Chegada



N/A: Se você é daqueles que não gosta da juventude que só fala besteiras, não leia essa fic! Pois se você se ofender, a culpa será (supostamente) nossa! E não queremos receber e-mails de leitores indignados! Na nossa fic, eles tão no auge da adolescência, na fase moleque! Mais uma vez... leiam se não se importarem com os jovens que só pensam e falam merda!



- Vem, Tiago, vamos nos atrasar! - Um garoto de mais ou menos 1.78 de altura olhos negros e um... Bem... Um boné, seu habitual boné verde pistache, seu inseparável boné pistache, que escondia os cabelos negros e extremamente bagunçados, que normalmente batiam no queixo, resumindo, era um menino realmente muito bonito. Apressava o amigo com a mão, enquanto, com a outra, batucava em um grande malão de couro. Olhava distraído para as poucas pessoas que circulavam no local.

- Peraí, Sirius... Você sabe que minha mãe exagera nas coisas e... Sirius, você está bem, não está?! - Tiago parecia com o outro, isto é, só de corpo, pois os cabelos, por mais incrível que possa parecer, eram mais despenteados do que do amigo, e tinham um tom castanho escuro. Seus olhos, também castanhos, porém meio esverdeados, brilhavam intensamente, por trás das lentes dos óculos de armação redonda. Tentava puxar o malão, com força, este se encontrava emperrado, uma das rodas havia ficado presa em uma rachadura do chão e não saia de jeito nenhum.

- Estou sim, por quê? - Perguntou, desviando o olhar de uma mulher que brigava com os dois filhos pequenos e fitando-o com interesse. Tiago fez cara de quem diz: “Você não sabe?!” e balançou a cabeça negativamente, dando uns tapinhas nas costas do menino, como se este fosse um idiota.

- Normalmente, você que enrola! E Sirius... Você está muito diferente... - Disse Tiago analisando o garoto milímetro por milímetro. Na verdade, estava mesmo. Quieto demais comparado às outras vezes em que iam para Hogwarts. - Você ainda não falou de nenhuma menina e está se comportando terrivelmente bem! Alooooow?! - Sirius ficou um tempo quieto, parecendo avaliar o que diria a seguir. Girou os olhos, displicente. Na verdade não sabia exatamente como responder.

- Bem... Você sabe... Minha família... Já estou com problemas lá há séculos... Eu juro que ainda fujo de lá... Minha mãe disse, que se eu levar mais uma detenção ou ficar falado, ela me tira de Hogwarts e me coloca em Drumstrang... - Agora Sirius espreguiçava-se violentamente, fazendo com que seu braço atingisse os óculos de Tiago e o fizessem cair no chão, com um baque surdo. O garoto fuzilou-o com o olhar, mas acabou por sorrir mais uma vez.

- É... Parece-me que você começou mal... Mas vamos logo, ou não conseguiremos cabines boas... - Falou agachando-se para recolher seus óculos, com dificuldade, pois sem eles, não conseguia enxergar nada. Tateou o chão, tentando tocar algo de metal. Sirius o observou, contendo o riso diante da posição constrangedora do amigo. Por fim, conseguiu pegar os óculos e levantou, colocando-os na frente dos olhos e voltando a tentar puxar a mala emperrada. O outro riu da força que Tiago fazia e este lhe olhou com desdém.

- Ria menos e ajude mais! - Exclamou, irritado.

Depois de uns 15 minutos eles conseguiram, finalmente, “desencalhar” a mala e empurrar ela e a outra pra dentro do trem. Ainda faltava meia hora para que este partisse, mas sempre diziam que chegar um pouco antes era bom, garantia um bom lugar. Caminharam lentamente pelas cabines, checando uma por uma. Todas estavam vazias, mas queriam a melhor, a menos detonada, o que era difícil de se achar, afinal de contas, o expresso já era usado como transporte há muito tempo. Porém, acharam uma boa, a penúltima. Estava bem limpa e os dois entraram, fechando a porta às costas. Guardaram os malões e se jogaram folgadamente nos acentos de couro vinho, confortáveis, porém com pequenos rasgos.

- Hum, Pontas... Nós não combinamos nada com o Pedro e com o Remus, onde eles vão nos encontrar? - Indagou Sirius, olhando aflito para Tiago que bateu a mão contra a testa, pasmo, percebendo que teria um longo caminho pela frente para trazer o amigo de volta a realidade, fazendo-o esquecer dos conselhos inúteis que a Sra. Black lhe dava.

- Sirius... Essa decisão da sua mãe afetou a sua cabeça, não? Eles vão fazer como em todos os anos... Procurar-nos nas cabines, oras... - Sirius bufou e bateu a mão no banco em que estava, fazendo com que várias partículas de poeira se soltassem e deste e ficassem suspensas no ar. Deitou a cabeça no encosto e cruzou os braços atrás da cabeça.

- Ah, é... Esqueci desse detalhe...- Disse finalmente, dando um sorriso amarelo enquanto fitava com interesse as partículas da poeira se movimentarem lentamente. Por fim, cansou de toda aquela besteira da poeira e encarou Tiago, desfazendo o sorriso para dar lugar a uma expressão preocupada. - Lembre-se que não posso esquecer das expectativas da minha mãe. - O rapaz franziu o cenho, desapontado por Sirius ter lembrado das recomendações de Liliane Black. Assentiu, desanimado, sem saber o que dizer.

- Mas eu não vou deixar de bagunçar! - Exclamou. Ouviram barulho de passos e, na esperança de que fosse Remus ou Pedro, Tiago abriu a porta da cabine e inclinou o corpo para fora, tentando enxergar o responsável pelo barulho. Ficou desapontadissímo ao ver que fora a moça dos doces, carregando o carrinho de metal. Tentou ficar ereto de novo e percebeu que estava prestes a cair de cara no chão. Fez força para se ver longe de tal risco, mas acabou por cair de cara no chão. - Yeack... Eu li uma reportagem no Profeta Diário, dizem que não é muito confiável o chão desse trem... Só o limpam uma vez por ano... - Ele se levantou o mais rápido que pôde, passou a mão na boca e novamente se endireitou na cadeira.

- Não disse bem isso... É só você não me envolver nas coisas... - Falou cabisbaixo. Ele, Sirius Black, o rei da confusão teria de se manter afastado de tudo que mais prezava na vida? Além das mulheres, claro... Não se sentia muito bem diante da informação, sua mente parecia não querer processá-la! A razão da sua existência era aprontar com seus amigos, a única coisa que o fazia querer viver era isso!

- Ah, Sirius... Calma, meu... A gente dá um jeito... - Disse Tiago cortando seus pensamentos, o garoto tirou o boné por um momento para “arrumar” o cabelo, mas não preciso nem dizer que foi uma atitude fracassada, não? Tiago arregalou os olhos, assustado. Abriu e fechou a boca várias vezes, obviamente procurando o que falar. Só que não encontrou. Balançou a cabeça, negativamente. Sirius franziu a testa, não entendendo.

- O que... O que você fez com seu cabelo? - Perguntou, pasmo. Apontou para o cabelo do amigo, que começou a literalmente gargalhar da cena. Sirius achou aquela ceninha extremamente desnecessária, afinal, não era nada de tão extravagante que merecesse tanta empolgação. Tiago estava exagerando um pouco.

- Calma Tiago, nem é nada assim... - Disse, tranqüilo, parando de rir e sorrindo para o outro, com calma.

- Deus... Tira essa merda de boné, Sirius! - Agora Tiago tentava tirar o boné de Sirius a todo custo. Era uma cena realmente cômica. Tiago puxava o boné para perto de si, e Sirius o segurava na cabeça.

- Meu cabelo, Tiago! Ele ta feio, não vou tirar! - Exclamou, indignado com o fato do garoto querer tirar seu boné a força. Tiago finalmente soltou o boné e Sirius se recostou no acento, sem tirar as mãos da cabeça, prevenido para um próximo ataque histérico do amigo.

- Vai logo, Sirius... Estou mandando! - Sirius fez cara de “E o que você tem a ver com isso, mané?!” e franziu o cenho, rindo-se da resposta. Voltou a erguer as sobrancelhas e murmurou com simplicidade:

- E quem é você pra mandar o desmandar na minha vida? - O garoto pareceu pensar por um instante, avaliando a resposta que daria. Tudo dependia do que falaria agora, se sua resposta não convencesse Sirius, ia ter que ficar sem ver o cabelo dele. O encarou e por fim achou uma resposta a altura.

- Eu sou o seu melhor amigo... - Tiago fez cara de cachorro sem dono, mas não conseguiu comover o outro. Sirius riu e logo a expressão de coitadinho mudou para uma cara de quem estava pronto para tentar arrancar o boné a força outra vez.

- O cachorro aqui sou eu, Pontas... Mas já que você insiste... - Falou. Lentamente, para deixar Tiago mais curioso, tirou o boné. O rapaz arregalou os olhos, como se com isso fosse fazer o que via mudar, mas se sucesso. Inclinou o corpo para frente, como se estivesse prestes a vomitar. Nas pontas do cabelo de Sirius eram visíveis alguns cachos mal definidos.

- O que você fez com seu cabelo, Almofadinhas?! - Indagou pasmo. Tiago tentava, sem sucesso, parecer calmo. Ele sacou a varinha e se levantou do banco, apertando a varinha com força. Sirius recuou, com os olhos arregalados, com medo do que o outro fosse capaz de fazer. Sabia o quão louco o amigo era, mais uma coisa em comum entre os dois. Sirius encostou o corpo no banco. Tiago foi chegando mais perto, bem devagar, como se tivesse medo do cabelo de Sirius. Apontou a varinha para o cabelo dele, como se o ameaçasse. Pegou a varinha e começou a passá-la no cabelo do outro freneticamente, de cima para baixo, de baixo para a cima, com força, tentando deixar o cabelo como antes. Como um ferro de passar.

- Eu não fiz nada... Quem fez foi o boné... O cabelo enrola com o boné! - Sirius segurou a mão de Tiago e o fez sentar-se de novo no banco. Colocou o boné de novo na cabeça e enfiou alguns cachos que tinham ficado para fora deste com o dedo, na esperança de escondê-los.

- Que estranho... Nunca ouvi falar nisso... - Murmurou Tiago, fazendo cara de desentendido, enquanto se arrumava no banco e enfiava a varinha no bolso mais uma vez. Fitou Sirius com interesse, enquanto se remexia no banco.

- Você está ficando cada dia mais burro, Tiago... - Respondeu Sirius, com displicência. O outro o olhou com desdém, ia dar uma resposta à altura, mas foi interrompido pela porta da cabine que se abriu com um estrondo. Um garoto com cabelos castanho claros (mais puxados pro lado do marrom, não pro loiro), magro, da mesma altura que os dois, entrou sorrindo calmamente, com um livro nas mãos.

- Tiago, Sirius, há quanto tempo, hein?! Foram boas as férias? - Remus Lupin estava parado na frente dos dois. Os garotos se entreolharam, sorrindo radiantes e voltaram a observá-lo. Remus tinha mudado, estava bem mais alto e estava, definitivamente, mais bonito.

- REMUS! - Gritaram, pulando em cima do garoto e o abraçando com força. Por fim o soltaram, dando chance para que ele guardasse seu malão e outro, junto com o dos dois. Sirius e Tiago se sentaram, mas Remo continuou em pé, analisando cada mínimo detalhe da cabine em que se encontrava, procurando algum defeito, e, embora achasse muitos deles, achou melhor nem comentar. A janela estava trincada, o chão imundo, os bancos rasgados, a pintura desgastada e a porta enferrujada. Balançou a cabeça negativamente, e olhou para trás, sorrindo para outro garoto que se aproximava da cabine neste exato momento.

- Oi, gente! - Gritou Pettigrew, Pedro pettigrew. O garoto era muito baixo comparado aos amigos e bem gordo. Os cabelos também desalinhados. Riu pra eles, mesmo estando de boca cheia. Ergueu as mãos, mostrando que estavam lotadas de doces, assim como os bolsos. Entrou na cabine e se jogou ao lado de Tiago, com um sorrisinho falso.

- Pedrovisk! - Disse Sirius, dando um tapa inofensivo (que coincidentemente doeu), na cabeça do amigo, que soltou um gritinho agudo e colocou a mão no local onde fora atingido, massageando a cabeça lentamente. Ele, por sua vez, se sentou ao lado de Tiago e olhou animado para os outros. Começaram então a conversar sobre as férias e tudo mais. Sirius explicou tudo para os outros dois, de como não poderia bagunçar, nem ficar falado...

- Oi... Vocês viram a Lílian Evans? - Perguntou uma garota de cabelos negros, encaracolados, na altura da cintura, entrando na cabine, com o malão as suas costas. Percorreu os olhos azuis pelo local, do mesmo jeito que Remus fizera há alguns minutos antes. Sirius não pôde deixar de reparar que a menina tinha seios fartos e aparentemente 1.74 de altura. Algo nela lhe era familiar. Ficou encarando-a, tentando lembrar onde a havia visto. - Tiago, Remus, Pedro! - Exclamou a menina, surpreendendo-os. Lyra O’donels estava parada na frente deles, havia estudado com eles no primeiro ano, mas foi retirada quando seu irmão, Matt, também muito amigo dos marotos, sumiu sem dar vestígios. Mudou muito com o tempo, tinha ficado mais bonita. Já tinha dezessete anos e sorria radiante para os garotos a sua frente.

- A Evans está aqui? - Perguntou Tiago, realmente interessado em saber se Lílian se encontrava lá. Não era novidade para ninguém, que Lílian Evans detestava Tiago Potter, mas digamos que o sentimento não era recíproco, esse gostava dela, gostava até demais. Alguns diziam que pelo fato dela ser a única menina que o recusara e outros por que ele realmente havia se apaixonado. Mas Sirius preferia acreditar na primeira opção.

- Não sei, Tiago... Por isso estou perguntando... - Falou, com certa ironia, fazendo os outros rirem. Remus fez gesto para que ela se sentasse, batendo a mão no lugar ao seu lado, e assim ela o fez, sorrindo gentilmente para o menino. Pedro ainda estava boquiaberto com o novo visual de Lyra, e Tiago decepcionado demais com a resposta que ela havia dado, os dois estavam incapacitados de dizer algo.

- Oi, Schenyzer... Boas férias? - Finalmente Sirius abriu a boca pra falar, Tiago estava achando a atitude dele muito suspeita, não tratara a garota como antes, é como se não a reconhecesse! Lyra o encarou com raiva. Odiava ser chamada pelo nome do meio, como todos sabiam perfeitamente bem. Sirius só o fazia quando queria irritá-la de verdade. Pedro fechou a boca e encarou o amigo com curiosidade e interesse. Na verdade, ninguém na cabine entendia porque Sirius estava se portando daquela maneira.

- Bom... Eu passei esses últimos seis anos bem sim, Black... Será que só agora você dirige a palavra para mim? É por que tem gente olhando, não? - Perguntou, bem mal-humorada e sem querer ouvir a resposta que o menino daria. Todos a olharam, perplexos. Menos Sirius, que apenas bocejou, olhando para fora da janela, para as pessoas que passavam apressadas de um lado para o outro. Tiago tentou fazer com que Sirius percebesse os olhares que a menina lançava para ele, mas sem sucesso, esperava que se o amigo visse a maneira como ela o olhava, pararia de ser tão frio e inconveniente.

- Que foi, Lyra? - Remus fez a pergunta que os outros dois (Pedro e Tiago) estavam com vontade de fazer, mas não sabiam exatamente o que dizer. Ela tomou fôlego, parecia prestes a atacar Sirius pela expressão de pouco caso que ele tinha estampada na face.

- É que, sabe... Depois que o Matt sumiu, ele me “abandonou”. - disse, bem calmamente. Mattheus Schenyzer O’donels é o irmão sumido de Lyra, e ninguém sabe nem se está vivo. Nas férias após o primeiro ano, ele simplesmente desapareceu, sem deixar vestígios. Há pessoas que acreditam em sua morte, outras, em uma brincadeirinha de criança que não resultou boa coisa. Traumatizada, a mãe de Matt e Lyra a tirou de Hogwarts, e a colocou em uma escola desconhecida, que nesse ano faliu, fazendo com que a menina se visse de volta em Hogwarts, para cursar seu último ano antes de se formar. Sirius bocejou mais uma vez e soltou um longo suspiro, dando a entender que estava extremamente entediado. - ele não quis mais saber de mim, nem se eu ainda estava viva! Não me procurou uma vez sequer... - Por fim, Lyra simplesmente sorriu para Remus e inspirou, como se estivesse aliviada por finalmente ter dito isto para alguém. Sirius ia se defender, mas todos voltaram a atenção para alguém, que acabara de entrar na cabine. Respirava com dificuldade, e seu rosto era coberto por seu vasto cabelo ruivo, que brilhava intensamente. A menina suspirou e ergueu os olhos verdes para as pessoas de dentro da cabine. Seu rosto se contorceu ao ver Tiago, Sirius e Pedro e ela suspirou, irritada. Antes dela começar a falar, o trem deu um tranco e começou a andar, primeiro devagar, depois mais rápido, forçando-a a se apoiar na porta.

- Que azar o meu, não? Tinha que entrar bem nessa cabine? Ninguém mere... LYRA? - Exclamou Lílian Evans, uma garota doce, na ausência dos marotos, claro. Arregalou os olhos ao ver a amiga e, empurrando “sutilmente” Remus para o lado, sentou-se ao lado dela e lhe deu um longo e apertado abraço. Todos ficaram em silêncio, sem saber o que dizer. Só Sirius assobiava uma musiquinha enquanto olhava pela janela as coisas passando rápido pelo trem.

- Eu queria estar no lugar da Lyra agora... - Disse Tiago, olhando para a ruivinha de modo sonhador. Remo e Pedro abafaram risadinhas, já Sirius riu em alto e bom som, sem se importar se isso irritaria as duas meninas. - A propósito, Evans... Só para não quebrar a tradição... Quer sair? - Prosseguiu o menino, abrindo um enorme sorriso. Sirius parou de rir. Lily lançou a Tiago um dos piores olhares que conseguiu.

- Você sabe a resposta. - Disse secamente. Pedro foi o único que deu risadinhas abafadas, os outros já estavam acostumados com a situação. Tiago suspirou e olhou para Sirius, que ergueu os ombros, como se dissesse: “Que entediante!”. Lilian se voltou para Lyra, sorrindo. - Vamos, Lyra... O ar aqui dentro é impossível de respirar... - Murmurou, olhando com desprezo para os meninos na cabine.

- Eu juro que não fui eu! - Respondeu Pedro rápido, com uma aparência bem preocupada. Ele fazia com muita freqüência e não avisava aos outros, fazendo com que todos ficassem felizes sem saber o risco de intoxicação pelo ar que corriam. Só depois de alguns segundos, quando o cheiro mudava para MUITO pior que as pessoas percebiam o que acontecia e Pedro sempre acabava levando, no mínimo, três tapas na cabeça. Todos os outros riram e o menino deu um sorrisinho amarelo, porque, na verdade, não queria ser engraçado.

- Muito engraçado, Pettigrew... - Respondeu a ruivinha, puxando Lyra pelos braços, e as duas saíram desembestadas cabine a fora.

Tiago, Remus e Pedro olharam para Sirius, que deu de ombros. Ficaram todos em silêncio por um certo tempo, até que, finalmente, um deles teve coragem de se pronunciar.

- Lyra. - Continuou Remus. Sirius girou os olhos e suspirou, cansado de falar sobre Lyra.

- Ah... Bem... Não tem mais graça ficar com ela, entendeu? - Pedro que já abrira a boca, obviamente para falar obscenidades fechou-a logo a seguir, sob o olhar repressor que Tiago lançou a ele. Mais uma vez a porta da cabine se escancarou, um menino de cabelos e olhos castanhos, sorria radiante. Seu penteado não era nada “normal”, tinha feito um topete enorme e feio, que chamava mais atenção do que ele mesmo.

- E aí, seu bando de viado, beleza? - O garoto se sentou no meio de Remus e Sirius, só que ele era um “pouquinho” espaçoso - Vocês estão me espremendo... Da licença... - Disse. Meteu duas cotoveladas, uma na barriga de Remus que ficou meio que sem ar e murmurou algumas coisas indevidas, e outra no nariz de Sirius, que sorriu irritado. O menino olhou boquiaberto para Remo, parecendo muito ofendido, depois voltou a encarar os outros. Kay Vaz Ticca sempre estudou com eles e chegava a ser quase tão mulherengo quanto Sirius. Na verdade, todos o chamavam de Titica, apelidado assim por Sirius, uma brincadeira que relacionava o sobrenome do garoto com sua irritante mania de só falar porcarias. E, para quem não sabe, titica, é o nome pejorativo de côco de galinha.

- Titica, mano! Firmeza, véi?! Tem news aí, brother?! Faz mó cara que a gente num se vê, meu irmãozin! - Gritou Pedro em plenos pulmões, se achando o gostosão. Podemos dizer que ele empolgou um pouco, e abraçou o amigo com força. Todos o olharam com cara de “Vai se fuder” e ele murmurou um “Já calei, já calei”.

- SEU ROUBÃO! FURTOU UMA DAS MINHAS EXPRESSÕES PREFERIDAS! - exclamou Titica, empurrando o garoto e lhe dando um tapaço na cabeça. O menino baixou os olhos, cabisbaixo e voltou para seu lugar de antes, envergonhado por ter se empolgado nas boas vindas.

- E quais são as outras? - Perguntou Tiago, bem interessado. Remus tentava se manter o mais longe possível do rapaz, com medo de ser novamente atingido, porém Sirius estava só esperando uma próxima oportunidade para poder matar Titica com suas próprias mãos, seria uma ótima chance de descarregar sua raiva em algum idiota.

- Bem, o primeiro é... - Titica tinha a péssima mania de gesticular enquanto falava, por isso levantou o indicador fino e balançou a mão de cima para baixo, acabando por acertar o olho de Sirius, que se segurou para não quebrar o dedo na metade. - Apoiado, apoiado! - Exclamou, agora fechando os dois punhos e estendendo os polegares, como quem diz “positivo!”, também os balançando de cima para baixo. Remus e Sirius se entreolharam, se levantaram e, por fim, saíram correndo e pularam entre Tiago e Pedro. Os outros os encararam curiosos com o ataque histérico.

- Não vem que não tem! Esse ai é muito espaçoso! - Exclamou Remus, apontando para Kay. O menino fez cara de super ofendido e estufou o peito, bufando. Cruzou os braços atrás da cabeça e se deitou, remexendo-se no acento frio.

- Humpf! Melhor... Assim não fica tão apertado... - Ele bocejou, fingindo não se importar com o fato de ter sido deixado para trás. Sirius se levantou e jogou Pedro para o outro lado, violentamente.

- Então o Pedro vai praí! - Bradou, após empurrá-lo. Pedro que cai de quatro no chão, com a cara nas partes intimas de Kay. Titica, pela primeira vez na vida, fica rubro, e dá um risinho sem graça. Sirius que ainda estava em pé, sorri “amigavelmente”.

- Uma suruba? Só podiam ser os idiotas da Grifinória... - Seboso Snape, digo... Severo Snape e Lucio Malfeito... Opa... E Lucio Malfoy espiavam com nojo a cena. Sim, eles eram os mais idiotas de Hogwarts inteira, da Sonserina, claro... Seboso tinha cabelos negros, na altura do queixo, extremamente oleosos. Nariz de gancho, e uma expressão triunfante. Já o oxigenado, era loiro platinado, com cabelos na altura do ombro. Olhos acinzentados, e bem pálido.

- E se for? O que você tem haver com isso, Seboso? Quem nos garante que VOCÊS não estão tendo um caso? - Perguntou Remus. Todos o olharam estupefatos, ele não era de responder, e ainda chamou Snape de Seboso? A cara dos Sonserinos se contorceram, e oxigenado começou a gargalhar. Sabe-se lá o que passa na cabeça de Sonserinos arrogantes e prepotentes.

- Finalmente... Está seguindo meu caminho! - Disse Sirius, estufando o peito para Remus, que fez pouco caso. Almofadinhas fechou a cara na porta dos outros dois, que espiavam a cena sem dizer mais nada.

*

- Lílian... Eu quase nem reconheci! - Exclamou Lyra, sentando-se em uma cabine vazia, seguida pela amiga. Lílian fez cara de inconformada, cruzou os braços na frente do tórax e assentiu com a cabeça. Realmente, os Marotos não eram mais os mesmos, principalmente Sirius Black.

- É... Eu sei... E ainda tenho Potter no meu pé... Ele invocou comigo, sabe... Típico dele... Ele é aquela pessoa que está acostumada a ter tudo o que quer, pediu pra ficar comigo e eu não aceitei, então ele invocou... É um bobalhão... - Respondeu. Lyra riu, era engraçado ver como Potter irritava Lily com tanta facilidade, se não a conhecesse bem, poderia até dizer que tinham tudo para ficar juntos. A mulher com o carrinho de doces acabara de passar pela cabine, e elas compraram tudo que tinham direito.

*

Alguém bateu na porta (isto está se tornando irritantemente repetitivo, caramba!)

- Sai daí, Seboso! - Berrou Tiago, a porta se abriu, e uma garota de cabelos negros, muuuuuuuito lisos, praticamente escorridos, entrou. Tinha luzes, rosa, quase pink por todo ele. Seus olhos eram levemente puxados. Não era muito alta, e nem tão magra, mas não chegava a ser gorda.

- Moara! - Disse Titica, indo ao encontro da garota. Pedro caiu quando o garoto se levantou. Eles se abraçaram por um longo tempo, e no final deram um selinho. Sirius não conseguia falar, de tão pasmo que havia ficado. Gostava de Moara há séculos!

- Er... Vocês não estavam brigados há pouco tempo? - Indagou Tiago, sem entender nada. Moara Hearn Chang tinha ficado com Titica durante um certo tempo no ano passado, mas depois de ser dispensada, ficou realmente indignada com o menino e nunca mais dirigiu-lhe a palavra.

- É, Potter... Mas decidimos não ficar mais... Isso não ia levar a nada! - Respondeu Moara com sua vozinha angelical. Deu um beijinho na bochecha de Sirius e começou a sair da cabine, rebolando a bunda para tentar instigar Sirius a fazer algo. Estava praticamente fora, quando Kay teve um acesso de risos incessante e, depois de observar a expressão de: “panaca!” que os outros fizeram, resolveu se explicar.

- A primeira vez dela foi comigo... Bem, eu não podia contar isto pra vocês, ela não deixou... Mas foi muito engraçado... No começo ela disse que não podia fazer aquilo, mas depois de uns beijinhos em lugares específicos, era capaz dela me bater se eu não fizesse com ela... Ela até que é boa, mas deixa a desejar, se cansa muito rápido... - Murmurou, baixinho. Os outros riram da mesma maneira que ele há alguns segundos atrás, mas todo esse acesso teve fim quando Moara apareceu, vermelha de raiva e vergonha, na porta, olhando ameaçadoramente para Titica. “opa...” foi a única coisa que ele conseguiu pronunciar, antes dela começar a gritar, histericamente:

- Você é só um idiota com um topetezinho ridículo que vive imitando o Sirius! Não vejo o que tem de tão legal em você! - Kay ouviu calmamente todos os insultos que se seguiram, como cafajeste, tirano, desgraçado e até retardado. Finalmente, após despejar todos os insultos que conhecia sobre o menino, Moara bufou e saiu da cabine novamente. O rapaz encarou o local em que ela estivera há alguns segundos atrás e sorriu debilmente.

- Putinha... - Sussurrou para si mesmo, fazendo os outros abafarem risadinhas. Certamente a audição de Moara compensava sua inteligência, porque, segundos depois, ela apareceu, mais vermelha do que antes, gritando em plenos pulmões:

- CALA A BOCA, VAZ! - Kay a encarou durante alguns segundos, com raiva, parecia prestes a bater na menina. Respirou fundo muita vezes, se segurando, pois não era covarde o bastante para bater em uma garota. Moara deu um sorrisinho provocante, percebendo a reação que teve. Todos sabiam que chamar Kay de Vaz era a pior coisa que você podia fazer com relação a ele.

- Num enche, Hearn! Vê se isso é sobrenome que se preze! Hearn, Hearn, Hearn! Parece até um cachorro latindo! O que tem tudo a ver com você... - Exclamou, sorrindo marotamente, enquanto passava a mão no topete, para arrumá-lo direito. Os outros abafaram risadinhas e ele continuou: - Cachorra! Cachorra! - Exclamou, fingindo tossir e por fim deu uma gargalhada gostosa, acompanhado dos amigos. Moara ficou cada vez mais vermelha, parecia não respirar e dava a impressão de que ia explodir. Por fim começou a dar tapas com força nas costas dele, gritando palavrões histericamente. O menino começou rir, e exclamou: - Bate! Bate que eu gamo! - Moara se irritou muito com o comentário do menino e continuou a bater, com muito mais força, agora doía, doía mesmo. Kay se segurou para não devolver, pois era bem capaz de matá-la se batesse com a mesma força que ela estava batendo nele. Sirius, aproveitando a situação, se levantou e, para ajudar o amigo, segurou Moara. Porém, colocou suas mãos nos seios da menina enquanto a segurava contra o corpo. Se segurava, porque se fizesse algo, seria na frente de todo mundo. Sentindo o calor do corpo da menina contra o dele, fechou os olhos e contou até dez mentalmente, senão seria bem capaz de realmente fazer algo ali no meio. Olhou para Remus, que gesticulava furiosamente, mexendo a boca, como se tentando informa-lhe que algo ruim estava para acontecer. Olhou para todos os lados e por fim entendeu, ao ver Lyra olhando para aquela cena constrangedora do lado de fora da cabine. O estranho é que seu olhar estava diretamente nas partes intimas do garoto, e sua expressão era de quem estava prestes a vomitar. Sirius, sem entender, olhou para baixo e arregalou os olhos ao perceber que... Estava com “com a barraca armada”. Largou Moara e sorriu envergonhadissímo para a menina que saiu correndo.

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