I- Coração deserto



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Capítulo I

Já fazia algum tempo que ele havia partido. Era difícil pensar que talvez fosse para sempre.
O que havia acontecido no casamento de Bill e Fleur fora algo tão mágico e romântico, Ginny estivera no céu durante aquela dança, talvez a última dança.*
Aquela lembrança, assim como todas dos últimos cinco anos, passavam diante de seus olhos como um filme.

O gostoso arrepio que percorria a espinha todas as vezes que Ginny lembrava-se dos lábios de Harry sobre os seus, vinha atormentá-la quando fechava os olhos.
Era a tristeza inundando o seu coração.
Os últimos dias haviam sido difíceis de se assimilar. Tudo acontecendo tão de pressa. Com Dumbledore morto, a paz no mundo bruxo se perdera de vez. As pessoas entraram em pânico.
Mas ninguém, ninguém estava tão tensa quanto ela.
Ginny já não suportava mais aquele nó na garganta. Embora estivesse morrendo de medo do que poderia acontecer a Harry, não era só com ele que se preocupava. Seu irmão e sua melhor amiga estavam em perigo também, e ela sem ação. Sentia falta dos conselhos de Hermione e até das brigas com Ron à mesa do jantar.
Seu coração afundava no peito todas as vezes que Molly se referia a eles com lágrimas nos olhos.

E nem mesmo à noite Ginny podia descansar.
Ao adormecer, ela ouvia sussurros, os conhecidos sussurros de voz gélida que a aterrorizavam há anos.
Sussurros ofídicos penetrando suavemente pelos ouvidos e deslizando pelo corpo como uma espécie de pasta gelada.
Era aquela sensação novamente. A lembrança de Riddle. A lembrança de Voldemort. Quase como sentimento real.
Ginny ainda se perguntava como pudera ser tão inocente. Acreditar em palavras que preenchiam o pergaminho de um diário misterioso e respondia a todas as suas perguntas. Fora realmente uma burrice!
Há muito tempo, ela tentava se esquecer de seus 11 anos, mas desde que Voldemort voltara, Ginny vivia aflita.

Pesadelos do rosto de Tom Riddle se formando em tinta preta sobre folhas de pergaminho a perseguiam desde o primeiro ano de escola.
A partir de seu terceiro ano em Hogwarts, quando a tragédia do torneio Tribruxo aconteceu, até os sonhos bons eram interrompidos por gargalhadas frias e secas.
Agora, porém, os pesadelos eram muito piores. Um deles, que se repetira várias vezes desde o mês anterior, poderia ser considerado o pior de todos.
Neste, ela se via correndo por um túnel de pedra. Sempre que chegava à luz, a imagem era a mesma. Harry. Sozinho. Cercado por um ninho cobras. Olhar parado e expressão vazia. Quando Ginny se aproximava para salvá-lo, um vulto preto passava a sua frente, impedindo que passasse. Ai ela acordava.

Hoje, o tempo lá fora não ajudava muito.
Era um dia quente e abafado. O sol se escondia por de trás das nuvens volumosas que cobriam todo o céu. Aquele mormaço só piorava seu ânimo. Talvez, se estivesse chovendo, sentiria-se um pouco mais confortável.
Ginny sentou-se no peitoril da janela aberta, encostou a cabeça na borda de madeira lateral e tornou a suspirar enquanto observava a paisagem lá fora.
As árvores balançavam levemente, quase em ritmo de dança, o gramado era aparado por tesouras de jardinagem e cortadores enfeitiçados. A água cristalina do pequeno lago, refletia o céu dormente e estrelinhas de luz dos pequenos raios de sol que traspassavam as nuvens.

Lembrou-se de algumas tardes de verão em que ela e os irmãos se refrescavam nas águas do lago, e sorriu. Agora, ela era a única Weasley menor de idade, que não pertencia à Ordem e não estava lutando contra comensais por ai.
Nos últimos dias ela dividia a casa com uma Molly preocupada, uma coruja velha, um vampiro e um mini-pufe sonolento. Era quase como estar sozinha.
Com mais um suspiro, ela endireitou a postura.
Manteve-se forte até ali, não iria desatar em prantos agora!

Buscando uma saída para aquela solidão, Ginny se levantou e percorreu o quarto com o olhar. Em uma almofada remendada, havia uma bolinha de pêlos roxa se estufando e encolhendo lentamente. Era Arnold soltando roncos abafados. Ginny sorriu para ele, como quem vê um bebê adormecido, e sentou-se na cama.
Foi ai que encontrou dois olhinhos castanhos em contraste com longas mechas de cabelo ruivo. A menina de fase pálida, pontilhada delicadamente por sardas que se estendiam por quase todo lado, observava-a com uma expressão triste e abatida.
Logo se via que a garota estava sofrendo.
Escondia-se em roupas escuras, largas e confortáveis, e parecia ter envelhecido anos em poucos dias.
Ginny só sentiu-se pior quando viu seu reflexo no espelho da cômoda. Já não se reconhecia mais.
Largou-se na cama e observou o teto de madeira gasta.
- Quanto tempo mais eu vou agüentar isso?

Era uma das perguntas que se debatiam em sua cabeça.
Quanto tempo teria de esperar? Aonde estariam Harry, Ron e Hermione agora? Harry estaria esperando uma oportunidade para escrever? Estaria triste? Sentia sua falta? Estaria vivo?
Só de pensar em coisas horríveis assim, ela já se sentia perturbada.

Ginny ouviu batidas à porta do quarto. Despertando daquele breve devaneio, o mais rápido que pôde, ela se recompôs e forçou um sorrisinho simpático.
- Entre! – exclamou ela em voz um pouco mais elevada.

A porta se abriu lentamente, com um ruído alto e incômodo. Molly surgiu aos poucos pela fresta de abertura que se estendia. Usava as típicas vestes verde-escuras, meio remendadas, e um poncho três tons acima. Os cabelos curtos, tão ruivo-intensos quanto os de Ginny, os olhinhos de botão meio avermelhados (talvez estivesse chorando a pouco, pensou Ginny) e um sorriso um tanto preocupante.
- Ginny, querida. – disse ela com a voz rouca. – Tem uma visita para você.


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*descubra o que aconteceu no casamento de Bill e Fleur na fanfic: "Quando o Mundo Pára", da Le Wons . link: http://www.floreioseborroes.com.br/menufic.php?id=12989



N/A: O 1ºcap ta curtinho, mas é só pra começar mesmo. Já tenho tudo programado para o 2º e espero postar em breve!
Tomara que tenham gostado!
Só vão entender mesmo se visitarem a fanfic de Le.
Acreditem em mim: Vocês não vão se arrepender!!

Le, devo essa fic à você, que escreveu a short que me inspirou!!
Léli, estou esperando aquela sua fic R/H, ansiosa demais!!

Beijos e muitíssimo obrigada pelos comentários!!



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