo coração da jovem morena. Ela gostaria de saber de quem fora a ideia de permitir que o ser humano crescesse. Tudo é tão mais fácil quando se é criança, todos os sentimentos bem definidos. Amor ou ódio, alegria ou tristeza. Agora tudo estava sempre coexistindo, o que lhe deixava bastante revoltada. Pegou no diário e sentou-se em cima da cama:

Não sei se já te contei, mas gosto de escrever em dias chuvosos, com a água simulando uma suave canção de embalar ao escorrer mansamente pela telha. Não sei porque, mas meu poder de concentração torna-se maior. As palavras, frases, sentenças alinham-se com maior facilidade e coerências.

As últimas semanas foram uma espécie de deserto. Não li nada, não te escrevi, não tive fome nem sono, fiquei sem vontade de fazer o que quer que fosse, não consegui ter uma conversa decente com ninguém. A única coisa que fiz de jeito essa semana foi redecorar meu quarto_ ficou todo branco e azul (as cortinas, as paredes, os tapetes…).
Deixei um espaço no meio do quarto e pintei uma estrela-lua, metade dela é estrela e a outra metade é lua. Ficou tão linda! E fui eu quem a imaginei.
Me sento nela quando tudo me enjoa, tudo me cansa, tudo me despedaça os pulmões tão frágeis de respirar o ar, de engolir as palavras, de engolir tudo.
Bom… voltei a pensar seriamente se devia ou não continuar com isso. Escrever para algo abstrato é completamente macabro, mas…por mais que queira não consigo desligar-me assim tão facilmente daquelas memórias e como ninguém sabe que escrevo diário, não me poderiam chamar de doida, certo?

Está manhã acordei com uma forte dor de cabeça, passei noite toda tendo pesadelos e tive de telefonar à minha mãe para que me trouxesse alguns comprimidos, caso contrário acho que enlouquecerei. A noite passada devo ter dormido, no máximo, quatro horas. Assim não dá! Eu me esforço tanto para não pensar naquilo, mas simplesmente não dá. Está tudo tão presente nas minhas lembranças, tão vivo! É como se tudo tivesse acontecido ontem. Mas não se pode voltar atrás. Estive pensando muito em alguma coisa divertida para fazer, mas não consegui, então dirigi-me a umas das minhas estantes de livros, tenho um carinho especial por todas elas, considero-as o maior tesouro que possuo.
Peguei um de romance e pus-me a ler, coisa que tenho deixado de fazer, em vez disso passava horas relendo as cartas do…você sabe quem.

A seguir ao almoço, fui à livraria e comprei um monte de papel brancas soltas, o que no fundo resumo toda a minha vida, sem nada pra fazer, escrevinhei as primeiras palavras que me vieram a mente, e elas ficaram como título: ‘Reflexo do Nosso Amor’. O porquê desse título?
Nem eu sei bem…Talvez porque essas folhas brancas reflectirem tudo o que tem acontecido.
Surgiu no momento e pronto. No final da tarde os meus pais apareceram por cá, trazendo os comprimidos e aproveitamos para lanchar juntos, como a muito não fazíamos, estivemos conversando, eles adoram dessa última coisa, acho que dá-lhes satisfação saber da minha vida, das novas propostas, do mundo da magia...converso de tudo isso, menos dos namoros, assunto que para eles é essencial na fase em que estou. Para me alegrar minha mãe segurou minha mão e começou a dançar uma espécie de valsa arrastando-me com ela pelo salão.
Foram-se embora e confesso que até me senti mais aliviada, pelo rumo da conversa eles poderiam chegar a ponto me perguntar se estou pensando em casamento…Aff…
Assusta-me ver os outros amando demasiado alguém, amá-lo tanto que estejam ficando dependente desesperadamente de cada pedacinho de pele do outro. Assusta pensar que existem pessoas assim. E melhor admiro tanto quando as relações duram, o segredo deles, interessante.

_Se não for hoje, também não será amanha nem depois, porque depois disso, eu irei te implorar que nunca mais volte aqui.
O admirador parou, observou-a, um relâmpago se deu e viu a seriedade na cara dela. Seria verdade?

_ Não diga adeus. Nunca tive jeito para despedidas.- diz sorrindo.

_Quando amanhecer, vou preencher o seu espaço com qualquer coisa que ainda não encontrei, pois eu não sei deixar as coisas passar, voar. Porque preciso de deixar de acreditar que amanhã o sol realmente vai nascer para nós...

_Falamos depois.- diz antes de lançar um ultimo olhar a morena e abrir a porta.


Será que deixei a palavra libertar-se vagamente dos meus lábios como uma sentença proferida demasiado cedo?
Foi um amor com sabor de saudades e despedidas. A saudade que sempre queremos saciar, a despedida que queremos sempre adiar…
Ele me deu as costas, deve continuar achando que está tudo bem. Mas eu não consigo fingir que está tudo bem porque a verdade é que não está.

Mudando de assunto, Gina não tem aparecido cá em casa, telefonei para ela, talvez ela agora queira aproveitar a felicidade ao lado de Draco. Confesso que fiquei surpreendida com a minha própria atitude. Mas pra que insistir em algo sem futuro? Quem diria que eles poderiam alguma vez se entender. Fiquei muito contente por eles.

Olhou a tempestade através das enormes janelas da biblioteca. Pousou o caderno, levantou-se e saiu para o jardim debaixo da noite chuvosa. Estava chovendo em todo o seu esplendor, a escuridão era iluminada por trovões, o aroma de terra molhada invadiu seus sentidos, era um dia muito triste, melancólico para que não era capaz de enxergar com outros olhos aquela ‘beleza’. Mas era esse tempo que ela tanto amava. Abriu os braços e ergueu a cabeça para mirar as gotas pesadas, lambeu os lábios úmidos e entreabriu a boca. O vento bailava na rua com as folhas.
E ficou ali... Parada, assistindo àquela invasão poderosa, sem qualquer vontade de resistir. Sentia-se profunda e sedativa, as lembranças tornavam-se mais longas, intensas, tensas.

Apreciava todos os tipos de chuva, desde as mansas, persistentes e contínuas, que demora horas consecutivas, em especial nos finais de semana, até as mais fortes, que demonstravam a força da Natureza.
Abriu os olhos e mirou as pessoas atravessando, apressadas, com guarda-chuvas nas mãos, movimentando-se pelas avenidas da cidade. ‘O que será que lhes vai pela alma?’ Questionou-se. Talvez nada. Talvez muito. Talvez tudo...

Voltou a concentrar-se nas gotas e nas suas lembranças amargas. Ele tinha-a afastado, como se afasta uma tentação demasiado pecaminosa se tratasse.
Era demasiado terrível para ser verdade e no entanto ali estava ela. Completamente só. Brincando apenas com a chuva como se de uma menina se aplicasse. Esforçava-se, mas não podia negar ele era toda a sua vida... Ele era tudo o que precisava. Porém... estava só. Ele partiu para viver longe da sua urgência. E o que a mais magoava, aquilo que nunca poderia esquecer, era o facto dele não a ter amado ou pelo menos no momento crucial não o demonstrou e isso deixava-a com vontade de morrer. Desejara por tanto tempo tê-la ao seu lado que já não sabia mais qual era a sensação de ter o coração livre e plenamente feliz.
Sozinha debaixo do céu revoltado, gritou até deixar de ouvir a sua voz ecoando... Isso era demasiado injusto... Como viver se o nosso alimento é a mente e o amor do outro?
Quando a voz lhe ‘morreu’ na garganta deixou que as lágrimas lhe consumissem o rosto e lhe criassem uma expressão de sofrimento. Mais uma vez sua cabeça rodopiava, sentiu-se enjoada e deixou-se invadir pela febre, pelo vazio, pelo frio intenso que gelava os ossos...


*************************************
‘Porque não torturei seus lábios com beijos? Porque não acordei ao lado dela? E ela, que tinha sido meu como nenhuma outra...’
Pensa Harry enquanto se arrastava pelas ruas da cidade... Virou-lhe as costas. Não tinha dito ao menos um adeus. Nada... Mas ela era o seu pecado.
Sentia uma profunda falta da sua voz... Dos seus eternos porquês... Sentia-se vácuo...

‘Mas eu tenho um emprego, uma vida, um caminho, um destino.’, pensou ele em voz alta.
Subitamente... elas vieram. As lágrimas, invadiram-lhe o rosto, as mãos, a camisa, o peito... Tudo.
_Que me importa o emprego??? Ela não está ao meu lado._ gritou ele, completamente louco de ausência, tomado por uma obsessão súbita, não podia, não podia deixá-la... Ela era tudo para ele... Que se foda tudo...(N/a: Desculpem a expressão…:D) _HERMIONE, ONDE VOCÊ ESTÁ??? _o desespero tomava-o e gritava pelas ruas como um demente.

Correu, correu. Muito afadigado chegou ao jardim dela. Harry estava condenado a amá-la. Ela tinha de estar lá, estava chovendo, algo que apreciava imenso por isso tinha de estar na rua. Ela era parte dele.
Porque não tinha ele coragem de lhe dizer? Porquê? Porque era cobarde? Se nada mais importava...só o sorriso dela. Então viu, deitada no chão. As vestes brancas sujas e molhadas pela chuva.
Aproximou-se devagar com medo que ela se desvanecesse à sua frente. Ajoelhou-se e apoiou a cabeça dela sobre suas pernas. A fúria da Natureza à seu redor era testemunho
_Hermione?

Mas ela não o ouvia. Estava tão pálida...tão mortalmente descorada.
_Não me deixe. _ sussurrou-lhe ele e estreitou-a contra o peito enquanto a espalhava lágrimas pelo rosto da morena. _ Agora não... Eu sou o seu admirador, aquele idiota que passou anos escrevendo para você, aquele cobarde que não teve coragem de dizer as palavras certas nos instantes importantes... Mas agora estou aqui, ficarei aqui para sempre... Você é tudo, tudo o que desejo.

Ela entreabriu os lábios, molhou-os com a ponta da língua e num suspiro vago sorriu-lhe e tocou-lhe o rosto.

_ Então voltou, Harry? _ a pergunta exigia-lhe muito esforço.

_Sim…Eu amo-te... _murmurou ele junto dos seus lábios. _EU AMO-TE! _ vociferou ele desesperado. Não morra... não agora… _as lágrimas que lhe caíam pelo rosto, depositavam-se nos seios delineados pela transparecia da camisola.

_Não te vou deixar Harry, nunca. És tão belo... tão imperfeitamente labiríntico. _fala sorrindo. _ Quero que você se lembre de mim para sempre, que tenha algo meu, algo teu, algo...Não, eu não vou morrer, ainda não é desta, não é este o momento de partida, da despedida. _os dedos se mexiam para tentar expressar algo que os lábios não conseguiam. Por Deus, como a queria!

Mas era tarde. É sempre tarde. E ela deixou os olhos fecharem-se num último momento de ilusão. A vida de mágoa fora. Harry estava agora ao seu lado. Era o princípio do resto da sua nova vida.
O moreno segurou-a ao colo e entrou com ela para dentro de casa. Preparou um banho quente, lavou-a e mudou as suas vestes. Deitou na cama, abraçando-a a fim de afastar o frio ou qualquer espécie de sentimento negativo dela. Ia cuidar dela, ela estava continuando a respirar por ele. Mirou o rosto dela e notou as cores voltarem-lhe à sua pele e o calor emanando de seus corpo.
Mergulhados naquela ocasião, fecharam os olhos e adormeceram. Deixaram que a noite os levasse para além das mágoas, para uma nova vida, cheia de felicidades e novas emoções.


N/a: Oie!!mais uma vez desculpem pela demora, mas como essa fic é mt emocional tento ao máximo expor os sentimentos dela e isso por vezes revela-se dificil…mas e aí o que acharam?? E tive de meter Hermione muito mal, como se estivesse ‘morrendo’ por dentro, pra que Harry acordasse de vez e enxergasse o que realmente poderia perder caso ela morresse mesmo…E espero que tenham percebido o que ela tem??

2N/a: Aviso que só faltam mais dois capítulos para o fim da fic!!!

RESPOSTAS AOS COMENTS

Sy: oie….’brigada pelos elogios…eh, eu dou o máximo pra que os sentimentos fiquem profundos.bjs


Aghata: Atualizeiii!!e aí gostando???


Diana:oi!!vc chorou mesmo??nao sabia q essa fic já provocava essa reação nos leitores. Harry finalmente seguiu o conselho de Rony…e o que acha que mione tem?? bjs


Ana: oie!!pronto, harry já falou tudo e a partir de agora será diferente…bjs


Clarice: oi!!sim, entendi o quis dizer…nao acredito…10 diários? Hum…como escreve diários o que me dos sentimentos q mione expressa no dela?? Bjs


Luana: oie..ainda bem q esta gostando…e não precisa se explicar quando não deixa os seus coments grandinhos..ahahaha…bjs


Hermi: olá, tudo bem?? E gosto mt quando as pessas dizem que se estão a entender com os sentimentos da mione, é esse o objetivo da fic…brigada por comentar..bjs

Leaysa: oi!!fico contente por saber q esta fic aos poucos está conquistando leitores..e aí o que achou do capitulo??


__bjs a tds q leram e comentaram__

By: B_Jane_Potter


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