capítulo único



Ela não o culpava por pensar assim, mas era impossível concordar com tal decisão.
Não existia felicidade enquanto estavam distantes, e como ele podia pensar que assim era melhor?
Os cabelos sem vida, os olhos caídos e a voz rouca não ocultavam nem um pouco o sofrimento que se alojara em seu ser.
Ela isolara-se no quarto de hotel que alugara em Hogsmead, angustiada demais para cumprir seu plantão em Hogwarts, ela trocara de turno.
Sentada ao lado da janela, os olhos marejados, Tonks fazia uma oração silenciosa, temendo o que poderia acontecer a Remus em uma noite como aquela.
Lá no alto ela brilhava, imponente e inevitável, um brilho sinistro que fazia estremecer.
Um sentimento estranho nascera dentro de Tonks, da combinação de angústia e medo, ao pousar o olhar sobre a grande vilã da noite... a lua cheia.

Tonks não podia conter tal sensação, ela tomava conta de seus sentidos e consciência, tornava fatal qualquer relembrar, enregelava seus movimentos e atormentava seu coração. Um coração antes tão puro e alegre, hoje transbordando de infelicidade e solidão.
Toda aquela tristeza escorria por seu rosto em forma de lágrimas.Tudo que lhe restava desse amor eram lembranças, e estas, embora felizes, somente serviam para lhe tornar ainda mais frágil.

Era incrível como o mundo resolvera despencar sobre ela de uma só vez. A morte de Sirius era um dos motivos de sua tristeza, pois tivera tão pouco tempo de convivência com o primo, e nesse meio tempo tornaram-se tão amigos. Eram tantas as semelhanças entre eles, pois, apesar de Azkaban tê-lo afetado terrivelmente, ainda restaram características que Sirius nunca deixaria de ter.

Era difícil pensar nele também, fazia muita falta, e quem sabe, não viria a animá-la em um momento como aquele?
Sirius fora o responsável por aproximá-la de Lupin. Era incrível como ele sempre arranjava uma desculpa para deixá-los a sos, vivia dando indiretas e talvez fosse o único que conseguiria fazer Remus mudar de opinião.

Remus Lupin, o principal responsável por tudo de bom que acontecera na vida de Tonks nos últimos tempos. Sempre gentil e atencioso, doce de uma maneira incomum, ele a ajudara a superar seus medos, lhe ensinara a ser mais cautelosa e tornava qualquer momento extremamente agradável.Tudo em Remus a encantava, a voz calma, a delicadeza com que a tratava, a mania de passar a mão sobre os cabelos castanho-claros quando estava constrangido, os olhos e especialmente o sorriso. Um sorriso tímido que aparecia em seu rosto quando Tonks, acidentalmente derrubava alguma coisa, o que era muito comum na presença dele.

Apesar da casa dos Black não ser um lugar nada agradável, fora lá que ela conhecera aquelas pessoas maravilhosas. Molly e Arthur, que cuidavam dela como a uma filha, as meninas, Ginny e Hermione, das quais se tornara tão amiga, os Weasleys, que alegravam a casa, Harry que também era um garoto muito legal, Sirius, todos os membros da Ordem e, é claro, Lupin.

Ela se recordava claramente do dia em que entrou pela primeira vez no Largo Grimmauld. Estava ansiosa para começar, mal podia conter a empolgação. Tonks tinha certeza de que jamais esqueceria esse momento, quando Remus abriu a porta e ela o vira pela primeira vez. Mas, desastrada como era, Tonks escorregou no primeiro degrau e só não caiu de cara no chão porque Lupin a segurou pelo braço.

Foram pouquíssimos segundos os que passaram a se olhar, mas bastou esse pequeno instante para que ela percebesse o quanto ele era especial.
Não importava o quanto Remus insistisse que ela não deveria amá-lo, não importava a distância entre eles, Remus sempre estaria em seu coração. A voz serena sempre estaria gravada em seus ouvidos, assim como as palavras doces que ele dissera nunca seriam apagadas de sua memória.
As lágrimas ainda escorrendo pelo rosto, Tonks agora sorria, ao lembrar-se dos momentos que dividiram, ao lembrar de poucos dias atrás, quando as palavras mais difíceis de se dizer quando se está apaixonada, escaparam de sua boca, e ela nunca se arrependeria de tê-las dito.



*+*+*Inicio do Flash-Back*+*+*

– Já conversamos sobre isso, você não pode ir, é muito perigoso!
– Exatamente, é perigoso demais, você não vai sozinho!
Tonks e Lupin discutiam no jardim da Toca. Remus recebera a tarefa de espionar os lobisomens de Greyback, mas primeiro deveria ser aceito entre eles, e, como Tonks temia que eles não o aceitassem por saberem que ele passara tanto tempo entre os bruxos, ela estava decidida a ir junto, para o caso de ele precisar de ajuda. Tonks já tinha tudo em mente, ficaria escondida por entre as árvores, era ótima nisso.
– Eu sei me cuidar, vou ficar bem! Estarei lidando com gente igual a mim, você não precisa...
– Gente igual a você? – interrompeu Tonks se colocando de frente para Remus– Eles são... você não é como eles, Remus!
– Você sabe do que estou falando. – completou Lupin.
– Não é por que você também é um lobisomem que deve se comparar a eles. – contrapôs Tonks.
Inesperadamente Lupin sorriu, e aquele sorriso, tão espontâneo, tão doce, fez Tonks ter vontade de sorrir também.
– Você fala como se isso fosse uma coisa comum. –disse Remus ainda sorrindo levemente.
– E quem seria eu pra dizer o que é comum? – indagou Tonks também um pouco sorridente.
Naquele momento ambos ficaram sem fala, apenas um contemplando o sorriso do outro. Mas logo Lupin voltou a falar.
– Por que você insiste em ir comigo? –perguntou ele, mas não estava tão sério, parecia que a pergunta apenas mataria sua curiosidade.
– Ora, porque é perigoso! – respondeu Tonks com simplicidade. Mas ao responder lhe veio a mente uma pergunta muito apropriada para a situação.
–Ou você acha que eu só iria atrapalhar?
– Claro que não! – apressou-se Remus – Escute, – disse ele agora muito sério
–você não vai e ponto! Não vai correr perigo por minha causa!
– Mas eu não me importo em correr perigo! – interpôs Tonks, decidida a fazê-lo aceitar, ela segurou-o pela manga das vestes – Não vou deixar você sozinho numa missão dessas, se lhe acontecer alguma coisa eu... eu... – mas ela havia perdido as palavras, não consegui prosseguir.
Lupin a observava, certamente aguardando o resto da frase. Tonks estava realmente constrangida, soltou as vestes de Remus, desviou o olhar e começou a observar o gramado a seu redor como se nele fosse encontrar as palavras que procurava.
– Acho que não vale a pena discutir isso! – disse Remus quebrando o
silêncio. – Eu preciso ir.
– Não! – brandiu ela tornando a puxá-lo para perto de si.
Tonks agora já não se importava em segurar as palavras, precisavam ser ditas, ou talvez nunca mais tivesse uma oportunidade! Ela reuniu coragem e olhou diretamente naqueles olhos cor de âmbar, perdeu-se por alguns segundos na profundeza daquele olhar, que lhe transmitia uma certeza e um conforto imenso.
– Não, não vou deixar você ir sozinho, não posso!
– Por quê? – perguntou Lupin, por mais que ela tivesse certeza de que ele sabia a resposta.
– Porque... porque eu te amo!
Lupin a observou, parecia surpreso, e ao mesmo tempo feliz. Por mais que todos já soubessem, por mais que várias e várias vezes eles tivessem mostrado um ao outro o que sentiam, nunca haviam dito aquelas palavras.
– Tonks... – disse ele, os olhos brilhando, segurando as mãos de Tonks carinhosamente. – isso é... verdade?
– Acho que nunca falei tão sério! – respondeu ela com um sorriso.
– Eu... nem posso acreditar que estou ouvindo isso!
– Por quê? – perguntou ela confusa.
– Acho que não preciso dizer. – respondeu ele corando.
– Mas eu gostaria muito de ouvir!
Lupin sorriu.
– Eu também te amo! – disse ele olhando-a nos olhos e passando uma das mãos por seu rosto.
Automaticamente eles foram se aproximando, o coração de Tonks parecia estar preste a explodir, seus olhos e os de Lupin foram se fechando lentamente e poucos segundos depois seus lábios se encostaram. Não era a primeira vez que se beijavam, mas fora o beijo mais carinhoso que ambos já haviam recebido, pois, agora, tinham certeza absoluta dos sentimentos um do outro e sentiam-se mais confiantes em relação ao o que sentiam.

*+*+* Fim do flash-Back *+* +*


Depois disso, Tonks fingiu concordar em não ir. Mas é claro que ela o seguiu. Não se arrependia disso, claro que não. Nunca teria se perdoado se o deixasse ir sem cobertura.
Tudo aconteceu tão perfeitamente. Estava tudo sob controle, no começo.
Lupin conversava com dois dos lobisomens de Greyback (em forma humana) e Tonks observava quieta do alto de uma árvore.
Ao lembrar-se do que fez, Tonks teve raiva de si mesma.
Como pode ser tão idiota?
Como teve a capacidade de cair da árvore?
Foram os momentos mais horríveis de sua vida. Bem na hora em que caiu no chão e os três a observaram, a lua cheia apareceu.
Tonks ficou paralisada.
A cena não lhe causava medo, mas preocupação. Ver Lupin se transformar fora uma experiência chocante. Era como se ela sentisse as dores dele, sofria ao vê-lo sofrer, queria ajudar e não podia.
Quando os lobisomens de Greyback terminaram o processo começaram a ir em sua direção.
Tonks saiu correndo desabalada pela floresta. Não conseguia se concentrar para desaparatar.
Um dos lobisomens a empurrou, e Tonks bateu a cabeça no galho de uma árvore.
Sua visão embasara, a única imagem de que se lembrava era a de um lobisomem lutando contra dois. Dois deles fugiram, o outro caiu no chão. Era Lupin.
Tonks desmaiou.
O que houve em seguida?
Uma conversa, uma discussão, uma última esperança... e uma despedida.


*+*+*Inicio do Flash-Back*+*+*

– Tonks! Tonks acorde, por favor! – Remus gritava desesperado, o rosto cheio de cortes e ferimentos.
Estavam em uma clareira coberta de neblina, Lupin acabara de voltar a si e deparou-se com Tonks caída aos pés de um grande carvalho. A única coisa de que se lembrava, vagamente, era de ter visto dois lobisomens da organização de Greeyback perseguindo-a, e de que ele tentava impedi-los de machucá-la e conseguira afastá-los bem em tempo. Depois viu uma claridade tomar conta do céu e a partir daí, já não se recordava de nada.
Agora ele a segurava nos braços tentando acordá-la
Tonks finalmente abriu os olhos, e a primeira imagem que vira, foi a de Remus com um sorriso aliviado.
–O que... aconteceu? – perguntou ela ainda meio desorientada tentando se levantar.
Lupin já não sorria, mas parecia extremamente envergonhado.
– Você não deveria ter vindo Ninfadora! – disse ele constrangido. – Eu disse que seria perigoso... você podia ter sido... é tudo culpa minha.
– Não! – Tonks apressou-se a dizer agora já se apoiando com as mãos para se sentar. – Não é culpa sua! Eu caí da árvore... foi minha falta de atenção que me pôs em perigo!
– Claro que não.. –-disse Remus– Você veio até aqui por minha causa... não deveria... eu disse a Dumbledore que não precisava de cobertura para me infiltrar...
– Claro que precisava! – discordou Tonks – E se os lobisomens não o aceitassem? E se tentassem... e se lhe acontecesse alguma coisa?

Lupin se levantou e começou a andar de uma lado para o outro, fazendo as folhas no chão estalarem. Tonks ficou confusa ao notar que haviam lágrimas em seus olhos.
– Tem uma coisa que... – disse ele com a voz arrastada– que eu venho querendo lhe dizer.
– O que? – perguntou Tonks temendo a resposta.
– Acho melhor... acho que não devemos mais... seria melhor nos afastarmos!
– Como assim? – brandiu Tonks, agora já em pé e observando-o. Ele não podia estar falando sério, depois de tudo que aconteceu, depois de tudo que passaram juntos, deveriam se afastar? – Não... você não pode estar falando sério!
– Acho que nunca falei tão sério em toda a minha vida. – disse Remus, de costas para ela, tentando manter a voz o mais firme que podia. – Não posso deixar que corra perigo por minha causa!
– Mas e quanto a nós? – perguntou Tonks segurando o braço de Remus e fazendo com que ele se virasse para ela. – Você não pode fazer isso Remus!
– Ouça Ninfadora – disse Remus desvencilhando-se dela e baixando a cabeça – já lhe disse uma vez, e insisto: Você merece alguém... alguém que não tenha tantos problemas.
– Não me importo, já lhe disse! – disse Tonks, contendo o máximo que podia as lágrimas que se projetavam em seus olhos negros – Eu só quero... só quero estar perto de você!
– Você ainda não entende, – disse Remus – é perigoso, eu sou muito perigoso!
– Acho que quem corre mais perigo é você– disse Tonks, tentando aliviar um pouco a tensão – perto de mim, do jeito que eu sou desastrada!
Lupin riu baixinho, Tonks percebeu que ele também estava sofrendo, a cada palavra que dizia.
– É disso que estou falando – disse ele voltando a ficar sério– Você é tão jovem, eu... não quero que perca sua juventude por minha causa!
– Não diga isso, por favor– pediu Tonks, lágrimas escorrendo pelo seu rosto, não podia mais se conter.
Eles ainda estavam frente a frente, Lupin mirando os próprios joelhos e Tonks observando-o com aflição.
– Eu não posso ficar com você, sabendo que estará sempre em perigo.
– Assim como eu não poderia ficar longe de você, sabendo que está correndo perigo.
– Não insista Ninfadora! – pediu Remus.
– Tudo bem – disse Tonks com a voz trêmula – Se você disser olhando nos meus olhos que não sente nada por mim, eu juro que sumo da sua vida!
– Por favor Ninfadora,– disse Remus, uma lágrima escorrendo por seu rosto assim que levantou a cabeça e finalmente a encarou –não me pesa para fazer isso!
Tonks puxou-o pela frente das vestes, Remus olhou-a meio assustado.
– Não posso me afastar de você, será que não entende?
– É você quem não entende que não... que não podemos ficar juntos. –disse ele desvencilhando-se.
– Eu enfrento tudo, tudo por você – brandiu Tonks, e não pode deixar de reparar que ele continha um sorriso. – se você sentir por mim, o mesmo que sinto por você... mas se disser que não gosta de mim... eu... eu me afasto!
– Não posso dizer isso! – admitiu Remus.
Tonks sorriu para ele, mas Lupin continuou sério.
– Não... não podemos...
Mas ele não teve tempo de continuar. Tonks calou-o com um beijo, Remus não pode resistir, retribuiu.
Durante algum tempo permaneceram ali, unidos por um sentimento mais forte que ambos, algo que esvaziava a mente e se livrava de qualquer restrição. Tonks passou a mão pelos cabelos dele, aproximando-o mais, se é que isso era possível, mas Lupin voltou à razão e afastou-a.
– Não! – disse ele decidido– Não podemos!
– Mas Remus...
– Não Ninfadora! – pediu ele, as mãos nos bolsos, caminhando de costas, em direção à floresta.– Volte para a Toca! Desaparate... os lobisomens viram me procurar a qualquer momento... eu... eu preciso ir! Sinto muito!


*+*+* Fim do flash-Back *+* +*


Uma lágrima escorreu pelo rosto de Tonks, quando lembrou-se das palavras de Remus. Não poderia fazer o que ele pedira, era impossível afastar-se dele.
Se ao menos pudesse vê-lo, se ao menos pudesse senti-lo, mas ele estava tão distante.

Ela se tornara uma mulher triste e solitária. O amor em seu coração era tão verdadeiro e tão forte que se tornara uma fragilidade.
Lupin era seu bem e seu mal, sua maior alegria e seu maior sofrimento, era tudo que ela havia sonhado e sua falta tornara a vida dela um pesadelo.

A lua cheia ainda brilhava quando Tonks deitou-se na cama. Ela olhou para a janela e mirou mais uma vez a sua inimiga.
Então fechou os olhos, as lágrimas escorreram com mais velocidade:
– Agüente firme, meu amor... agüente...




*+*+* Trilha Sonora *+*+*


Nalanda - Sensível Demais

Hoje eu tive medo
De acordar de um sonho lindo
Garantir, reter, guardar essa esperança
Ando em paraísos, descaminhos, precipícios
Ao seu lado vejo que ainda sou uma criança


Sensível demais
eu sou um alguém que chora
Por qualquer lembrança de nós dois
Sensível demais
você me deixou e agora
Como dominar as emoções?

Quando vem á tona
todo amor que esta por dentro
Chamo por teu nome em transmissão de pensamento
Longe a tua casa
vejo a luz do quarto acesa
Não tem nada que não vaze que segure essa represa

Sensível demais
eu sou um alguém que chora
Por qualquer lembrança de nós dois
Sensível demais
você me deixou e agora
Como dominar as emoções?


Música perfeita!!!


*+*+*+*+*


N/A: Então? O que acharam? Cometem por favor!!! Dêem suas opiniões!


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