EM CASA



"Nome da fic: Em casa
Autor: miateixeira
Par: sem pares
Censura: livre
Gênero: Nada que vá lhe chocar...
Spoilers: Fic criada a partir do Ordem da Fênix e Príncipe
Resumo: Férias de Severus em casa
Notas: Fic curtinha do Dia das Mães
Advertência: nenhuma
Agradecimentos: Ao Snapefest . J.K.Rowling é a criadora dos personagens. Não estou ganhando nada com eles.

Em casa

O garoto caminhava lento, pela plataforma, aquele jeito balançante, desengonçado, sem encarar ninguém de frente. Aborrecido, sempre aborrecido. Voltar para casa era sempre complicado.
Ela chegou atrasada, de novo. Provavelmente tivera outra daquelas discussões intermináveis. Não que ele precisasse ser "levado" para casa. Já tinha 16 anos, sabia caminhar por Londres, sozinho. Mesmo a Londres trouxa. Mas sabia que era uma maneira dela sair de casa, ver gente, e se livrar, um pouco, dos gritos e ameaças daquele animal. Por isso esperava, vagando por uma King's Cross movimentada, tentando se esquivar dos trouxas indiferentes, alheios ao que acontecia dentro dele.
Estava quieta, como sempre, mas o olhou um pouco mais demorado que o costume, percebendo, pela cara dele, que este tinha sido um ano mais difícil.
Ela ajeitou a gola da blusa trouxa que ele usava, escondendo, no gesto, as boas vindas que faltavam.
Deixaram a estação com o mesmo silêncio que dividiam desde há muito, estranhando, juntos, o sol do fim de tarde que batia fraco, nos olhos pretos dos dois.
No vidro da janela do ônibus ele olhava o reflexo da mãe, ensimesmada com sua infelicidade aparente, gritante, no semblante carrancudo, nos pensamentos escondidos, nas mãos aflitas apertadas.
Sabia que algo dentro dela doía, incomodava, como se quisesse lhe falar, mas as palavras arranhassem para sair. Olhou-a, esperando, como a encorajá-la. Uma sombra pálida de sorriso se desenhou no rosto fechado da mulher.
-Vou fazer aquela sopa quentinha que você gosta.
Não era nada de especial, mas ela dizia que fazia para ele. Era a coisa mais quente que recebia em casa, reservada para os momentos em que faltavam as palavras e os gestos. Era para os momentos em que ela lhe mostrava que, apesar de toda rudeza, apesar da distância, apesar do vazio frio e angustiante que se infiltrava, dolorosamente, na vida deles, ela estava do seu lado, era sua mãe, o amava, o queria.
Severus olhou a rua lá fora. O ônibus entrou no bairro sujo, a chaminé da velha fábrica sobressaindo nos telhados escuros, exalando a fumaça gris e malcheirosa.
Eileen olhou o filho, o semblante recortado na paisagem feia da janela, e teve vontade de chorar. Não aprendera a dizer o seu amor, e quem mais sofria com isso era ele, o menino querido, sentado ao seu lado. Prometeu a si mesma, em seu silêncio, que seria a sopa mais quentinha que faria.
Quando desceram do ônibus, a bagagem transfigurada num pacote pequeno, os braços se encostaram, esbarrando-se num contato fortuito, e caminharam assim, num arremedo de abraço, seguindo a rua ladeada de córrego e sujeira, mas, os dois, um pouco mais leves, um pouco mais aquecidos um no outro.

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