Pergaminhos Amassados



--- CAPÍTULO UM---
Pergaminhos Amassados

Verão, uma das melhores épocas do ano, pelo menos era o que pensava os moradores de Worthing, uma pequena cidade do sul da Inglaterra com praias lindas nessa época do ano e com a maioria da população bruxa, para a alegria de muitos e tristeza de poucos que notavam acontecimentos estranhos na maioria dos dias que passavam observando a vida dos vizinhos esquisitos.

Todos agora estavam em suas casas, dormindo profundamente, com seus maridos ou esposas, ou sozinhos.

Porém, uma mulher mantinha uma batalha infinita nesse exato momento, com algo que lhe importunava todos os tempos quando não tinha sua atenção em suas mãos. Hermione J. Granger lutava incansavelmente com o sono que invadira seus poros e corria como louco em suas veias e isso lhe tirava completamente do sério, pois assim ficaria muito difícil saber e estudar tudo o que ia cair no seu primeiro ano na Escola de Aurores de Houlf Log da Inglaterra, especializada em caçar as artes das trevas pensou ao se levantar para pegar mais um livro nas enormes estantes da biblioteca da escola, onde podia entrar com liberdade por ser matriculada.

-Provavelmente eu estou trancada aqui dentro, não é?-ela repetia para si mesma baixinho, quando se recordava que a hora ainda existia e se consultava no relógio de pulso.

Era incrível como o tempo passava rápido quando estudava em livro enormes e velhos.

-Falando sozinha, Granger?-uma voz arrastada ecoou por toda a extensão entre as estantes que Hermione estava.

-O que vc faz aqui, Malfoy?-ela perguntou virando-se com glamour.

-O mesmo que vc!-Draco disse desdenhoso puxando um livro qualquer de uma prateleira baixa ao seu lado.-Não soube? Também quero ser auror.

-Para vigiar o Harry e contar para seu papai tudo o que aconteci com ele?-ela perguntou encarando o garoto pelo canto dos olhos enquanto pegava um livro em uma prateleira bem mais alta que ela.

-Ainda apaixonada Granger? Já faz um ano!-disse o garoto caminhando cautelosamente até Hermione.

-Cala a boca, imbecil...

-Eu estou morando com Pancy, ela adora me vigiar...-disse Draco com falta de interesse sem dar atenção ao que Hermione falara.

-Ninguém perguntou!-exclamou Hermione recolocando o livro na prateleira apôs folheá-lo sem muito interesse.

-Mas eu disse! Posso?-perguntou Draco sussurrando atrás da garota.

-Não! E saia de perto de mim!-disse Hermione se distanciando de Draco e voltando para sua mesa cheia de livros escancarados e pergaminhos rabiscados.

-Está com medo do que eu possa fazer?-Draco perguntou com curiosidade e cinismo.

-Eu não vou hesitar em usar magia contra vc, Malfoy!-falou Hermione virando-se para o garoto e tirando a varinha com agilidade de dentro do bolso interno do sobretudo e apontando-a para o peitoral do homem a sua frente.

-Pois use! O que está esperando?!-falou Draco estendendo os braços como se fosse condenado á morte enquanto sorria sarcasticamente para a imagem furiosa de Hermione.

-Não vou sujar minhas mãos atacando vc!-disse Hermione voltando a caminhar até a mesa, mas mantendo a varinha firme na mão, agora abaixada, qualquer cuidado era pouco perto de um Malfoy.

-Está com medo? Não acredito!-disse Draco apressando os passos para alcançar a garota.

-Filho da mãe!-murmurou Hermione mais para que Draco escutasse que para si mesma.

-Obrigada!

-Por que não me deixa em paz?-Hermione perguntou virando-se para encarar os olhos cinzentos e apertados do garoto.

-Vc sabe!-falou Draco.

-E como soube que eu estava aqui?-Hermione perguntou cruzando os braços.

-Estava estudando, já disse!-disse Draco ficando sério e estufando o peito.-Vim procurar um livro...-ele olhou em volta procurando alguma coisa.-Na seção de Plantas e Poções.-Falou indicando com o dedo uma plaqueta fina e de ouro no topo de uma das estantes onde havia o nome em cor preta e letras caprichadas: Plantas e Poções.

-Vc não mente muito bem, sabia?-disse Hermione voltando-se para a mesa novamente.

-O que os senhores estão fazendo aqui?-uma voz tremula, autoritário e esganiçada ecoou sussurrante pelos ouvidos de Draco e Hermione que se viraram para observar o dono daquela voz.

Uma velhota magricela os encarava, de cabelos em coce e grisalhos, óculos grossos que faziam seus olhos parecerem com olhos de corujas de tão grandes que ficavam, um xale verde limão estava sobre as vestes de cor verde musgo. Os lábios finos da velhota se contraiam, demonstrando explicita reprovação. Era a Sra. Bold, a bibliotecária.

Ela andou com passos pequenos e rápidos até os dois e parou em frente a Hermione levantando ligeiramente os óculos e depois a olhando dos pés a cabeça, fez o mesmo com Draco em seguida.

-Então?-fez a velhota mostrando seus dentes amarelados e tortos.

-Eu estava estudando!-disse Hermione levando a mão ao busto indicando-se.-Já ele eu não sei.-disse Hermione indicando com o polegar, Draco ao seu lado.

-Vim buscar ela...-ele disse sorrindo sarcasticamente para Hermione que o encarou com os olhos em chamas.

-Vá, vá, vá! Vou fechar essa joça! Vão!-resmungou a velhota virando-se para as estantes as suas costas.

Hermione não conseguia entender porque não havia dito nada quando Draco dissera que viera buscá-la, mas entendeu, pouco tempo depois, que seu inconsciente fizera isso por ela, se não confirmasse a história o que será que a Sra. Bold teria pensado?

-Esses moleques, pensam que são incompreendidos e vêem descontar na minha biblioteca, imaturos, insolentes.-resmungava a velhota à frente de Draco e Hermione quando eles saiam da biblioteca.

-Boa noite.-disse Hermione ao descer os três degraus na frente da porta de marfim da biblioteca recebendo uma portada no rosto como resposta.-Ótimo! Agora, cada um para o seu canto!

-Está tarde, deixe-me lhe levar para casa.-disse Draco segurando o cotovelo da garota quando ela se virava para o lado oposto.

A garota virou devagar com a testa ligeiramente enrugada, olhou para a mão branca do garoto que segurava com força extrema o seu cotovelo, depois levantou os olhos devagar até o rosto de Draco e enrugou ainda mais a testa.

-Vc é doente...-ela murmurou puxando o braço para que ele a soltasse.

Draco sorriu, permaneceu parado enquanto olhava a figura de Hermione atravessar a rua e sumir na nevoa fina que se estendia pelas ruelas desertas de carros e gente.

Olhou para os lados discretamente e desaparatou.

***

-Olá Bichento!-cumprimento Hermione o gato que miou baixinho ao vê-la entrar dentro de casa.

Havia se mudado da casa dos pais. Apesar de seu amor por eles, ela se sentia um pouco sufocada, pois era bruxa e eles temiam pela sua segurança naquele mundo tão cheio de mistérios e de perigos, ainda mais agora que o Lord das Trevas, Voldemort continuava solto e ainda mais forte que há anos atrás.

Morava agora, em uma pequena casa perto da escola de aurores onde fora matriculada apôs fazer um curso intensivo durantes dois longos e demorados anos, que, para sua tristeza, passara longe de seus melhores amigos Harry Potter e Rony Weasley. Haviam se separado apôs a formatura na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Teve a alegria, há poucos dias atrás de saber que Harry irá fazer parte da mesma escola que ela e que estaria se mudando para a cidade de Worthing em poucos dias depois do recebimento da carta. Pretendia convidá-lo para visitá-la e colocar os assuntos em dia, saber como ele estava e por onde andavam os seus amigos de Hogwarts, especialmente Rony e Gina Weasley.

Desabou sobre a poltrona junto à lareira, apôs voltar da cozinha com um bom cálice de suco na mão. Cruzou as pernas como criança sobre a poltrona e passou a observar atentamente as chamas que farfalhavam bravamente e a lenha que queimava soltando faíscas. Bebeu alguns goles e foi saldada pelo seu gato de estimação que pulou em seu colo olhando-a carinhosamente antes de se aconchegar esfregando a cabecinha na barriga da garota como se pedisse carinho. Ela atendeu seu pedido e começou a fazer cafuné atrás da orelha do gato que começou a ronronar baixinho com os olhos fechados.

-Por que justo ele tinha que se apaixonar por mim, hã, Bichento?-perguntou ela olhando para o gato antes de beber mais um gole de suco.

Era uma das muitas perguntas que ela andava se fazendo fazia quase dez meses, quando descobriu que Draco Malfoy provocara o fim do seu namoro com Harry e que ele estava loucamente apaixonado por ela.

Tinha que admitir, seu namoro com Harry já estava indo por água a baixo, se comunicavam apenas por correspondência já que estavam estudando em cidades diferentes, mas ela ainda o amava, mesmo sem contado físico. Ele estava frio na maioria das cartas, mas continuava a mandar “eu sempre vou te amar” no fim de cada uma delas. A falta dessa frase seria o que provocaria a desconfiança dela, mas isso nunca aconteceu.

Até que em um dia de frio recebeu uma carta que falava que Harry tinha outra mulher, junto dela vinha uma foto bruxa em que ele beijava uma garota em uma rua cheia de gente. Foi o que precisou para ela acabar o namoro, apenas acabar, sem pedir explicação alguma. Por muito tempo ele lhe mandava cartas e mais cartas querendo saber o que houve, até que não mandou mais.

Dias depois, Draco apareceu na casa de Hermione dizendo que a amava, fazendo juras de amor, até que cometeu um pequeno deslize: falou que sabia que o namoro dela e de Harry havia acabado. Mas como ele sabia? Hermione se perguntou, já que ela não havia contado nem para seus pais ou melhor amiga. Então ele confessou o que tinha feito.

Hermione não se perdoou pelo que havia feito, deveria ter dado uma chance a Harry de se explicar, mas na sua cabeça já era tarde de mais, o amor que ainda tinha virou algo parecido com angustia.

Harry e Hermione passaram a se tratar com uma certa vergonha um do outro, mas continuaram sendo amigos como antes de tudo começar.

-Acho que toda a inteligência que eu tenho não serve de nada...-murmurou Hermione depositando o copo vazio sobre uma mezinha de pernas finas ao lado da poltrona.

Hermione estava quase adormecendo quando começou a escutar um tic-tic verdadeiramente incomodo vindo da vidraça da janela. Uma coruja incrivelmente branca estava no peitoral da janela fechada, bateu o bico afiado com impaciência enquanto abria as asas.

-Edwiges!-exclamou Hermione fazendo Bichento saltar do seu colo bufando.

Ela si dirigiu até a janela e a abriu, a coruja invadiu sua sala circulando-a graciosamente, depois pousou no sofá igualmente branco de Hermione e ofereceu-lhe a perna direita onde estava pendurado um pergaminho amassado. Ela apresou-se a tirar o pergaminho e a desenrolá-lo, seu coração acelerou ao ver que lá estava escrito com a letra de Harry:

Querida Hermione,

Sinto em ser tão breve, gostaria muito de saber as coisas que aconteceram a você nesse período de distancia, mas o tempo não me basta. Irei a sua casa amanhã às seis horas A.M., lhe buscar. Isso não é um convite!

Atenciosamente,
Harry Potter.
P.S. Queime está carta.

A garota não entendeu o que estava havendo, mas fez o que Harry havia pedido na carta, a jogou nas chamas e deu permissão para Edwiges ir embora alisando a cabeça da coruja que voou veloz para a janela ainda aberta, sumindo na escuridão da noite.

Ela olhou em volta, seus olhos pararam em Bichento que estava sentado sobre o carpete, olhando-a bastante curioso, Hermione sorriu saudosamente e correu para o quarto; iria arrumar suas coisas. Colocou tudo o que imaginava ser útil dentro do malão, de penas e tinteiros até as peças de roupa de baixo. Apôs arrumar tudo o que devia olhou novamente em volta e sorriu, novamente seu coração acelerava em pensar que iria rever Harry.

***

-Onde vc estava?-Pansy perguntou quando Draco aparatou na cozinha.

-Não lhe interessa!-falou Draco empurrando-a para o lado para pegar um copo de água.

-Vc foi atrás da Granger, não foi?-ela perguntou segurando Draco pelo braço.

-Fui, e daí?-perguntou Draco encarando-a pelo canto dos olhos.

-Ela não lhe ama, Draco, será que não entra na sua cabeça?-ela perguntou com um pouco de carinho na voz sussurrante.

-Mas ela vai me amar, eu já disse, ela vai me amar!-murmurou, largando o copo sobre a bancada, desistindo de beber água e saindo da cozinha.

-Para onde vc vai?-Pansy perguntou seguindo-o.

-Vou para o meu quarto que é o melhor que eu faço!-falou começando a subir as escadas.

Esse tipo de discussão se tornara mais que comum entre Draco e Pansy, que se autodenominava dona do garoto, dês que ele se embebedara há dez meses atrás declarando ser apaixonada pela sangue ruim Hermione Granger.

A cassado do garoto pelo amor de Granger se tornara incansável dês de então, deixando Draco vagando sozinho pelas ruas noturnas enquanto pensava em um modo seguro de conquistá-la mesmo contra a vontade da família, que agora o considerava traidor do sangue por renegar o cargo de Comensal da Morte, e a maioria dos amigos, ou melhor, falsos amigos que se distanciaram alegando repugnância ao novo traidor do próprio sangue, Draco Malfoy.

Os únicos que estava ao seu lado eram Pancy Parckson, que se mostrara leal ao carinho e amor que sentia pelo garoto, e sua mãe, Narcisa Malfoy, que agora estava sendo cassada pelos aurores e especialmente pelos Comensais da Morte por ter traído o Amo e Lord das Trevas, Voldemort, mas mesmo assim mandava cartas para o filho de tempos em tempos.

Deitou-se em sua cama ao chegar no quarto, olhando para o teto escuro, pensando nas inúmeras coisas que aconteceram a sua vida nesse meio tempo. Definitivamente não se arrependia de nada. Sentia orgulho de se mesmo por ter enfrentado tantas pessoas e perigos sozinho. Mas o amor que sentia, que parecia ter vontade própria quando o convencia de fazer alguma loucura por Hermione, lhe tirava muitas noites de sono e lhe dava muitas preocupações: a qualquer momento ela poderia se apaixona por outro, mas isso era algo pequeno comparado ao perigo que ela corria nos dias de hoje.

Certa vez, os dois pararam para conversar civilizadamente, em uma lanchonete trouxa em que por acaso eles havia se encontrado. Isso havia ocorrido semanas antes da sua loucura maior de provocar o fim do namoro da garota:

-Me diz, Malfoy, por que vc recusou ser um Comensal?-Hermione havia perguntado quando os dois pagavam o lanche que haviam feito ao caixa.

-Não sei, algo dentro de mim dizia que a minha vida iria virar as avessas, tive medo, acho que foi isso.-ele falou pegando a nota fiscal.

-Medo? Então foi por pura covardia?-ela perguntou incrédula, parecia que antes tinha uma ponta de esperança que o velho Draco covarde e filho do papai estivesse dominado apôs tudo o que havia acontecido.

-Eu enfrentei meus pais, isso não é covardia!-Draco disse ficando aborrecido enquanto seguia Hermione que agora saia da lanchonete.

-Só enfrentou porque tinha medo de morrer nas mãos de seus pais!-Hermione disparou contra ele.

Draco parou no meio da calçada, Hermione sabia o que há tempos ele procurava com desespero, procurava a resposta de uma pergunta terrível: Por que consegui enfrentar meus pais aquele dia, se hoje em não consigo nem olhar nos olhos deles?

Um grandalhão esbarrou no ombro de Draco tirando-o do transe, ficara parada, olhando as costas de Hermione atravessando a rua e sumir através da multidão do outro lado a avenida movimentada.

Tic-tic.

Uma coruja preta batia as asas do lado de fora da janela do quarto de Draco, ela batia o bico enquanto virava a cabeça ligeiramente observando a escuridão do local.

Draco se levantou e abriu a janela, a coruja estendeu a perna onde havia um pequeno pedaço de pergaminho, ele o pegou e a coruja tomou voou. O garoto abriu o pergaminho dobrado em quatro pedaços e leu em voz alta para alguém invisível:

-Draco, quero sua presença a Mansão Malfoy apôs o por do sol de amanhã. Lucio Malfoy.-Draco amassou o pergaminho e jogou-o no chão.-O que eles querem comigo?-perguntou cruzando os braços enquanto começava a observar o céu nebuloso e escuro através da janela.

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